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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

A Perda dos Bens Terrenos - Lição 10 - 3º. Tri. 2012 - EBD CPAD - 02.09.12


  Texto da Lição: Jó 1.13-21
                          

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM:
  1. Descrever as perdas humanas de Jó.
  2. Elencar as perdas de ordem material, afetiva e espiritual de Jó.
  3. Conscientizar-se que mesmo nas perdas, podemos desfrutar do amor divino.
                                  Esboço: Escrito por Pr. João Barbosa da Silva
            http://nasendadacruz.blogspot.com
Celebrando a Vida e presenteando pessoas que ama
Nós como seres mortais, exageramos a importância das coisas temporais e transitórias desta vida. Pode haver desígnio ou não nessas coisas; mas elas duram por algum tempo, e logo se acabam. 

Na Bíblia encontramos a história de vida, ou seja, o currículo notável de um excelente homem chamado Jó – conforme descreve Charles R. Swindoll em sua Série Heróis da Fé, ao escrever sobre Jó: “Um homem de tolerância heróica”.

Supõe-se que Jó foi uma personagem histórica que passou por experiências incomuns. Ele, talvez, fosse um xeique que viveu próximo ao deserto da Arábia – o homem mais rico e sábio do Oriente, viveu em uma época similar à dos patriarcas hebreus. Suas riquezas aquilatadas sob forma de gado parece-nos refletir que tinha uma vida nômade, havendo vivido algum tempo antes de Abraão.

Jó, conforme podemos ver, podia se tornar nosso herói da perseverança, mas precisamos lembrar que ele não é um super-homem, mas, simplesmente – um homem. Esse homem que habitava na terra de Uz, era reto e íntegro (Jó 1.1).
Isto não significa ter sido Jó um símbolo de perfeição.

Significa no entanto, que ele não fazia concessões a erros morais. Jó foi um homem acima do seu tempo no sentido espiritual, ético, intelectual e moral. Altamente respeitável (Jó 29.7-11); sábio conselheiro (Jó 29.21-24); empregador honesto (Jó 31.13-15, 38, 39); hospitaleiro e generoso (Jó 31.16-21, 32); e fazendeiro próspero (Jó 31.38-40); era um homem sincero, sem máscaras, sem fingimento (Jó 1.8; 1Tm 6.11; 1Pd 2.1; 2Co 3.18).

Seus negócios eram feitos de forma íntegra, bem como cumpria sua palavra e tratava os outros justamente, por isso era grandemente respeitado pelos que o rodeavam quer na família ou fora da família. Homem reto e imparcial, não comprava as pessoas nem se vendia aos ricos e poderosos do seu tempo.

Sobretudo, Jó era um homem que temia a Deus e se desviava do mal. Deus o chamava de meu servo Jó. Poucos homens alcançaram uma condição tão elevada quanto Jó e permaneceram humildes e fiéis a Deus.

Em sua grande sabedoria foi o primeiro homem que falou de onde procede o frio e de onde sopra o vento (Jó 37.9); falou do fenômeno das nuvens que retém as águas para que possa chover sobre a terra (Jó 26.8). Descreveu também o fenômeno dos raios e suas faíscas precursoras (Jó 28.26).

Foi Jó quem primeiro entendeu que o ar tinha peso (Jó 28.25); declarou que a Terra está suspensa sobre o nada (Jó 26.7). Somente outros dois homens foram comparados a Jó – Noé e Daniel (Jó 19.25-27; 1Pd 10,11).

Deus cuidava de Jó com tanto empenho que se revelou pessoalmente a ele, e com ele compartilhou a visão de suas responsabilidades cósmicas. Um Deus que confessa sua preocupação com o homem é um Deus que está profundamente envolvido no destino humano. De alguma maneira, em algum lugar, Deus está no seu trono, e tudo corre bem no mundo, a despeito de teimosas evidências humanas em contrário.

Além de muitas riquezas, somente de ovelhas Jó possuía um significativo número de 7.000, o que lhe proporcionava uma grande mobilidade financeira, pois, parte da lã dos animais era vendida e tudo que sobrava podia ser transformado em roupas para aquecer nos dias invernosos. Mas Jó possuía ainda 3.000 camelos, 1000 bois e 500 jumentas, cujo leite era uma das iguarias da época.

Ao todo, Jó possuía um total de 11.500 animais domesticados, divididos naqueles tipos de animais que os homens ricos precisavam: animais de trabalho, animais que serviam de alimentação e animais de transporte. Tal riqueza capacitava-o a ter uma casa muito grande, vastas propriedades e uma abundância de escravos, que mantinham todas as suas posses em boa ordem. Ele era o maior homem de sua área e desfrutava de poder político e favor entre seus vizinhos.

Jó era agraciado por uma numerosa prole, possuindo uma boa esposa, sete filhos e três filhas. Eles formavam uma unidade familiar feliz, livre de preocupações, seja no campo econômico, seja no campo da saúde, seja em qualquer outro campo da vida diária – “Herança do Senhor são os filhos; o fruto do ventre seu galardão” (Sl 127.3).

Jó era um homem profundamente zeloso e de muita sensibilidade para as coisas espirituais não somente no trato com Deus em relação à sua vida, mas também na vida dos seus filhos. Embora possuidor de uma família abastada, alegre e feliz, Jó não se descuidava dos seus filhos, que já adultos viviam a banquetear-se cada um  por sua vez, comendo e bebendo uns em casas dos outros.
Assim, decorrido o último dia dos banquetes, Jó chamava a seus filhos e os santificava; levantava-se de madrugada e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles, pois dizia: Talvez tenham pecado os meus filhos e blasfemado contra Deus em seu coração (Jó 1.4,5). Jó fazia isso continuamente, pois como um verdadeiro sacerdote do lar, levantava-se todas as madrugadas para orar pelos seus filhos e filhas.

Jó era elogiado pelos homens, e também foi elogiado por Deus. O Adversário (Satanás) em suas andanças pela terra, havia observado Jó, aquele grande homem, mas não demonstrou respeito por ele e duvidou da autenticidade de sua espiritualidade, questionando a avaliação feita por Deus.

Satanás reagiu ante a declaração de Deus – E disse o Senhor a Satanás: Observaste tu a meu servo Jó?  (Jó 1.8). Satanás vagueava pela terra, tal qual uma espécie de vagabundo e cínico espiritual, observando o que faziam os homens, talvez interferindo aqui e ali. Entre muitas loucuras que os homens faziam na terra, deve ter visto pelo menos uma grande exceção no caso de Jó.

Satanás irritou-se com o santo e iminente Jó, pois julgava que ele tivesse uma piedade falsa e pretensiosa, a qual cairia por terra diante da mais leve provocação. Satanás estava ansioso para provar que a sua avaliação do caráter de Jó era a que estava certa, e não a de Yahweh.

Assim, Satanás questionou Deus sobre qual homem vivo não louvaria a Deus se gozasse das mesmas condições de Jó? Satanás manifestou a pior forma de ceticismo e demonstrou incredulidade pela bondade humana.

Ele levantou a questão da motivação à espiritualidade de Jó. Satanás não negou que, aparentemente, Jó era um modelo de piedade. Mas acreditava que nele nada restaria de piedoso, caso todas as bênçãos materiais concedidas por Deus lhe fossem removidas.

O papel de Satanás como adversário dos justos é mais demonstrado no livro de Jó, que em qualquer outro livro do Antigo Testamento. Entre as dezenove referências nominais a Satanás no Antigo Testamento, catorze ocorrem no livro de Jó.

De Satanás emanam, em muitos casos, as doenças, a perda dos bens, a desobediência e a violência (Jó 1.11-22; 2.4-7). Contudo, ele somente age com a permissão divina – “E disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto tem está na tua mão; somente contra ele não estendas a tua mão....” (Jó 1.12-19).

E, quando Deus lhe permite executar os seus planos perversos, é somente como instrumento para executar seus projetos divinos. No caso de Jó, todos os esforços de Satanás para induzir o patriarca a pecar, foram vãos, apenas deram como resultado a formação do seu caráter e o aperfeiçoamento da fé em Deus (Jó 42.5).

Deus permitiu a Satanás destruir os bens e a família de Jó; porém Ele fixou um limite até onde Satanás podia ir e não lhe concedeu o poder de morte sobre Jó. Satanás lançou tempestade e pessoas violentas contra Jó.

Porém Jó reagiu às fatalidades que lhe aconteceram, com intensa aflição; mas também, com humildade, submeteu-se a Deus e continuou a adorá-lo em meio à mais severa adversidade.

Então, Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra e adorou, e disse: Nu sai do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor”. Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma (Jó 1.21; 2.10).

Por duas vezes, Satanás põe em dúvida a fidelidade de Jó, alegando que ele era temente a Deus, por causa dos benefícios recebidos dele (Jó 1.11; 2.4,5). Com isto Satanás quis afirmar que o amor que Jó tinha a Deus não era sincero e que Jó era um homem egoísta que adorava a Deus somente para tirar proveito disso.

Além disso, Satanás acusou Deus de ingênuidade, pois se deixara enganar, obtendo assim a devoção de Jó em troca das bênçãos que lhe dispensava (Jó 1.9,10). Dessa forma quis deixar implícito que se Deus deixasse de proteger Jó e retirasse-lhe as riquezas, a saúde, a família e tudo que lhe trazia segurança e felicidade, Jó passaria a blasfemar dele na sua face (Jó 1.11; 2,5).

Mas Jó conseguiu deixar Satanás envergonhado, depois de várias tentativas para conduzir o patriarca ao pecado de blasfêmia. Em primeiro lugar com a permissão de Deus tomou tudo quanto Jó possuía, depois, também com a permissão de Deus tirou a sua saúde e pôs-lhe uma chaga maligna. Entretanto, mesmo assim Jó não foi vencido, pois não blasfemou (Jó 1.22).

Decepcionado e envergonhado, Satanás concluiu que tudo que fizera contra Jó foi inútil, pois Jó venceu não somente as provações e tentações, mas venceu o próprio Adversário – Satanás, que desistiu e fugindo de Jó, não voltou mais a Deus para  fazer acusações a Jó (Tg 4.7; 1Pd 5.8,9).

Ao saberem as adversidades de Jó, Elifaz, Bildade e Zofar – três dos amigos de Jó vieram solidarizar-se com ele e confortá-lo. Os consoladores de Jó, no entanto, eram apenas atormentadores, não podiam perceber outra coisa além de uma retribuição divina regular, precisa e previsível.

Para eles Jó estava sofrendo porque merecia tal coisa, e fizeram um esforço incalculável para ajudar Jó, procurando reconhecer algum pecado grave, o que, segundo pensavam, fatalmente mostraria ser a verdade, da capa de justiça com que Jó se vestia. Por fim, Deus os repreendeu pelo seu erro (Jó 42.7).

Zofar, um dos três amigos molestos de Jó, cujo nome significa peludo e áspero, foi o mais impetuosos dos três amigos, pois acusou a Jó de dizer palavras vazias (Jó 11.2,3), bem como de estar sofrendo o que suas más ações mereciam (Jó 20.4,5,29).

 A vida cristã é comparada a uma guerra – Assim escreveu Paulo a Timóteo: “Sofre comigo as aflições como um bom soldado de Jesus Cristo. Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar aquele que o alistou para a guerra. E, se alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente (2Tm 2.3-5).

E aos irmãos de Éfeso, Paulo exorta aos irmãos estar munidos das armaduras de Deus para poder estar firmes contra as astutas ciladas do Diabo (Ef 6.10-18). Nesta guerra cada crente deve estar muito bem preparado e guerrear contra o reino das trevas, pois Satanás está disposto a fazer-nos pecar contra Deus para levar-nos a viver segundo o sistema desse mundo vil deixando de ser fiéis a Deus (2 Co 11.3).

Todos nós estamos sujeitos á acusações, até mesmo daqueles que se dizem nossos amigos (Jó 16.20). Enquanto estivermos na terra estaremos sujeitos a muitas provações e tentações, bem como muitos conflitos com o adversário de nossas almas. O Senhor Jesus, porém, nos consola – “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz: no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (Jo 16.33).

Mas podemos estar certos de que nada poderá nos acontecer sem a devida permissão de Deus, e que todas as investidas de Satanás contra nós poderão tornar-se em um meio de provarmos a nossa fidelidade a Deus.

Mesmo nas perdas, podemos desfrutar do amor divino. Um indivíduo pode lançar-se nos braços da graça, do amor e do poder de Deus, sofrendo no escuro, escudado exclusivamente em sua fé.

Há profundezas da fé que os justos podem obter, e que lhe conferem coragem para enfrentar seus sofrimentos, sem duvidarem da providência e dos desígnios de Deus. Um homem, mediante a sua fé, impõe-se à sua situação adversa, obtendo nisso razão para prosseguir, significado, desígnio e esperança.

Apesar de, talvez, não sabermos qual a razão de nossos sofrimentos, pelo menos tomamos consciência da bondade e da providência permanentes de Deus, o qual permite todas essas coisas, e assim podemos descansar no Senhor.

Jesus falou de Deus como um Pai. Disse Ele: “Qual dentre vós é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente ?” (Mt 7.9,10).

Podemos perder tudo nessa vida – casa, dinheiro, emprego, excelentes oportunidades, relacionamentos, pai, mãe, filho, filha, esposo, esposa e, até mesmo, a própria saúde. Mas apesar de todos os infortúnios, devemos continuar crendo no Evangelho de Cristo, pois Ele é o nosso baluarte e fotaleza.

Nele, as perdas redundam em ganhos eternos conforme o profeta Habacuque declarou: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveirta minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas; todavia, eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação. Jeová, o Senhor é minha força” (Hc 3.17-19a).





Consultas:
Lições Bíblicas EBD-CPAD - 3º. Trimestre 2012 – (Comentarista: Eliezer de Lira e Silva).
COELHO, Alexandre e DANIEL, Silas. Vencendo as Aflições da Vida. CPAD – Rio de Janeiro, 2012.

Bíblia de Estudo Pentecostal – CPAD

Lições Bíblicas EBD-CPAD - 1º. Trimestre 2003

CHAMPLIN. R. N. O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Editora Hagnos.
CHAMPLIN. R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Editora Hagnos.

ALEXANDER, T. Desmond. Novo Dicionário de Teologia Bíblica. Editora Vida.
DAVIS, John. Novo Dicionário da Bíblia – Ampliado e Atualizado. Editora Hagnos.
CHAMPLIN, R. N e BENTES, M.J. Ph.D. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos
RICHARDS, Laurence. Comentário Bíblico do Professor – Editora Vida.
SWINDOLL, Charles R. Série Heróis da Fé. Jó – Um Homem de Tolerância Heroica. Editora Mundo Cristão. São Paulo, 2004.
COELHO, Alexander e DANIEL, Silas. Vencendo as Aflições da Vida. CPAD-2012.

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