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sexta-feira, 5 de junho de 2015

Lição 10- Jesus e o Dinheiro - 07.06.2015


Abordagem de Conteúdos da Lição 10 EBD CPAD - 2. Trimestre 2015
Lucas 18.18-24 

Reflexão: As Escrituras não condenam a aquisição honesta de riquezas, e, sim, o amor a elas dispensado.


Até bem pouco tempo, ninguém poderia imaginar que o nome “Jesus”, o carpinteiro de Nazaré, pudesse se tornar uma mercadoria valiosa. Ninguém poderia imaginar também que ele fosse transformado em uma das marcas mais rentáveis do mundo. Jesus, que já era vendido em lojas de suvenires, foi transformado com grande sucesso em mercadoria literária, podendo ser encontrado praticamente em todas as livrarias.

O comércio da autoajuda é o que mais tem crescido e que mais tem lucrado com esse comércio em torno de Jesus. Tenho em mãos alguns desses títulos: Jesus, o homem mais sábio que já existiu; Jesus, o maior filósofo que já existiu; Jesus, o maior psicólogo que já existiu; Jesus, o maior líder que já existiu; Jesus, o mestre dos mestres; Jesus, o mestre da sensibilidade; Jesus, o mestre da vida; Jesus, o mestre do amor, Jesus, o mestre inesquecível e Jesus, o milionário de Nazaré.

Quem poderia imaginar, por exemplo, que aquEle que certa feita disse não ter onde pousar a cabeça fosse transformado em o “milionário de Nazaré”? Esta é exatamente a proposta da escritora Catherine Ponder, uma das autoras de autoajuda mais lidas no mundo, quando escreveu o seu livro O Milionário de Nazaré. 

As informações sobre Ponder dão de conta que ela é considerada a mais notável autora sobre prosperidade nos Estados Unidos. E informado também que a mesma escreve sobre o assunto há quase vinte anos, e tem inúmeros livros publicados, incluindo o best-seller As Leis Dinâmicas da Prosperidade. Ela também escreveu a série Os Milionários do Gêneses.

Como Ponder transformou um simples carpinteiro no milionário de Nazaré é explicado ainda na introdução do seu livro. Para ela os Evangelhos estão repletos de ouro! Jesus, portanto, não teria sido apenas um homem que fez milagres e que tinha suas orações respondidas. Pelo contrário, ele também foi um mestre que, depois de compreender e assimilar as leis mentais e espirituais de prosperidade as usou e ensinou de uma forma nunca vista antes.

De acordo com Ponder, Jesus “parecia saber que parte de sua missão em se tornar o Salvador do mundo seria livrar a humanidade de suas crenças errôneas sobre a limitação financeira, sendo esta uma necessidade espiritual. O fato de ter ousado ensinar os princípios espirituais da verdadeira abundância foi parte de sua grandiosidade”. 

Ainda segundo ela esses princípios foram seguidos pelos primitivos cristãos a ponto de serem os primeiros crentes considerados prósperos. Se hoje essa não é mais a ideia que se tem sobre os cristãos, a culpa é da igreja medieval que impôs a mentalidade da pobreza nos cristãos. 
Na sua análise a “verdade próspera é que, como filho de Deus, ser pobre é um pecado. Enriquecer e prosperar são direitos espirituais de todos”.Catherine Ponder está convencida de que “Jesus certamente não era pobre. Na verdade, ele foi um dos homens mais abastados a pisar em nosso solo, pois sua riqueza estava em seu interior e exterior. 

Uma mente surpreendente capaz de transformar água em vinho do mais fino sabor, de multiplicar pães e peixes quando desejava para alimentar milhares de pessoas, de ressuscitar os mortos e de curar todos os tipos de males não pode ser considerada pobre — especialmente se tais serviços de valor incalculável fossem prestados nos dias atuais! Se um homem tivesse o dom de fazer surgir dinheiro da boca de peixes para pagar suas contas, ou de fazer surgir grandes cardumes nas redes de pescadores onde antes não havia nada, seria considerado um multimilionário no cenário econômico atual”.

As palavras de Jesus: “Eu vim para que tenham vida, e tenham plenamente” (Jo 10.10) recebem novo sentido no entendimento de Ponder — significam que Jesus simbolizava a divindade em todos aqueles que não atingem a pobreza, pois todos os homens são também deuses e filhos do altíssimo (SI 82.6; Jo 10.34). Ponder argumenta que “o objetivo da natureza de Cristo em Jesus era ser bem-sucedido e descansar na generosidade divina. O objetivo da natureza cristã de toda a humanidade é servir de instrumento para o sucesso e a abundância”.

Na análise dessa autora, essa é a principal mensagem do Antigo Testamento e também repetida no Novo Testamento, pois a Bíblia é o livro mais importante que já foi escrito sobre prosperidade. Segundo essa autora “além da salvação, os assuntos mais frequentemente encontrados nas sagradas escrituras são dinheiro, oferendas, liderança e questões financeiras. Podemos ler o termo “ouro” mais de quatrocentas vezes nas suas páginas. 

Na sua análise, há entre trezentas e quatrocentas promessas na Bíblia, sendo muitas delas promessas literais de prosperidade. Possivelmente você considera Abraão, Isaque, Jacó, Moisés e Josué os maiores líderes espirituais de seu tempo, o que é verdade. Todos eles tornaram-se milionários, fato que descrevo em meus livros: Os Milionários do Gênesis, O Milionário Moisés e O Milionário Josué". 

A autora está convencida de que os milionários de hoje estão longe de se aproximarem dos milionários da Bíblia com seus enormes rebanhos, gigantescas terras, numerosas famílias, além da infinita quantidade de serviçais. Esses fatos fazem-na acreditar que eles viviam uma vida agradável e repleta de lazer que qualquer pessoa hoje em dia acharia difícil manter com os atuais valores.

Ponder resume então o seu pensamento como Jesus passou de carpinteiro a senhor da plenitude, isto é, o milionário de Nazaré:

1. Jesus não era pobre. Foi um dos pensadores mais prósperos que já existiu! Era um mestre no ensino da prosperidade. Tornou-se o Senhor da Plenitude.

2. A natureza de Cristo presente em Jesus simbolizava a Divindade presente em cada um de nós, e que nunca será pobre para que também possamos nos tornar Senhores da Plenitude.

3. O interesse de Jesus pela prosperidade começou em seu nascimento, prosseguiu ao longo de sua vida e foi demonstrado mesmo após sua ressurreição.

4. O ministério de Jesus começou na cidade portuária de pesca de Cafarnaum. Sendo os peixes símbolo de leis de crescimento, Cafarnaum era considerado um local de prosperidade física e metafísica.

5. Na época de Jesus, os pobres eram desprezados. A pobreza era considerada maldição ao passo que a riqueza era tida como bênção espiritual.

6. Jesus aprova a riqueza obtida honestamente. Não hesitava em usar seus mais profundos poderes para promover a prosperidade na terra.

7. Através de seus diversos ensinamentos de prosperidade, Jesus ressaltava as boas novas sobre a plenitude: que ninguém precisava esperar o futuro para colher as bênçãos da vida; que todos poderiam obtê-las naquele momento.

8. Enfatizava-se bastante a prosperidade nas Igrejas Primitivas. Apenas séculos mais tarde, e por razões políticas, foi pregada às massas a falsa crença que ser pobre significa ser devoto.

9. Jesus nasceu em Nazaré, que representa a trivialidade da mente humana, na qual a Verdade próspera aparece. Jesus, como carpinteiro, simboliza alguém que converte ideias e pensamentos em algo visível conforme a necessidade. Ao conhecermos tais métodos, poderemos vivenciar uma maior abundância e felicidade — exatamente o que o termo “milionário” significa.

10. Eis um dos primeiros segredos do milionário de Nazaré: o nome “Jesus Cristo” tem o poder de moldar a rica substância do universo em bens definidos e visíveis. Ao ser mencionado, move as forças que podem trazer resultados prósperos a nossas vidas.

Qualquer leitor da autoajuda pode notar a grande semelhança existente entre os ensinamentos de Ponder e o que está escrito em O Poder do Subconsciente de Joseph Murphy e principalmente em O Poder do Pensamento Positivo de Norman Vicent Peale. De fato na biografia de Ponder, lemos que ela é ministra da Igreja não denominacional Unity desde 1956 e que também é tida como a versão feminina de Norman Vicent Peale. Peale é considerado uma espécie de guru da autoajuda evangélica americana. Dentre os inúmeros livros escritos por Peale, há também um dedicado a explicar os ensinamentos de Jesus: 

O Poder Positivo de Jesus. Tive contato com esse tipo de gênero literário ainda nos anos 80 quando um amigo me emprestou as obras de Joseph Murphy e Norman Vicent Peale. As mensagens desses livros são de fato fascinantes, recheadas de ilustrações e exemplos de pessoas que deram certo ou que foram até mesmo curadas de doenças incuráveis graças ao poder da mente.

Algumas perguntas são inevitáveis: Jesus era de fato um milionário que Ponder insiste em afirmar que era? Jesus incentivou as pessoas a serem ricas e terem muito dinheiro? Qual de fato foi a relação de Jesus com o dinheiro? Ele era o milionário de Nazaré ou um simples carpinteiro que como os demais camponeses de seu tempo lutaram pela sobrevivência? Não há como não contrastar o “Jesus” da autoajuda com o Jesus, o homem perfeito, apresentado nos evangelhos.

O “Jesus” rico, próspero, milionário capaz de transformar pedra em ouro não surgiu dos ensinos dos evangelhos mas dos ensinos de Phineas Parkhurst Quimby, um adepto do mesmerismo e um dos primeiros proponentes do Novo Pensamento.

De acordo com a Enciclopédia virtual Wikipedia, Quimby era filósofo, hipnólogo e inventor que desenvolveu o ensino de que a doença se desenvolve na mente do homem por falsas crenças, e que a mente aberta para a sabedoria de Deus vence a doença. O princípio se baseava no ensino de que o corpo era uma casa para a mente do homem. 

Se havia um “inimigo” instalado no corpo, se dava por uma crença errada da mente, mesmo com o desconhecimento do portador, a mente é quem adoecia o homem. Quimby prometia entrar na casa e com o poder da mente, expulsar o intruso, corrigindo a “impressão errada” pelo restabelecimento da “verdade” na mente.8 Quimby exerceu grande influência sobre Mary Baker, fundadora da Ciência Cristã.

A partir dos ensinos de Quimby, o Novo Pensamento se espalhou como uma febre pela América do Norte. Influenciou pensadores, filósofos, denominações religiosas e pastores como E. W. Kenyon. Foi através de Kenyon, um pastor da Igreja Batista Nova Aliança, que essa crença teve penetração no arraial protestante. Kenyon é considerado pelos apologistas como o pai da Teologia da Prosperidade e teve enorme influência sobre pastores como Dom Gosset e Kenneth Hagin. Por outro lado, foi através de Hagin que a teologia da prosperidade se propagou no meio pentecostal americano e brasileiro.

Quando vemos, por exemplo, um culto neopentecostal sobre prosperidade financeira e aquilo que ensina O Novo Pensamento, não há como não se perceber as semelhanças existentes. Quando um pregador neopentecostal, por exemplo, fala, a voz tem sotaque cristão, mas as palavras são na verdade da Ciência Cristã. Dizendo isso de uma outra forma, o “Jesus” pregado por esses ministros religiosos não é aquEle apresentado no Novo Testamento, mas o que teve origem nas filosofias humanistas. 

A propósito, o sociólogo Ricardo Mariano em seu livro Neopentecostais — sociologia do novo pentecostalismo no Brasil, observa que: “A Teologia da Prosperidade, até pelo nome, parece ser o exemplo perfeito da afinidade entre pentecostalismo e sucesso econômico. Mas nada está mais distante do puritanismo calvinista, exemplo-mor desta afinidade, do que a Teologia da Prosperidade. 

Nas seções ascéticas do protestantismo, a riqueza, quando adquirida no trabalho cotidiano, metódico e racional, constituía, segundo Weber (1991:356), um dos' sintomas de comprovação do estado de graça do indivíduo, ou de sua eleição à vida eterna. A riqueza obtida, porém, era consequência não intencional, não revista, da severa disciplina religiosa do eleito. Disciplina que se manifestava em sua extrema dedicação ao trabalho, que via como vocação divinamente inspirada, e em sua conduta diária, baseada na abstinência dos prazeres e das paixões deste mundo e no desinteresse pelas coisas materiais. 

Na ótica weberiana, a acumulação primitiva do capital resulta, entre outros fatores, justamente da ética puritana, que interditava ao fiel qualquer modalidade de consumo supérfluo. No neopentecostalismo, o crente não procura a riqueza para comprovar seu estado de graça. Não se trata disso. 

Como todos os demais, crentes e incréus, ele quer enriquecer para consumir e usufruir de suas posses nesse mundo. Sua motivação consumista, notadamente mundana, foge totalmente ao espírito do protestantismo ascético, sobretudo de vertente calvinista.”Esse Jesus endinheirado não foi gerado, portanto, do Deus da Bíblia, mas da mente de homens divorciados de princípios cristãos.

Lucas apresenta Jesus, o carpinteiro de Nazaré, não como um milionário, mas como alguém que dependia de donativos de terceiros para poder exercer seu ministério público (Lc 8.1-3). O Jesus bíblico, longe de estimular a aquisição de bens materiais como fonte de satisfação, exortava a se desfazer deles. “Vendei vossos bens e daí esmola; fazei para vós outros bolsas que não desgastam” (Lc 12.33).
Uma Visão Cristã e Secular sobre Bens e Posses
O cristianismo por ser uma crença de natureza escatológica não estimulava a aquisição de posses materiais. Os primitivos cristãos, incluindo os apóstolos, mantinham a expectativa de que Jesus poderia voltar ainda na sua geração. Isso fazia com que a preocupação com a propagação da mensagem do reino se tornasse sua principal fonte de motivação e não o acúmulo de bens terrestres. Acusar as gerações posteriores de cristãos de terem implantado uma mentalidade de pobreza na igreja não condiz com os fatos históricos.

Essa sedução pela riqueza que acabou contaminando a teologia cristã provém de ensinos pagãos e até mesmo de técnicas xamãs e não dos ensinos do Novo Testamento. O apologista Davi Hunt denunciou o que denominou de tentação pelo poder:
“O feiticeiro mascara sua rebelião postulando em lugar do Deus pessoal da Bíblia, diante de quem somos moralmente responsáveis e cuja vontade temos que obedecer, uma “Força” metafísica impessoal que pode ser “cientificamente” manipulada como se explora a energia do átomo. Muitas vezes sem perceber, crentes sinceros aceitam a mesma ideia básica apresentada em terminologia psicológica e pseudocristã. A confissão positiva, bem como o pensamento positivo e o pensamento da possibilidade são exemplos adicionais. 

Em seu livro mais vendido, O Poder do Pensamento Positivo, que vendeu mais de 3 milhões de cópias, Norman Vicent Peale revela o fato de que todo o seu sistema é baseado nesse mesmo alicerce. Ele declara, por exemplo: “O poder da oração é uma manifestação de energia. 

Assim como existem técnicas científicas para a liberação da energia atômica, existem também procedimentos científicos para a liberação de energia espiritual por meio do mecanismo da oração. Demonstrações espetaculares dessa força energizante são evidentes...

É importante perceber que você está lidando com o mais tremendo poder do mundo quando ora... Técnicas espirituais novas estão sendo constantemente descobertas... faça experiências com o poder da oração...”.
Hunt conclui:

“Muitos que alegam querer conhecer a Deus frequentemente não querem conhecer o Deus verdadeiro, mas um deus cujo poder possam usar para seus próprios fins. Os próprios títulos de livros como O Poder Criativo de Deus Trabalhará Por Você, de Charles Capps, e Como Conseguir o que Quiser com Deus, de Kenneth Hagin, parecem dar um tom que se ajusta à fraqueza do homem, não importa quanto material benéfico possa existir neles. 

Nossa ambição egoísta nos cega para o fato de que Deus não é um “gênio da garrafa”, que existe para cumprir nossos desejos sempre que o convocarmos, mas é o Criador de todas as coisas, Ele nos chama para deixarmos de lado nossa insensatez e nos submetermos à sua vontade”.
Ricos e Pobres
No livro de minha autoria A Prosperidade à Luz da Bíblia, procurei mostrar como era formado o conceito de prosperidade no antigo Israel. Esses conceitos estavam em vigor nos dias de Jesus. Eram duas as ideias mais comuns, porém equivocadas, sobre a natureza das riquezas. 

A primeira delas associava a riqueza como uma dádiva de Deus a alguém merecedor, e a pobreza como uma marca do julgamento divino. Uma segunda associava a riqueza com a maldade e a pobreza com a piedade. Essa forma de pensar está presente também no mundo do Novo Testamento. Todavia as causas para a pobreza não podem ser vistas de forma tão simples assim.
O historiador William L. Coleman (1991, p. 165) mostra que um estudo criterioso sobre a pobreza no mundo bíblico deve levar em conta alguns fatores determinantes. Com acerto, ele diz:

“Eram vários os principais fatores que contribuíam para a existência de um grande número de pobres em Israel. É claro que havia muitas variáveis. Mas para entendermos bem o quadro geral, precisamos considerar alguns dos obstáculos com que eles se defrontavam.

1. Impostos. O sistema de impostos constituía um grande peso para muitas famílias, para os pequenos agricultores e negociantes. Durante toda a história da nação, os governos impuseram pesadas taxas ao povo em geral, com o objetivo de realizar seus projetos de construção ou cobrir os custos de suas operações militares. E foi justamente o excesso de impostos baixados pelo rei Salomão que ocasionou a divisão do reino.

2. Desemprego. Nas áreas rurais, a presença de escravos não afetava muito a economia, mas nas cidades sim, pois gerava forte desequilíbrio nos mercados de empregos. Como o preço dos escravos era muito baixo, os ricos chegavam a ter um servo simplesmente para conduzir o seu cavalo. Por isso o homem livre tinha que aprender um ofício, se quisesse conseguir um bom salário.

3. A morte do chefe da família. A perda do chefe da casa, que podia ser causada por enfermidade, acidente ou guerra, geralmente deixava a família na pobreza, principalmente se os filhos fossem pequenos.

4. Seca e fome. Às vezes a própria natureza destruía rapidamente toda a colheita de uma temporada. A seca, o excesso de pragas, ou chuva em demasia fora de época, bem como outras calamidades naturais acabavam com todo o sustento de uma família de uma hora para outra (SI 32.4).

5. Agiotagem. Pela lei, era proibido cobrar juros de empréstimos feitos a pobres (Ex 22.25). Mas apesar dessa recomendação divina, muitos credores tinham atitudes impiedosas, cobrando juros exorbitantes e empregando métodos cruéis para receber o pagamento da dívida. Isso sempre foi um problema grave para os Israelitas, durante toda a sua história, e vários escritores bíblicos denunciaram esses excessos."

Com tantos limites não era de admirar que os pobres se tornassem presas fáceis dos mais ricos. Para se justificarem, os mais abastados costumavam fazer doações, algumas delas bastantes generosas, mas o objetivo não era de fato amenizar a situação do pobre, mas barganhar com Deus. A religião, em vez de cultivar os valores da alma, fomentava apenas um legalismo exterior.

Jesus denunciou essa religiosidade farisaica. Em seu livro Jesus e o Dinheiro, o escritor José Antônio Pagola comenta sobe esse fato. Embora o seu livro reflita traços de um 
evangelho social, de esquerda, todavia seus comentários são pertinentes:

“Temos que recuperar no cristianismo um dado de suma importância. O primeiro olhar de Jesus não se dirige ao pecado do ser humano, mas ao seu sofrimento. O contraste entre Jesus e o Profeta João, o Batista, é esclarecedor. Toda atividade do Batista gira em torno do pecado: ele denuncia os pecados do povo, chama os pecadores à penitência e oferece aos que acorrem ao Jordão um batismo de conversão de perdão. 

O Batista não se aproxima dos enfermos, nem toca a pele dos leprosos, não abraça as crianças da rua, não se senta para comer com pecadores, excluídos e pessoas indesejáveis. O Batista não se aproxima do sofrimento das pessoas, não se dedica a fazer a vida mais humana. 

Não sai de sua missão estritamente religiosa. Para Jesus, ao contrário, a primeira preocupação é o sofrimento das pessoas enfermas e desnutridas da Galileia, a defesa dos camponeses explorados pelos poderosos latifundiários, ou a acolhida a pecadores e prostitutas, excluídos pela religião. Para Jesus, o grande pecado contra o projeto de Deus consiste sobretudo em resistirmos a tomar parte no sofrimento dos outros encerrando-nos em nosso próprio bem-estar”.
NOTAS
1 PONDER, Catherine. O Milionário de Nazaré - seus segredos de prosperidade. São Paulo: Editora Novo Século, 2013.
2 PONDER, Catherine. O Milionário de Nazaré - seus segredos de
prosperidade. São Paulo: Editora Novo Século, 2013.
3 PONDER, Catherine. O Milionário de Nazaré - seus segredos de
prosperidade. São Paulo: Editora Novo Século, 2013.
4 Idem.
5 Idem, ibide
6 PONDER, Catherine. Op.cit.
7 PONDER, Catherine. O Milionário de Nazaré - seus segredos de prosperidade, pp 38-39. São Paulo: Editora Novo Século, 2013.
8 http://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_Novo_Pensamento. Acesso
26.08.2014.
9 A obra The New International Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements (Novo Dicionário dos Movimentos Pentecostal e Carismático) destaca que “embora ele (Hagin) tenha sido criticado como líder dos movimentos “Palavra da Fé” e "Confissão Positiva” (Hunt, 1987, 56; McConnell, passim), sua mensagem enfatiza a necessidade de orar somente de acordo com os princípios de Deus encontrados nas Escrituras Judaicocristãs” (p.687, BURGESS, Stanley M. org.).
10 Conforme citado em GONÇALVES, José. A Prosperidade à Luz da Bíblia. CPAD.
11 HUNT, Dave & MA.CMAHON, T.A. A Sedução do Cristianismo - discernimento espiritual dos últimos dias. Porto Alegre: Editora Chamada da Meia Noite.
12 A Sedução do Cristianismo. Op.cit.
13 GONÇALVES, José. A Prosperidade à Luz da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD.

14 PAGOLA, Antônio José. Jesus e o Dinheiro. Petrópolis: Editora Vozes.
Extraído do Livro do Comentarista do trimestre:

GONÇALVES, José – Comentarista da Revista do Mestre – EBD CPAD – 2 Trimestre 2015 

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