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quinta-feira, 1 de março de 2018

Lição 09 - Contrastes na Adoração da Antiga e Nova Aliança - 04.03.2018


Subsídios Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
Lição 09 - Contrastes na Adoração da Antiga e Nova Aliança - 04.03.2018
Texto Bíblico: Hebreus 9.1-5,14,15,22-28
Por: Pr. João Barbosa

Até o fim do oitavo capítulo o autor sagrado demonstra a superioridade de Cristo sobre todos os outros fatores de consideração e valor religioso.

Ele é superior aos anjos, a Moisés e aos sacerdotes arônicos. Como tal, ele também tem um “ministério superior”. No oitavo capítulo ele começa uma descrição sobre esse ministério superior.

Envolve uma lei nova e melhor, melhores promessas, sobre as quais se baseia um pacto superior. Todos esses elementos fazem parte do melhor ministério.

Já o nono capítulo dá início ao exame mais particular dos “antigos sacrifícios”, com a finalidade de mostrar que, no único sacrifício de Cristo, tudo aquilo se tornou obsoleto, tal como o próprio antigo sacerdócio.

Isso foi antecipado em Hb 7.27 onde é dito que o próprio Cristo é o grande sacrifício. Sua “expiação” foi aplicada nos céus por ele mesmo, na qualidade de sumo sacerdote.

O autor sagrado mostra-nos, que, a despeito de qualquer bem que houvesse no antigo sistema de sacrifício, os ritos e cerimônias, o próprio tabernáculo era símbolo de um acesso limitado.

O véu separava o santo dos santos do povo judaico. Somente o sumo sacerdote podia entrar ali, e assim mesmo apenas uma vez por ano. O povo comum não tinha qualquer acesso a presença de Deus.

Em Cristo na qualidade de nosso sumo sacerdote, o santo dos santos foi aberto para todo o povo (Hb 4.14; 9.9; 10.19).

Para que esse acesso se tornasse real para o povo, o antigo sistema de sacrifgício teve de ser abandonado, da mesma forma como sucedeu ao antigo sacerdócio, à sua lei e ao pacto antigo, que agora estavam antiquados e precisavam ceder lugar ao que é novo.

Mas, apesar de o antigo sistema ter ficado antiquado, o fato é que os seus sacrifícios tipificavam o ofício de Cristo como sumo sacerdote oficiante do sacrifício.

Podemos aprender, pois, alguma coisa acerca de Jesus Cristo, em sua expiação, relembrando-nos dos sacrifícios do AT. Os sacerdotes tinham de oferecer alguma coisa; o princípio de sacrifício não terminara, embora sua forma tenha sido infinitamente modificada.

Cristo tem um ministério referente a sacrifícios; mas isso ele efetuou no “santuário celeste”, e não na mera cópia terrena e antiga. Isso ilustra a superioridade de seu ministério.

Paulo mostra-nos, na epístola aos Romanos, que o caminho da “fé” antecedeu à lei mosaica, pois Abraão foi justificado pela fé.

Por igual modo, embora através de outras considerações o autor da epístola aos Hebreus mostra-nos que o novo sacrifício, na mente de Deus, antecedeu aos sacrifícios arônicos, tal como sucedeu a todos os princípios do novo pacto, posto que o tabernáculo terreno e seu culto eram apenas “cópias” do tabernáculo real e eterno.

No mundo real e eterno, antes da instituição do tabernáculo terreno, já havia o “modelo” celestial. O tabernáculo terreno era apenas uma “cópia” desse modelo; Cristo é a própria substância, que faz esse tabernáculo terreno ser apenas uma copia e sombra do que é celestial.

O tabernáculo estava subdividido em santo lugar e santíssimo. O santo lugar simboliza o tempo da antiga aliança, o santíssimo o tempo da igreja, na qual pessoas – purificadas pelo sangue de Jesus – tem acesso direto a Deus.

Na mesma relação estão o Antigo e o Novo Testamento: No santo lugar os sacerdotes pressentiam algo da presença de Deus, no santíssimo eles sentiam a comunhão com Deus como uma realidade redentora e libertadora.

Assim, todo AT é uma revelação que conduz a Cristo, cuja glória divina nos é manifesta em plenitude somente no NT.  
Contudo, o autor nos mostra ainda outra relação com base no santo lugar e no santíssimo. Cristo e sua igreja estão um para o outro da mesma maneira como o sumo sacerdote na antiga aliança para os muitos sacerdotes.

Enquanto nós, como membros da igreja, formamos a nova multidão de sacerdotes e estamos unidos com Cristo pela fé, vivendo diariamente no santo lugar – simbolizado pelo candeeiro dourado e pelos pães sagrados, Cristo, como sumo sacerdote celestial, ainda oculto aos nossos olhos, exerce seu serviço no santíssimo, na presença imediata de Deus, na posse plena da glória divina.

Por mais rico que seja o AT indícios de Cristo, e nos mostre com isso, que todos pensamentos de salvação partem de Deus e através dos século levam a Cristo, apesar disso encontra-se neste ponto também o limite da revelação do AT.

Santuário e serviço sacrificial terrenos possue somente uma importância restrita. Querendo com isso, dá a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do santo lugar não se manifestou, enquanto o primeiro tabernáculo continua erguido. São nada mais que uma ordem  provisória, que é revogada “no tempo oportuno da instauração da verdadeira ordem” (Hb 9.10).

Esse tempo oportuno chegou quando a obra de salvação foi consumada através de Cristo. Todos os sacrifícios do AT conseguiam conferir às pessoas apenas a pureza cultual, que lhes permitia entrar no tabernáculo.

O sacrifício de Jesus nos toma “lá, onde nenhum mandamento e sacrifício humano pode jamais alcançar: na consciência. Então, porém, ele conclama o ser humano integral para um novo sacrifício, que é discipulado e louvor ao mesmo tempo” (Hb 13.13,15).

Por toda carta aos Hebreus percebe-se a preocupação do escritor com a comunidade dos fiéis que estavam querendo retornar ao judaísmo. Essa preocupação se observa nas exortações quando ele econvoca os fiéis a permanecerem firmes na palavra da revelação que lhes foi transmitida (Hb 2.1).

Não largar a esperança (Hb 3.6). Permanecer constantes (Hb 3.14) e praticar uma vida de intensa oração, porque Deus dará socorro em ocasião oportuna (Hb 4.16).

Ele os encoraja a não ficarem parados em seu desenvolvimento espiritual, porém a contarem incessantemente com a fidelidade de Deus, que se manifestou de forma exemplar na vida de Abrão (Hb 5.11 – 6.20).

Por trás dessas palavras está o reconhecimento de que o sofrimento e a aflição dirigem nossa atenção para nós mesmos, amarram nossas forças espirituais exclusivamente no presente e tentam obscurecer nossa visão do futuro.

A isto o escritor contrapõe três fatos que se alicerçam sobre o sacrifício superior do eterno sumo sacerdote, a morte e ressurreição de Jesus. A morte de Jesus nos trás uma nova vida no presente, e abre-nos um caminho rumo a um futuro eterno, e nos mantem como pessoas que aguardam de prontidão a sua volta.

A morte sacrificial de Jesus tornou-se para aqueles irmãos fundamentos para uma nova vida no presente (Hb 9.11-14). A purificação da consciência e, com ela, a renovação de nossa vida não são uma esperança dos cristãos, mas realidade experimentada no “dia de hoje”.

A palavra do profeta pronunciou simbolicamente: “Tu, porém, amaste a minha alma e a livraste da cova da corrupção, porque lançaste para trás de ti todos os meus pecados” (Is 38.17).

E “desfaço as tuas transgressões como a névoa e os teus pecados, como a nuvem; torna-te para mim” (Is 44.22). Em Cristo isso tornou-se realidade consumada. Deus transforma o cerne de nossa vida. Quem já alcançou perdão de seus pecados obtém uma boa consciência.

O apóstolo Paulo atesta expressamente como lhe é importante a boa consciência (At 23.1), não como fundamento de sua justificação (1Co 4.4), mas sem nenhuma dúvida como incentivo para a santificação (At 24.16).

Assim também o autor é capaz de afirmar, ciente da clemência experimentada: “Estamos persuadidos de termos boa consciência” (Hb 13.18). Se o sangue de Jesus no mundo celestial já está demonstrando sua força purificadora como realidade presente (Hb 9.23,24), quanto mais ele será eficaz no coração e na consciência de um ser humano que vive em comunhão com Jesus.

Quem não consegue resolver a culpa de sua vida, quem tenta reprimir o seu passado tem suas forças interiores constantemente atreladas ao passado. Quem, no entanto, recebeu o perdão, não precisa mais viver voltado para trás.

Suas energias espirituais e psíquicas são libertadas. Deus as confisca para novas tarefas no seu serviço. Esta realidade concede ao nosso cotidiano satisfação plena e nova alegria: não vivemos mais para nós mesmos, mas para aquele que por nós morreu e ressuscitou (2Co 5.15).

A morte sacrificial de Jesus nos abre caminho rumo ao futuro eterno – à glória de Deus (Hb 15-20,25,27). A nova aliança, que inclui o NT, promete uma herança melhor. Na eternidade não apenas haverá “o herdeiro do universo” (Hb 1.2), mas precisamente também “os herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo”(Rm 8.17).

 De conformidade com a vontade de Deus todos aqueles que aceitam a Jesus como Salvador e Senhor terão participação na glória perfeita de nosso Senhor Jesus Cristo.

Esta certeza nos torna dispostos a morrer, porque sabemos que nosso itinerário não acabará na morte e no juízo, pelo contrário, a morte será a ruptura para uma nova maneira de ser.

Este conhecimento de que temos um Senhor vivo – Jesus, que executará o seu plano e a sua vontade no mundo, nos preserva prontos para a sua volta.

Quando consideramos que a carta aos Hebreus surgiu somente por volta do fim da era apostólica, compreendemos melhor a menção do escritor (Hb 9.28).

Naquele tempo, apareciam nas comunidades cristãs pessoas que indagavam: “Onde está a promessa de sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação” (2Pe 3.4).

Os questionadores são nitidamente caracterizados como “zombadores”.  Seu modo de argumentação deve ter significado uma tribulação para muitos cristãos singelos. Em todo caso, constatamos atrás dessas palavras a atitude de que aguardar e vigiar, por parte dos fiéis, pode trazer desânimo quanto à volta de Jesus.

É por isso que o escritor adverte aqueles irmãos do seguinte: “Cristo aparecerá pela segunda vez, não para tirar pecados, mas para salvar os que estão esperando por ele (Hb 9.28 BLH).

É bem possível que em todas as épocas do “Ocidente cristãos” houve pessoas que não creram na pregação da volta de Jesus. Contudo nunca o ataque expressivo contra a mensagem de que Jesus Cristo retornará foi tão intenso como desde o início do século XX – um ataque promovido a partir das próprias fileiras do cristianismo, por teólogos evangélicos que se baseiam na fé da Reforma.

Dizem, a escatologia mítica está liquidada pelo simples fato de que a parousia de Cristo, como o NT espera num curto prazo mas que a história mundial continuou e – como qualquer pessoa sensata está convicta – continuará a transcorrer.

Uma outra opinião: “o céu não se situa nem em cima nem embaixo nem em lugar algum”. Neste ponto temos de ver claramente o seguinte: A mensagem da volta pessoal de Jesus para vir buscar a sua igreja é uma afirmação do profetismo do NT.
Por meio dela nosso olhar é dirigido a um acontecimento futuro. Não há o que comprovar. Deus reservou exclusivamente para si a transformação de possibilidades em realidades.

Assim como o Deus vivo cumpriu as promessas do AT quanto ao futuro no que se referia a vinda de Jesus, assim também levará à consumação as profecias do NT com vistas à volta de Jesus.

Quando hoje a volta do Senhor é questionada até por teólogos, mas até negada. A igreja de Jesus tem de ser alertada: No momento em que dissolvemos o evento futuro da salvação, resta somente uma fé intelectual sem necessário arrependimento e conversão.

O humanismo cristão é confundido cokm a verdadeira entrega a Jesus. Neste momento, porém, apaga-se igualmente a disposição espiritual para a chegada do Senhor, a certeza do perdão, o engajamento prático no serviço, bem como a prontidão para sofrer.

A carta aos Hebreus nos mostra a possibilidade alentadora e espiritual da necessidade de se esperar pelo Senhor Jesus Cristo. E isso nos encaminha para uma atitude de vida tranquila. Significa também a prontidão para o serviço humilde da intercessão fiel e do testemunho pessoal de pessoa à pessoa.

Significa também a disposição para renunciar as vantagens pessoais e ao conforto, bem como alegre entrega ao serviço do mestre, à “diaconia” genuína para com os “seus pequeninos irmãos”.


Consultas:
GONÇALVES José. Comentarista da Lição Bíblica para Adultos EBD CPAD no 1º Trimestre 2018.  A Supremacia de Cristo: Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus
GONÇALVES José. .  A Supremacia de Cristo: Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus. Editora CPAD. Rio de Janeiro. Outubro, 2017
HENRICHSEN Walter A. Depois do Sacrifício – Estudo da carta aos Hebreus. Editora Vida. São Paulo 1996
LAUBACH Fritz. Carta aos Hebreus – Comentário Esperança. Editora Esperança. Curitiba, 2013
BOCH Darrell L. e GLASER Mitch. O Servo Sofredor – Editora Cultura Cristã. São Paulo, 2015
CHAFFER. Teologia Sistemática. Vl 7 & 8. Editora Hagnus. São Paulo, 2008
BROWN, Raymond e outros. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo – Antigo Testamento. Editora Academia Cristã. São Paulo, 2007
Bíblia do Pregador Pentecostal
ELWELL Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristá. Editora Vida Nova. SPaulo 2009
BARNETT. John D. O Tabernáculo, Cristo e o Cristão. Série Antigo Testamento-2. Editora Cristã Evangélica. São Paulo, 2009
CHAMPLIN. Novo Testamento Interpretado Versículo por versículo. Vl 5. Editora  Hagnus. São Paulo, 2012

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