Texto da Lição: Jó 1.13-21
OBJETIVOS DE
APRENDIZAGEM:
- Descrever
as perdas humanas de Jó.
- Elencar
as perdas de
ordem material, afetiva e espiritual de Jó.
- Conscientizar-se que mesmo nas perdas, podemos desfrutar do amor divino.
Esboço: Escrito por Pr. João Barbosa da Silva
Celebrando a Vida e presenteando pessoas que ama |
Nós como seres mortais, exageramos a importância das
coisas temporais e transitórias desta vida. Pode haver desígnio ou não nessas
coisas; mas elas duram por algum tempo, e logo se acabam.
Na Bíblia encontramos a história de vida, ou seja, o
currículo notável de um excelente homem chamado Jó – conforme descreve Charles
R. Swindoll em sua Série Heróis da Fé, ao escrever sobre Jó: “Um homem de tolerância heróica”.
Supõe-se que Jó foi uma personagem histórica que
passou por experiências incomuns. Ele, talvez, fosse um xeique que viveu próximo
ao deserto da Arábia – o homem mais rico e sábio do Oriente, viveu em uma época
similar à dos patriarcas hebreus. Suas riquezas aquilatadas sob forma de gado
parece-nos refletir que tinha uma vida nômade, havendo vivido algum tempo antes
de Abraão.
Jó, conforme podemos ver, podia se tornar nosso herói
da perseverança, mas precisamos lembrar que ele não é um super-homem, mas, simplesmente
– um homem. Esse homem que habitava na terra de Uz, era reto e íntegro (Jó
1.1).
Isto não significa ter sido Jó um símbolo de perfeição.
Significa no entanto, que ele não fazia concessões a
erros morais. Jó foi um homem acima do seu tempo no sentido espiritual, ético,
intelectual e moral. Altamente respeitável (Jó 29.7-11); sábio conselheiro (Jó
29.21-24); empregador honesto (Jó 31.13-15, 38, 39); hospitaleiro e generoso
(Jó 31.16-21, 32); e fazendeiro próspero (Jó 31.38-40); era um homem sincero,
sem máscaras, sem fingimento (Jó 1.8; 1Tm 6.11; 1Pd 2.1; 2Co 3.18).
Seus negócios eram feitos de forma íntegra, bem como
cumpria sua palavra e tratava os outros justamente, por isso era grandemente
respeitado pelos que o rodeavam quer na família ou fora da família. Homem reto
e imparcial, não comprava as pessoas nem se vendia aos ricos e poderosos do seu
tempo.
Sobretudo, Jó era um homem que temia a Deus e se
desviava do mal. Deus o chamava de meu servo Jó. Poucos homens alcançaram uma
condição tão elevada quanto Jó e permaneceram humildes e fiéis a Deus.
Em sua grande sabedoria foi o primeiro homem que falou
de onde procede o frio e de onde sopra o vento (Jó 37.9); falou do fenômeno das
nuvens que retém as águas para que possa chover sobre a terra (Jó 26.8).
Descreveu também o fenômeno dos raios e suas faíscas precursoras (Jó 28.26).
Foi Jó quem primeiro entendeu que o ar tinha peso (Jó
28.25); declarou que a Terra está suspensa sobre o nada (Jó 26.7). Somente
outros dois homens foram comparados a Jó – Noé e Daniel (Jó 19.25-27; 1Pd
10,11).
Deus cuidava de Jó com tanto
empenho que se revelou pessoalmente a ele, e com ele compartilhou a visão de
suas responsabilidades cósmicas. Um Deus que confessa sua preocupação com o
homem é um Deus que está profundamente envolvido no destino humano. De alguma maneira, em algum lugar, Deus está no seu trono, e tudo corre
bem no mundo, a despeito de teimosas evidências humanas em contrário.
Além de muitas riquezas, somente de ovelhas Jó possuía
um significativo número de 7.000, o que lhe proporcionava uma grande mobilidade
financeira, pois, parte da lã dos animais era vendida e tudo que sobrava podia
ser transformado em roupas para aquecer nos dias invernosos. Mas Jó possuía
ainda 3.000 camelos, 1000 bois e 500 jumentas, cujo leite era uma das iguarias
da época.
Ao todo, Jó possuía um total de 11.500 animais
domesticados, divididos naqueles tipos de animais que os homens ricos
precisavam: animais de trabalho, animais que serviam de alimentação e animais
de transporte. Tal riqueza capacitava-o a ter uma casa muito grande, vastas
propriedades e uma abundância de escravos, que mantinham todas as suas posses
em boa ordem. Ele era o maior homem de sua área e desfrutava de poder político
e favor entre seus vizinhos.
Jó era agraciado por uma numerosa prole, possuindo uma
boa esposa, sete filhos e três filhas. Eles formavam uma unidade familiar feliz,
livre de preocupações, seja no campo econômico, seja no campo da saúde, seja em
qualquer outro campo da vida diária – “Herança
do Senhor são os filhos; o fruto do ventre seu galardão” (Sl 127.3).
Jó era um homem profundamente zeloso e de muita
sensibilidade para as coisas espirituais não somente no trato com Deus em
relação à sua vida, mas também na vida dos seus filhos. Embora possuidor de uma
família abastada, alegre e feliz, Jó não se descuidava dos seus filhos, que já
adultos viviam a banquetear-se cada um
por sua vez, comendo e bebendo uns em casas dos outros.
Assim, decorrido o último dia dos banquetes, Jó
chamava a seus filhos e os santificava; levantava-se de madrugada e oferecia
holocaustos segundo o número de todos eles, pois dizia: Talvez tenham pecado os
meus filhos e blasfemado contra Deus em seu coração (Jó 1.4,5). Jó fazia isso
continuamente, pois como um verdadeiro sacerdote do lar, levantava-se todas as
madrugadas para orar pelos seus filhos e filhas.
Jó era elogiado pelos homens, e também foi elogiado
por Deus. O Adversário (Satanás) em suas andanças pela terra, havia observado
Jó, aquele grande homem, mas não demonstrou respeito por ele e duvidou da
autenticidade de sua espiritualidade, questionando a avaliação feita por Deus.
Satanás reagiu ante a declaração de Deus – E disse o
Senhor a Satanás: Observaste tu a meu servo Jó?
(Jó 1.8). Satanás vagueava pela terra, tal qual uma espécie de vagabundo
e cínico espiritual, observando o que faziam os homens, talvez interferindo
aqui e ali. Entre muitas loucuras que os homens faziam na terra, deve ter visto
pelo menos uma grande exceção no caso de Jó.
Satanás irritou-se com o santo e iminente Jó, pois
julgava que ele tivesse uma piedade falsa e pretensiosa, a qual cairia por
terra diante da mais leve provocação. Satanás estava ansioso para provar que a
sua avaliação do caráter de Jó era a que estava certa, e não a de Yahweh.
Assim, Satanás questionou Deus sobre qual homem vivo
não louvaria a Deus se gozasse das mesmas condições de Jó? Satanás manifestou a
pior forma de ceticismo e demonstrou incredulidade pela bondade humana.
Ele levantou a questão da motivação à espiritualidade
de Jó. Satanás não negou que, aparentemente, Jó era um modelo de piedade. Mas
acreditava que nele nada restaria de piedoso, caso todas as bênçãos materiais
concedidas por Deus lhe fossem removidas.
O papel de Satanás como adversário dos justos é mais
demonstrado no livro de Jó, que em qualquer outro livro do Antigo Testamento.
Entre as dezenove referências nominais a Satanás no Antigo Testamento, catorze
ocorrem no livro de Jó.
De Satanás emanam, em muitos casos, as doenças, a
perda dos bens, a desobediência e a violência (Jó 1.11-22; 2.4-7). Contudo, ele
somente age com a permissão divina – “E
disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto tem está na tua mão; somente
contra ele não estendas a tua mão....” (Jó 1.12-19).
E, quando Deus lhe permite executar os seus planos
perversos, é somente como instrumento para executar seus projetos divinos. No
caso de Jó, todos os esforços de Satanás para induzir o patriarca a pecar,
foram vãos, apenas deram como resultado a formação do seu caráter e o
aperfeiçoamento da fé em Deus (Jó 42.5).
Deus permitiu a Satanás destruir os bens e a família
de Jó; porém Ele fixou um limite até onde Satanás podia ir e não lhe concedeu o
poder de morte sobre Jó. Satanás lançou tempestade e pessoas violentas contra
Jó.
Porém Jó reagiu às fatalidades que lhe aconteceram,
com intensa aflição; mas também, com humildade, submeteu-se a Deus e continuou
a adorá-lo em meio à mais severa adversidade.
“Então, Jó se
levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra e
adorou, e disse: Nu sai do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor
o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor”. Em tudo isto Jó
não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma (Jó 1.21; 2.10).
Por duas vezes, Satanás põe em dúvida a fidelidade de
Jó, alegando que ele era temente a Deus, por causa dos benefícios recebidos
dele (Jó 1.11; 2.4,5). Com isto Satanás quis afirmar que o amor que Jó tinha a
Deus não era sincero e que Jó era um homem egoísta que adorava a Deus somente
para tirar proveito disso.
Além disso, Satanás acusou Deus de ingênuidade, pois
se deixara enganar, obtendo assim a devoção de Jó em troca das bênçãos que lhe
dispensava (Jó 1.9,10). Dessa forma quis deixar implícito que se Deus deixasse
de proteger Jó e retirasse-lhe as riquezas, a saúde, a família e tudo que lhe
trazia segurança e felicidade, Jó passaria a blasfemar dele na sua face (Jó
1.11; 2,5).
Mas Jó conseguiu deixar Satanás envergonhado, depois
de várias tentativas para conduzir o patriarca ao pecado de blasfêmia. Em
primeiro lugar com a permissão de Deus tomou tudo quanto Jó possuía, depois,
também com a permissão de Deus tirou a sua saúde e pôs-lhe uma chaga maligna.
Entretanto, mesmo assim Jó não foi vencido, pois não blasfemou (Jó 1.22).
Decepcionado e envergonhado, Satanás concluiu que tudo
que fizera contra Jó foi inútil, pois Jó venceu não somente as provações e
tentações, mas venceu o próprio Adversário – Satanás, que desistiu e fugindo de
Jó, não voltou mais a Deus para fazer
acusações a Jó (Tg 4.7; 1Pd 5.8,9).
Ao saberem as adversidades de Jó, Elifaz, Bildade e
Zofar – três dos amigos de Jó vieram solidarizar-se com ele e confortá-lo. Os
consoladores de Jó, no entanto, eram apenas atormentadores, não podiam perceber
outra coisa além de uma retribuição divina regular, precisa e previsível.
Para eles Jó estava sofrendo porque merecia tal coisa,
e fizeram um esforço incalculável para ajudar Jó, procurando reconhecer algum
pecado grave, o que, segundo pensavam, fatalmente mostraria ser a verdade, da
capa de justiça com que Jó se vestia. Por fim, Deus os repreendeu pelo seu erro
(Jó 42.7).
Zofar, um dos três amigos molestos de Jó, cujo nome
significa peludo e áspero, foi o mais impetuosos dos três amigos, pois acusou a
Jó de dizer palavras vazias (Jó 11.2,3), bem como de estar sofrendo o que suas
más ações mereciam (Jó 20.4,5,29).
A vida cristã é
comparada a uma guerra – Assim escreveu Paulo a Timóteo: “Sofre comigo as aflições como um bom soldado de Jesus Cristo. Ninguém
que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar aquele que o
alistou para a guerra. E, se alguém também milita, não é coroado se não militar
legitimamente (2Tm 2.3-5).
E aos irmãos de Éfeso, Paulo exorta aos irmãos estar
munidos das armaduras de Deus para poder estar firmes contra as astutas ciladas
do Diabo (Ef 6.10-18). Nesta guerra cada crente deve estar muito bem preparado
e guerrear contra o reino das trevas, pois Satanás está disposto a fazer-nos
pecar contra Deus para levar-nos a viver segundo o sistema desse mundo vil
deixando de ser fiéis a Deus (2 Co 11.3).
Todos nós estamos sujeitos á acusações, até mesmo
daqueles que se dizem nossos amigos (Jó 16.20). Enquanto estivermos na terra
estaremos sujeitos a muitas provações e tentações, bem como muitos conflitos
com o adversário de nossas almas. O Senhor Jesus, porém, nos consola – “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais
paz: no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (Jo
16.33).
Mas podemos estar certos de que nada poderá nos
acontecer sem a devida permissão de Deus, e que todas as investidas de Satanás
contra nós poderão tornar-se em um meio de provarmos a nossa fidelidade a Deus.
Mesmo nas perdas, podemos desfrutar do amor divino. Um
indivíduo pode lançar-se nos braços da graça, do amor e do poder de Deus,
sofrendo no escuro, escudado exclusivamente em sua fé.
Há profundezas da fé que os justos podem obter, e que
lhe conferem coragem para enfrentar seus sofrimentos, sem duvidarem da
providência e dos desígnios de Deus. Um homem, mediante a sua fé, impõe-se à
sua situação adversa, obtendo nisso razão para prosseguir, significado,
desígnio e esperança.
Apesar de, talvez, não sabermos qual a razão de nossos
sofrimentos, pelo menos tomamos consciência da bondade e da providência
permanentes de Deus, o qual permite todas essas coisas, e assim podemos
descansar no Senhor.
Jesus falou de Deus como um Pai. Disse Ele: “Qual dentre vós é o homem que, se seu filho
lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente ?”
(Mt 7.9,10).
Podemos perder tudo nessa vida
– casa, dinheiro, emprego, excelentes oportunidades, relacionamentos, pai, mãe,
filho, filha, esposo, esposa e, até mesmo, a própria saúde. Mas apesar de todos
os infortúnios, devemos continuar crendo no Evangelho de Cristo, pois Ele é o
nosso baluarte e fotaleza.
Nele, as perdas redundam em
ganhos eternos conforme o profeta Habacuque declarou: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto
da oliveirta minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada
sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas; todavia, eu me alegrarei no
Senhor, exultarei no Deus da minha salvação. Jeová, o Senhor é minha força”
(Hc 3.17-19a).
Consultas:
Lições
Bíblicas EBD-CPAD - 3º. Trimestre 2012 – (Comentarista: Eliezer de Lira e
Silva).
COELHO,
Alexandre e DANIEL, Silas. Vencendo as Aflições da Vida. CPAD – Rio de Janeiro,
2012.
Bíblia
de Estudo Pentecostal – CPAD
Lições
Bíblicas EBD-CPAD - 1º. Trimestre 2003
CHAMPLIN.
R. N. O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Editora Hagnos.
CHAMPLIN.
R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Editora Hagnos.
ALEXANDER,
T. Desmond. Novo Dicionário de Teologia Bíblica. Editora Vida.
DAVIS, John. Novo Dicionário da Bíblia –
Ampliado e Atualizado. Editora Hagnos.
CHAMPLIN, R. N e BENTES, M.J. Ph.D.
Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos
RICHARDS, Laurence. Comentário Bíblico
do Professor – Editora Vida.
SWINDOLL, Charles R. Série Heróis da Fé.
Jó – Um Homem de Tolerância Heroica. Editora Mundo Cristão. São Paulo, 2004.
COELHO, Alexander e DANIEL, Silas.
Vencendo as Aflições da Vida. CPAD-2012.