Abordagem
de Conteúdos Transversalizados com o Tema em Estudo
2º.
Trimestre / 2015
Lucas 23.44-50
Reflexão: Jesus não morreu como mártir ou
herói, mas como o Salvador da humanidade.
Na sua caminhada rumo ao Gólgota, em seus últimos momentos, Jesus experimentou
pelo menos quinze tipos de sofrimento:
Abandono, falsa acusação, angustia, agonia, desonra, desprezo, negação,
ódio, perseguição, rejeição, tentação, traição, tristeza, vergonha, zombaria.
Sendo que a angústia, a agonia, a tristeza e a traição, ele experimentou no
horto do Getsemani.
Análise do sofrimento
da agonia (Lc 22.44) – “E estando em
agonia, orava mais intensamente, e aconteceu que o seu suor se transformou em
gotas de sangue caindo sobre a terra”.
Essa é a única ocorrência do substantivo “agonia” no novo testamento.
Ele é usado para expressar uma angustia de alma de um sofrimento indescritível,
por ser único.
Nunca nenhum ser humano experimentou um sofrimento semelhante a esse do
Getsemani. No contexto desse versículo, o Redentor fala da sua alma estando
profundamente triste até a morte. Esse tumulto interior culminou na sua agonia.
Essa agonia pode ser explicada pela combinação de vários sentimentos como
tristeza e solidão.
Mas a causa última pode ser remontada quando ele começou a provar o
cálice que lhe foi dado a beber.
Jesus sempre soube que havia de morrer em morte de cruz, e a revelação
de sua morte não se deu no Getsemani; mas foi ali que ele chegou a suar gotas
de sangue por causa da agonia que sofria.
O sentido do cálice mencionado ali no Jardim do Getsemani, não é fácil
de entender porque nenhum de nós consegue apreender o que significa enfrentar a
ira divina. O cálice do amargor de Deus estava para ser bebido pelo Redentor e
isso lhe trazia uma grande agonia.
O pavor que sua frágil natureza tinha daquele pavoroso cálice, era muito
mais terrível do que a fornalha ardente de Nabucodonosor. Ele estava próximo da
fornalha da ira de Deus, na qual ele estava para ser lançado.
Foi isso que encheu a sua alma de tristeza. Nenhum filho de Deus jamais teve
diante de si um cálice como esse que Jesus teve que beber. Por essa razão,
Jesus com “forte clamor e lágrimas, orações e súplicas, foi ouvido quanto ao
que temia” (Hb 5.7).
Orou ao Pai: “Pai, se for
possível, passe de mim este cálice” (Lc 22.42). Mas o pai não lhe
responderia positivamente, aquela era uma situação irreversível, por causa da
determinação da divindade triúna desde a eternidade.
Em muitas outras ocasiões Deus disse sim a Jesus, mas não desta vez. A
salvação deveria ser conquistada pela morte do Filho encarnado. Não havia outro
caminho senão seguir para o Gólgota.
Jesus sabia que sua morte era parte do decreto divino, daí ele exclamar:
“Não se faça a minha vontade, mas a tua”. Ali ele foi tratado como o pecador
será tratado no dia do juízo de Deus que será sem misericórdia.
A vontade divina foi também a sua vontade, mesmo ele tendo consciência
das terríveis consequências, da sua auto entrega. No Getsemani Jesus colheu os
espinhos da dor e os tormentos do inferno.
O Getsemani, foi o lugar da traição, do aprisionamento, do abandono por
parte dos discípulos, da profunda tristeza, do abandono por parte do Pai e da
agonia.
Nenhum lugar deste mundo foi palco de tão grande sofrimento (Is 53.3). O
sofrimento físico no Getsemani foi tal que Lucas relata que o seu suor se
tornou em gotas de sangue.
O efeito físico de sua agonia se manifestou em seu corpo, como diz o
evangelista Lucas: “E estando em agonia,
orava mais intensamente, e aconteceu que o seu suor se transformou em gotas de
sangue caindo sobre a terra” (Lc 22.44).
Ali no Getsemani, tamanha aflição trouxe o enfraquecimento das forças
físicas de Jesus, a ponto de um anjo ter vindo conforta-lo (Lc 22.43).
O sofrimento físico era tal que o seu suor em grandes gotas de sangue
corriam pelo chão. O que aconteceu com Jesus é um fenômeno incomum, embora
possível. Na medicina, esse fenômeno pode ser chamado de “hematohydrosis” – em
que os vasos capilares que alimentam as glândulas sudoríparas se rompem,
causando-lhe o vazamento de sangue.
Isso ocorre sob condições de extrema tensão física ou emocional.
Confirmando essa opinião em sua análise do sofrimento de Jesus acontecido no
Getsemani, uma escritora diz: Sua pressão sanguínea começa a subir a ponto de o
sangue em suas veias vazar para o exterior para se misturar com o suor salgado.
Esse sangue misturado com suor corre pelo seu corpo (esse é um fenômeno
cientificamente possível, conhecido como “hematohydrosis”, que deixa a pele
inflamada e fraca).
A agonia de Jesus Cristo, também foi o resultado de um conflito
espiritual. Ele sabia desde o princípio que aquele sofrimento era uma imposição
penal de Deus sobre ele, que tomava o lugar de pecadores.
Como substituto de pecadores, isso lhe causava grande agonia, e seu
espírito ficou profundamente triste, que era o efeito da ira divina já
começando a cair sobre ele.
No momento em que ele experimentou a separação do Pai, levando sobre si
as angústias do inferno, essa era sua grande e talvez, mais torturante que a
dor da crucificação.
A traição e prisão: O sofrimento da
traição (Sl 41.9) – “Até o meu amigo
íntimo, em quem eu confiava, que comia o meu pão, levantou contra mim o seu
calcanhar”.
O Salmo 41 estabelece uma relação
entre o que aconteceu com Aitofel e Davi, e com o que aconteceu entre Judas e
Jesus Cristo. Davi foi traído por um seu conselheiro que elaborou o plano para
tirá-lo do trono e colocar Absalão, seu filho, em seu lugar.
A traição de Aitofel é aplicada à traição de Judas. Assim como Aitofel
fazia parte do círculo íntimo de Davi, pois era seu conselheiro, também Judas
participava da intimidade de Jesus Cristo.
Judas foi admitido à privacidade da vida de Jesus, tendo ouvido seus
conselhos, conhecido a vida particular e íntima do mestre de Israel. Os
sofrimentos relacionais de Jesus culminaram com os chamados “domésticos da fé”
como ainda acontece hoje na igreja cristã.
Esse sofrimento é muito desgastante, porque envolve pessoas do nosso
relacionamento íntimo. Os inimigos externos não nos causam tanta dor como os inimigos
de dentro de casa. A expressão “em quem eu confiava”, deve ser entendida como o
desapontamento de Davi com Aitofel.
Essa frase não pode ser aplicada em relação a Jesus por duas razões: Primeiro:
João 13.18 cita o Salmo 41.9 apenas a parte b, que fala “levantou contra mim o
seu calcanhar”. Segundo, desde o princípio de seu ministério Jesus sabia quem
seria o traidor.
Assim escreveu o evangelista João: “Contudo
há descrentes entre vós”. Pois Jesus sabia desde o princípio, quais eram os
que não criam e quem o havia de trair (Jo 6.64, 70,71; Lc 22.22).
Trama da traição – Mt 26.3-5;
Local da traição – Mt 26.57;
O preço pago – Mt 26.14-16; Lc 22.4-6;
Uma profecia – Zc 11.11-12;
O valor que Ele foi avaliado – Mt 27.9,10; Jo 18.4-9.
Crucificação e morte de
Jesus – Como uma situação pode mudar em pouco tempo? No primeiro dia daquela
semana, Jesus estava sendo aclamado Rei. Agora, cinco dias depois, todos os
discípulos o abandonavam e fugiam.
As multidões de galileus foram embora apressada, enquanto a turba de
judeus gritavam insistentemente: Fora com este, crucifica-o! Cristo entrara em
Jerusalém num cortejo triunfal. Agora saia da cidade como um condenado,
carregando uma cruz às costas.
O sofrimento da cruz – como a obra realizada por Jesus na cruz é de importância
vital para todos os que assumiram como sua a morte dele. Temos a tendência de
cercar a cruz de certo romantismo.
Fazemos dela uma joia; com ela enfeitamos nossos templos, e até cantamos
que “sim, amamos a mensagem da cruz”. Contudo, nos dias de Jesus, tratava-se da
mais vergonhosa, sinistra e pavorosa forma de execução de criminosos.
A morte por crucificação era lenta, dolorosa e altamente humilhante. São
poucos os meios de execução – se é que existe algum – que pode ser considerado
mais cruéis que uma crucificação.
Jesus já fora impiedosamente chicoteado com açoite romano feito de nove
cordas. Fora atormentado, esbofeteado, cuspido, e por fim puseram-lhe na cabeça
uma coroa de espinhos venenosos.
Depois, ele foi arrastado e empurrado pelas ruas de Jerusalém, obrigado
a subir o Calvário, o lugar da Caveira. Ali os soldados o atiraram ao chão,
abriram-lhe os braços, e fincaram os cravos romanos em seus punhos e
tornozelos.
Em seguida, levantaram a cruz, e ele ficou suspenso entre o céu e a terra
durante seis horas, três das quais, envolto em densas trevas. E tudo isso
aconteceu porque ele insistia em afirmar que era o Filho de Deus.
Por ocasião de seu nascimento, uma estrela guiou os magos até onde ele
se achava. (Mt 2.1-3,10 -12). Quando de sua morte, o sol, a maior estrela de
nosso sistema, escondeu a sua face (Lc 23.44).
No seu nascimento, coros de anjos saudaram sua entrada no mundo (Lc
2.10-14). Em sua morte, o que se ouviu foi a zombaria daqueles que ali estavam
(Lc 23.35-38).
Quando ele entrou em nosso mundo, recebeu presentes caríssimos (Mt 2.11).
Quando saiu, até o único bem valioso que possuía – um manto sem costura –
foi-lhe tirado para servir de prenda no jogo dos soldados (Jo 19.23,24).
Quando ele nasceu, príncipes “os magos” e profetas “Simeão e Ana” o
aclamaram; ao passo que quando morreu, até mesmo o Pai virou-lhe o rosto (Mc
15.34).
Ao seu nascimento, toda natureza rejubilou-se com uma luz radiosa. Em
sua morte, a criação foi envolta em escuridão (Mt 27.45) e gemeu com um terremoto
(Mt 27.51). O sofrimento da cruz não se limitou a dor física, não. Foi bem mais
que isso.
Naquele momento, ele levou sobre si os pecados de toda humanidade, pois
“Aquele que não conheceu o pecado, ele o
fez pecado por nós; para que nele fossemos feitos justiça de Deus” (2Co
5.21).
Não dá para imaginar o choque espiritual que ele sofreu quando, não
conhecendo o pecado, tornou-se a personificação dele durante alguns instantes.
Ao levar sobre si os nossos pecados, Cristo tornou-se alvo da maldição
da lei. Como diz o apóstolo Paulo, “Cristo
nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso
lugar, porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro”
(Gl 3.13).
E foi sob essa maldição divina que Jesus experimentou, pela primeira vez
a separação do Pai. Angustiado, clamou; “Deus
meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46).
Nós, mortais, não enxergamos os fatos pela sua perspectiva certa, e por
isso não conseguimos entender plenamente todo horror da cruz.
Mas os céus e a terra entenderam plenamente o que ocorria e reagiram de
forma violenta à essa abusiva e humilhante distorção.
Mais a sua crucificação estava em perfeita harmonia com a vontade de
Deus.
Fonte de Pesquisa
:
GONÇALVES, José – Comentarista da Revista do Mestre – EBD CPAD – 2
Trimestre 2015
CAMPOS, Heber Carlos de. A Humilhação do Redentor – Encarnação e
Sofrimento. Editora Cultura Cristã. SPaulo, 2008.
MACARTHUR John. Uma Vida Perfeita. Edit. Vida melhor Editora. RJaneiro,
2014
CORNWALL Judson. Adoração como Jesus Ensinou. Editora Betânia. MGerais,
1995
Bíblia de Estudo Pentecostal – CPAD
Bílbia de Estudo Macarthur – SBB
LUTZER, Erwin. Os Brados da Cruz. Editora Vida. SPaulo, 2001
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