IDOSOS E SEXUAL-IDADES
Amparo Caridade – Prof. UNICAP
Diário de PE – 30.09.2005
Certas figuras míticas ajudam a pensar a sexualidade que vivemos, em nosso ser e estar no mundo com os outros.
Eros, o deus do Amor entre os gregos, representa a força poderosa que faz com que todos os seres sejam atraídos uns pelos outros.
Vênus, sua mãe observava que quando Eros era criança, só crescia se estivesse em companhia de alguém que o amasse.
O mito ensina com isso que “o afeto necessita de ser correspondido para desenvolver-se” .
Para crescer Eros busca a bela Psique, para com ela fazer sua trajetória amorosa.
O mito reúne tanto a beleza encantadora de Psique que lisonjeia os sentidos, como outras dimensões que fazem mergulhar a arma num devaneio sem fim.
Eros e Psique nos remetem ao universo de dores e alegrias que o amor pode reunir.
Semelhante à própria vida que contém a morte, ou o prazer que contracena com a dor.
No dizer de Barthes há uma “lufada de aniquilamento que atinge o sujeito apaixonado por desespero ou por excesso de satisfação”.
Há o doer amoroso que é um abismo perigoso sim, um momento de hipnose, mas há também uma doçura abissal.
O mito reúne tanto a beleza encantadora de Psique que lisonjeia os sentidos, como outras dimensões que fazem mergulhar a arma num devaneio sem fim.
Eros e Psique nos remetem ao universo de dores e alegrias que o amor pode reunir.
Semelhante à própria vida que contém a morte, ou o prazer que contracena com a dor.
No dizer de Barthes há uma “lufada de aniquilamento que atinge o sujeito apaixonado por desespero ou por excesso de satisfação”.
Há o doer amoroso que é um abismo perigoso sim, um momento de hipnose, mas há também uma doçura abissal.
Cumprimento os amigos nesta semana do idoso e tenho a certeza de que, pela bagagem de experiência vivida entenderão esse mais além do corpo a que me refiro.
O olhar veiculado sobre a sexualidade é, em geral, endereçado ao corpo, à performance, aos genitais.
Um olhar consumista.
A discursividade induz a pensá-la magicamente satisfatória em corpos sarados, jovens e responsivos.
O olhar veiculado sobre a sexualidade é, em geral, endereçado ao corpo, à performance, aos genitais.
Um olhar consumista.
A discursividade induz a pensá-la magicamente satisfatória em corpos sarados, jovens e responsivos.
Felicidade fácil. Como se sexualidade tivesse idade ou se resumisse a um corpo e seus feitos. Mas ela situa-se num entrelace entre o real do corpo, o simbólico da linguagem e o imaginário da cultura onde estamos inseridos.
Nessa triangulação, a linguagem e a cultura têm inclusive o poder de subverter a ordem que é estabelecida pelo biológico.
Assim é que podemos fazer sexo, não apenas como quem tem fome, mas como quem faz poesia com os olhos, com o corpo, as mãos, os braços, abraços e entrelaces possíveis.
O corpo é o lugar onde se expressa o prazer que é sentido dentro de cada um, mas no ser humano o corpo todo é erógeno.
Eros nos habita por inteiro por toda a vida.
Como habita também o mundo, a filosofia, a arte, a poética, a literatura.
Por isso temos uma imensa capacidade de experimentar prazeres plurais.
Um bom papo, uma taça de vinho, uma boa música, um por de sol, uma boa leitura podem não ter a marca estonteante do orgasmo, mas contém sim, a filigrana do prazer que faz sentido, que não se apaga da memória, que ressoa no corpo e na experiência de vida.
Como habita também o mundo, a filosofia, a arte, a poética, a literatura.
Por isso temos uma imensa capacidade de experimentar prazeres plurais.
Um bom papo, uma taça de vinho, uma boa música, um por de sol, uma boa leitura podem não ter a marca estonteante do orgasmo, mas contém sim, a filigrana do prazer que faz sentido, que não se apaga da memória, que ressoa no corpo e na experiência de vida.
A sexualidade mais bonita se ensaia nesse arrodeio de prazeres que cercam o corpo desejante.
O sentido eletriza a mão que alcança alguém que desejamos.
Dele se exige que entre no jogo e responda com amor.
O sentido eletriza a mão que alcança alguém que desejamos.
Dele se exige que entre no jogo e responda com amor.
O termo sexualidade é aplicado aos seres humanos justamente porque envolve o corpo e dimensões especiais como a espiritualidade, a arte, a metanóia, a transcendência.
Esses aspectos são compreendidos como sendo elevadores da experiência humana de viver o prazer.
A sexualidade em nós tem a potencialidade de fazer-se palavra, gesto, olhar, mistério, sedução., ternura, não apenas frenesi de um exercício sexual genital ilimitado.
A sexualidade em nós tem a potencialidade de fazer-se palavra, gesto, olhar, mistério, sedução., ternura, não apenas frenesi de um exercício sexual genital ilimitado.
Corpo no corpo, urgência dos instintos, sem a magia do mistério, dos afetos e emoções, não caracteriza o que é mais sutil, profundo e agradável no sexual que podemos fazer e viver enquanto sujeitos.
Na maturidade, no envelhecer esse modo de olhar e viver a sexualidade torna-se especial porque temos uma bagagem de experiência, uma capacidade de aguardar a satisfação, uma permissão para a sensibilidade demorada, saboreada, sem necessariamente ter que explodir.
No envelhecer há mais caminho, mais bagagem, mais entregas, menos fazer, mais viver.
Oxalá mais arte.
Oxalá mais arte.
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