Programa Missionário “Andando Por Onde Jesus Andou”.
Produção e Apresent. do Pr. João Barbosa da Silva e da Mssª. Laudicéa Barboza
Às 5ª e 6ª. Feiras de 12 às13h (Horário do Brasil)
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INTRODUÇÃO
Segundo cita Ostrower, em um dos capítulos do livro Sustentar a Vida, do escritor Renato Ribeiro, “a vida se transforma e, ao mesmo tempo, as transformações tornam-se um valor de permanência do ser”.
O autor descreve nesse mesmo capítulo, que o contexto social do qual vivemos, exige um olhar diferenciado para tudo e para todos, bem como não podemos agir diferente em relação ao que produzimos e descartamos.
Em virtude da enorme quantidade de descartáveis produzidos diariamente pela população e da necessidade de se dar um destino ambientalmente correto a eles, também se amplia, de forma considerável as potencialidades de uso daquilo que até pouco atrás era visto sem utilidade e, consequentemente, sem importância ou valor, “o lixo”.
DESENVOLVIMENTO
É importante não confundir as coisas: sucata não é lixo! Afirma o autor.
A sucata traz em si toda a beleza das cores, formas, texturas, composições e um “mundo inteiro” de possibilidades.
Como ferramenta de trabalho, ela nos chega em parte pronta e em parte como desafio para transformar, trazendo respostas que ainda não temos, interrompendo pensamentos, criando novas questões e, de forma muito delicada, revelando a descoberta e o prazer de imagens e sensações diferenciadas.
Como possibilidade lúdica, a sucata é um recurso rico que permite várias evocações: o resgate de antigos brinquedos e brincadeiras, a comunicação entre várias gerações, o contato com várias linguagens artísticas – como a contação de histórias, o teatro, a música, a descoberta de talentos, a socialização e a atitude solidária, além do desenvolvimento e uma postura crítica e construtiva em relação às embalagens.
A proposta da reutilização de matérias que já não servem mais, permite trabalhar a consciência sócio-ambiental, estimular as habilidades, explorar a criatividade, despertar valores éticos, proporcionar a sociabilização, a afetividade e a expressão das fantasias.
O brincar é uma experiência cultural e uma linguagem na qual a criança lida com a sua realidade interior e traduz livremente a sua realidade exterior. Quando ela “faz de conta”, está apta a simbolizar “fazendo poesia”.
Quando a criança brinca espontaneamente, ela explora o mundo de dentro e de fora, transformando os objetos, dando-lhes novas formas. Se a criança é estimulada a usar e transformar objetos, ela terá mais oportunidades de ampliar seus horizontes.
Brincar é para a criança, uma atividade de grande valor que contribui para os processos da sociabilização e da educação, dos quais emergem profunda relação de afetividade. Por isso a utilização de atividades lúdicas sempre foi defendida por filósofos da educação como Montessori, Pestalozzi, Piaget, e outros.
O jogo, o brinquedo e as brincadeiras sempre estiveram presentes na vida do ser humano, dos mais remotos tempos até os dias de hoje, nas mais diversas manifestações.
O brinquedo é o primeiro instrumento da atividade humana e se constitui em um objeto palpável, finito e materialmente construído, podendo seu processo de criação ser de origem artesanal ou industrial.
Até o século XIX, os brinquedos eram produzidos por artesãos, mas a indústria terminou dominando também esse setor.
Segundo a psicóloga Marina Marcondes Machado, a sucata é um brinquedo não estruturado, que traz consigo o elemento de transformação. No contexto da vida urbana, brincar e criar os materiais de sucata ou com o “lixo”, traz até certa ironia diante da sociedade capitalista e de consumo.
Segundo Simão de Miranda, entre os principais resultados da confecção caseira de brinquedos, está o desenvolvimento de habilidades, a exploração da criatividade, a socialização e o despertar para determinados valores.
Ao invés de os brinquedos serem “impostos” pelos adultos da mídia, do marketing e da indústria, a criança escolhe seus brinquedos por conta própria, não raramente entre os objetos que os adultos jogam fora.
O meio ambiente está repleto de objetos que chamam a atenção e a ação das crianças e com esses objetos elas brincam, criando e recriando a natureza e a cidade.
Os brinquedos não estruturados possibilitam múltiplos significados, por isso as crianças se sentem atraídas pelos destroços que surgem das construções e dos resíduos gerados pelo trabalho humano.
As crianças “fazem a história a partir do lixo da história”.
CONCLUSÃO
A sucata, além de custo zero, é farta, de fácil acesso e se apresenta com inúmeras variáveis – como tamanho, comprimento, largura, profundidade, volume, peso, espessura, orientação, cor, tonalidade, textura, – despertando um olhar diferenciado para o objeto e permitindo que a criança sinta-se totalmente livre para brincar onde quer que esteja, exercendo a todo instante a sua capacidade de escolha. E essa escolha por si só já é significativa.
Quando brinca com materiais de sucata, a criança assume o papel de criadora, ao contrário daquela que brinca com brinquedos comprados, que assume o papel de proprietária, ou seja, de alguém que não inventa o mundo, apenas o utiliza.
Fazendo um paralelo com a vida, de forma bastante superficial, o que acolhemos e o que jogamos fora também é parte de nós, como aquilo que introjetamos, mantemos ou rejeitamos, consertamos, reconstruímos, encontramos um novo lugar ou destruímos.
Assim, as sucatas são objetos que contam uma história. De suas formas muitas vezes quebradas, surge uma forma ainda mais diferente. A cor que se esvanece, que se desbota pelo tempo, pelo uso, pelo sol, carrega um encanto intrínseco.
Todo objeto, enfim, traz consigo a sua história, que pode ser contada, inventada, reinventada ou simplesmente ignorada.
Fonte - Extraído do Livro:
RIBEIRO, Renato (org). Sustentar a Vida – Editora Paulinas
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