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sábado, 6 de abril de 2019

O TABERNÁCULO - UM TIPO DE CRISTO - 07.04.19 Exodo 25.1-9


ESTUDO 01.2T.2019 - O TABERNÁCULO - UM TIPO DE CRISTO - 07.04.19
Exodo 25.1-9
Por: Pr. João Barbosa

Um dos estudos mais proveitosos a que um crente pode se dedicar é o de tipologia bíblica porque a tipologia é uma técnica, associada bem de perto à alegoria, mediante a qual pessoas, eventos, instituições ou objetos de qualquer espécie passam a simbolizar ou ilustrar a pessoa de Jesus Cristo, ou então aspectos da fé, da doutrina, das práticas, das instituições cristãs, etc.

Os tipos bíblicos são “sombras” ou representações da realidade. Um exemplo é a Lei de Moisés que era a sombra dos bens futuros mas não continha a imagem exata das coisas (Hb 10.1).

Os tipos, em determinadas circunstâncias, podem aparecer associados aos eventos relacionados ao povo de Deus.

Exemplos – A passagem de Israel pelo Mar Vermelho, a caminhada no deserto, a água da rocha, a serpente no deserto. Todas estas coisas são figuras ou símbolos para a igreja dos dias atuais (1Co 10.1-11).

Um tipo assemelha-se a uma alegoria, mas visto que tem melhores bases bíblicas tem ocupado um estudo maior, retendo um importante papel dentro da interpretação cristã.

Há muitas alegorias nas páginas da Bíblia, mas no NT há um número muito maior de tipos do que de alegorias. Os rabinos tinham mais interesse no estudo dos símbolos, tipos, alegorias e parábolas.

A tipologia tem um pano de fundo judaico, e era extremamente popular entre os rabinos. Os manuscritos do Mar Morto provêm ilustrações tanto da interpretação alegórica quanto da interpretação tipológica.

Era natural que os autores do NT quase todos judeus, acostumados com o estudo do VT, tivessem visto tipos claros no NT. É bom destacar que o antítipo é sempre superior ao tipo. Exemplo – o cordeiro pascal (Ex 12.3-7, 21-29; Jo 1.29; 1Co 5.7).

Os tipos são alicerçados na história e na revelação sagrada (Mt 12.40). São proféticos (Jo 3.14; Gn 14, comparado com Hb 7). Fazem parte integral da história sagrada e da doutrina cristã, e não de pensamentos inventados por rabinos e cabalísticos (1Co 1.10,11).

São todos cristocêntricos (Lc 24.24,44; At 3.24). São excelentes para instrução e edificação. Cada tipo provê uma espécie de janela que permite a entrada de luz sobre o assunto estudado. O maior desses exemplos é a carta aos Hebreus. Vemos ali como funcionam e se aplicam os tipos bíblicos.

No estudo das divisões do tabernáculo podemos acompanhar o passo a passo do crescimento espiritual do povo de Deus tomando por base a recomendação apostólica:

Antes crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2Pe 3.18). O crescimento na graça segundo as divisões daquele primeiro tempo israelita relaciona-se de perto com as três pessoas da trindade.

Começando pelo Espírito Santo, prosseguimos na pessoa do Filho de Deus e alcançamos em Deus Pai a medida da estatura da plenitude de Cristo.

Nessa ascensão espiritual estão as três principais virtudes do cristianismo – a fé, a esperança e o amor – bem como as fases da nossa frutificação: Trinta, sessenta, e cem por um (Mc 13.23), ou seja: fruto, mais fruto e muito fruto (Mc 4.8; Jo 15.1-5; 1Co 13.13).

Os tipos são figuras, ou lições, pelas quais Deus tem ensinado ao seu povo seu plano redentor e seus elevados propósitos para a vida cristã. São amostras de coisas vindouras e não a verdadeira imagem destas coisas (Cl 2.17; Hb 8.5;10.1).

A Bíblia usa diversas palavras para tipo, como: Sinal (Jo 10.25), figura (At 7.43; Rm 5.14; 1 Co 10.11), forma (Rm 6.16,17),l parábola, alegoria (Hb 9.9), modelo (At 7.44; Hb 8.4,5), sombra (Cl 2.14; Hb 8.5), exemplo (Fp 3.17; 1Tm 4.12; 1Pe 5.3; 2Pe 2.6).

Existem também alguns nomes para os antítipos: verdadeira figura (1Pe 3.21), mesma imagem (Hb 10.1), coisas celestiais (Hb 9.23), verdadeiro (Hb 9.24), Espírito (2Co 3.6).

O tipo é o objeto da lição, a revelação temporária de uma pessoa, um acontecimento ou uma instituição vindoura. O antítipo é o cumprimento daquilo que havia sido predito no tipo.

São necessários um ou mais pontos de afinidade entre o tipo e o antítipo (Cl 2.14-17; Hb 10.1). O tipo precisa ser profético em todos os tipos de semelhança com o antítipo, e precisa verdadeiramente prefigurar as coisas vindouras (Jo 3.14; Rm 5.14; Hb 8.5; 9.23,34; 1Pe 3.21).

O tipo é sempre terrestre, o antítipo pode ser tanto terrestre como celestial (Hb 8.5;9.24; 1Pe 3.21). Desde que tipo e antítipo, ou seja, figura e cumprimento necessitem ser preordenados como parte de um mesmo plano divino, nunca podem ser escolhidos pelo homem (2Tm 3.16).

Por isso, a autoridade dos tipos e sua aplicação provêm unicamente da Bíblia, que exige o endosso de pelo menos três testemunhas para confirmar uma verdade (2Co 13.1). Com estas observações, agora podemos considerar alguns exemplos bíblicos de tipo e antítipo.

“Adão, como o primeiro homem na história da humanidade, é a figura daquele que havia de vir” (Rm 5.14c). Cristo é o primeiro da nova criação. Pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça, o dom abundou por um só homem, Jesus Cristo (Rm 5.15).

Adão foi feito alma vivente (Gn 2.7), Jesus Cristo é chamado “      o último Adão em espírito vivificante (1Co 15.45b). Pela desobediência de Adão muito foram feitos pecadores; pela obediência de um, que é Jesus Cristo, muitos serão feitos justos (Rm 5.19).

O pecado de Adão impediu o caminho da árvore da vida porque um querubim foi posto ali com uma espada inflamada (Gn 3.24). O Senhor Jesus Cristo abriu um novo e vivo caminho para o santuário de Deus (Hb 10.20).

Ele disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6).

 Abraão reconheceu que Melquisedeque era sacerdote de Deus. Deu-lhe o dízimo e foi abençoado por ele. Abraão sendo o pai do povo judeu foi abençoado por aquele a cuja ordem Jesus pertence.

A exposição de Hebreus 7, é para provar que Jesus Cristo é superior ao sumo sacerdote Arão, visto que antes de Arão aparece Melquisedeque, tipo de Jesus.

Em Gn 14 é mencionado Melquisedeque, sem pai, sem mãe, sem genealogia. Os judeus davam grande valor à genealogia. Só se podia exercer um cargo importante se fosse conhecida a origem familiar.

Quando voltaram do cativeiro no tempo de Esdras e Neemias, alguns que não provaram o registro das genealogias foram rejeitados, e considerados imundos e proibidos de comerem das coisas sagradas (Ed 2.62,63; Ne 7.64,65).

Entendemos que Melquisedeque era um homem descendente de Adão e Noé; mas sua genealogia nos dias de Abraão não era desconhecida e Deus não quer que ninguém identifique quem era Melquisedeque.

Pela mentalidade dos rabinos, Melquisedeque não deveria se sacerdote de Deus. Mas ele foi aceito por Abraão e de sua ordem provém Jesus.

Ele era o rei de Salem e rei de paz. Salem quer dizer paz e era o nome de Jerusalém; Jesus Cristo, depois de destruir o reino do Anticristo, reinará em Jerusalém como rei de paz.

Continuando os exemplos de tipo, podemos ver em José um dos mais perfeitos tipos de Cristo no AT. José, amado por seu pai Jacó (Gn 37.3) – Jesus, amado de Deus (Mt 3.17).

José foi odiado pelos seus irmãos (Gn 37.4) – Jesus, foi odiado pelos judeus (Jo 15.24).

José foi enviado pelo seu pai para encontrar seus irmãos (Gn 37.13-24). Jesus foi enviado por Deus para salvar a humanidade, mas foi traído e morto por seus irmãos, os judeus e condenado (Jo 1.12; 1Jo 4.14).

José foi vendido por seus irmãos (Gn 37.28). Jesus foi vendido por um de seus apóstolos (Mt 26.14,15). José foi tentado e venceu a tentação (Gn 39), Jesus venceu a tentação do deserto (Mt 4.1-11).

José foi preso junto com dois criminosos, um foi salvo, o outro condenado (Gn 40) – Jesus foi preso e crucificado entre dois malfeitores, um foi morto o outro foi salvo (Lc 23.32,33).

José foi levantado e exaltado no Egito (Gn 41.14,43,44) – a Jesus foi dado todo poder, tanto no céu como na terra (Mt 28.18). Com trinta anos José começou a sua missão no Egito (Gn 41.46) – Com trinta anos Jesus começou o seu ministério (Lc 3.23). José teve uma noiva não hebreia (Gn 41.45) – De igual modo, Jesus (Ef 5.25,27).

A tribulação obrigou os irmãos de Jesus a procura-lo (Gn 42) – O mesmo acontecerá com o povo judeu que vai procurar Jesus durante a Grande Tribulação e reconhece-lo como Messias (Mt 24.21; Zc 12.10; Is 26.16).

Através de José vieram reconciliação e bênçãos para seus irmãos (Gn 45 – 46) – Jesus trará a paz para o seu povo (Is 11.12; 35).

No tempo de José todos os povos foram abençoados por causa do seu trabalho (Gn 41.57). Através de Jesus todos os povos serão alcançados (Is 2.1-5; 4.2-6; 11.10). Moisés é o personagem referido em maior número de livros da Bíblia. Seu nome aparece em trinta e um dos livros do volume sagrado.

É chamado: servo do Senhor (Ex 14.31); fiel em toda casa (Nm 12.7; Hb 13.5); homem de Deus (Dt 33.1); o maior dos profetas (Dt 34.10.11); foi o escolhido de Deus (Sl 106.23).

Moisés tinha muitos pontos semelhantes a Jesus: ameaçado de morte e preservado por Deus (Ex 2.2-10;Hb 11.23); Jesus também foi preservado por Deus (Mt 2.13-15).

Moisés dominou as águas do mar (Ex 14.21); Jesus acalmou a tempestade (Mt 8.26). Moisés alimentou uma multidão (Ex 16.15-16; Jo 6.31); Jesus também alimentou multidões (Jo 6.12).

Moisés teve seu rosto iluminado (Ex 34.35); Jesus foi transfigurado (Mt 17.1-5). Os irmãos de Moisés estiveram contra ele (Nm 12.1); Jesus também teve seus irmãos contra ele (Jo 7.5).

Moisés intercedeu pelo povo (Ex 32.32); Jesus intercedeu pelos seus apóstolos (Jo 17.9). Moisés escolheu setenta auxiliares (Nm 11.16); Jesus enviou setenta discípulos (Lc 10.1). Moisés esteve a sós quarenta dias em jejum (Ex 24.18); Jesus jejuou quarenta dias no deserto (Mt 4.2).

Moisés andava com as doze tribos de Israel, Jesus andava com doze apóstolos. Moisés apareceu depois da sua morte (Mt 17.3); Jesus também apareceu depois da sua morte (At 1.3).

Temos ainda outros tipos:
Eva – tipo da igreja; Caim – tipo os que confiam nas suas obras; Enoque – tipo do arrebatamento da igreja; Moisés – tipo dos santos ressuscitados; Noé – tipo dos que habitarão à nova terra.

Abraão – tipo dos crentes que andam pela fé; Ló – tipo dos crentes que andam pela vista; Ismael – tipo do crente carnal; Isaque – tipo do crente espiritual; Esaú – tipo da velha natureza.

Jacó – tipo do crente transformado; no casamento de Isaque, Abraão – tipo de Deus o Pai; Sara – tipo de Israel; Isaque – tipo de Jesus Cristo; Rebeca – tipo da igreja; Eliezer – tipo do Espírito Santo; Quetura – tipo do Israel restaurado.                              
BIBLIOGRAFIA:
CABRAL, Elienai. Livro e Lição EBD do Segundo Trimestre  2019. O Tabernáculo – Símbolo da Obra Redentora de Cristo. Editora C PAD. Rio de Janeiro 2019
HABERSHON Ada. Manual de Tipologia Bíblica. Editora Vida. São Paulo, 2003
OLIVEIRA, Raimundo F. de. Como Estudar e Interpretar a Bíblia. Editora CPAD, 1986
ALMEIDA, Abraão O Tabernáculo e a Igreja. Editora CPAD. Rio de Janeiro, 2018
MELO, Joel Leitão de.  Sombras, Tipos e Mistérios da Bíblia. Editora CPAD, 1989
Bíblia Tradução Revista e Atualizada. SBB
CHAMPLIIN. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia – Vl.  Editora Hagnus. São Paulo, 2006