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quarta-feira, 28 de março de 2018

Lição 01 - O que é Ética Cristã - 01.04.2018


Subsídios Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
Lição 01 - O que é Ética Cristã - 01.04.2018
Texto Bíblico: 1 Coríntios 10.1-13
Por: Pr. João Barbosa

A igreja sempre teve de confrontar a sua cultura e existir em extensão com o mundo. Ignorar a cultura é arriscar-se a irrelevância;  a aceitar a cultura sem críticas é arriscar-se ao sincretismo e à infidelidade.

Cada Era tem tido seus teólogos liberais que buscaram aceitação tentando reinterpretar o cristianismo conforme o mais recente modismo intelectual e cultural.

Os liberais do Iluminismo tiveram sua religião nacional e a alta crítica da Bíblia; os liberais românticos tiveram suas emoções comoventes.

Os liberais existencialistas tiveram suas crises de significação e salto da fé; existe agora um liberalismo pós moderno, mas os cristãos ortodoxos também viveram em cada Era confessando sua fé em Jesus Cristo.

Foram parte de sua cultura conhecer o estilo distinto dos cristãos dos séculos XVII, XVIII e XIX, ainda quando dizem as mesmas coisas, contudo, também se opuseram à sua cultura, proclamando a lei do evangelho de Deus à sociedade, dirigindo as inadequações e necessidades dela.

A Ética como um sistema da Filosofia: 1. Ética: a conduta ideal do indivíduo; 2. Política: A conduta ideal do estado; 3. Lógica: o raciocínio que guia o pensamento; 4. Guinosiologia: a teoria do conhecimento; 5. Estética: a teoria das belas artes; 6. Metafísica: a teoria sobre a verdadeira natureza da existência.

Definição da palavra Ética: No grego, ethos = costumes, disposição, hábito. No latim, mos (moris) = vontade, costume, uso, regra.

A Ética é “a teoria da natureza do bem e como ele pode ser alcançado”. “ A filosofia moral é a investigação científica e uma filosofia de julgamentos morais que declaram a conduta boa, má, certa ou errada. Isto é, o que deve ou não deve ser feito. A definição mais simples a ser feito é: A Ética é a conduta ideal do indivíduo.

O porquê da Ética: Segundo Aristóteles é uma necessidade da sociedade. O alvo da Ética é a conduta ideal do homem baseado no desenvolvimento de sua virtude especial (função dentro da sociedade para o bem do indivíduo dentro da coletividade).

Ética é a pesquisa da natureza moral do homem com a finalidade de se descobrir quais são as suas responsabilidades e quais os meios de cumpri-las.

A Ética compartilha com outros empreendimentos humanos a busca da verdade, mas distingue-se deles na sua preocupação com aquilo que o homem deve fazer, à luz da verdade desvendada.

Ela não é simplesmente descritiva, mas também prescritiva no seu caráter. No campo da pesquisa, ética pode ser dividida em ética filosófica, teológioca e cristã.

A ética filosófica aborta a responsabilidade humana a partir daquilo que pode ser conhecido pela razão natural e no que diz respeito à existência temporal.

A ética teológica trata daquilo que pode ser aproveitado dos alegados entendimentos de uma determinada comunidade, no tocante a esta vida ou a do porvir.

A ética cristã é o formato cristão da ética teológica. Entende que “havendo Deus outrora falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nesses últimos dia nos falou pelo filho” (Hb 1.1,2). Ela pesa as obrigações morais do homem à luz desta revelação divina.

A ética bíblica acha seu lugar num dicionário teológico exatamente porque nem no pensamento judaico nem no pensamento cristão ela pode ser separado do seu conceito teológico, a não ser visando o propósito da concentração.

Ética no AT – Deuteronômio enfatiza um espírito humanitário, uma liberalidade, compaixão e santidade interior (“amarás o Senhor teu Deus,” 6.5) inteiramente de conformidade com o ensino dos profetas.

Amós tornou a ética essencial ao relacionamento entre Israel e Deus, e sua moralidade era pura, auto disciplina, apaixonadamente defensora dos pobres e oprimidos, oposta à crueldade, ao dolo, ao luxo e ao egoísmo.

Isaias e Miqueias exigiam uma religião de conformidade com o caráter do santo de Israel. Jeremias, Ezequiel e Isaias 40 – 66 aplicam as lições amargas do exílio da Babilônia de modos éticos inexoráveis, embora sempre dentro do contexto do propósito inabalável de Deus pelo seu povo.

O Deus de Israel é enfaticamente o guardião da lei moral, exigindo acima de tudo que os homens pratiquem a justiça, amem a misericórdia e andem humildemente com o seu Deus (Mq 6.8).

Ética no NT – Uma longa tradição ética foi resumida, quando João Batista apareceu exigindo pureza, retidão, honestidade e solicitude social (Lc 3.10-14).

Mas especialmente iluminadora é a discriminação de Jesus, ao retomar do judaísmo seu monoteísmo ético, sua consciência social e o relacionamento entre a religião e a moralidade.

Enquanto rejeitava a tendência ao farisaísmo, o legalismo duro e externo, o nacionalismo, o cultivo de mérito e a não diferenciação entre o ritual e a moralidade.

Por outro lado, Jesus levou a exigência da retidão ainda mais longe do que a lei tinha feito, penetrando na mentalidade e no motivo por trás do comportamento (Mt 5.17-48).

Voltando aos propósitos originais de Deus (Mc 2.27; M7 19.3-9) ou ao mandamento suficiente e subpujante do amor a Deus e ao próximo (Mt 22.35-40).

Neste resumo de todo o dever, religioso e social em torno do amor acha-se a contribuição mais característica de Jesus ao pensamento ético, e seu exemplo do significado do Amor e sua morte por amor aos homens perfazem sua contribuição mais poderosa à realização ética.


Outro tema comum em todo ensino ético do NT é a imitação de Cristo. Os evangelhos sinóticos apresentam o tema como simplesmente seguir a Jesus. João expõe o ideal de Cristo, como amar (Jo 13.34; 15.12), obedecer (Jo 9.4;15.10), ficar firme (Jo 15.20), servir humildemente (Jo 13.14,15) conforme Jesus fez por nós. 1João a liga com a experança cristã (1Jo 3.2). Pedro associa a imitação especialmente com a cruz (1Pe 2.21-25; 3.17-18; 4.1-13).

Paulo faz dela o alvo da adoração (2Co 3.18), do ministério (Ef 4.11-13), da exortação (1Co 11.1) e da providência divina (Rm 8.28-29), definindo seu significado mais interno como ter “a mente de Cristo” (1Co 2.16; Fp 2.5) o “Espírito de Deus” (1Co 7.40).

Fomos chamados para viver eticamente. As Escrituras alertam sobre o perigo de não vivermos de modo ético. Os israelitas no deserto foram abençoados e sustentados pelo maná (Ex 16.4) e pela água potável (Ex 17.6) que Deus lhes concedia de modo sobrenatural, mas a maior parte deles foi reprovada por não viver a lei moral outorgada por Deus (1Co 10.5).

Somente dois israelitas daquela geração de seiscentos mil homens de vinte anos para cima, Josué e Calebe, puderam herdar a Terra Prometida (Nm 14.30).

No capítulo 10 da primeira carta do apóstolo Paulo aos Coríntios, versículo de 1-10, o apóstolo seleciona cinco pecados cometidos pelos israelitas, que ficaram registrados em forma de negação para nossa advertência: “Porque tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito” (Rm 15.4a).

Em seguida ele seleciona as cinco coisas más para que não caiamos em suas armadilhas: A cobiça (1Co 10.6; Nm 11.4-6; 1Co 15.33; Jo 6.35; 48.51; Ex 20.17); a idolatria, (1Co 10.7; Ex 24.18; 31.18; 32.1-6; Mt 23.15; Rm 1.23).

A  prostituição (1Co 10.8; Nm 22.1-30; 23.8; 31.16; 2Pe 2.15; Jd 1.11; Ap 2.14; Nm 25.1-15; Gl 5.19; 1Co 6.18; 1Ts 5.23); tentar ao Senhor (1Co 10.9; Nm 21.9; Rm 2.8,9); pecado da murmuração (1Co 10.10; Nm 14.2.36,37; 16.1-35, 41,42,49; 1Co 10.11,12,13; Sl 37.5).

Os evangelhos são mais do que uma simples biografia de Jesus, e o livro dos Atos dos apóstolos é muito mais que uma simples história das igrejas.

A narrativa desses livros serve a um propósito teológico: Ele nos apresenta os ensino de Jesus, diretamente ou por meio dos apóstolos, como parte da “boa vontade de Deus para os homens” (Lc 2.14).

Isto prova que os evangelhos são as boas novas do evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo (Mt 9.35). A mensagem registrada nos quatro evangelhos contêm apelo ao arrependimento, renúncia, ao pecado, oferta de perdão, esperança de salvação e santidade de vida (Mt 3.2; Lc 1.77; 9.62).

Os seguidores de Cristo são convocados a viver as doutrinas do evangelho e adotarem a ética moral do reino de Deus (Mt 126.24; Mc 10.42-45).

Por meio do evangelho, o homem pode compartilhar a natureza moral de Deus (Mt 5.48). O genuíno evangelho produz mudança no caráter do cristão (Tt 2.11-14), e quem pauta a sua vida no evangelho recebe o dom do Espírito Santo (At 2.38,39).

A principal fundamentação para a ética cristã encontra-se na revelação divina. Desse modo os princípios adotados pela Ética Cristã são bíblicos e, portanto, imutáveis.

Em consequência, os princípios bíblicos têm aplicação hoje, assim como tiveram no passado. Aquilo que a revelação bíblica no passado considerava como pecado, permanece sendo pecado.

A lei divina não pode ser revogada para ser ajustada aos interesses humanos. Esses princípios são universais e por isso não se admite uma ética cristã diferente de uma cultura para outra cultura.

Os padrões da ética e da moral cristã não sofrem mutações com o passar dos tempos e de cultura para cultura. A verdade bíblica não pode ser relativizada ou flexibilizada para atender o egoísmo e o hedonismo da raça humana.

O texto bíblico permanece inalterado e imexível. Por isso, os valores cristãos são permanentes, pois a fonte de autoridade é permanente.

Jesus Cristo afirmou “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar” (Mt 24.35). “Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente” (Hb 13.8).


Consultas:
BAPTISTA, Douglas. Comentarista da Lição Bíblica para Adultos EBD CPAD no 2º.  Trimestre 2018 Valores Cristãos: Enfrentando as questões morais de nosso tempo
BAPTISTA, Douglas.  Valores Cristãos: Enfrentando as questões morais de nosso tempo. Editora CPAD. Rio de Janeiro, 2018
CHAMPLIN Norman Russell. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vl 2.
VEITH. Gene Edward, Jr. Tempos pós-Modernos –  Uma avaliação cristã do pensamento e da cultura da nossa época. Edit. Cultura Cristã. SPaulo, 1999
KAISER. Walter C. Jr. O Cristão e as Questões Éticas da Atualidade. Editora Vida. SPaulo 2015
ELWELL, Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja cristã. Edit. Vida Nova. SPaulo 2009
FRAME. John M. Doutrina da Vida Cristã. Edit. Cultura Cristã. SPaulo, 2013
REIFLER. Hans Ulrich. A Ética dos Dez Mandamentos. SPaulo, 1992

quarta-feira, 21 de março de 2018

Lição 12 - Exortações Finais na Grande Maratona da Fé - 25.03.2018


ídios Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
Lição 12 - Exortações Finais na Grande Maratona da Fé - 25.03.2018
Texto Bíblico: Hebreus 12.1-8; 13.15-18
Por: Pr. João Barbosa

O décimo capítulo da carta aos Hebreus termina com severas advertências contra os cristãos indiferentes, que se desviam de Cristo, que deixam de “viver pela fé”, e desse modo chegam ao estado de negligenciar ou abandonar a fé em Cristo por um outro sistema religioso que equivale a apostasia.

O décimo primeiro capítulo mostra-nos como vencer essa indiferença espiritual. Os heróis da fé demonstram como se deve ser justo e viver pela fé. Portanto, o décimo segundo capítulo dá continuação às ideias tanto do fim do décimo capítulo como da eloquente expressão de fé dos heróis do décimo primeiro capítulo.

Agora Jesus é visto tanto na qualidade de pioneiro como na posição de consumador da nossa fé. Acima de todos os heróis, descritos no décimo primeiro capítulo Cristo nos oferece a inspiração de que precisamos.

Ele é o precursor, que entrou no santo dos santos, o qual pode ser seguido por outros, e que também possui as qualidades espirituais de que precisamos nos revestir (Hb 6.20;10.19). O décimo segundo capítulo apresenta-nos diretamente a exortação que foi apenas sugerida no capítulo anterior.
     
Há dificuldades no caminho espiritual. Por que se negaria isso? Há necessidade de perseverança e de total dedicação. O crente em Cristo não deveria ser tão preguiçoso e descuidado a ponto de pensar que pode vencer sem lutar e sem conflitos.

O capítulo anterior mostra quantas coisas os heróis da fé tiveram que sofrer. O capítulo doze mostra-nos que, acima de todos, Jesus sofreu para que completasse com êxito sua carreira, subisse aos céus e fosse assentado à mão direita do Pai.

Por isso, não se pode pensar que alguém poderá chegar nos céus sem ter experimentado a agonia que a vida espiritual envolve. Os crentes  começam muito bem e alegres a carreira cristã, com atitude de triunfo e de conquista; sua devoção é indiscutível; mas, com grande frequência, subestimam o poder do adversário.

Porém a íngreme subida, o amargor da perseguição e da perda, logo se lhe desaparece a visão inicial que tinham de Cristo e do Evangelho, o zelo esfria e morre o primeiro amor.

A corrida é longa e árdua; os obstáculos são reais e amargos, e a vitória é dada somente aos vencedores. É mais ou menos uma mensagem assim que o autor sagrado procura impressionar sob a mente de seus leitores.

Portanto, nas Escrituras, com frequência encontramos a chamada à perseverança. Não  é aquele que começa bem ou que impressiona a outras com suas habilidades e conhecimentos, que se torna vencedor nessa corrida – mas é o homem que persevera e que termina bem.

Ao nosso redor há grande multidão de espectadores; mas que são mais de que isso, pois são participantes; e eles nos encorajam com o seu exemplo, e, em alguns casos, com a sua própria presença.

A demais, há aquele ministério angelical, isto é, aqueles espíritos ministradores enviados a trabalhar em favor daqueles que hão de herdar a salvação (Hb 1.14), que também nos ajudam.

Mas, se chegarmos a ser vencedores, é que teremos sido pessoalmente dedicados a Cristo sendo essa a atitude que chamamos de fé.

Nada tende tanto por derrotarmos como quando temos de lutar sozinhos. Por muitas vezes nesta nossa experiência terrena, até amigos íntimos se voltam contra nós; e, ao invés de nos ajudarem, procuram atrapalhar nossa jornada.

Porém, isso jamais poderá contradizer a grande verdade que o Senhor Jesus Cristo e o seu Espírito prometeu ajudar-nos até o fim.

Algumas vezes a luta pode ser solitária; mas não na realidade – temos Cristo a nosso lado. Precisamos cultivar a presença e o poder do Espírito Santo, pois assim somos ajudados no conflito, ainda que do ponto de vista humano, estejamos sozinhos.

É claro que esse mundo vil não simpatiza conosco e com a graça divina a ponto de ajudar-nos na subida para Deus; e ficaremos desapontados se confiarmos em que as circunstâncias terrenas nos ajudarão nessa busca espiritual.

Quão grande, pois, é a necessidade de olharmos para Jesus, mediante a fé, para termos as forças necessárias para seguir adiante, tanto no início da carreira como na arrancada final para o nosso lar celeste.

Os heróis da fé, descritos no décimo primeiro capítulo, estão ao nosso lado e exibem para nós o valor e o poder da fé. Podemos participar dessa mesma fé; podemos ser tão resolutos e dedicados quanto eles foram. A escolha depende unicamente de nós.

“Portanto, nós também, pois que estamos rodeados de tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com perseverança a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a ingnomínia, e está sentado à direita do trono de Deus” (Hb 12.1,2).

Esta palavra portanto, vincula este décimo segundo capítulo, com as ideias dos capítulos décimo e décimo primeiro. O décimo capítulo termina com severas advertências contra os crentes que pretendem afastar-se de Cristo e cair na apostasia.

O décimo primeiro capítulo mostra-nos que o justo viverá pela fé, o que significa que evitará tal desvio. As muitas testemunhas, nos dá uma mostra do décimo primeiro capítulo, chamam a nossa atenção para a necessidade de uma intensa e dedicada inquirição espiritual, de um leal empenho na corrida que nos leva até à presença de Deus.

Por causa “disso” e por causa do fato que o próprio Cristo se acha no ponto final para encorajar-nos, ponhamos de lado todos os pecados de indiferença e de negligência espiritual  que vem com a intenção de abandonarmos a Cristo, que são cargas que procuram impedir-nos de avançar na carreira cristã.

A dedicação espiritual, que vive segundo a dimensão eterna, não é privilégio somente dos heróis da fé do passado, pois eles não poderão ser aperfeiçoados sem nós (Hb 11.40).

Precisamos adicionar nossa fé à deles; precisamos provar, nessa nossa geração, que a vida cristã pode ser vivida vitoriosa e triunfantemente. Temos a nos rodear tão grande nuvem de testemunhas. O autor sagrado emprega a metáfora da corrida novamente, tal como em Hb 6.20.

A “nuvem” de testemunhas, pois, é pintada como quem nos observa, como se fossem expectadores, ainda que o autor sagrado não queira dizer que o fazem literalmente, o que eles realmente fazem é que prestam seu testemunho real, com suas vidas sobre como se deve correr triunfantemente.

Essa ajuda, dada pelas testemunhas, consiste do seu notável exemplo. Essa “nuvem” de  testemunha não se compõe de meros expectadores porém, também se compõe de participantes, pois todos lutamos juntamente, pela perfeição que Cristo nos oferece.

As testemunhas, que nos ajudam com o seu exemplo, testificam sobre a veracidade das realidades espirituais, sobre os poderes do mundo invisível, sobre como devemos viver sobre princípio daquele mundo sagrado dominado pela fé (Hb 11.1).

Os heróis do passado ainda não terminaram seu conflito; continuam servindo de testemunhas para nós, encorajando-nos a vitória. Esse exército de vencedores já é tão numeroso que forma uma nuvem que encobre os céus.

Aquele           que levantar os olhos para o firmamento, verá aquela companhia já numerosíssima; e ao vê-la se encorajará. Não é fácil resistir sozinho; não é fácil alguém lutar solitário. Todavia, segundo nos diz o autor desta carta não estamos sós.

Muitos continuam empenhados nesta corrida espiritual. Essa é uma vitória que aguardam aqueles que lutam legítima e heroicamente. Mas a derrota está à espera daqueles que não se importam e nem tentam vencer.

Existe aquela nuvem, aquela massa de ajudadores que nos desejam o bem, e que aguardam ansiosamente, o resultado da luta. Esses testificam sobre a fidelidade de Deus, sobre o fato que a vitória é possível, sobre o fato que não corremos sós.

É desanimador corrermos sozinhos; mas nos é assegurado que não sucede assim; portanto, revistamo-nos daquele espírito de dedicação dos heróis da fé no passado. E sentiremos bem próximo a sua presença.

O estádio está repleto de expectadores, sentados em intermináveis fileiras nas arquibancadas, de modo a formarem uma grande nuvem; porém, na linha de chegada esperando por nós, está aquele que é o autor da nossa fé, o pioneiro do caminho, aquele que leva a nossa fé à perfeição.

Ele, acima de todos, é a inspiração de nossa carreira, o poder por detrás de nossos esforços. Embora a nuvem de testemunha nos sirva de ajuda, contudo, só existe um mestre para quem devemos olhar, a quem devemos agradar.

Jesus também se esforçou na carreira que lhe foi proposta; tal e qual devemos fazer. Seu exemplo e sua aprovação são os fatores principais de nossos esforços.

Devemos olhar exclusivamente para ele, desviando os olhos de toda e qualquer “distração”; e isso fala sobre o intenso propósito do crente, o contrário da indiferença e do desvio, o pecado que tantos assediava os leitores desse tratado.

Existe uma corrente de pensamento que envolve a ideia de que Jesus também, ao perseverar até o fim exibiu e tornou manifesta a fé em sua perfeição. O próprio Cristo consumou a fé ao seu ponto máximo desde o começo até o fim. E agora ele inspira a fé em nós.

Isso nos mostra a faceta básica do livro, a natureza humana e a luta de Jesus, a sua pessoa como nosso exemplo, como precursor da nossa luta espiritual (Hb 2.9; 6.20; 7.22; 10.19; 12.22; 13.12).

Alguns teólogos defendem a ideia de que o gozo que estava proposto a Jesus era a bem aventurança divina e plena de sua vida pré encarnada. Em lugar disso, ele aceitou a cruz e o opróbrio. O caráter heroico de sua fé aparece em sua renúnucia a um gozo que já possuía, para abraçar a vergonha e a morte.

Essa passagem se assemelha com Fp 2,6-8. Alguns teólogos acreditam que o motivo inteiro dos sofrimentos de Cristo era a alegria que ele tinha em vista se cumprisse bem sua missão de redenção da humanidade.

Jesus não permitiu que o temor ou a experiência o extravasassem. Ele se elevou acima da indignação e da injúria, ou seja acima de tudo quanto poderia tocar a sua vida dada em favor dos homens. E que fere mais profundamente que qualquer golpe físico porque vai mais fundo do que o corpo ferindo ao espírito.

Jesus Cristo realizou sua missão, atingiu a alegria que lhe estava proposta e assumiu o mais elevado posto de glorificação de poder possíveis, à “mão direita” do trono de Deus. O lugar de posição e de poder de maior prestígio do universo. Ele se encontra ali para conduzirmo-nos até a sua presença; essa é uma verdade exaltadíssima (Hb 6.20; 10;19).

Por várias outras vezes o autor sagrado faz alusão ao fato de Jesus está à mão direita do Pai, como recompensa por haver completado a sua missão terrena (Hb 1.3).

Consultas:
GONÇALVES José. Comentarista da Lição Bíblica para Adultos EBD CPAD no 1º Trimestre 2018.  A Supremacia de Cristo: Fé, esperança e ânimo na C aos Hebreus
GONÇALVES José. . A Supremacia de Cristo: Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus. Editora CPAD. Rio de Janeiro. Outubro, 2017
HENRICHSEN Walter A. Depois do Sacrifício – Estudo da carta aos Hebreus. Editora Vida. São Paulo 1996
LAUBACH Fritz. Carta aos Hebreus – Comentário Esperança. Editora Esperança. Curitiba, 2013
CHAFFER. Teologia Sistemática. Vl 7 & 8. Editora Hagnus. São Paulo, 2008
CHAMPLIN Norman Russell. Novo Dicionário Bíblico – Completo, Prático e Exegético. 1ª Edição.  Editora Hagnos, Sao Paulo, fevereiro, 2018
BROWN, Raymond e outros. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo – Antigo Testamento. Editora Academia Cristã. São Paulo, 2007

quarta-feira, 14 de março de 2018

Lição 11 - Os Gigantes da Fé e o seu Legado para a Igreja - 18.03.2018


Subsídios Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
Lição 11 - Os Gigantes da Fé e o seu Legado para a Igreja - 18.03.2018
Texto Bíblico: Hebreus 11.1-8, 22-26, 30-34
Por: Pr. João Barbosa

A fé é ilustrada sob todas as circunstâncias: Nas perseguições, nas privações, na pobreza, em feitos poderosos, em sofrimentos diversos, e no martírio.

Não existe situação em que o homem de Deus não possa ser homem de fé; em qualquer situação da vida o homem de Deus pode demonstrar sua fé. “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das que se não vêem”.

Tipos de fé nas páginas do NT – Fé objetiva: Esse é o “objeto” da fé, aquilo “em que se crê”, o  “sistema”  de princípio como é o cristianismo. Fé como virtude: Na vida cristã podem desenvolver-se muitas “virtudes” e qualidades espirituais. A fé é uma delas. A fé como virtude é apenas a fé “subjetiva” em ação na vida diária do crente.

É quando o crente se entrega de corpo e alma a Cristo, que é o princípio orientador da fé cristã. A fé subjetiva é o exercício da fé por parte de homens espirituais; é o exercício na plena dependência de Cristo.

É um período na vida cristã em que o crente entrega sua vida ao pleno cuidado do Senhor Jesus, trata-se da dedicação total da alma a Cristo. É quando desejamos compartilhar da própria natureza de Cristo (Ef 3.19; Cl 2.10).
A fé às vezes aparece na vida do crente como uma capacidade espiritual. Isto, é o dom da fé (1Co 2.9). Trata-se de um poder especial firmado sobre uma confiança incomum em Cristo.

È uma das manifestações do Espírito Santo na vida do crente para realizar grandes obras espirituais. De acordo com o conceito mais simples, fé é uma confiança em Deus. A esse conhecimento pessoal em Deus, assim se expressou Jesus: “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece plenamente o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece plenamente o Pai senão o Filho, ou aquele a quem  o Filho o quiser revelar” (Mt 11.27).

O apóstolo Paulo entendia que a fé não é de todos (2Ts 3.2). “Fé” normalmente, significa “confiança”, “certeza”. Em Hb 11, fé é a garantia das coisas que não se vêem. A fé da galeria dos fiéis expressado por Abraão, Moisés, Raabe, era simplesmente confiança no Deus conhecido com tal confiança. Aqueles heróis tratavam o futuro como presente, e o invisível como visto. A fé, na verdade, vindica o caráter de Deus e libera o seu braço para agir a favor daqueles que nele confia.

Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim. Através do primeiro exemplo de fé do AT, o escritor mostra que a fé em Jesus Cristo nos concede uma compreensão totalmente nova das afirmações do NT.
O relato de Gn 4.3-5, nos propõe uma indagação: Como Caim e Abel conheciam sobre o valor do sacrifício? Todo sacrifício de que a Bíblia fala representa a tentativa do ser humano de superar o pecado e estabelecer a comunhão com Deus.

Também por trás das palavras de Gn 3.21 reside o conhecimento de que um animal inocente tem que morrer por trás de uma pessoa culpada, para possibilitar-lhe a existência na terra. “Fez o Senhor Deus vestimentas de peles para Adão e sua mulher e os vestiu”. A história dos primeiros seres humanos já está indissoluvelmente ligada à realidade do sacrifício. Caim e Abel ofereceram, ambos, seu sacrifício. Porém Abel traz o sacrifício “melhor”, “maior”.

O sacrifício de Abel é superior ao de Caim. Assim como o serviço de Jesus é superior ao de Moisés, e como a nova aliança excede a antiga (Hb 3.3; 8.6). Os exegetas das Escrituras sagradas aprofundaram a pergunta sobre a razão pela qual o sacrifício de Caim foi rejeitado.

O texto hebraico sugere que se busque a razão em Gn 4.7. “Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta”. Isso corresponde também à mensagem dos profetas do AT. Diante de Deus, o conteúdo ou a forma dos sacrifícios não são essenciais, mas os sacrifícios são expressão visível de um coração humilde e obediente.

Em sua compreensão do texto, a versão dos LXX, pressupõe que o sacrifício de Caim não agradou por um motivo ritual: “Acaso não pecaste quando sacrificaste corretamente, mas não compartilhaste como convém”. O filósofo judaico Filo, considerava como motivo de aceitação ou rejeição do sacrifício unicamente na própria oferenda: “a oferenda de Abel era viva, a de Caim era sem vida”. Aquela era superior em força e vigor, a de Caim era mais fraca (de menor valor).

O historiador judaico Josefo entendeu esta passagem de maneira similar. Enquanto no relato do AT a diferença dos dois sacrifícios não está explicada com clareza definitiva, o escritor da carta aos Hebreus decifra esse mistério.
A fé de Abel tornou seu sacrifício agradável perante Deus. neste ponto está a afirmação decisiva: Abel viveu na fé, razão pela qual Deus aceitou seu sacrifício. Pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus, quanto as suas ofertas.

“Pela fé ele obteve o atestado de que era justo, quando Deus deu testemunho sobre suas ofertas. O relato do AT apenas nos diz que “agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta; ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou”. Não há informação se isso também era visível exteriormente. Em todo caso, ambos sabiam como Deus pensava a respeito de sua oferta. A aceitação do sacrifício trazido por Abel significou o testemunho de Deus sobre sua fé.

A justiça da fé, que a Palavra de Deus atribui a Abrão (Gn 15.6), também já tinha sido obtida por Abel. Fruto de sua fé é, que seu sangue fala ainda hoje. O testemunho da fé, mesmo depois de morto, ainda fala, “o sangue de Abel” (Hb 12.24 BLH). O sangue das testemunhas da fé, forma um acontecimento contínuo. Isso não vale apenas para as testemunhas de sangue da antiga aliança (Mt 23.35), mas de modo insuperável para o sangue de Jesus Cristo.

A terrível aceitação da culpa pela morte de Jesus por parte de Israel em Mt 27.25 “caia sobre nós o seu sangue e sobre os nossos filhos” continua válida ate a volta de Jesus em glória e até a nova aceitação do antigo povo de Deus.

No entanto, também o sangue dos mártires da igreja de Jesus (Ap 6.9-11), alcança um significado especial para o cumprimento do plano da salvação de Deus e comparecerá como acusador e testemunha contra os inimigos de Deus por ocasião do seu grande acerto final de contas com ele (Ap 17.6; 18.24). O fato de que sua vida e morte tem eficiência para além de sua morte, em gerações distantes, representa um atestado de peso emitido pela Palavra de Deus sobre as testemunhas da fé.

Também a igreja de Jesus precisa, em todos os tempo, de pessoas entre suas fileiras que sejam testemunho eloquente da fé, mesmo além de sua morte. Faz parte daquele grupo também aquela mulher que ungiu Jesus antes do seu caminho de morte, e sobre a qual Jesus afirmou “onde for pregado em todo o mundo esse evangelho, será contado também o que ela fez para memória sua” (Mt 26.13.

Continuamente o escritor interpreta o AT na perspectiva do NT. Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte; não foi achado, porque Deus o trasladara. Duas vezes declara-se na narrativa sobre Enoque, em Gn 5.21-24: “Andou Enoque com Deus”. Aqui o escritor explica o que isso significa: Enoque viveu na fé, e essa fé constitui a premissa para o seu arrebatamento.

Neste ponto, fica evidente outra vez que na fé não se trata de um ato da razão humana, de considerar mentalmente como verdadeiras afirmações bíblicas ou doutrinas teológicas. Crê significa viver com Deus. É nesta vida com Deus que reside o “agradar a Deus”. Pois, antes da sua trasladação obteve testemunho de haver agradado a Deus. Além disso o NT nos confirma que Enoque foi convocado por Deus como testemunha e proclamador de sua justiça como julgador (Jd v.14,15).

A fé e o testemunho de Enoque antes de seu arrebatamento torna-se deste modo indicação das premissas decisivas para o arrebatamento da igreja. Somente pessoas que vivem na fé com Deus e exercem fielmente o serviço como suas testemunhas participarão do arrebatamento. Com clareza insuperável o escritor desta carta declara que a vida das testemunhas de Deus, sobre as quais a história bíblica original informa, se caracteriza pela fé.

Também Noé fazia parte destes homens de fé. Como Enoque, assim a Bíblia também diz acerca dele: “Noé andou com Deus” (Gn 6.9). No entendimento do NT, isso significa: Noé se encontrava numa relação autêntica de fé com o Deus vivo. Noé obteve de Deus uma revelação. Sua fé foi comprovada pelo fato de que ele aceitou essa relação.

Pela fé sua visão para o futuro foi aberta. Ao mesmo tempo, porém, levou muito a sério a ameaça do juízo de Deus. Por reverência perante Deus e por temor diante da catástrofe vindoura, Noé começou a construir a arca. Deus lhe havia ordenado, Noé obedeceu. Fé e obediência formam uma unidade e constituem premissa para “encontrar clemência diante do Senhor” (Gn 6.8). São elas a única premissa da salvação e concretizam-se numa  vida agradável a Deus.

Desse modo, encontramos já na vida das testemunhas do AT um fato que tem importância precisamente para experiência de fé de cada cristão: Não existe fé sem obediência prática à Palavra de Deus. O apóstolo Paulo considera-se enviado por Deus para conclamar pessoas à “obediência da fé” através de sua proclamação do evangelho (Rm 1.5; 15.18; 16.26). Como Abel através de seu sacrifício, assim Noé erige por meio da construção da arca um sinal da fé, o qual se torna visível para os que não crêem.

A fé de Noé e sua obediência à Palavra de Deus significam o juízo sobre a humanidade incrédula decaída de Deus, trazendo para ele a justiça perante Deus. “A obediência a Deus separa do mundo, ela é praticamente o juízo sobre o mundo”. Por meio dessa obendiência Noé torna-se “pregador da justiça” (2Pe 2.5).

Em sua obediência de fé Abraão colocou o exemplo mais sublime de uma vida evangélica, porque deixou tudo atrás de si, e seguiu unicamente ao Senhor, preferiu a palavra de Deus acima de tudo, amou-a mais que tudo, tornou-se expontaneamnete um estrangeiro e submeteu-se á cada instante a perigos de vida e morte.

Quando Abraão chega à Terra da Promessa, ele já a encontra habitada, moram ali os cananeus (GN 12.6). Não se instala numa de suas cidades, tão pouco ele próprio constrói uma cidade. Ele vivia em tendas, entre as suas cidades.
Sua fé torna-o um estrangeiro e peregrino na terra. Ele se considera despreendido do mundo e ligado a seu Deus, ele também expressa sua fé de modo visível. Sua condição de estrangeiro se exterioriza: a tenda é a moradia do nômade e do viajante.

Abraão mora na Terra da Promessa como estrangeiro. Exatamente esta situação, porém, lhe acarreta uma nova promessa de Deus. “Apareceu o Senhor a Abrão e lhe disse: darei à tua descendência esta terra” (Gn 12.7). Sua condição de estrangeiro pela fé, tornam-se, ao mesmo tempo, um testemunho impactante para o mundo ao redor. Os gentios confessam: “tu és príncipe de Deus entre nós” (Gn 22.6).

O mesmo acontece mais tarde com Isaque. Deus lhe disse: “Habita como estrangeiro nesta terra, e estarei contigo e te abençoarei (Gn 23.6). Seus vizinhos gentílicos não podem deixar de lhe conferir o atestado: “Vimos claramente que o Senhor é contigo” (Gn 26.28). Contudo, este testemunho apenas é possível porque os pais da fé permaneceram conscientemente a certa distância do mundo ao seu redor.

“A entrada na Terra Prometida não traz um encerramento, nem o fim do tempo de provação, nem a cessação da tentação. Pelo contrário, a nova  situação requer nova fé e nova obediência. A vida dos patriarcas está em contradição com a promessa obtida. Também sua fé está sintonizada com a invisibilidade e o mundo vindouro”. A igreja de Jesus assume o legado dos pais espirituais da antiga aliança.

A igreja não pode estabelecer-se de maneira fixa neste mundo. Em todos os tempo permanece viva dentro dela a consciência de ser corpo estranho neste mundo: “Não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a que há de vir” (Hb 13.14; 2Co 6.10). Abraão já esperava pela glória vindoura de Deus, “a cidade cidade futura” que é o alvo da igreja de Jesus.

O escritor aponta para as realidades celestiais, que nos são explicadas em Ap 21.22, por meio da ilustração da Jerusalém celestial. Abraão já tinha conhecimento acerca da Jerusalém celestial. Ele esperava com convicção que teria participação nela e ansiou pela revelação final da glória de Deus assim como ele já sabia da vinda de Jesus (Jo 8.56).

Sua fé conta com a realização concreta da glória de Deus. Abraão aguardou a cidade vindoura de Deus. Pela fé nós já temos participação direta na cidade de Deus (Hb 12.22). A consumação visível, porém, ainda está por realizar-se também para a igreja de Jesus. O próprio Deus é o projetista e construtor desta cidade futura.

Ela foi projetada de acordo com o plano de Deus e se forma pela sua mão criadora. Ela é a criação maravilhosa de Deus, não foi feita por mãos (Hb 9.11.24). As “tendas”, as moradias do povo de Deus peregrino da antiga e nova aliança (2co 5.1), não possuem fundamento. São construídas para poderem ser desmontadas. A cidade vindoura de Deus, no entanto, tem um fundamento, Deus mesmo garante sua permanência eterna.

“Pela fé Abraão também recebeu com Sara, força para gerar descendência mesmo ela sendo estéril, não obstante a sua avançada idade”. Todos estes, os pais originais e os patriarcas, morreram na fé. O cumprimento da promessa – a obtenção do descanso de Deus, a redenção prometida, a irupção da glória de Deus na terra – não lhes foi concedido durante o tempo de vida na terra.

Apesar disso, contam firmemente com a confiabilidade da Palavra divina. Sua fé se comprova na paciência confiante, numa atitude inabalável e consequente de vida. Eles vivem “como estrangeiro e perigrino na terra”. Quem, no entanto, encontra o direito à cidadania na cidade de Deus (Ef 2.19; Fp 3.20). Quem enraizou sua existência na eternidade de Deus, não tem mais direito a uma pátria neste mundo (1Pe 1.1; 2.11; Bb 13.13,14). A fé é uma peregrinação em direção a pátria celestial.

Deus apresenta-se a Abraão com seu mistério inescrutável, contudo, Abraão não se opõe. Na hora da prova ele está pronto até para o sacrifício extremo. Não fala a ninguém acerca da exigência terrível de Deus, mas caminha em total solidão o caminho da fé. Contudo, sua fé se apega ao Deus da promessa que se torna Senhor até sobre o mais forte inimigo. Abraão sabe que o Deus da promessa também é o Deus vitorioso sobre a morte. “Contra toda esperança ele creu contra a esperança” (Hb 4.17,18).

Ao consentir no sacrifício de Isaque, ele libera a promessa de Deus, porém Abraão conta com a realidade da ressurreição e da superação da morte (1Co 15.26). Sua fé torna-se um exemplo para a igreja. Em decorrência, o sacrifício de Isaque em Moria torna-se “símbolo misterioso” da morte e ressurreição de Jesus. Daquele acontecimento sagrado no qual o Pai Celestial entregou o seu filho único e amado como sacrifício pelos pecados de um mundo perdido.

A fuga do Egito, a Pascoa e a travessia do mar vermelho são episódios que se originam de decisões de fé. A participação do sacrifício redentor no sacrifício pascal também sucedeu com base numa decisão de fé. A peregrinação de Israel pelo deserto constitui uma série de experiências de fé. A ocupação da terra de Canaã está sob o signo da fé. Pela fé ruíram os muros de Jericó. Pela fé Raabe a meretriz não foi destruída com os desobedientes, porque acolheu com paz aos espias (Js 2.1; Hb 4.6-18; Js 2.9-12). “Tudo é possível ao que crê” (Mc 9.23).

Pela fé aqueles heróis subjugaram reinos, praticaram a justiça e obtiveram promessas.  È o que constatamos de modo singular na vida dos juízes Baraque e Gideão (Jz 4.14,15; 6.14; 7.7). As pormessas de Deus não valem apenas para o mundo futuro, elas são a base de todas as experiências de fé que o povo de Deus realiza no mundo atual.

Fecharam a boca de leões, isso aconteceu na vida de Sansão, de Daniel e de Davi (Jz 4.16; 1Sm 17.34,35; Dn 6.16,20,23). Extinguiram a violência do fogo e escaparam ao fio da espada. Da fraqueza tiraram força, fizeram-se poderosos em guerra. Puseram em fuga exércitos de povos estrangeiros.

Mulheres receberam pela ressurreição os seus mortos (Dn 3.23-25; 1Re 19.9,10; Jz 16.28-30; Rm 4.20; 1Sm 17.45,49; Ef 6.10-13; Ex 14.14; 1Sm 17.52; 2Cr 20.22). O AT nos conta sobre a vida de alguns profetas que foram lançados na prisão, que foram açoitados, apedrejados e mortos (1Re 22.27; 2Cr 16.7-10; 24.20,2’; Jr 26.20). Também o NT relata o mesmo da vida dos discípulos de Jesus, das primeiras testemunhas da igreja.

Existem inúmeras notícias do tempo do judaísmo tardio, especialmente das guerras dos macabeus, e dos primeiros três séculos da história da igreja de Jesus que nos relata acerca da aflição de Jesus, da perseguição e dos martírios que muitos fiéis tiveram de suportar. Foram apedrejados, provados, cerrado ao meio, mortos a fio de espada; andaram peregrinos, vestido de peles de ovelhas e de cabra, afligidos e maltratados.

“Em o martírio de Isaias”, um escrito do judaímo tardio, lemos: “Então lançaram mão de Isaias, o filho de Amós, e o cerraram ao meio com uma serra de madeira. Estavam, porém, presentes Manassés e Belquira, os falsos profetas, os príncipes e o povo todo, e observavam.

Ele, porém, havia dito aos profetas a sua volta, antes de ser cerrado: Vão para a região de Tiro e Sidom! Porque Deus misturou o cálice unicamente para mim. Isaias, porém, não gritou nem chorou quando foi cerrado ao meio. Pelo contrário, sua boca falava com o Espírito Santo, até que terminaram de cerrá-lo.

De acordo com outro relato, o profeta Jeremias teria sido apedrjado pelos judeus no Egito. O profeta Urias foi decapitado por ordem do rei Jeoaquim (Jr 26.20-23), o profeta Elias fugiu para o deserto, afim de escapar dos perseguidores enviados por Jezabel (1Re 19.1). O oficial da corte, Obadias, ocultou cem profetas em cavernas, para afastá-lo do ataque de Acabe e Jezabel (1Re 18.4). Por várias vezes o apóstolo Paulo teve de fugir para não ser morto (At 9.25,30; 14.6; 17.14).

Numa de suas cartas ele nos informa  do número de perseguições e sofrimentos que teve de suportar (2 Co 11.23-27).  Crer não segura ter um seguro de vida, assim como não é garantia de bem estar na terra, de fama e reconhecimento entre as pessoas. Em todos os instantes a igreja se encontra diante de seu santo Deus, ao qual os fiéis não podem ofertar sua fé como um presente para trocá-la como um presente pela sua benção, á maneira de um antigo ditado latino Do ut des, “Dou a ti para que me dês algo em troca”.

A via do discipulado não traz consigo apenas a proximidade de Deus, seu auxílio e sua proteção mas inclui também renúncia e sacrifício, aflições e tribulações.
Consultas:
GONÇALVES José. Comentarista da Lição Bíblica para Adultos EBD CPAD no 1º Trimestre 2018.  A Supremacia de Cristo: Fé, esperança e ânimo na C aos Hebreus
GONÇALVES José. . A Supremacia de Cristo: Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus. Editora CPAD. Rio de Janeiro. Outubro, 2017
HENRICHSEN Walter A. Depois do Sacrifício – Estudo da carta aos Hebreus. Editora Vida. São Paulo 1996
LAUBACH Fritz. Carta aos Hebreus – Comentário Esperança. Editora Esperança. Curitiba, 2013
CHAFFER. Teologia Sistemática. Vl 7 & 8. Editora Hagnus. São Paulo, 2008
CHAMPLIN Norman Russell. Novo Dicionário Bíblico – Completo, Prático e Exegético. 1ª Edição.  Editora Hagnos, Sao Paulo, fevereiro, 2018
BROWN, Raymond e outros. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo – Antigo Testamento. Editora Academia Cristã. São Paulo, 2007