Subsídios Teológicos e Bibliológicos
para Estudo sobre:
Lição 09 - Contrastes na Adoração da
Antiga e Nova Aliança - 04.03.2018
Texto Bíblico: Hebreus 9.1-5,14,15,22-28
Por: Pr. João
Barbosa
Até o fim do oitavo capítulo o autor
sagrado demonstra a superioridade de Cristo sobre todos os outros fatores de consideração
e valor religioso.
Ele é superior aos anjos, a Moisés e aos
sacerdotes arônicos. Como tal, ele também tem um “ministério superior”. No
oitavo capítulo ele começa uma descrição sobre esse ministério superior.
Envolve uma lei nova e melhor, melhores
promessas, sobre as quais se baseia um pacto superior. Todos esses elementos
fazem parte do melhor ministério.
Já o nono capítulo dá início ao exame mais
particular dos “antigos sacrifícios”, com a finalidade de mostrar que, no único
sacrifício de Cristo, tudo aquilo se tornou obsoleto, tal como o próprio antigo
sacerdócio.
Isso foi antecipado em Hb 7.27 onde é dito que
o próprio Cristo é o grande sacrifício. Sua “expiação” foi aplicada nos céus
por ele mesmo, na qualidade de sumo sacerdote.
O autor sagrado mostra-nos, que, a despeito de
qualquer bem que houvesse no antigo sistema de sacrifício, os ritos e cerimônias,
o próprio tabernáculo era símbolo de um acesso limitado.
O véu separava o santo dos santos do povo
judaico. Somente o sumo sacerdote podia entrar ali, e assim mesmo apenas uma
vez por ano. O povo comum não tinha qualquer acesso a presença de Deus.
Em Cristo na qualidade de nosso sumo sacerdote,
o santo dos santos foi aberto para todo o povo (Hb 4.14; 9.9; 10.19).
Para que esse acesso se tornasse real para o
povo, o antigo sistema de sacrifgício teve de ser abandonado, da mesma forma
como sucedeu ao antigo sacerdócio, à sua lei e ao pacto antigo, que agora
estavam antiquados e precisavam ceder lugar ao que é novo.
Mas, apesar de o antigo sistema ter ficado
antiquado, o fato é que os seus sacrifícios tipificavam o ofício de Cristo como
sumo sacerdote oficiante do sacrifício.
Podemos aprender, pois, alguma coisa acerca de
Jesus Cristo, em sua expiação, relembrando-nos dos sacrifícios do AT. Os sacerdotes
tinham de oferecer alguma coisa; o princípio de sacrifício não terminara,
embora sua forma tenha sido infinitamente modificada.
Cristo tem um ministério referente a sacrifícios;
mas isso ele efetuou no “santuário celeste”, e não na mera cópia terrena e
antiga. Isso ilustra a superioridade de seu ministério.
Paulo mostra-nos, na epístola aos Romanos, que
o caminho da “fé” antecedeu à lei mosaica, pois Abraão foi justificado pela fé.
Por igual modo, embora através de outras
considerações o autor da epístola aos Hebreus mostra-nos que o novo sacrifício,
na mente de Deus, antecedeu aos sacrifícios arônicos, tal como sucedeu a todos
os princípios do novo pacto, posto que o tabernáculo terreno e seu culto eram
apenas “cópias” do tabernáculo real e eterno.
No mundo real e eterno, antes da instituição
do tabernáculo terreno, já havia o “modelo” celestial. O tabernáculo terreno
era apenas uma “cópia” desse modelo; Cristo é a própria substância, que faz esse
tabernáculo terreno ser apenas uma copia e sombra do que é celestial.
O tabernáculo estava subdividido em santo
lugar e santíssimo. O santo lugar simboliza o tempo da antiga aliança, o santíssimo
o tempo da igreja, na qual pessoas – purificadas pelo sangue de Jesus – tem acesso
direto a Deus.
Na mesma relação estão o Antigo e o Novo
Testamento: No santo lugar os sacerdotes pressentiam algo da presença de Deus,
no santíssimo eles sentiam a comunhão com Deus como uma realidade redentora e
libertadora.
Assim, todo AT é uma revelação que conduz a
Cristo, cuja glória divina nos é manifesta em plenitude somente no NT.
Contudo, o autor nos mostra ainda outra relação
com base no santo lugar e no santíssimo. Cristo e sua igreja estão um para o outro
da mesma maneira como o sumo sacerdote na antiga aliança para os muitos sacerdotes.
Enquanto nós, como membros da igreja, formamos
a nova multidão de sacerdotes e estamos unidos com Cristo pela fé, vivendo
diariamente no santo lugar – simbolizado pelo candeeiro dourado e pelos pães
sagrados, Cristo, como sumo sacerdote celestial, ainda oculto aos nossos olhos,
exerce seu serviço no santíssimo, na presença imediata de Deus, na posse plena
da glória divina.
Por mais rico que seja o AT indícios de
Cristo, e nos mostre com isso, que todos pensamentos de salvação partem de Deus
e através dos século levam a Cristo, apesar disso encontra-se neste ponto também
o limite da revelação do AT.
Santuário e serviço sacrificial terrenos
possue somente uma importância restrita. Querendo com isso, dá a entender o Espírito
Santo que ainda o caminho do santo lugar não se manifestou, enquanto o primeiro
tabernáculo continua erguido. São nada mais que uma ordem provisória, que é revogada “no tempo oportuno
da instauração da verdadeira ordem” (Hb 9.10).
Esse tempo oportuno chegou quando a obra de
salvação foi consumada através de Cristo. Todos os sacrifícios do AT conseguiam
conferir às pessoas apenas a pureza cultual, que lhes permitia entrar no tabernáculo.
O sacrifício de Jesus nos toma “lá, onde
nenhum mandamento e sacrifício humano pode jamais alcançar: na consciência. Então,
porém, ele conclama o ser humano integral para um novo sacrifício, que é
discipulado e louvor ao mesmo tempo” (Hb 13.13,15).
Por toda carta aos Hebreus percebe-se a
preocupação do escritor com a comunidade dos fiéis que estavam querendo
retornar ao judaísmo. Essa preocupação se observa nas exortações quando ele
econvoca os fiéis a permanecerem firmes na palavra da revelação que lhes foi
transmitida (Hb 2.1).
Não largar a esperança (Hb 3.6). Permanecer
constantes (Hb 3.14) e praticar uma vida de intensa oração, porque Deus dará
socorro em ocasião oportuna (Hb 4.16).
Ele os encoraja a não ficarem parados em seu desenvolvimento
espiritual, porém a contarem incessantemente com a fidelidade de Deus, que se
manifestou de forma exemplar na vida de Abrão (Hb 5.11 – 6.20).
Por trás dessas palavras está o reconhecimento
de que o sofrimento e a aflição dirigem nossa atenção para nós mesmos, amarram nossas
forças espirituais exclusivamente no presente e tentam obscurecer nossa visão
do futuro.
A isto o escritor contrapõe três fatos que se
alicerçam sobre o sacrifício superior do eterno sumo sacerdote, a morte e
ressurreição de Jesus. A morte de Jesus nos trás uma nova vida no presente, e
abre-nos um caminho rumo a um futuro eterno, e nos mantem como pessoas que
aguardam de prontidão a sua volta.
A morte sacrificial de Jesus tornou-se para
aqueles irmãos fundamentos para uma nova vida no presente (Hb 9.11-14). A purificação
da consciência e, com ela, a renovação de nossa vida não são uma esperança dos
cristãos, mas realidade experimentada no “dia de hoje”.
A palavra do profeta pronunciou
simbolicamente: “Tu, porém, amaste a minha alma e a livraste da cova da corrupção,
porque lançaste para trás de ti todos os meus pecados” (Is 38.17).
E “desfaço as tuas transgressões como a névoa
e os teus pecados, como a nuvem; torna-te para mim” (Is 44.22). Em Cristo isso
tornou-se realidade consumada. Deus transforma o cerne de nossa vida. Quem já alcançou
perdão de seus pecados obtém uma boa consciência.
O apóstolo Paulo atesta expressamente como lhe
é importante a boa consciência (At 23.1), não como fundamento de sua justificação
(1Co 4.4), mas sem nenhuma dúvida como incentivo para a santificação (At
24.16).
Assim também o autor é capaz de afirmar, ciente
da clemência experimentada: “Estamos persuadidos de termos boa consciência” (Hb
13.18). Se o sangue de Jesus no mundo celestial já está demonstrando sua força
purificadora como realidade presente (Hb 9.23,24), quanto mais ele será eficaz
no coração e na consciência de um ser humano que vive em comunhão com Jesus.
Quem não consegue resolver a culpa de sua
vida, quem tenta reprimir o seu passado tem suas forças interiores
constantemente atreladas ao passado. Quem, no entanto, recebeu o perdão, não
precisa mais viver voltado para trás.
Suas energias espirituais e psíquicas são
libertadas. Deus as confisca para novas tarefas no seu serviço. Esta realidade
concede ao nosso cotidiano satisfação plena e nova alegria: não vivemos mais
para nós mesmos, mas para aquele que por nós morreu e ressuscitou (2Co 5.15).
A morte sacrificial de Jesus nos abre caminho
rumo ao futuro eterno – à glória de Deus (Hb 15-20,25,27). A nova aliança, que
inclui o NT, promete uma herança melhor. Na eternidade não apenas haverá “o
herdeiro do universo” (Hb 1.2), mas precisamente também “os herdeiros de Deus e
co-herdeiros com Cristo”(Rm 8.17).
De
conformidade com a vontade de Deus todos aqueles que aceitam a Jesus como Salvador
e Senhor terão participação na glória perfeita de nosso Senhor Jesus Cristo.
Esta certeza nos torna dispostos a morrer,
porque sabemos que nosso itinerário não acabará na morte e no juízo, pelo contrário,
a morte será a ruptura para uma nova maneira de ser.
Este conhecimento de que temos um Senhor vivo –
Jesus, que executará o seu plano e a sua vontade no mundo, nos preserva prontos
para a sua volta.
Quando consideramos que a carta aos Hebreus
surgiu somente por volta do fim da era apostólica, compreendemos melhor a menção
do escritor (Hb 9.28).
Naquele tempo, apareciam nas comunidades cristãs
pessoas que indagavam: “Onde está a promessa de sua vinda? Porque, desde que os
pais dormiram todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação”
(2Pe 3.4).
Os questionadores são nitidamente
caracterizados como “zombadores”. Seu
modo de argumentação deve ter significado uma tribulação para muitos cristãos
singelos. Em todo caso, constatamos atrás dessas palavras a atitude de que aguardar
e vigiar, por parte dos fiéis, pode trazer desânimo quanto à volta de Jesus.
É por isso que o escritor adverte aqueles irmãos
do seguinte: “Cristo aparecerá pela segunda vez, não para tirar pecados, mas
para salvar os que estão esperando por ele (Hb 9.28 BLH).
É bem possível que em todas as épocas do “Ocidente
cristãos” houve pessoas que não creram na pregação da volta de Jesus. Contudo
nunca o ataque expressivo contra a mensagem de que Jesus Cristo retornará foi tão
intenso como desde o início do século XX – um ataque promovido a partir das próprias
fileiras do cristianismo, por teólogos evangélicos que se baseiam na fé da Reforma.
Dizem, a escatologia mítica está liquidada
pelo simples fato de que a parousia de Cristo, como o NT espera num curto prazo
mas que a história mundial continuou e – como qualquer pessoa sensata está
convicta – continuará a transcorrer.
Uma outra opinião: “o céu não se situa nem em
cima nem embaixo nem em lugar algum”. Neste ponto temos de ver claramente o
seguinte: A mensagem da volta pessoal de Jesus para vir buscar a sua igreja é
uma afirmação do profetismo do NT.
Por meio dela nosso olhar é dirigido a um
acontecimento futuro. Não há o que comprovar. Deus reservou exclusivamente para
si a transformação de possibilidades em realidades.
Assim como o Deus vivo cumpriu as promessas do
AT quanto ao futuro no que se referia a vinda de Jesus, assim também levará à consumação
as profecias do NT com vistas à volta de Jesus.
Quando hoje a volta do Senhor é questionada até
por teólogos, mas até negada. A igreja de Jesus tem de ser alertada: No momento
em que dissolvemos o evento futuro da salvação, resta somente uma fé
intelectual sem necessário arrependimento e conversão.
O humanismo cristão é confundido cokm a
verdadeira entrega a Jesus. Neste momento, porém, apaga-se igualmente a disposição
espiritual para a chegada do Senhor, a certeza do perdão, o engajamento prático
no serviço, bem como a prontidão para sofrer.
A carta aos Hebreus nos mostra a possibilidade
alentadora e espiritual da necessidade de se esperar pelo Senhor Jesus Cristo. E
isso nos encaminha para uma atitude de vida tranquila. Significa também a
prontidão para o serviço humilde da intercessão fiel e do testemunho pessoal de
pessoa à pessoa.
Significa também a disposição para renunciar
as vantagens pessoais e ao conforto, bem como alegre entrega ao serviço do
mestre, à “diaconia” genuína para com os “seus pequeninos irmãos”.
Consultas:
GONÇALVES
José. Comentarista da Lição Bíblica para Adultos EBD CPAD no 1º Trimestre
2018. A Supremacia de Cristo: Fé,
esperança e ânimo na Carta aos Hebreus
GONÇALVES
José. . A Supremacia de Cristo: Fé,
esperança e ânimo na Carta aos Hebreus. Editora CPAD. Rio de Janeiro. Outubro,
2017
HENRICHSEN
Walter A. Depois do Sacrifício – Estudo da carta aos Hebreus. Editora Vida. São
Paulo 1996
LAUBACH
Fritz. Carta aos Hebreus – Comentário Esperança. Editora Esperança. Curitiba,
2013
BOCH Darrell L. e GLASER Mitch. O Servo
Sofredor – Editora Cultura Cristã. São Paulo, 2015
CHAFFER.
Teologia Sistemática. Vl 7 & 8. Editora Hagnus. São Paulo, 2008
BROWN,
Raymond e outros. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo – Antigo Testamento.
Editora Academia Cristã. São Paulo, 2007
Bíblia
do Pregador Pentecostal
ELWELL
Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristá. Editora Vida Nova.
SPaulo 2009
BARNETT.
John D. O Tabernáculo, Cristo e o Cristão. Série Antigo Testamento-2. Editora
Cristã Evangélica. São Paulo, 2009
CHAMPLIN.
Novo Testamento Interpretado Versículo por versículo. Vl 5. Editora Hagnus. São Paulo, 2012
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