Apocalipse 2.12-17
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM:
1.
Conhecer o contexto geográfico
e histórico da cidade de Pérgamo.
2. Elencar as principais características da igreja de Pérgamo.
3. Explicar quais eram as heresias encontradas na igreja
de Pérgamo.
Pense nisso:
“Não ameis o mundo,
nem o que no mundo há.
Se alguém ama o
mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a
concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é
do Pai, mas do mundo”
1 João 2.15,16)
Esboço:
Pérgamo representa o tempo que começou com a conversão de Constantino ao
cristianismo. Embora Constantino tenha sido apenas um cristão nominal.
Converteu-se mediante uma visão, na qual via a cruz com as palavras sob a
mesma: “Com este signo vencerás”. Presidiu no concílio de Nicéia, e levou o
império romano a tornar-se nominalmente cristão, pelo menos pondo fim à
perseguição aos cristãos.
O
poder romano foi consolidado sob seu governo ao derrotar a Licínio em 324 d.C.
Então decretou um edito universal e todo inclusivo de tolerância, que pôs fim à
perseguição dos romanos contra os cristãos.
Nos
seus últimos anos de vida ocupou-se de questões eclesiásticas, mas sempre
esteve envolvido em alguma forma de guerra.
Ficou
adiando seu batismo até adoecer mortalmente, evidentemente por pensar que o
batismo em água é que lavaria seus pecados passados.
Sua
própria vida e suas ações refletiram uma espécie de cristianismo paganizado; e
isso reflete a natureza mesma da igreja sob favor imperial, o que transparece
na carta a igreja de Pérgamo.
Profeticamente
falando, a carta à igreja de Pérgamo fala da paganização da igreja.
Historicamente,
isso também sucedeu em muitas igrejas da área da Ásia Menor – o que começara a
suceder até mesmo nos fins do primeiro século da era cristã.
O
gnosticismo, uma antiga heresia, essencialmente um misticismo oriental, que
misturava em si mesmo elementos do judaísmo, do cristianismo e da filosofia e
mitologia gregas, assediou a igreja por cento e cinqüenta anos.
Até
mesmo nos dias dos apóstolos, uma forma primitiva do gnosticismo fizera seu
aparecimento; e, em alguns lugares da igreja, o gnosticismo até chegou a obter
o controle, passando a apresentar-se como se fora a autêntica fé cristã.
Nada
menos de oito livros do Novo Testamento foram escritos para combater essa
heresia: Colossenses, as três epístolas pastorais, as três epístolas joaninas e
Judas.
Na
epístola aos Efésios, no evangelho de João e no livro de Apocalipse,
encontramos lugares onde essa heresia é aludida e combatida, embora nunca seja
chamada por seu nome, o que também sucede nos oito livros acima mencionados.
É
quase certo que determinados aspectos da falsa religião, mencionados na carta
de Pérgamo, sejam reflexos da heresia gnóstica.
Esse
foi o tipo de paganismo que, historicamente, tanto prejudicou a igreja cristã,
embora, quando veio a ser cumprido o aspecto profético dessa carta (no tempo de
Constantino e depois), o gnosticismo já tivesse desaparecido como um sistema.
Todavia
sempre tem havido elementos do gnosticismo que sobrevivem em qualquer era da
igreja, e em quase cada denominação evangélica.
Através
do gnosticismo, a imoralidade, sobretudo da modalidade sensual tornou-se a
ética oficial da cristandade.
“Mas tenho contra ti que toleras a mulher
Jezabel, que se diz profetiza; ela ensina e seduz os meus servos a se
prostituirem e a comerem das coisas sacrificadas a ídolos” (Ap 2.20) –
“....tenho contra ti....” – è algo
muito solene alguém ser julgado pelo grande Juiz e ser achado culpado,
sobretudo quando a culpa é um opróbrio para a igreja e é detrimento para nossa
própria porção mais nobre, prejudicando nossos próprios melhores interesses
espirituais.
É
a loucura do pecado e do egoísmo, a fraqueza causada pela inquisição espiritual
imprópria ou deficiente, que produz condições assim.
Várias
tentativas têm sido feitas para identificar o caráter histórico real referido a
figura de Jezabel. Alguns intérpretes pensam que ela simboliza a “Roma
apóstata” – a igreja de Roma.
Mas,
na verdade, ela era um elemento corruptor que operava dentro da igreja, mas não
era a própria igreja.
Pode-se
observar que o culto imoral representado por Jezabel (o gnosticismo religioso)
era odiado em Éfeso (Ap 2.20-24).
A
lição espiritual que há nisso é óbvia. Todo mal que não nos aborrece, a
princípio pode ser tolerado, depois aceito, e, finalmente promovido
oficialmente.
Na
igreja primitiva, os dons proféticos não se limitavam a homens (At 11.27).
Jezabel representava a imitação satânica dos dons proféticos.
Provavelmente
ela era psiquicamente dotada, e talvez fosse inspirada pelos demônios. Isso
ter-lhe-ia dado a autoridade de que ela precisava para promover o seu culto
licencioso.
Ela
era profetisa “auto-nomeada”, mas as forças satânicas que a usavam lhe davam
uma aparência de autoridade.
As
suas credenciais, sejam como for, eram estranhas á igreja. Era usurpadora que
usava o seu poder para destruir a igreja.
A
doutrina de Jezabel era extremamente liberal.
Particularmente,
ela não via defeito no adultério. Seduziu a vários homens da igreja, e, com mão
de ferro, prendia a homens com a sua imoralidade.
Mas
Apocalipse 2.20 também indica que essa “fornicação” (palavra que indica a
prática de todas as formas de perversão e excessos sexuais), também fazia parte
da adoração pagã das divindades que ela promovia.
Na
qualidade de representante do gnosticismo, ela ensinava que é bom que um homem
abuse do seu corpo mediante os excessos
espirituais, já que isso ajuda no sistema do mundo, em sua tentativa de
destruir a matéria.
Os
gnósticos chegavam ao extremo de dizer que os anjos se punham perto deles
(embora de forma invisível), encorajando-os a participar de todas as formas de
imoralidade, a fim de que, obtivessem “experiência”, e era mediante tal
experiência que obtinham o conhecimento, o qual para eles, era o meio mesmo da
salvação.
Tolamente
imaginavam que pode-se abusar do corpo, sem prejudicar ao espírito.
Não
consideravam a verdade que um homem é corrupto tanto no corpo quanto no
espírito. O pecado é algo que cativa e corrompe a personalidade inteira, e não
meramente a porção física do ser.
Historicamente,
tanto os nicolaítas como os seguidores de Balaão (esta narrativa pode ser
encontrada em Nm 22 – 24), provavelmente, também representavam formas
licenciosas do gnosticismo, porquanto o gnosticismo foi a heresia que, a começar
no tempo mesmo dos apóstolos, e durante cento e cinqüenta anos, assaltou à
igreja cristã.
Doutrinariamente,
os gnósticos negavam a verdade da “encarnação” – a fusão das naturezas divina e
humana em Cristo, bem como qualquer idéia de expiação na morte de Jesus. Daí
encontramos Paulo escrevendo aos Filipenses e desfazendo essa heresia (Fp 2 e
v. 5-11 e Cl 1.14-17).
Faziam
de Cristo apenas uma emanação angelical, um pequeno deus entre muitos.
De
acordo com essa doutrina, Jesus não podia ser identificado com o
“Espírito-Cristo”. Tão somente, este último teria possuído ao homem Jesus,
desde o momento do seu batismo, visando um propósito, uma missão, tendo-o
abandonado por ocasião de sua crucificação.
Portanto,
quando muito, Jesus teria sido apenas um mártir, pois o Cristo não poderia
provar a morte – segundo eles; já que não poderia ter-se encarnado sem
macular-se com a matéria.
O
evangelista João afirma no entanto, que o verbo se fez carne e habitou entre
nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheia de graça e
de verdade (Jo 1.14). E que Cristo foi concebido no ventre de Maria pelo poder
do Espírito Santo (Lc 1.29-31, 35).
Para
os gnósticos, a matéria era a essência mesma do pecado.
Criam
eles que o sistema mundial tenciona destruir toda a matéria, e que podemos
cooperar com esse sistema abusando do corpo que é algo material, através do
aceticismo – a forma combatida na epístola aos Colossenses, ou através da
licenciosidade – o tipo combatido nos demais sete livros que combatem o gnosticismo
no Novo testamento.
Em
1 Coríntios 6.15-17 Paulo diz “Não sabeis
vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tornarei, pois, os membros de
Cristo, e falo-eis membros de uma meretriz?
Não, por certo. Ou
não sabeis que o que se ajunta com a meretriz faz-se um corpo com ela?
Porque serão, disse,
dois numa só carne.Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito”.
Pérgamo
fora uma cidade da romana província da Ásia nos dias neotestamentários, na
parte ocidental do que agora é a Turquia Asiática.
Pérgamo fora a antiga capital de Atalo, a
cidade-estado doada ao império romano em 133 A.C.
Geograficamente,
ocupava importante posição, próxima do extremo marítimo do largo vale do rio
Caico.
Também
tinha boa importância comercial e política, além de sua importância religiosa.
Existia
ali uma antiga forma de adoração ao diabo, sendo assim cognominada “Trono de
Satanás”.
Também
era sede de um antigo culto de mágicas babilônicas, e tornou-se importantíssimo
centro da propagação do culto ao imperador, que era apenas outra forma de
religião falsa, usada pelas forças satânicas.
Tornou-se
a sede de quatro dos maiores cultos pagãos, a saber, de Zeus, de Atena, de
Dionísio e de Asclépio.
Também
estabeleceu ali o culto dos Magos, de origem babilônica. Os habitantes de
Pérgamo eram chamados de “principais guardiões do templo” da Ásia.
Quando
o culto ao imperador, cresceu em importância, dentro do império romano, Pérgamo
se tornou um de seus centros principais, embora outros falsos cultos ali nunca
tivessem fenecido completamente.
A
alusão que temos neste capítulo 2 de Apocalipse, ao “trono de Satanás”, mui
provavelmente diz respeito a esse culto. Conforme podemos ver no versículo13 – “Sei onde habitas, que é onde está o trono
de Satanás.....”.
Satanás
impulsionava os homens a adorarem um mero homem; esse era o seu “ardil”,
naqueles tempos.
O
paganismo fanático que em Pérgamo era controlado por Satanás, a ponto de a
cidade ter-se tornado centro da propagação das religiões iníquas, que eram
adversárias da igreja e a prejudicavam. O culto ao imperador era a manifestação
central dessa religião ímpia.
Sem
importar o que seja entendido por “trono de Satanás”, a linguagem atribui a
Pérgamo a proeminência má de ser o centro do antagonismo a Cristo e seu
evangelho.
Em
seu aspecto profético, supomos que o gnosticismo tenha tomado o lugar do “culto
ao imperador”, como manifestação do satanismo que ameaçava á igreja.
O
culto ao imperador criou ali um “trono de Satanás”, talvez havendo nisso alusão
à uma colina cônica que havia por trás da cidade, com cerca de trezentos metros
de altura, a qual desde tempos antigos, vivia recoberta de templos e altares
pagãos, o que fazia significativo
contraste com o monte de Deus referido em Is 14.13 e Ez 28.14,16.
O
grande e idólatra culto ao imperador incorporava em si mesmo todo o paganismo
que tornou Pérgamo famosa, embora não houvesse eliminado totalmente todas as
outras formas.
E
a igreja cristã, que se recusava a participar desse culto, automaticamente foi
tachada de traidora, tendo de sofrer as conseqüências de sua recusa.
Política
e economicamente a cidade florescia, tendo sido chamada por Plínio de a mais
ilustre de todas as cidades da Ásia.
Todas
as principais entradas da Ásia ocidental convergiam para ali. Hoje em dia não
resta mais glória a antiqüíssima cidade. Uma pequena aldeia, de nome Bergama,
ocupa o seu lugar, na planície abaixo do local da antiga Pérgamo.
Fontes de Consultas:
ANDRADE. Claudionor de. Lição EBD-CPAD
– 2º. Trimestre 2012. Manual do Mestre
CHAMPLIN, R. N e BENTES, M.J. Ph.D.
Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos.
CHAMPLIN. R. N. O NOVO TESTAMENTO
INTERPRETADO VERSÍCULO POR VERSÍCULO. Editora Hagnos.
CHAMPLIN. R. N. O ANTIGO TESTAMENTO
INTERPRETADO VERSÍCULO POR VERSÍCULO. Editora Hagnos.