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sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Subsídios Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre: Uma Promessa de Salvação - 01.10.17

Uma Promessa de Salvação - 01.10.17
Texto Bíblico: Gênesis 3.9-15
Por: Pr. João Barbosa
                                         
O significado de salvação na Bíblia – No Antigo Testamento, o termo salvação, frequentemente, diz respeito à libertação da escravidão e à preservação da vida.

O principal verbo hebraico traduzido como salvar é yasha que tem o sentido de ajudar, libertar, livrar e salvar, e é utilizado cerca de duzentos e cinco vezes na Bíblia.

Esse verbo ocorre em contextos de livramento de grandes perigos, com risco de morte (Ex 2.17), sendo usado para indicar tanto afastamento da ameaça de derrota (Js 10.6), como a libertação do jugo opressor (Jz 12.2).

Segundo a lei mosaica, aquele que ouve o choro de alguém que precisa ser salvo dos maus tratos tem obrigação de fazer algo para livrá-lo (Dt 22.27; 28.29; 2Sm 14.4).

O verbo yasha aparece em muitas súplicas em situações de guerra, em questões judiciais (Sl 3.7; 20.9;72.4;86.2) com a ideia de preservação de uma ameaça iminente, ainda que o sofrimento seja merecido (Gn 49.18; 1Sm 14.45; Is 2.3).

O conceito de salvação no Novo Testamento inclui a maioria dos elementos e aspectos aludidos no AT, acrescentando-lhe dimensões espirituais.

O termo grego soteria compreende tanto a salvação nacional como pessoal. A nacional pode ser lembrada em Lc 1.69. A salvação pessoal pode ser vista em At 27.34, no episódio do naufrágio de Paulo. Em Fp 1.19, no livramento de Paulo da prisão.

A libertação espiritual é especialmente aludida em At 4.12 e em Rm 10.10. Ela se dá por meio do arrependimento e da fé em Jesus Cristo.

No NT, o termo soteria e o verbo sozo dizem respeito ao poder de Deus de libertar da escravidão do pecado (Fp 12.12).

São encontrados nos episódios dos que falam da futura libertação dos que creem e esperam a volta de Cristo (Rm 3.11; 1Ts 5.8,9), e da libertação da nação de Israel no segundo advento da vinda de Cristo (Lc 1.71; 2Ts 2.10; Ap 12.10).

Jesus, o Salvador – Com as boas novas do nascimento do salvador Jesus, dadas pelo anjo Gabriel a Maria, veio a seguinte revelação: E dará à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados (Mt 1.21).
O fato de Cristo ter a importante missão de salvar é muito nítido em sua declaração de Mc 10.45. O próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos (Jo 12.27).

Agora a minha alma está perturbada: E que direi eu? Pai, salva-me desta hora; mas para isso vim a esta hora. Posteriormente, a missão de Jesus como o salvador do mundo é demonstrada em sua boa vontade em ir para a cruz, quando poderia ter invocado os poderes celestiais para vir e resgatá-lo (Mt 26.53,54).

Entretanto, em vez disso, Jesus, de forma voluntária, deu a sua vida, como está registrado nos quatro evangelhos.

Os líderes religiosos judeus que estavam perto do local da crucificação disseram algo verdadeiro:
Salvou os outros e não pode salvar a si mesmo (Mc 15.31). Contudo, ele não precisava de salvação. Ele é a salvação.

A natureza da salvação – A salvação consiste, em essência, no ato ou estado de livramento do dano ou perigo, físico ou espiritual, temporal ou eterno.

A salvação tem três tempos. A salvação de Deus inclui o passado, o presente e o futuro. A libertação passada aponta adiante para a libertação presente e futura, que por sua vez, lembram a libertação passada e se baseia nela.

Conceito bíblico de salvação – A palavra salvação em latim é composta por salvare – tornar seguro e por salus – boa saúde, ajuda.

Salvação, portanto, é um termo muito amplo. Que evoca bem estar físico, mental, social, espiritual, Isto se junta ao que a Bíblia diz com relação à cura divina, redenção, remédio e completude, inteireza e integralidade.

Salvação também significa a ação ou resultado de livramento, ser preservado de algum perigo. A salvação não é uma ideia ou projeto, a salvação é o próprio Cristo (Rm 10.9; At 16.31; Tt 2.11).

A palavra paz, é em hebraico shalom. Paz é algo que não foi violado. Tudo tem sua raiz na palavra salvação. “Salvação” tem origem também na palavra grega sóter.

O vocábulo “sotereologia” é um termo teológico composto por duas palavras gregas:
Soteria que significa salvação, cura, recuperação, redenção, remédio e bem estar. E do substantivo logia, cujo significado primário é “estudo tratado ou ensino”.

A salvação é exatamente isso que Jesus disse a mulher do fluxo de sangue que o tocou: “Filha, tua fé te salvou” (Mc 5.34).
Salvação significa que Cristo fez a expiação pelo pecador ocupando seu lugar na cruz (ação passada). Que o crente foi resgatado e santificado (ação presente) e espera sua glorificação (ação futura).

A provisão de salvação – Em ambos os testamentos Deus é retratado como “o Deus que salva” (Sl 68.20). Seu “reino” é sua soberania salvadora, eterna (Sl 145.13; Ap 11.15). Envolvendo tanto seu ato salvador como regente quanto o domínio onde se exerce seu governo salvador.

A essência dos dois testamentos é o anúncio de que a salvação foi oferecida por Deus: No primeiro (Dt 6.21-23), que trouxe libertação física. No segundo, na cruz (Cl 1.19,20) trouxe emancipação espiritual.

Quando o povo de Deus enfrentava adversidade, e sua confiança era depositada no poder militar ou artifício humano, sempre fracassava.

Pois o caminho da vitória é sempre a dependência exclusiva de “Deus nosso Salvador” (Sl 79.9; Pv 21.31). Foi Deus quem levantou Moisés (Sl 105.26) e os juízes (Jz 2.18) para livrar o seu povo.

A salvação abrange todas as dimensões da vida; por isso basta aceitar A Cristo como Salvador e Senhor (Rm 10.9,10). A salvação também pode ser negligenciada (Hb 2.3), por isso, devemos nos apropriarmos de todos os seus benefícios.

Como livramento da condenação do inferno, libertação do poder do pecado e do poder das trevas (Cl 1.13; 1Pe 1.18,19; Rm 8.1).

No AT vários meios foram usados para se alcançar a salvação. Alguns impessoais como a coluna de nuvem no deserto e redemoinho no Mar Vermelho (Ex 14.19-21). E alguns pessoais como aconteceu com Gideão (Jz 6 – 8) e Ester (Et 4 – 7).

Mas seja qual for o meio, Deus, e somente Deus é quem traz salvação (2Cr 20.17; Os 1.7). “Eu mesmo, sou o Senhor, e além de mim não há salvador algum” (Is 43.11).

A salvação no NT – Há dois elementos crucialmente distintos no conceito de salvação no NT. Primeiro: Enquanto anteriormente poderia se dizer que Deus traz salvação sobre a terra (Sl 74.12; Ex 14.13).

Agora pode-se dizer que a salvação pertence ao nosso Deus que se assenta no trono e ao Cordeiro (Ap 7.10; 1Ts 5.9; 2Tm 2.10).

Jesus Cristo o Cordeiro de Deus veio a este mundo para trazer salvação (Jo 1.29; Tt 2.11). Ele veio para salvar os pecadores (1Tm 1.15) e buscar e salvar o que estava perdido (Lc 19.10).

Os benefícios da salvação obtidos por Cristo são aplicados aos cristãos individualmente pelo Espírito Santo, o substituto perfeito de Cristo (Jo 14.16,18; Gl 4.6).

No pensamento judaico a nova dispensação seria marcada pela plenitude do Espírito (Ez 11.19; 36.26,27; Lc 24.49; At 1.4,8).

Os primeiros atos de salvação foram aplicados por Deus ainda no Éden antes da expulsão do homem. A promessa de um salvador (Gn 3.15).

Um animal inocente foi morto para que sua pele servisse de vestimentos pra Adão e Eva (At 3.21), e para que o homem não lançasse mão da árvore da vida, para que comesse do seu fruto e em pecado vivesse para sempre, Deus o expulsou do jardim e pôs um querubim para impedir o retorno do homem ao seu antigo habitat (Gn 3.23.24).


Consultas:
POMMERENING, Claiton Ivan. A Obra da Salvação – Jesus Cristo é o Caminho a Verdade e a Vida. CPAD RJaneiro 2017
ALEXANDER, T.Desmond. Novo Dicionário de Teologia Bíblica. Editora Vida. SPaulo, 2009
RADMACHER. Earl D. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento. Ed Central Gospel, RJaneiro, 2010
ELWELL Walter A. Enciclopédia Histórico -Teológico da Igreja Cristã. Editora Vida Nova. SPaulo 2009
SAUTTER Gerhard. New Age – A Nova Era à Luz do Evangelho. Editora e Livraria Esperança. SPaulo 1992

CAMPOS. Hebee. Carlos de. O Habitat Humano – O Paraíso Perdido. Edit. Hagnus. SPaulo, 2012

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

A Família e a sua Natureza - 24.09.17

Subsídios Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
A Família e sua Natureza
Texto Bíblico: Gênesis 2.8-14
Por: Pr. João Barbosa
                                         
 I  - INTRODUÇÃO: Denomina-se família a um grupo de pessoas ligadas por casamento filiação ou adoção. A família é uma instituição divina. 

Ela é a base da sociedade e tem como modelo idealizado pelo Senhor conforme está escrito em Gn 2.22, um homem e uma mulher, unidos pelo matrimônio. 

Muitos são os desafios para a família e por isso, precisamos da sabedoria divina para poder vencê-los, haja vista os exacerbados ataques do inimigo para exterminá-la.

II – DESENVOLVIMENTO
 1. A FAMÍLIA NO PLANO DIVINO:
 1. 1 – O propósito de Deus “...Não é bom que o homem esteja só, far-lhe-ei uma adjutora, que esteja como adiante dele” (Gn 2.18). 

A expressão adiante dele implica em companhia. As pessoas casadas vivem por mais tempo; elas são dotadas de uma melhor psicologia; os seus sistemas vitais funcionam melhor; há menos frustração sexual; há amor e companheirismo nelas. 

Temos aí os primórdios da instituição do matrimônio, uma das bases do desenvolvimento mútuo.

1. 2 – Um lugar de proteção e sustento – O lar deve ser o melhor lugar do mundo para o ser humano estar. É ele um lugar de proteção e sustento. 

Deus que é perfeito escolheu o melhor lugar do mundo que criou para receber a primeira família – o jardim do Éden, aquele local especial de acolhimento, proteção e provisão (Gn 1.29,30).  

O casal desfrutava da companhia de Deus e nada lhe faltava. Sabemos que a escassez e as privações trazem conflitos para a vida em família, por isso é desejo de Deus que cada família tenha a sua provisão diária (Mt 6.11).

1. 3 – A primeira família – Vendo que o homem não poderia viver sozinho, Deus retirou uma costela de Adão e criou Eva, sua companheira (Gn 2.22). 

Após criar a mulher o Senhor ordenou o casamento, estabelecendo então a mais importante instituição de uma sociedade, a família (Gn 2.24). 

Este foi o modelo idealizado pelo Senhor para o casamento, conforme está escrito em Gn 2.22, um homem e uma mulher, unidos pelo matrimônio.

2. A QUEDA E AS SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA A FAMÍLIA:
2.1 – O ataque do inimigo – Iludida, seduzida e tentada pelo Maligno, Eva caiu no pecado da desobediência (Gn 3.1-5). 

Adão sem questionar, entrou pelo mesmo caminho (Gn 3.6). O casal poderia ter recusado a sugestão do Diabo, mas não o fizeram e depois de pecarem, caíram na condenação divina.
Como se pode observar desde a sua instituição, a família foi alvo dos ataques do inimigo. 

Porém Deus é soberano Senhor e jamais seus propósitos serão frustrados (Jó 4.22). O propósito do inimigo é matar, roubar e destruir, mas Jesus veio ao mundo para destruir os intentos do maligno (Jo 10.10).

2.2 – Os resultados da queda no relacionamento familiar – Depois da queda (o pecado) podemos ver  sentimentos como o medo, a culpa e a vergonha, perturbando a vida do casal (Gn 3.8-12). 

A vida de Adão e Eva era perfeita, porém o pecado trouxe a disfunção para o seio da família. O pecado sempre faz o relacionamento familiar adoecer.

2.3 – A vida familiar depois da queda – A partir da queda a vida familiar já não foi a mesma.  A mulher passou a ter filhos com muitas dores (Gn 3.16), e o seu desejo, ou seja, a sua vontade estaria submetida à vontade do seu marido. 

O homem passaria a comer e manter sua família com o suor do seu rosto, também com dores (Gn 3.17). Dessa forma a subsistência da família seria bem mais difícil. A terra também foi afetada pelo pecado produzindo espinhos e cardos (Gn 3.19).

E finalmente a morte física - uma consequência da transgressão do homem (Gn 3.19). Como punição pela desobediência Adão e Eva foram expulsos do jardim do Éden (Gn 3.20-24). 

Entre tantas desilusões trazidas pelo pecado podemos saber que Jesus veio ao mundo para resgatar as famílias da maldição do pecado. Cristo se fez pecado por nós, e na cruz levou as nossas iniquidades sobre si (Is 53.4). Deus deseja abençoar nossas famílias.

3. A CONSTITUIÇÃO FAMILIAR AO LONGO DOS SÉCULOS:
 3.1 – Família patriarcal – Ao longo dos séculos, seguindo os estilos de épocas, tivemos muitas mudanças na constituição familiar, o que não altera o princípio estabelecido por Deus – um homem e uma mulher (Gn 22.22-24). 

Já tivemos a família patriarcal, monogâmica, consanguínea, etc. Todavia, isso não altera o valor da família. 

O modelo patriarcal que é apreciado em todo o Antigo Testamento, permite ao homem a vivência com mais de uma mulher. Não era este o modelo permitido por Deus, que o tolerou, embora nunca fosse esta a sua vontade. 

No sistema patriarcal as esposas e os filhos não tinham liberdade de escolha, pois a palavra final era sempre do patriarca.

3.2 – A família nuclear - monogâmica – Este foi o modelo idealizado pelo Senhor. Um homem e uma mulher unidos pelo matrimônio. 

A poligamia – palavra equivalente ao termo concubinato – vai contra o princípio divino do marido e da esposa ser uma só carne (Gn 2.24; Mt 19.5).  

  3.3 – A família na atualidade – Por estar inserida dentro de um contexto social, a família está sujeita a mudanças. 

No entanto, o propósito de Deus para a formação da família, partindo da união através do casamento entre um homem e uma mulher continua inalterado, haja vista os princípios divinos serem eternos e imutáveis (Mt 24.35). 

Na atualidade contemplamos os exacerbados ataques do inimigo contra as famílias. Resguardando-nos dos ataques externos dissertaremos apenas os de nível espiritual:

a) A carne: Referimo-nos aqui à natureza carnal que se opõe ao Espírito Santo e volta-se para tudo que é contrário à vontade de Deus. 

Esta luta é tão intensa que nos leva a pensar que somos incapazes de vencer. Mas Deus, em Cristo nos dá solução (Rm 7.15-24; 8.1,2;) 

A família cristã precisa da direção do Espírito Santo para combater a natureza carnal. Assim evitará o adultério, os vícios e todas as mazelas que visam destruir a família.   

b) O mundo: Ou amamos a Deus ou amamos ao mundo (1Jo 2.15). 

Não há a mínima possibilidade de servirmos a dois senhores (Mt 6.24). Esteja certo de que existe vitória para as famílias que escolherem amar a Deus. 

E isto acontecerá a partir do momento que depositarmos nossa fé nele (1Jo 5.4).

c) O Diabo: Encontramos na Bíblia sagrada uma única forma de vencer o Maligno. Se a família sujeitar-se a Deus e resistir o Diabo, este fugirá (Tg 4.7). 

O segredo está em primeiro submeter-se a Deus. E quando resistir ao adversário não esquecer-se de usar  armadura de Deus (Ef 6.10-17), em especial o escudo da fé, com o qual poderemos apagar todos os dardos inflamados do maligno (Ef 6.16).

IV – CONCLUSÃO
O Senhor Jesus Cristo durante o seu ministério valorizou a família. Ele veio ao mundo através de uma família. 

Tinha pai, mãe, irmãos e irmãs (Mt 13.55-57). Teve um crescimento físico, social, intelectual e espiritual, no seio de uma família (Lc 2.52). 

No seu ministério nem sempre encontrava uma estalagem mas  sempre tinha a hospitalidade de uma família – a casa de Lázaro, Maria e Marta (Lc 10.38-42). 

Em muitos milagres operados por Jesus ele demonstrou um cuidado muito especial para com a família (Mt 8.14,15; Lc 7.12-16). 

Seu primeiro milagre foi realizado em uma festa de casamento (Jo 2.12). Ensinou os discípulos a orar chamando Deus de Pai Nosso (Mt 6.9); enfatizou o quarto mandamento mandando honrar pai e mãe (Mt 15.3-6; c 7.10-13).

Teve sempre um trato todo especial para com as crianças, abençoando-as e acolhendo-as de maneira exemplar (Mt 10.13-16).

Consultas:
Bíblia de Estudo Pentecostal – CPAD
SOARES Esequias. A razão de Nossa Fé – Assim Cremos, assim vivemos. CPAD RJaneiro 2017
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1. Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007                  
LIMA, Elinaldo Renovato de. A Família Cristã e os Ataques do Inimigo. Rio de Janeiro 2013. 1ª. Edição. CPAD
VEITE Jr. Gene Edwuard.  Tempos Pós-Modernos – Uma avaliação do pensamento cristão e da cultura de nossa época. São Paulo 1999. 1ª. Edição  Editora Cristã.
KOSTENBERGER, Andréas J. Deus, Casamento e Família – Reconstruindo o fundamento bíblico. São Paulo 2011 – Editora Vida Nova

CHAMPLIN. R. N. O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo Vl-1. Editora Hagnos.

sábado, 16 de setembro de 2017

Lição 12 – O Mundo Vindouro - 17.09.17

Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Abreu e Lima Pernambuco
 Pr Presidente Roberto José do Santos
Subsídios Bibliológicos para o Tema: A razão da nossa Fé – Assim cremos e assim vivemos:
Apocalipse 21.1-5
Por: Pr. João Barbosa
                                         
 O mundo conhecerá o reinado de Jesus durante o Milênio. Será um tempo de paz e harmonia jamais visto.
O Milênio envolverá o reinado espiritual e literal de Cristo. Alguns estudiosos pensam que Cristo reinará visivelmente em Jerusalém.

Grande parte das Escrituras Profética é dedicada ao Reino Milenar de Cristo. Essa Era Milenar, na qual os propósitos de Deus serão totalmente realizados na Terra, exige atenção considerável.

O Milênio não é um fim, mas, somente um meio para que se chegue ao Estado Eterno. Será um período de preparação para o Estado Eterno, uma transição do mundo antigo para o novo mundo – da antiga criação para a nova (Ap 21 – 22).

A terra inteira será renovada (Is 11.6-9). A paz e a santidade governarão juntas (Is 2.3,4). Toda a vida em seus aspectos científico, social e espiritual terão progressos impressionantes. O mal, só esporadicamente aparecerá e será duramente punido (Is 65.20).

A duração da vida dos homens será grandemente aumentada, e o mal retornará uma vez mais por um breve espaço de tempo, sendo rapidamente punido (Is 65.20).

 O Juízo –  Todos os ímpios terão de prestar contas dos seus atos perante o Supremo Juiz.

A Bíblia nos fala de uma eternidade passada e uma eternidade futura (Sl 90.2; Hb 13.8).E antes desta nova eternidade ter início, a Era atual deve acabar. Is 51.6, declara que os céus desaparecerão como fumaça, e a terra envelhecerá como se fosse uma roupa (Is 13.10,13, 34.4; Sl 102.26; Ez 32.7,8; Jl 2.10).

Em Rm 8.18-22 fala do gemer da criação por causa da sua escravidão e decadência e seu profundo desejo de ser liberta dessa condição.
Em 2Pe 3.7,10, temos ali uma indicação de como ocorrerá essa libertação da criação: Os céus passarão com grande estrondo e as obras que nela há serão descobertas.

A decadência que mantém a criação escravizada deve ser destruída, para que a criação se uma aos filhos de Deus, no Novo Céu e na Nova Terra.
João nos fala que a Terra e os Céus fugiram da presença de Cristo. E não foram achados lugar para eles.

A ideia de fugir da presença de Deus retrata um julgamento. Moisés não podia olhar para a face de Deus e permanecer vivo (Ex 33.20).

A criação igualmente fugirá da sua presença. Aqui temos a mesma ideia de Ap 16.20 e Ap 6.14 em que todas as ilhas fugiram, e os montes desapareceram com o abalo do Céu no sétimo juízo das taças, há uma conotação de destruição total. 

A segunda declaração: e não foi achado lugar para eles é igual a Ap 12.8, onde afirma que Satanás e os anjos caídos perderam seu lugar no Céu.

 O Destino Final dos Mortos – Os salvos que morreram em Cristo aguardam a ressurreição no céu e os ímpios a esperam no Hades, em sofrimento indizível.

A palavra portuguesa inferno vem do termo latino infernus, que significa “o que está abaixo”, “inferior”, “subterrâneo”.

No imaginário mitológico dos gregos e dos romanos, o Hades e o Infernus referiam-se a alegadas prisões subterrâneas onde as almas ficariam encerradas, após a morte física.

De acordo com o pensamento hebraico e grego, o Hades, originalmente, não era um lugar onde habitavam seres conscientes sofrendo tormento.

Gradualmente, porém, foram sendo atribuída as almas do Hades (a qualidade) um estado de consciência e, juntamente com isso, as ideias de recompensa para as almas boas e de castigo para as almas más.

Posteriormente os hebreus passaram a dividir o Sheol, que é equivalente ao Hades dos gregos, em compartimentos para os bons e outros compartimentos para os maus, além de dar o nome de Paraíso para o compartimento das almas boas.

Uma palavra de sentido mais profundo era Geena, que se referia a um lugar de chamas; e foi em ligação a esta palavra que a ideia de punição eterna tornou-se proverbial.

O Antigo e o Novo Testamento usam dezoito símbolos diferentes para discorrer sobre o Inferno. Cada um contribui um pouco para uma compreensão do ensino bíblico acerca do assunto.
Mesmo com estas dezoito descrições, nosso conhecimento sobre o Inferno é muito limitado.


1. O primeiro termo que descreve simbolicamente o local de sofrimento é Sheol, que é utilizado por sessenta e seis vezes no AT, sendo traduzido por inferno, trinta e uma vezes (Dt 32.22; Sl 9.17; 18.5; Is 14.9), e por sepultura também trinta e uma vezes (1Sm 2.6; Jó 7.9; 14.13), e três vezes traduzido por abismo (Nm 16.30.33; Jó 17.16).

Esta era a denominação do AT para a habitação dos mortos. Não se tratava apenas de um estado de existência, mas de existência consciente (Dt 18.11; 1Sm 28.11-15; Is 14.9).

Deus era soberano sobre aquele lugar (Dt 32.22; Jó 26.6). Era considerado um destino temporário e os justos anteviam sua ressurreição e remoção daquele lugar para a vida no milênio (Jo 14.13-14, 19, 25, 27; Sl 16.9-11, 17.15; 49.15; 73.24).

2. Hades – Os tradutores da Septuaginta grega, utilizavam a palavra Hades para traduzir Sheol.
Hades também designava “o além” no pensamento grego. A palavra grega Hades representa o mundo inferior, o reino dos mortos nas obras clássicas.

Na septuaginta, é quase sempre utilizada para traduzir Sheol, e no NT, tem quase sempre um relevo negativo. É utilizada exclusivamente para descrever o lugar de castigo dos ímpios.

Na descrição do Hades, a principal passagem do NT é Lc 16.19-31, que descreve a condição de um homem rico e ímpio e um homem pobre e piedoso (Lázaro).

O homem pobre morreu e foi levado pelos anjos para o Seio de Abraão, mas o rico ao morrer foi sepultado (Lc 16.22).

O castigo no Hades inclui ser queimado, separação e solidão, condenação em função das lembranças, sede, deterioração – mal cheiro.

O homem rico e ímpio podia ver sobre “um grande abismo” (Lc 16.26), o local onde ficavam os salvos; porém o homem rico não tinha como escapar de seus tormentos.

A relativa proximidade entre o mendigo e o homem rico sugere que, originalmente, o Hades e o Paraíso – o Seio de Abraão – ficavam no mesmo lugar.

Ao morrer, na cruz, Cristo desceu “as regiões inferiores da terra” e “levou cativo o cativeiro”. Ele, em seguida, subiu daquele lugar (Ef 4.8-10).
Muitos comentaristas acreditam que o Paraíso foi, naquele momento, separado do Hades e levado ao Terceiro Céu.

Novos Céus e Nova Terra – Os crentes viverão eternamente com Jesus Cristo na cidade santa, a Nova Jerusalém.

O Céu na era presente é o lugar em que Deus habita. O Senhor diz “O céu é o meu trono” (Is 66.1). E Jesus nos ensina a orar “Pai nosso, que estás nos céus” (Mt 6.9).
Depois de consumada a sua obra na cruz e subir aos céus, Jesus está a destra de Deus.

O Céu pode ser definido da seguinte maneira: Céu é o lugar em que Deus torna conhecida da forma mais completa a sua presença abençoadora.

A Bíblia fala de três Céus – 1º. O céu atmosférico – Que é o espaço visível, ou troposfera: Região atmosférica respirável que envolve o nosso planeta. Gn 7.11,12 diz: “As janelas dos céus se abriram, e houve chuva sobre a terra quarenta dias e quarenta noites”.

Aqui, a palavra “céu” diz respeito à cobertura atmosférica que envolve o mundo, que é onde ocorre o círculo da água. No Sl 147.8 está escrito: “Deus cobre o céu de nuvens”. Este é o primeiro céu.

2º. O céu estelar – É onde estão as estrelas, a lua e os planetas. As Escrituras usam esta palavra, “céu”, para descrever esta região (Gn 1.14-17). Este é o
segundo céu.

3º. O céu mencionado por Paulo em 2Co 12.2 – É onde habitam Deus, seus santos anjos e os santos que já partiram. Os outros dois céus passarão (2Pe 3.10), mas este é eterno.

As Escrituras revelam que o “céu” não é limitado por dimensões físicas, como altura, profundidade e largura. O céu parece ultrapassar todos esses conceitos e vai muito além (1Re 8.27).

Na mensagem de Cristo à Igreja de Filadélfia, ele fala sobre o reino eterno como “a Nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus” (Ap 3.12).

Nos últimos capítulos da Bíblia, o apóstolo João fala sobre “a Grande Cidade, a Nova Jerusalém, que de Deus descia do céu” (Ap 21.10). Novos Céus e Nova Terra combinados em um grande reino que engloba os dois domínios.

O paraíso da eternidade é deste modo revelado como um grandioso reino, que une o Céu e a Terra em tamanha grandiosidade e glória que ultrapassa todos os limites da imaginação humana e das dimensões da terra.

Onde está localizado o Céu – O Céu, portanto, não se encontra em um lugar específico determinado por limites físicos ou visíveis. Ele transcende o conceito de espaço-tempo.

É provável que o Céu faça parte do que lemos na Bíblia sobre Deus habitar na eternidade (Is 57.15). O local da habitação de Deus – o Céu – não está sujeito às dimensões finitas ou a limites normais.

Neste aspecto o reino dos céus invade e passa a governar a vida de cada crente em Cristo. 

Espiritualmente, o cristão torna-se parte do céu nesta vida, com todos os direitos de um cidadão celestial, aqui e agora. Era exatamente isso que Paulo dizia ao afirmar: “Mas a nossa cidade está nos céus”
 (Fp 3.20).


 Bibliografia:
Lições Bíblicas EBD CPAD - 3º. Trimestre 2017. Comentarista: Pr. Esequias Soares
SOARES Esequias. A Razão da nossa Fé – Assim cremos, assim vivemos. CPAD RJaneiro 2017
HOEKEMA. A. Anthony. A Bíblia e o Futuro – Escatologia Futura e Escatologia Realizada – 3ª. Edição. Editora Cultura Cristã. SPaulo,2012.
PENTECOST. J. Dwight. Manual de Escatologia – Uma análise detalhada dos eventos futuros. 8ª. Edição. Edit. Vida. São Paulo, 2010.
WALVOORD John F. Todas as Profecias da Bíblia. Edit. Vida, SPaulo, 2012
OLSON N. Lawrence. O Plano Divino Através dos Séculos. CPAD. RJaneiro, 1979.
HAYE. Tim. Bíblia de Estudo Profética. Editora Hagnus. São Paulo, 2005.
GEISLER Norman. Teologia Sistemática: Vl 2. Pecado – Salvação. A Igreja –As Últimas Coisas. SBB – Rio de Janeiro 2010
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática – Atual e Exaustiva. Editora Vida Nova. SPaulo, 1999
Hamplin, R.N, Ph.D. Enciclopédia de Biblia, Teologia e Filosofia Vl 4. Edit. Hagnus, SPaulo.
COHEN.Armando C.Estudo sobre o Apocalipse. CPAD. RJaneiro
POHL, Adolf. Apocalipse de João – Comentário esperança. Vl II. Editora Ev. Esperança Curitiba, 2001
CHAFFER e Lewis Sperry. Teologia Sistemática Vl 3 & 4. Editora Hagnos. SPaulo, 2003
HINDSON T. Lahaye Ed. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica.  CPAD. RJaneiro, 2010.

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quarta-feira, 13 de setembro de 2017

A Reforma Protestante - 12.09.2017

Por Pr. João Barbosa
O declínio do Papado – Entre os séculos XIV e XV, a igreja medieval começou a enfrentar uma série de crises que preparara o caminho para a Reforma Protestante.

A primeira dessas crises desafiou a base da autoridade eclesiástica, representada pelo papa e pelos Concílios.

Em 1302, o papa Bonifácio VIII (1235-1303) promulgou uma bula em que afirmava que todo o poder espiritual e temporal pertence aos pontífices romanos, decidindo, assim, que qualquer pessoa que quisesse obter a salvação tinha de submeter-se ao papa e sem submissão ninguém poderia fazer parte da igreja.

O Império Bizantino que dominou o Oriente durante quase dez séculos, herdeiro e extensão do antigo Império Romano, chegou ao fim no ano de 1453.

Já nos séculos XII e XIII, o Império Bizantino dava seus primeiros sinais de enfraquecimento, com as cruzadas e a ascensão comercial das cidades italianas, acontecimentos responsáveis por sua desestruturação.

Ainda assim, Constantinopla era, até o momento de sua queda, uma das cidades mais importantes do mundo, funcionando como uma ponte para as rotas comerciais que ligavam a Europa à Ásia por terra, sendo o principal porto nas rotas entre o mar Negro e o mar Mediterrâneo.

Em abril de 1453, o exército do sultão Maomé II (1432 – 1481), com cerca de 80 mil homens, artilharia pesada e mais de 100 navios, sitiou a cidade.

Constantinopla era defendida por 7 mil soldados e cerca de 20 navios. Mesmo com os bizantinos conquistando duas vitórias animadoras, não conseguiram resistir ao cerco e ao ataque final, que ocorreu em 29 de maio de 1453.

Já com tropas mulçumanas dentro da cidade, tendo ultrapassado as muralhas, o momento final do cerco se deu quando, após a queda dos muros da cidade, o imperador Constantino XI Paleólogo (1404 – 1453), com espada em punho, partiu para o combate corpo a corpo, para nunca mais ser visto.

A queda de Constantinopla teve grande impacto no Ocidente. A trágica queda da grande cidade, perante os turcos e otomanos, marcou o fim da Idade Média e o início de uma nova era chamada Renascença.

De acordo com alguns autores, o Renascimento (Renascença) foi um movimento de ruptura, que surgiu em oposição à "escuridão cultural e intelectual" verificada na Idade Média.

Enquanto alguns autores defendiam que o Renascimento foi um movimento de separação de muitas filosofias da época medieval, outros indicam que foi um movimento de continuidade e que por isso está inevitavelmente relacionado com a Idade Média.

A Renascença permitiu o surgimento de gênios como Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci, Nicolau Copernico entre outros que contribuíram com a invenção de instrumentos científicos com a inovação na arquitetura, na escultura, na pintura e na música.

A Renascença e a Reforma Protestante – A época que antecedeu a Reforma Protestante foi de grande inquietação, um período marcado por muitas mudanças na cultura e na sociedade, assinalando o final da Idade Média e o início da Idade Moderna.

Entre as mudanças as mais dramáticas foram: decadência do poder feudal e o fortalecimento do poder nacional representado pelo rei; florescimento urbano, ocorrido na transição do feudalismo para o capitalismo.

Nesse novo sistema econômico, os meios de produção e distribuição pertencem à propriedade privada e têm fins lucrativos, e as decisões sobre oferta, preço, distribuição e investimentos não são feitas pelo governo.

Os lucros eram granjeados pelos proprietários, que investiam em empresas e estas pagavam aos trabalhadores os salários.”

Essa era, que começou em meados do século XV, ficou conhecida como “Renascença”, em virtude da redescoberta dos valores culturais da Antiguidade Clássica.

Tais redescobertas nortearam as mudanças ocorridas nesse período, trazendo à tona um ideal humanista que afirmava a dignidade do homem, fazendo deste um investigador da criação.

De fato, foi um tempo de grandes descobrimentos, mas também de disputas. Imperadores, reis generais e papas lutavam entre si.
Assim foi moldada a Europa moderna e deu-se início à criação dos estados nacionais.

A era dos descobrimentos – Com a cidade de Constantinopla sob o domínio mulçumano, o comércio entre Europa e Ásia declinara subitamente.

Nem por terra nem por mar os mercadores cristãos conseguiam passagem para as rotas que levavam à Índia e a China – de onde provinham as especiarias usadas para conservar alimentos e também os artigos de luxo e para onde se destinavam as mercadorias mais valiosas.

Por consequência, as cidades de Gênova e Veneza entraram em declínio, enquanto portugueses e espanhóis aproveitaram sua posição geográfica para o estabelecimento de rotas alternativas, chegando a lugares como África, Índia e América pela rota do Oceano Atlântico.

Em 1494, para evitar conflitos entre o reino de Portugal e o recém-formado reino da Espanha, foi estabelecido o Tratado de Tordesilhas, que dividia o mundo entre as duas potências. No século XVI, esses dois países tornaram-se os mais poderosos do mundo.

A Europa pega fogo – No período de 50 anos, de 1500 a 1546, sete papas passaram pelo Vaticano:
Alexandre VI (1492 – 1503).
Pio III (1503).
Júlio II (1503-1513).
Leão X (1513-1521).
Adriano VI (1522-1523).
Clemente VII (1523-1534)
Paulo III (1534-1549).
Em média, cada um deles reinou sete anos.

Com raras exceções, esses papas não honraram o nome de Deus nem o cargo que ocupavam.

A começar com o papa da “descoberta” do Brasil Alexandre VI, que se relacionou com uma senhora da nobreza romana, Vanozza de Cataneis, da qual teve quatro filhos entre eles o tristemente famoso César Bórgia que assassinou o marido da irmã e ela própria, Lucrécia Borja.

Os outros papas eram escandalosamente nepotistas e amantes do fausto e do poder. Os dois que mais prometiam tiveram pontificado muito curtos – Adriano VI (21 meses) e Pio III (25 dias).

Foi o papa Alexandre VI quem traçou a linha de Tordesilhas, sete anos antes da “descoberta” do Brasil, que separava as zonas de influência portuguesa e espanhola na esperança de acabar com a disputa entre os dois grandes países da época.

Foi nesse ambiente de profunda decadência doutrinária e moral que surgiram quase que simultaneamente, alguns movimentos espontâneos de reforma religiosa em vários países da Europa.

Na verdade, esses esforços de reforma da igreja começaram bem antes da expedição de Cabral, com João Wycliffe (1320-1384), na Inglaterra, e João Huss (1369-1415), na Tchecoslováquia. Wycliffe é conhecido como a Estrela D’Alva da Reforma.

Outra tentativa de reforma, de caráter mais regional e mais moral, aconteceu na última década do século XV com o dominicano Jerônimo Savanarola (1452 – 1498), na cidade de Florença.

Tanto Huss como Savanarola foram condenados à morte, este aos 46 anos, por ordem do papa Alexandre VI, e aquele aos 43 por ordem do papa Alexandre V.

A soma de todos os esforços da igreja realizados na primeira metade do século XVI, na Inglaterra, Escócia, Países Baixos, França, Alemanha, Suíça e Prússia, deu origem à segunda grande cisão da Igreja Cristã.

O primeiro cisma ocorreu 463 anos antes, com o nascimento da Igreja Católica Ortodoxa, também chamada Igreja Oriental. Trata-se da Reforma Protestante, levada a cabo por homens como Martinho Lutero (1483-1546).

Úlrico Zuinglio (1484-1531). Felipe Melancton (1497-1560). João Calvino (1509 a 1564) e John Knox (1514-1572).

A data mais importante da reforma é 31 de outubro de 1517, quando Lutero protestou publicamente contra o abuso na venda de indulgências, com a afixação de suas Noventa e Cinco Teses à porta da igreja do castelo de Wittenberg, na Alemanha, à época do pontificado de Leão X.

É bom lembrar que Lutero nasceu 17 anos antes da “descoberta” do Brasil e proclamou a reforma 17 anos depois.

Martinho Lutero – A tradição Luterana tem início com Martinho Lutero (1433-1546), na Alemanha.

Aos 18 anos, em 1501, foi enviado por seu pai, que desejava torna-lo um advogado, para a Universidade de Erfurt. Mas Lutero tinha consciência de sua própria miséria.

O fato decisivo que o levou a ingressar, em 1505 no mosteiro dos cônegos agostinianos foi o medo da morte, decorrente de uma violenta tempestade com que foi surpreendido quando retornava de sua casa para universidade.

No entanto, mesmo no mosteiro, ele se sentia incomodado e andava sempre triste por causa de seus pecados. A partir de 1512, depois de concluir seu doutorado em Teologia, 
Lutero começou a pregar na Universidade de Wittenberg sobre Salmos e sobre as Epístolas aos Romanos, Gálatas e Hebreus.

Ao estudar as Escrituras, Lutero percebeu que a culpa que o consumia não poderia ser removida nem mesmo se ele fizesse ainda mais penitências, e o deus que ele tanto temia não era o Deus que Cristo tinha revelado: “Noite e dia eu ponderei até que vi a conexão entre a justiça de Deus e a afirmação de que o justo viverá pela fé.

Então eu compreendi que a justiça de Deus era aquela pela qual pela graça e pura misericórdia, Deus nos justifica através da fé.

Com base nisso ele sentiu estar renascido e ter passado através de portas abertas para dentro do paraíso.

Toda Escritura teve um novo significado, e, se antes a justiça me enchia de ódio, agora ela se tornou para mim inexprimivelmente doce, em um maior amor. Esta passagem de Paulo se tornou para mim um portão para o céu”.

Desse modo, Lutero desvencilhou-se da ideia medieval de que o homem se faz justo e entendeu que as Escrituras ensinam que Deus declara pecadores justos com base na perfeita obediência de Cristo, recebida somente por fé.

Compreendeu também que a doutrina da justificação pela graça, por meio da fé, é “o artigo pela qual a igreja se mantém ou cai”.

Além de professor das Escrituras, Lutero era o pastor da igreja da cidade Wittenberg e a partir desse entendimento, começou a pregar sua fé recém-descoberta para a congregação.

Mas ao mesmo tempo, o monge dominicano João Tetzel (1465-1519), representante do papa Leão X, vendia indulgências na Alemanha. Para Lutero, tal prática era uma perversão do evangelho.

Segundo de conta, em 31 de outubro de 1517, ele afixou na porta da igreja do castelo de Wittenberg, o debate para o esclarecimento do valor das indulgências noventa e cinco teses, o que marcou o princípio da Reforma Protestante.

Esse tratado foi copiado, impresso e, em duas semanas se espalhou por toda Alemanha, e em dois meses, por toda Europa.

Os eventos se sucederam com rapidez. Em 1518, Frederico III, eleitor da Saxonia (1563-1525), deu seu apoio a Lutero, que, em 1519, participou de debate de Leipzig.

Em 10 de dezembro de 1520, Lutero queimou os livros de diretos canônicos e a bula papal que o ameaçava de excomunhão.

No início de 1521, ele foi convocado a Worms, perante o imperador do sacro império, Carlos V (1500-1558), e os príncipes da Alemanha, para dar contas de seu ensino.

Depois de dois dias de debate, em que o que estava em jogo era a autoridade das Escrituras, ao ser instado a retratar-se e retornar à comunhão com Roma, Lutero exclamou: 

“Já que me pede uma resposta simples, darei uma que não deixa margem a dúvidas: A não ser que alguém me convença pelo testemunho das Escrituras Sagradas ou com razões decisivas, não posso me retratar.

Pois não creio nem na infalibilidade do papa, nem na dos concílios, porque é manifesto que frequentemente se tenha equivocado e contradito.
Fui vencido pelos argumentos bíblicos, que acabo de citar e minha consciência está cativa à palavra de Deus.
Não posso e não quero retratar-me, porque é perigoso e não é certo agir contra sua própria consciência. Que Deus me ajude. Amém”.

Era a noite de 18 de abril de 1521 e o novo dia raiou para a cristandade. Em 1529, os príncipes católicos reuniram-se em torno de uma resolução que impedia a introdução da reforma em seus territórios, mas reclamavam liberdade de cultos romanos nos territórios conquistados pelo movimento reformador.

A recusa solene dos príncipes evangélicos, como se chamavam, de concordar com essa imposição tornou os reformadores conhecidos como “protestantes”.

Por fim, um dos grandes feitos de Lutero foi traduzir com um grupo de colaboradores toda a Escritura para o alemão. Essa edição foi publicada em 1534.

Ele trabalhou aperfeiçoando-a até o ano de sua morte. E, por essa época, sua influência já se havia espalhado não só pela Alemanha, mas por parte da Holanda, Suécia, Dinamarca e Noruega. Lutero foi sucedido por seu amigo Filipe Melanchton (1497-1560).

Bibliografia:
FERREIRA Franklin. A Igreja Cristã na História - Das Origens aos Dias Atuais. Edições Vida Nova. São Paulo, 2013

CEZAR, Elben M. Lenz. História da Evangelização do Brasil – Dos Jesuítas aos Neopetencostais. Editora Ultimato. Minas Gerais, 2ª edição, agosto de 2.000
MELO, Esdras Cabral de. 500 Anos da  Reforma Protestante – Causas Consequências Contribuições. Editora Palavra de Vida, Pernambuco, 2017
Bíblia de Estudo da Reforma
OLSON Roger. História da Teologia Cristã – 2.000 de Tradição e Reformas. Editora Vida. São Paulo, 2001