Esboço: Escrito por Pr. João Barbosa da Silva
Texto da Lição: 1 Reis 19.2-8
I - OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM:
- Compreender a humanidade do profeta Elias.
- Identificar as causas e sintomas da depressão de Elias.
- Detalhar o
tratamento de Deus à depressão de Elias.
II - INTRODUÇÃO: Os conflitos de Elias o levaram a enfrentar
períodos de depressão – distúrbio mental caracterizado pelo desânimo, sensação
de cansaço, ansiedade em grau maior ou menor.
No ambiente eclesiástico é comum se
pensar que um servo de Deus está imune às doenças da alma. As Escrituras falam claramente
das fragilidades humanas e descreve-as na vida dos maiores “gigantes
espirituais”.
Depressão não era incomum na
vida de muitos dos bem sucedidos homens de Deus – Certa vez Moisés ficou tão
triste e desmotivado que pediu a Deus para tirar-lhe a vida. Depois do grande
reavivamento de Nínive, Jonas fez a mesma coisa.
Paulo ficou desesperado até da
própria vida, em certo ponto de seu ministério na Ásia (2Co 1.8). Mas uma coisa
é certa. O Senhor ajudou todos estes seus servos a superar.
III – DESENVOLVIMENTO
- ELIAS – UM HOMEM COMO OS OUTROS:
1. 1 – Um homem espiritual – A Bíblia nos mostra que Elias tinha íntima
comunhão com Deus, era um homem de fé e possuía uma envolvente vida espiritual
moldada na Palavra de Deus – “Elias ... disse: Ó Senhor Deus de Abraão..... conforme a tua palavra fiz todas estas
coisas”.
No confronto com os profetas
de Baal observa-se que a coragem e a fé patentes em Elias, não têm paralelo em
toda a redenção da história.
Seu desafio ao rei (1Re 18.16-19), sua repreensão a
todo o Israel (1Re 18.21-24), e seu confronto com os 450 profetas de Baal (1Re
18.19,19), foram embates que ele os enfrentou dispondo somente das armas da
oração e da fé em Deus.
Elias conhecia os infinitos
recursos da oração – “.... e se inclinou por terra, e meteu o seu
rosto entre os seu joelhos...”(1Re 18.42,43). De Elias o Novo Testamento
cita sua fé e oração perseverantes como exemplo e estímulo para o povo salvo no
tocante ao poder da oração.
1. 2 – Um homem sentimental – Elias não era tão somente um homem
espiritual, ele era também profundamente sentimental.
Elias alegrava-se, mas
também se entristecia; sua natureza, portanto, era semelhante à nossa, conforme
afirma Tiago: “Elias era um homem sujeito
às mesmas paixões que nós...” (Tg 5.17).
- AS CAUSAS DOS CONFLITOS DE ELIAS:
2. 1 – Decepção – Apesar da fantástica vitória de Elias sobre os 450
profetas de Baal, haja vista Deus haver respondido a oração de Elias, enviando
fogo do céu em resposta à sua oração (1Re 18.38), Acabe e Jezabel continuavam
insensíveis como se nada tivesse acontecido.
Nenhum quebrantamento
acontecera na casa real, nem tampouco na vida do povo de Israel. Isto trouxe
imensa decepção ao profeta, parecendo até que sua vitória havia se convertido
em derrota, mediante a ameaça de Jezabel (1Re 19.2). Elias não estava
decepcionado com o seu Deus, mas com o príncipe do seu povo.
2. 2 – Medo – Diante da ameaça da rainha, Elias sentiu medo e fugiu.Foi
uma reação imediata (1Re 19.3). Parece paradoxal, entretanto não devemos esquecer
o que bem oportuno Tiago nos deixou escrito em 1Ts 5.17, motivo pelo qual neste
momento da vida de Elias os sentimentos falaram mais alto do que a fé.
- AS CONSEQUÊNCIAS DOS CONFLITOS:
3.1 – Fuga e isolamento – Elias,
o homem de Deus que enfrentou, superou e venceu tantas situações difíceis,
sentiu-se impotente mediante as ameaças da pagã – rainha Jezabel.
Temendo por sua vida, constata-se um momento
de fraqueza que como humanos também, não podemos reprovar. Como vimos, Deus não
reprovou Elias em tal circunstância. E se Deus não o condenou quem é o homem
mortal para condená-lo?
Não obstante ao que aconteceu com Elias, homem
como nós, não devemos fazer desse seu momento fraco entre tantos momentos de
destreza, uma referência para nossos conflitos. Davi assim se expressou: “No dia em que eu temer, hei de confiar no
Senhor” (Sl 56.3).
Elias não somente sentiu medo, mas procurou o
isolamento (1Re 19.4). Elias fugiu, escondeu-se e se isolou – característica de
uma pessoa deprimida.
As razões para a depressão de Elias incluía tristeza
devido à apostasia de Israel profanação dos lugares sagrados e martírio dos
profetas do Senhor.
3.2 – Autopiedade
e desejo de morrer – Essa
é uma atitude marcante de uma pessoa depressiva. A queixa de Elias era de que
ele estava sozinho e eles (os numerosos
israelitas), não apenas Acabe e Jezabel estavam tentando matá-lo.
Em seu
espírito abatido, Elias fazia suas considerações e pontuava: “Eu fiquei só” (1Re 19.10), ou seja, não
havia mais fiéis; somente ele.
Distorcidamente do que Elias
ponderava, o texto de 1Re 19.18 relata que Deus possuía ainda seus sete mil. Os
sete mil de Israel, que não dobraram os joelhos a Baal.
Estes são parte dos
fiéis, sofredores em todas as gerações, livres de apostasia, de transigência
com o erro e de mundanismo entre o povo de Deus, e que perseveram no amor, na
fé e na obediência a Deus e á sua Palavra.
São os que fogem dos maus
caminhos do mundo, que lavaram as suas vestiduras no sangue do Cordeiro (Ap
7.14), que são perseguidos por amor à justiça (Mt 5.10) e que permaneceram
firmemente no caminho estreito (Mt 7.14).
- O SOCORRO DIVINO
4. 1 – Provisão física – O socorro trouxe provisão física e
espiritual para Elias. ”E deitou-se e
dormiu debaixo de um zimbro; e eis que, então, um anjo o tocou e lhe disse:
Levanta-te e come” (1Re 19.5). Deus cuidou do desalentado Elias de modo
compassivo e amoroso.
Permitiu que Elias dormisse.
Fortaleceu-o com alimentos, proporcionando-lhe uma revelação inspiradora do seu
amor e presença (1Re 19.11-13), concedeu-lhe uma nova revelação e orientação
(1Re 19.15-18), deu-lhe um companheiro fiel e fraterno (1Re 19.16,1-19-21).
4. 2 – Provisão espiritual – Não somente o anjo prestou auxílio a Elias
(1Re 19.5,6), mas o próprio Deus a quem Elias servia o conduziu por todo tempo.
Em tempo algum Deus abandonou Elias. Revigorado pela comida trazida pelo anjo
em uma segunda vez, levantou-se sobre os próprios pés e seguiu caminho de Horebe
onde poderia ser liberto do seu espírito amargo e novamente receber poder
espiritual.
Elias seria revitalizado não apenas na sua vida espiritual, mas
também na sua vida emocional (1Re 19.8-15).
Para animar Elias e
revigorar sua fé, Deus o visitou no monte Horebe (1Re 19.11,12). Essa visitação
foi acompanhada de um forte vendaval, um terremoto e fogo, mas o Senhor não
estava em nenhuma dessas coisas.
Pelo contrário, a revelação de Deus veio
através de uma voz mansa e delicada. Elias pôde ver que a obra de Deus avança e
prossegue, “não por força, nem por
violência, mas pelo meu espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4.6). De
modo algum Deus abandonara seu profeta.
IV – CONCLUSÃO
O ponto
decisivo do ministério de Elias: Algumas das ações de Elias são paralelas às de Moisés.
1. O encontro de Moisés com
os magos egípcios. Assim como Moisés, Elias foge dos inimigos para o deserto,
mas dessa vez numa “inversão” da história da salvação.
2. Viaja por quarenta dias e
quarenta noites (muito mais longe que o necessário). De Berseba, na fronteira
da terra prometida, até o Horebe, isto é, o monte Sinai, representando a
caminhada de Israel por quarenta anos no deserto.
Contudo, quando ele chega a
uma caverna (Ex 33.18-23), Javé lhe pergunta o que ele estava fazendo ali (1Re
19.9). Moisés esteve na fenda de uma rocha quando viu a glória de Javé passando
4.Elias presencia sinais
tangíveis de uma teofania: forte vento; terremoto; e fogo em relação aos dois
últimos no Sinai (Ex 19.18). Esses sinais são com frequência relacionados a
Baal. Mas dessa vez Javé não se revela por esses meios.
Em vez disso, foi o murmúrio de uma brisa
suave (1Re 19.12), um som quase inaudível ou, se poderia dizer, um silêncio
revelador, que despertou Elias para sair da caverna e encontrar-se com Javé.
5. Elias não experimenta
outra teofania do Sinai, por dois motivos: primeiro, porque, ao contrário do
que se pensa, Deus preservou um remanescente (Rm 11.2-4) e, segundo, porque o
Senhor não é simplesmente um deus dos fenômenos naturais, mas se revela na
História e em sua Palavra.
6. A teofania do Sinai
serviu para legitimar Moisés como único porta-voz de Javé (Dt 34.10-12);
profetas posteriores poderão ser julgados pela fidelidade ao ensino mosaico e
pelo cumprimento de sua palavra \9dt 18.15-22), não pelos sinais que
legitimaram Moisés.
7. Elias recebe a ordem de
Deus para voltar pelo seu caminho e ungir três sucessores: um para o rei da
Síria, um para o rei de Israel e outro para ele próprio. Essa nova ordem trará
vitória sobre o culto a Baal.
Baal será derrotado não com
demonstrações mais espetaculares de poder divino no domínio natural, mas por
meio do processo histórico. Elias deve se contentar com o fato de ter iniciado
a luta contra o baalismo em vez de ser quem o concluirá.
Consultas:
Lições
Bíblicas EBD-CPAD - 1º. Trimestre 2013 – (Comentarista: José Gonçalves).
Bíblia
de Estudo Pentecostal – CPAD
GONÇALVES,
Josué. Porção Dobrada (Uma análise bíblica, teológica e devocional sobre os
ministérios proféticos de Elias e Eliseu). Rio de Janeiro 2012. 1ª. Edição.
CPAD
SWINDOLL,
Charles R. Elias – Um homem de heroísmo e humildade. São Paulo, 2001. 10ª. reimpressão 2012. Editora Mundo Cristão
WISEMAN,
Donald J. 1 e 2Reis – Introdução e Comentário. Inglaterra, 1993. Brasil, 2006.
Série Cultura Bíblica – Editora Vida Nova.
CHAMPLIN.
R. N. O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo.. Editora
Hagnos.
CHAMPLIN.
R. N. Dicionário do Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo..
Editora Hagnos.
ALEXANDER
T. Desmond. ROSNER. Brian S. – Novo Dicionário de Teologia Bíblica.
São Paulo: Editora Vida, 2009.
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