TEXTO DA LIÇÃO: Gênesis 6.5-12
OBJETIVOS DE
APRENDIZAGEM:
- Explicar
a origem da
violência.
- Compreender
que a violência
é um problema de todos.
- Conscientizar-se
do papel
acolhedor da igreja.
Esboço:
O vocábulo violência
é originário do latim e denota o seguinte significado de acordo com o dicionário
de Aurélio: “ato violento ou ato de violentar”.
Numa definição
mais abrangente resume-se na prática de um comportamento agressivo e transgressivo
por parte de uma pessoa que causa dano á outra, ou até mesmo a um objeto através
da força física.
A violência
torna-se um grave problema social, cujo, vem se desenrolando ao longo dos tempos
e a cada dia que passa com maior grau de danos à sociedade. É um fenômeno
desencadeador de sofrimentos e perdas na vida de qualquer pessoa, cristã ou
não. Ela faz chorar, sofrer, irar-se e, até mesmo, revoltar-se.
Tudo isso é
humano e legítimo. Não há nada de demoníaco ou patológico nessas reações e normalmente
como qualquer revolta em relação á injustiça, a violência nos desafia a viver
uma atitude radical.
O que as
Escrituras nos mostram quanto a origem da violência? Essa é uma questão da vida
que precisa de uma resposta.
O ato violento
na história humana é oriundo da rebelião do primeiro casal, no Éden, mas
multiplicou-se através de Caim, Lameque e todo o gênero humano – “Disse Lameque às suas duas mulheres: Ada e
Zilá, ouvi a minha voz; vós, mulheres de Lameque, escutai o meu dito: porque eu
matei um varão, por me ferir, e um jovem, por me pisar. Porque sete vezes Caim
será vingado; mas Lameque, setenta vezes sete”. (Gn 4.23,24).
No mundo atual
ninguém escapa do processo de violência que se estende no círculo das relações
com a criança, o adolescente, o adulto e o idoso.
Agredindo de
igual modo a natureza e a fauna, em todo e qualquer lugar do planeta a
violência do ser humano deixa suas marcas. A fauna, a flora, o ar, a água entre
tantos outros elementos naturais são violentados de forma vergonhosa.
No entanto, é
ainda em relação aos seres humanos que os problemas acontecem com maior gravidade:
suicídios na esteira de muitas práticas religiosas, atentados terroristas,
violência contra a mulher, a criança, o adolescente, o idoso e até mesmo aos
diferentes dos dias hodiernos.
Há violência nas
palavras, nas ações e em toda parte onde o ser humano se faça presente – “A terra, porém, estava corrompida diante da
face de Deus; e encheu-se a terra de violência. E viu Deus a terra, e eis que
estava corrompida; porque toda carne havia corrompido o seu caminho sobre a
terra” (Gn 6.11,12).
Entretanto, em
uma análise mais profunda observamos que atos mais violentos ocorrem em um cenário
propício na maioria das vezes criado pelo próprio homem. A cada dia assistimos novas e variadas formas
de violências cruéis numa ascendência que nos deixa atônitos.
Jesus advertiu
aos seus discípulos a como se precaver da violência – “Porque é de dentro, do coração, que vem os maus pensamentos, a
imoralidade sexual, os roubos, os crimes de morte, os adultérios, a avareza, as
maldades, as mentiras, as imoralidades, a inveja, a calúnia, o orgulho e o
falar e agir sem pensar nas consequências” (Mc 7.21,22) NTLH.
O lar, a igreja,
e a escola não foram poupados, ficando a mercê de pessoas desconcertadas
consigo mesmo e com o mundo em que vive. Ocupando grande parte dos noticiários,
a violência aflige todos, inclusive o crente. Sua origem é de ordem espiritual
e de cujo ponto, portanto deve ser tratada. Não podemos ficar indiferentes aos
seus ataques, porque enquanto estivermos aqui, estaremos sujeitos às suas
consequências.
A Bíblia começa
com uma premissa fundamental de que o mundo decaído, especificamente a
humanidade, é violento.
A história
humana nas suas origens nos relata o que se desenvolveu ao Oriente do Éden. Inicia
com o fraticídio e é caracterizada pelo clamor vingativo de Lameque, que se
orgulha da execução de vingança contra quem cometer violência contra ele – “a terra estava cheia de violência” (Gn
6.11).
Diante do cenário
de violência dos povos e nações, Israel surge como símbolo bem articulado da
humanidade emaranhada em um mundo violento. A história de Israel começa com o
patriarca Abraão e sua família como minoria frágil que vivia a mercê de um faraó
do Egito (Gn 12.10-13), ou de um Abmeleque de Gerar.
A lei entregue
no Sinai e exposta em Deuteronômio restringe a violência do assassinato e
estupro, porém também sanciona a violência do castigo de pecados, a violência
das guerras de Javé e a violência substitutiva do sacrifício animal. Entretanto,
a lei não pode por fim à cumplicidade de Israel com a violência humana.
Os profetas pré-exilicos
advertem das terríveis consequências da violência. Amós anuncia publicamente
seus oráculos contra as nações, denunciando a violência, e depois volta sua
atenção contra Israel e esboça cenas vívidas de juízo contra os habitantes de
Samaria que “oprimem os pobres e esmagam
os necessitados” (Am 4.1).
Os profetas também
falam insistentemente do “dia do Senhor” ou “aquele dia”, quando Javé agirá de
modo definitivo para derrotar o mal e estabelecer seus propósitos redentores
para Israel.
Na perspectiva dos profetas, haverá muitos dias do Senhor intermediários,
seja contra a Babilônia (Is 13.1-8), seja contra o Egito (Jr 46.1-10), seja
contra Edom (Ob 8,11,15), pois o termo parece ser uma projeção futura da experiência
histórica das guerras de Javé, o dia de o guerreiro divino derrotar os
inimigos. Mas haverá um “dia do Senhor” definitivo e cósmico quando Javé
finalmente executará juízo contra as nações da terra e libertará seu povo.
A compreensão bíblica
sobre a redenção final de Israel e do mundo efetuada por Deus pressupõe uma ação
divina de violência. Mas, do outro lado do dia do Senhor, a visão profética
final sobre o futuro é expressa como um reino de paz, onde as famílias, as nações
e a criação descansarão, o mal será eliminado e não haverá mais violências (Is
2.4; 11.6-9; 41.18,19; 51.3; 65.25; Mq 4.3,4).
O Novo
Testamento introduz uma nova e perspectiva transformadora sobre a violência. Ela
é expressa intencionalmente nas palavras de Jesus: “Vocês ouviram o que foi dito: ame o seu próximo e odeie o seu inimigo.
Mas eu lhes digo: ame os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem”
(Mt 5.43,44) NTLH.
O mandamento de
amar o próximo se encontra em Levítico 19.18 – “Não te vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas
amará o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor”. Mas o mandamento de
odiar o inimigo não é expresso com essas palavras no Antigo Testamento. Poderia
ser um resumo de passagens como Salmo 139.21,22 e as instruções de Deuteronômio
sobre a guerra, ou simplesmente uma referência ao pensamento convencional. Mas,
ao amarem os inimigos, os discípulos de Jesus se mostrarão filhos do Pai
Celeste (Mt 5.45).
Jesus se refere
ao mesmo Deus que ordenara as nações de Canaã, mas agora Deus e seu verdadeiro “Israel”
devem ser identificados pelo amor ao inimigo.
O fato de Jesus
se submeter á violência da cruz demonstra a vontade de Deus de absorver no
Filho a ira destinada a Israel e ao mundo. A oração de Jesus ao Pai na cruz: “Pai, perdoa-lhes pois não sabem o que estão
fazendo” (Lc 23.34; At 7.60), embora não encontrada em todos os
manuscritos, expressa memoravelmente a ordem de amar os inimigos mesmo quando
estes praticam violência.
A cruz encarna a
vitória de Jesus sobre a violência e é o clímax da história bíblica sobre a
violência. O tema do amor ao inimigo é reiterado por Paulo aos Romanos
12.17-21. A vingança é rigorosamente descartada, devendo os cristãos dar lugar á
ira humana – “Não vos vingueis a vós
mesmos, amados, mas dai lugar á ira de Deus, porque está escrito: Minha é a
vingança; eu retribuirei, diz o Senhor” (Rm 12.19).
O amor de Deus
requer imitação humana; é o fundamento da lei de Cristo – “Levai
as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo” (Gl 6.2).
Mas a ira de Deus
não exige imitação, que é carregada de armadilhas e desastres. Conforme
Paulo
mostra, a própria ação de Deus para conosco, “quando éramos inimigos de Deus”,
não foi de vingança irada, mas de reconciliação “mediante a morte de seu filho”
(Rm 5.10).
Paulo
constantemente transfere a figura de batalha para o contexto de batalha espiritual
(Rm 6.13; 2Co 10.3-6; Ef 6.10-17).
O apóstolo Tiago
adverte áqueles que escolhem o caminho da violência: “Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus” (Tg 1.20;
2.11-13).
Consultas:
Lições
Bíblicas EBD-CPAD - 3º. Trimestre 2012 – (Comentarista: Eliezer de Lira e
Silva)
Bíblia
de Estudo Pentecostal – CPAD
Bíblia
de Estudo Despertar – Nova Tradução na Linguagem de Hoje – Sociedade Bíblica do
Brasil
CHAMPLIN.
R. N. O ANTIGO TESTAMENTO INTERPRETADO VERSÍCULO POR VERSÍCULO. Editora Hagnos.
CHAMPLIN.
R. N. O ANTIGO TESTAMENTO INTERPRETADO VERSÍCULO POR VERSÍCULO. Editora Hagnos.
ALEXANDER,
T. Desmond. Novo Dicionário de Teologia Bíblica. Editora Vida
CHAFFER, Lewis
Sperry – Teologia Sistemática – Vls. 7 e 8 – Editora Hagnos
Assessoria literária redacional e pedagógica da Mssª.
Laudicéa Barboza da Silva em http://nasendadacruz.blogspot.com Visite-nos e confira nossas produções
bíblico-literárias e pedagógicas contextualizadas com os temas.
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