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terça-feira, 6 de março de 2018

Lição 10 - Dádiva, Privilégios e Responsabilidades na Nova Aliança - 11.03.2018


Subsídios Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
Lição 10 - Dádiva, Privilégios e Responsabilidades na Nova Aliança - 11.03.2018
Texto Bíblico: Hebreus 10.1-7, 22-25
Por: Pr. João Barbosa

O limite e a importância do serviço sacrificial do AT são visíveis no fato de que ele próprio não pode contribuir realmente para a salvação das pessoas. A verdadeira salvação é apresentada unicamente por Jesus Cristo (Hb 10.1-7).

O serviço sacrificial no grande dia da expiação dia 10 do sétimo mês era uma referência direta ao “cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). Desse modo, o culto sacrificial israelita tornou-se em seu sentido mais profundo a expressão da esperança pela redenção definitiva por intermédio de Jesus Cristo (Hb 7.19).

Porque os sacrifícios não redimem? O escritor responde com uma frase lapidar: È impossível que o sangue de touros ou de bodes remova pecados. Esse é o argumento final para as reiteradas restrições à lei sacrificial e sacerdotal do AT, e, em decorrência, para toda ordem de salvação da antiga aliança.

O núcleo da atuação salvadora de Deus é a remoção da culpa. Afinal, o perdão dos pecados e a consequente restauração do relacionamento original entre Deus e o ser humano não é possível através do sangue de animais, mas exclusivamente por intermédio da morte do Filho de Deus, pelo sangue de Jesus.

A provisoriedade da ordem sacrificial do AT, bem como a limitação de sua vigência para o tempo da antiga aliança não são vistas pelo escritor desta carta como revelada apenas depois da vinda de Jesus a este mundo.

Ele constata que o próprio AT já alude à limitação da sua própria ordem de salvação. Na palavra do Salmista ele vê uma indicação que proclama a entrada de Crisato no presente mundo e em nossa existência humana.

É o próprio Senhor Jesus Cristo que está falando pela própria boca do seu servo Davi. Por isso, ao entrar no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste; antes, um corpo me formaste.

A ordem de salvação do AT não trouxe a perfeição, mas somente profetizou a redenção. Por isso, Cristo teve de vir, a fim de cumprir as promessas do AT. O “corpo” de Cristo, sua existência terrena, que Deus lhe conferiu, torna-se a oferta sacrificial do NT, por meio da qual Deus ou a ira de Deus é apaziguada.

Por meio da palavra profética do AT Deus mesmo substituiu a ordem sacrificial da antiga aliança. Por não trazerem consigo uma renovação do coração, e também por não serem oferecidos por Israel com a atitude correta do coração os sacrifícios não recebiam o agrado divino.

Somente o surgimento do Messias foi capaz de trazer o verdadeiro cumprimento da vontade de Deus. É por isso que Cristo se tornou homem, porque seu corpo, sua vida, haveria de tornar-se o verdadeiro sacrifício a Deus.

Cristo efetuou em sua vida aquilo que já era a vontade de Deus em relação às pessoas no AT, uma vida em plena consonância com Deus, e em obediência integral à sua palavra.

A existência de Jesus na terra é o cumprimento literal dessa palavra do Salmista (Hb 10.1-7). O “livro” literalmente o rolo do livro, que fala da vinda de Cristo, não é apenas, conforme a compreensão do NT, a lei de Moisés (Ex 24.4) ou os Salmos, mas todo o AT (Lc 24-27,44).

No Sl 40.9 Cristo é o único que faz a vontade de Deus. Esta vontade de Deus, porém, é a redenção eterna do mundo perdido (Lc 19.10), o sacrifício do sumo sacerdote eterno para a remissão de todos os pecados (1Tm 2.4).

O escritor da carta aos Hebreus recorre a palavras no AT no Sl 40.7-9, interpretando-a novamente a partir do evento do NT. Ele lê e interpreta o AT sob o ângulo da revelação de Cristo que ele experimentara pessoalmente.

A multidão dos sacrifícios do AT que eram trazidos “segundo a lei” é substituída por este um só sacrifício do Filho de Deus na cruz, que Jesus ofereceu através “do Espírito eterno” (Hb 9.14), mediante seu ato perfeito de obediência. Cristo afirmou: “Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade”.

Jesus resumiu pessoalmente o conteúdo de sua vida e de seu serviço nas seguintes palavras: “Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou” (Jo 6.38).

Para ele, era esta a maior necessidade da vida e a mais profunda satisfação da vida. “A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4.34).

A trajetória do Messias a que se alude profeticamente na palavra do Sl 40.7-9, a saber, que o Cristo haveria de entregar a Deus o seu próprio corpo como oferenda para sacrifício, levou Jesus Cristo, de acordo com a vontade de Deus à cruz.

Desta maneira, a revelação da vontade de Deus no AT, “O obedecer é melhor do que o sacrificar” (1Sm 15.22), obteve sua potenciação e último aprofundamente. Cristo foi “obediente até à morte” (Fp 2.8) e entregou-se a si próprio como sacrifício.

Nessa obediência extrema de Jesus a vontade de seu Pai explica-se também o mistério de sua autoridade na oração. Somente porque Jesus cumpriu integralmente a vontade de Deus, ele também possui agora poderes ilimitados, a fim de como nosso eterno sumo sacerdote, intervir perante Deus em nosso favor, pela intercessão sem cessar.

O escritor da carta aos Hebreus já encontra o anúncio na palavra profética do AT de que toda plenitude da salvação nos foi presenteada em Cristo Jesus e de que o sacrifício universalmente satisfatório de Jesus Cristo basta para atingir a totalidade dos pecados no mundo inteiro.

E de que em Cristo Deus “nos deu todas as coisas” (Rm 8.32), justificação, santificação e perfeição, perdão dos pecados e força para uma nova vida. E disso nos dá testemunho também o Espírito Santo.

Portanto, o que o escritor está apresentando não é uma interpretação arbitrária, ou autoritária do NT. O que ele esta á dizer aos crentes acontece sob a direção e o pleno poder do Espírito Santo. É o Espírito Santo que já no AT aponta para a glória vindoura da nova aliança.

O Espírito Santo não apenas confirma o entendimento e a interpretação bíblica corretos, mas “dá testemunho a nós”. Como em Hb 8.8-12, o escritor recorre à promessa da nova aliança em Jr 31.31-34.

Contudo, nessa ocasião não faz para contrapor a nova aliança à antiga, dissolvendo dessa maneira, mas para evidenciar a eficácia penetrante do sacrifício de Jesus na vida do homem redimido.

É esse o alvo de Deus: pessoas cujas vidas estão integralmente devotadas a Deus, que cumpre sua vontade de coração. Esse alvo, no entanto, também é alcançado somente por um perdão radical por parte de Deus, que começa no cerne da existência humana.

Redenção e renovação somente são viáveis como base no perdão de Deus: Também de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniquidades. Perdão total – é este o efeito do sacrifício de Jesus.

O que Deus perdoa, ele também esquece (Is 43.25). Considerando que Deus esqueceu o nosso pecado por causa do sacrifício de Jesus, tão pouco há necessidade de recordar o pecado. Uma vez que o perdão através do sangue de Jesus é definitivo, todos os demais sacrifícios tornam-se inválidos.

Em Hb 10.1-18 o escritor nos leva ao ápice de sua mensagem do sumo sacerdócio de Cristo. Tudo que ele expôs detalhadamente nos capítulos antecedentes, ou também o que ele apenas rapidamente ilumina, agora é resumido nas breves frases do presente trecho:

Cisto prestou o sacrifício perfeito e plenamente satisfatório. Era característica da ordem sacerdotal do AT a repetição dos sacrifícios como expressão de seus sucessos. Não conseguiam concretizar perdão dos pecados, purificação, paz da consciência e perfeição.

A lei e seus sacrifícios eram apenas a sombra de uma realidade vindoura de salvação. Jesus Cristo, porém, nos trouxe, as promessas da nova aliança, os “bens verdadeiros, futuros”, participação na realidade celestial. É característica da ordem de salvação do NT que o sacrifício de Jesus foi único, para que tivesse uma eficácia universalmente abrangente.

Neste trecho são respondidas duas perguntas essenciais que queremos trazer à nossa memória com breves palavras:
1. Em que consistiu o sacrifício de Jesus?
a) Jesus Cristo renunciou expontaneamente á sua glória divina (Fp 2.6). Veio a este mundo e foi formado um corpo (Hb 10.5). Andou o caminho da mais profunda humilhação.

b) Ele cumpriu com obediência perfeita a vontade de Deus (Hb 10.7,9), a qual incluía tantro a nossa redenção (Mc 10.45) como a superação de Satanás (1Jo 3.8) e a consumação do plano de salvação de Deus. O Filho de Deus ofereceu como sacrifício a sua própria vontade (Hb 5.8,9).

c) Jesus sacrificou a sua própria vida sem pecado como expiação perfeita (Hb 10.12; 2Co 5.21; 1Pe 2.24), consumando assim todos os sacrifícios do AT (Hb 10.11.18).

2. Que o sacrifício de Jesus nos trouxe?
a) Em virtude da morte sacrificial de Jesus, Deus nos presenteia com perdão integral (Hb 10.11,12). Uma vez que seu sacrifício é suficiente para extinguir os pecados de todo mundo perdido, não carece de repetição (Hb 9.12,26-28).

b) O sacrifício de Jesus purifica a nossa consciência (Hb 9.14). O sangue de Jesus age como poder espiritual na esfera mental da nossa consciência humana,  libertando-nos do cerco de uma  consciência de pecado que permanentemente nos reprime (Hb 10.2,17). Uma “consciência limpa” nos é concedida.

c) Desse modo o sacrifício de Jesus nos capacita para um serviço a Deus (Hb 9.14). A obediência perfeita na vida de Jesus “...para fazer, ó Deus, a tua vontade” (Hb 10.7). Também se torna a motivação básica dos seguidores de Jesus. Assim também a nossa vida torna-se “um sacrifício vivo” (Rm 12.1,2).

d) O sacrifício de Jesus efetua a nossa santificação. O poder do Espírito Santo renova a nossa vida e a transforma (Hb 10.10; 13.12).

e) O sacrifício de Jesus também incluiu o nosso aperfeiçoamento (Hb 10.14), a asserção divina de que o Senhor ressuscitado fará desaguar nossa jornada de fé no alvo da glória eterna.

f) O sacrifício de Jesus nos assegura a herança (Hb 9.15), a comunhão não turbada com o nosso Senhor na glória eterna, e chega à coroação na vitória manifesta de Deus sobre todos os seus inimigos (Hb 10.13), na instalação definitiva do reino de Deus.

Propriedade segura da fé no “hoje” e alegre esperança pelo “amanhã”, salvação presente e futura – tudo nos foi presenteado pelo sacrifício de Jesus na cruz.

No tempo de salvação do AT a revelação de Deus havia sido concedida exclusivamente a Israel, em contra posição a todos os demais povos. Essa honra por parte de Deus significou ao mesmo tempo uma sagrada responsabilidade para  povo de Deus.

A igreja no NT, o povo de Deus peregrino da nova aliança, recebeu em Jesus Cristo infinitamente mas que que o povo de Israel. Tanto maior é, pois, também a responsabilidade que temos perante Deus, de que lidemos apropriadamente com esse bem de salvação que nos foi confiado.

Visto que o escritor desta cartas está profundamente tomado por esta verdade, ele agora se volta aos fiéis para estimulá-los para uma nova fidelidade no testemunho, para que permaneçam firmes na fé e se apeguem inabaláveis á esperança.

Consultas:
GONÇALVES José. Comentarista da Lição Bíblica para Adultos EBD CPAD no 1º Trimestre 2018.  A Supremacia de Cristo: Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus
GONÇALVES José. .  A Supremacia de Cristo: Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus. Editora CPAD. Rio de Janeiro. Outubro, 2017
HENRICHSEN Walter A. Depois do Sacrifício – Estudo da carta aos Hebreus. Editora Vida. São Paulo 1996
LAUBACH Fritz. Carta aos Hebreus – Comentário Esperança. Editora Esperança. Curitiba, 2013
BOCH Darrell L. e GLASER Mitch. O Servo Sofredor – Editora Cultura Cristã. São Paulo, 2015
CHAFFER. Teologia Sistemática. Vl 7 & 8. Editora Hagnus. São Paulo, 2008
BROWN, Raymond e outros. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo – Antigo Testamento. Editora Academia Cristã. São Paulo, 2007
Bíblia do Pregador Pentecostal
ELWELL Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristá. Editora Vida Nova. SPaulo 2009
BARNETT. John D. O Tabernáculo, Cristo e o Cristão. Série Antigo Testamento-2. Editora Cristã Evangélica. São Paulo, 2009
CHAMPLIN. Novo Testamento Interpretado Versículo por versículo. Vl 5. Editora  Hagnus. São Paulo, 2012

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