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quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Lição 09 - JESUS O HOLOCAUSTO PERFEITO - 26.08.2018


Subsídios Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
Lição 09 - JESUS O HOLOCAUSTO PERFEITO - 26.08.2018
Texto Bíblico: Levítico 1.1-9
Por: Pr. João Barbosa


Depois da confusão das línguas em Gn 11.1-9, os descendentes de Noé espalharam-se por todas as partes, levando consigo o verdadeiro conhecimento de Deus, porque até então não havia registro de idolatria. O que ocorreu no transcurso do tempo é brevemente descrito por Paulo em sua carta ao Romanos 1.19-32.

As nações se afastaram da adoração pura de Deus e cedo perderam de vista sua gloriosa divindade. O resultado foi a cegueira espiritual. Em lugar de virem a Deus através dos corpos celestes, começaram a adorar esses corpos como se fosse Deus;  como nos mostra o Salmo 19.1-6 e Sl 105, onde diz que a natureza expressa a presença de um Deus Criador.

Em vez de reconhecer que o homem  foi feito à imagem de Deus, começaram a fazer um Deus da imagem do homem. Desse modo a cegueira espiritual conduziu à idolatria.

A idolatria não era meramente uma questão intelectual; a adoração da natureza, que é a base da maioria das religiões pagãs, conduziu o homem a deificar (fazer deuses) de suas próprias concupiscências, e o resultado foi a corrupção moral.

Todavia, apesar dessa perversão, a adoração do homem tinha leves indícios os quais indicavam que houve um tempo quando ele melhor entendiam as coisas. Através da idolatria do Egito, da Índia dos Persas e da China,  descobre-se uma crença em um Deus verdadeiro.

Quando a escuridão espiritual cobriu as nações, como a corrupção moral havia coberto o mundo antediluviano, Deus começou de novo com Abraão, assim como havia feito anteriormente com Noé.
O plano de Deus era fazer de Abraão o pai de uma nação que restauraria o mundo à luz do conhecimento e da glória de Deus. No monte Sinai, Israel foi separado por Deus das demais nações para ser um povo santo.

E para dirigi-los na vida de santidade, Deus lhes deu um código de leis que governaria a sua vida moral, nacional e religiosa. Entre essas estavam as leis dos sacrifícios (Lv 1 – 7), as quais ensinavam à nação de Israel a maneira correta de aproximar-se de Deus e adorá-lo.

As nações tinham uma adoração pervertida; Deus restaurou em Israel a adoração pura e verdadeira.  Os sacrifícios mosaicos eram meios pelos quais os israelitas rendiam ao seu Criador a primeira obrigação do homem, a saber, a adoração.

Os mesmos eram oferecidos com o objetivo de alcançar comunhão com Deus, e remover todos os obstáculos que impediam essa comunhão. Em Lv de 1-7, encontramos pelo menos sete ofertas. Ofertas pelo pecado, ofertas por transgressões, ofertas queimadas, ofertas de paz, oferta de cereais e de líquidos derramados, ofertas de levantamento e de acenios e ofertas de cinzas da novilha vermelha.

Observamos que Levítico mostra sete tipos de ofertas diferentes e nove ocasiões ou momentos como esses sacrifícios deveriam ser apresentados.

1. Diariamente pela manhã e à tarde (Nm 28.3-8).
2. Aos sábados (Nm 28.9-10; Lv 24.8).
3. Na Lua Nova (Nm 28.11-15).
4. Na Festa das Trombetas (Nm 29.1-6).
5. Na Páscoa (Ex 12.1).
6. Na Festa dos Pães Asmos (Nm 28.17-24).
7. No Pentecoste (Nm 28.27-31; Lv 23.16-20).
8. No Dia da Expiação (Lv 16.3; Nm 29.7-11).
9. Na Festa dos Tabernáculos (Nm 29.13).

Os mesmos eram oferecidos com o objetivo de alcançar comunhão com Deus, e remover todos os obstáculos que impediam essa comunhão.

Por exemplo, se o israelita pecasse e dessa maneira pereturbasse a relação entre ele e Deus, então traria a Deus uma oferta pelo pecado – o sacrifício de expiação.

Ou, se um israelita tivesse ofendido ao seu próximo e essa ofensa perturbasse sua relação com Deus então ele traria uma oferta pela culpa – o sacrifício de restituição (Lv 6.1-7).

Depois que o israelita estava bem com Deus e com os homens e desejava consagrar-se plenamente ao Senhor, então trazia a Deus uma oferta queimada (holocausto), o maior e mais sublime de todas as ofertas que eram oferecidas a Deus – o sacrifício de adoração (Lv 1).

Estava então o crente israelita pronto para desfrutar de uma feliz comunhão com Deus que o havia perdoado e aceito; portanto, ele apresentava uma oferenda de paz – o sacrifício de comunhão (Lv 3).

O holocausto era oferecido quando o adorador sentia necessidade de se aproximar de Deus visto que ele estava bem com os homens. Holocausto era uma oferta queimada por inteiro.

Essa palavra vem de holos, inteiro e kautos, adjetivo verbal de “kaiõ” que significa queimar. Ou seja, a vítima era totalmente queimada como em Ex 30.20; Lv 5.12; 23.8, 25, 27.

É usado em Mc 12.33 por um escriba que procurava questionar o Senhor Jesus sobre o primeiro mandamento da lei. Ocorre também em Hb 10.6,8.

O propósito desses sacrifícios cruentos cumpre-se em Cristo, o sacrifício perfeito. Sua morte é descrita como morte pelo pecado, como ato de levar o pecado (2Co 5.21).

Deus fez da pessoa de Cristo uma oferta pela culpa do pecado. Essa é a tradução literal de Is 53.10; ela pagou a dívida que não podíamos pagar, e apagou o passado que não podíamos desfazer.

Cristo é a nossa oferta queimada (holocausto), porque sua morte é exposta como um ato de perfeito oferecimento próprio (Hb 9.15; Ef 5.2). Ele é a nossa oferta de paz porque ele mesmo descreveu sua morte como um meio para se participar tendo comunhão com a vida divina (Jo 6.53,56; Lv 7.15,20).

A eficácia do sacrifício – Até que ponto os sacrifícios do VT foram eficazes? Eles asseguravam realmente o perdão e a pureza? Que benefícios assegurava para o ofertante?

Essas perguntas são de verdadeira importância, porque, comparando e contrastando os sacrifícios levíticos com o sacrifício de Cristo, compreenderemos melhor a eficácia e a finalidade do sacrifício de Cristo na cruz do Calvário.

O velho concerto era bom, na medida de sua finalidade e para o seu determinado propósito ao qual foi constituído; mas o novo concerto é melhor. Os sacrifícios do VT eram bons, se não fossem no sentido de terem cumprido um determinado propósito incluído no plano divino.

Isto é, que aqueles do povo de Jeová que houvessem pecado contra ele pudessem voltar ao estado da graça, serem reconciliados e continuarem no gozo de comunhão com ele.

Quando um crente israelita havia fielmente cumprido as condições, então podia descansar sobre a promessa; como está escrito “O sacerdote por ele fará expiação do seu pecado e lhe será perdoado” (Lv 4.26).

Quando um israelita esclarecido trazia uma oferta estava ele cônscio de duas coisas: Primeira, que o arrependimento em si não era o suficiente; era indispensável uma transação visível que indicasse o fato de ser removido o pecado (Hb 9.22).

Mas por outro lado, ele aprendia com os profetas que o ritual sem a correta disposição interna do coração também era mera formalidade sem valor.

O ato de sacrifício devia ser a expressão externa dos sacrifícios internos de louvor, oração, justiça e obediência – os sacrifícios do coração quebrantado e contrito (Sl 26.6; 50.12-14; 4.5; 51.16; Pv 21.3; Am 5.21-24; Mq 6;6-8; Is 1.11-17).

“O sacrifício (oferta de sangue) dos ímpios é abominação ao Senhor”, declarou Salomão (Pv 15.8). Os escritores inspirados, em termos claros, externaram o fato de que as “emoções ritualistas não acompanhadas de emoções de justiça eram devoções inaceitáveis”.

O sacrifício único do NT é melhor. Embora reconhecessem a divina ordenação dos sacrifícios de animais, os israelitas esclarecidos certamente compreendiam que esses sacrifícios de animais não podiam ser o meio perfeito de expiação.

1. Havia grande disparidade entre um irracional e irresponsável e o homem feito à imagem de Deus. Era evidente que o animal não constituía sacrifício inteligente e voluntário. Não havia nenhuma comunhão entre o ofertante e a vítima.

Era evidente que o sacrifício do animal não podia comparar-se em valor à alma humana, e nem tampouco exercer qualquer poder sobre o homem interior.

Nada havia no sangue da criatrura irracional que efetuasse a redenção espiritual da alma, a qual somente seria possível pela oferta de uma vida humana perfeita.

O escritor inspirado externou o que certamente foi a conclusão, a qual chegaram muitos crentes do VT quando disse: “porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados” (Hb 10.4).

Quando muito, os sacrifícios eram meios temporários e imperfeitos de cobrir o pecado até que viesse uma redenção mais perfeita. A lei levou o povo à convicção dos pecados (Rm 3.20), e os sacrifícios tornaram inoperantes esses pecados de forma que não poderiam provocar a ira divina.

2. Os sacrifícios de animais são descritos como “ordenanças carnais”, isto é, são ritos que removeram contaminações do corpo, e expiaram atos externos do pecado (Hb 9.10).
Mas, em si, nenhuma virtude espiritual possuía “o sangue dos toros e bodes, santifica quanto a purificação da carne” (Hb 9.3); fizeram expiação pelas contaminações que excluíam um israelita da comunhão da congregação de Israel.

Exemplo, se a pessoa se contaminasse fisicamente seria considerada imunda e cortada da congregação de Israel até que se purificasse e oferecesse sacrifício (Lv 5.1,6), ou se ofendesse materialmente seu próximo; estaria sob a condenação até que trouxesse uma oferta pelo pecado (Lv 6.1-7).

No primeiro caso o sacrifício purificava a contaminação carnal; no segundo caso o sacrifício fazia expiação pelo ato externo mais não mudava o coração. O próprio Davi reconheceu que estava preso por uma depravação da qual os sacrifícios de animais não o podiam libertar (Sl 51.16,17).

Em 1Sm 3.14, Deus diz acerca da casa de Eli: “Portanto, jurei à casa de Eli que nunca lhe será expiada a iniquidade, nem com sacrifícios nem com ofertas de manjares”.

Davi orou a Deus pedindo renovação espiritual, porque reconhecia que os sacrifícios de animais não podiam proporcionar (Sl 51.6-10).

3. A repetição dos sacrifícios de animais denunciam a sua imperfeição; não podiam aperfeiçoar o adorador (Hb 10.1,2). Isto é, não podia dar-lhe uma posição ou relação perfeita perante Deus, sobre a qual pudesse edificar a estrutura do seu caráter. Não podia experimentar uma vez para sempre uma transformação espiritual que seria o início de uma nova vida.

4. Os sacrifícios de animais eram oferecidos por sacerdotes imperfeitos; a imperfeição de seu ministério era indicada pelo fato de que não podiam entrar qualquer hora no santo dos santos e, portanto, não podiam conduzir o adorador diretamente á divina presença.

“Dando nisto a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do santuário não estava descoberto” (Hb 9.8). O sacerdote não dispunha de nenhum sacrifício pelo qual pudesse conduzir o povo a uma experiência espiritual com Deus, e dessa forma tornar o adorador perfeito “quanto à consciência” (Hb 9.9).

Ao ser interpelado o israelita espiritual com respeito às suas esperanças de redenção, esse, à luz do mesmo discernimento que o fez perceber a imperfeição dos sacrifícios de animais, diria que a solução definitiva aguardava-se no futuro, e que a perfeita redenção estava em relação, de alguma maneira, com a ordem perfeita que se inauguraria com a vinda do Messias.

Essa revelação foi concedida a Jeremias. Esse profeta havia desanimado de crer que o povo jamais seria capaz de guardar a lei; seu pecado fora escrito com pena de ferro (Jr 17.1), seu coração era enganoso e mau em extremo (Jr 17.9).

Não podiam mudar o coração como o etíope não podia mudar a cor da pele (Jr 19.23); tão calejados estavam e tão depravados eram que os próprios sacrifícios não lhes podiam valer.

De fato, haviam se esquecido do propósito primordial desses sacrícios. Do ponto de vista humano o povo não oferecia qualquer esperança, mas Deus confortou a Jeremias com a promessa da vinda de um tempo quando, sob uma nova aliança os corações do povo seriam transformados, quando então haveria uma perfeita remissão dos pecados.

Em Hb 10.17,18 encontramos a inspirada interpretação dessas ultimas palavras em que se concretizaria uma redenção perfeita através de um sacrifício perfeito que dava a entender que os sacrifícios de animais haviam de desaparecer (Hb 6.10).

Por meio desse sacrifício o homem desfruta duma experiência “uma vez para sempre” que dá uma aceitação perfeita perante Deus (Hb 10.11,12).

5. Resta uma questão a ser considerada. É certo que haviam pessoas verdadeiramente justificadas antes da obra expiatória de Cristo. Abraão foi justificado pela fé (Rm 4.23) e entrou no reino de Deus (MT 8.11;lc 16.22).

Moisés foi glorificado (Lc 9.30,31) e Enoque (Gn 5.24) e Elias (2Re 2.11) foram transladados. Com certeza houve muitas pessoas santas em Israel que alcançaram a estatura espiritual desses homens dignos.

Em que base então foram salvos esses santos homens e mulheres do VT? Foram salvos por antecipação do futuro sacrifício realizado. A prova dessa verdade encontra-se em Hb 9.15; Rm 3.25, que ensinava que a morte de Cristo era, em certo sentido retroativa e retrospectiva. Isto é, que tinha uma eficácia em relação ao passado.

Hb 9.15 sugere o seguinte pensamento: A velha aliança era impotente para prover uma redenção perfeita. Cristo completou essa aliança e inaugurou a nova aliança com a sua morte, a qual efetuou “a redenção das transgressões que estava debaixo do primeiro testamento”.

Isso significa, que Deus ao justificar os crentes do VT assim o fez em antecipação a obra de Cristo, “a crédito”, por assim dizer. Cristo pagou o preço total na cruz e apagou a dívida. Deus deu aos santos do VT uma posição, a qual a velha aliança não podia comprar, e, assim, o fez em vista duma aliança vindoura que podia efetuar.

Consultas:
ANDRADE, Claudionor de.Comentarista da Lição Bíblica do 3º. Trimestre.  Adoração, Santidade e Serviço – Os princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico.
ANDRADE, Claudionor de.  Adoração, Santidade e Serviço – Os princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico. CPAD. Rio de Janeiro, 2018
WICLIFFE. Dicionário Bíblico. CPAD Rio de Janeiro, 2016.
VINE. W. E. Dicionário Bíblico. CPAD. Rio de Janeiro, 2010
ALEXANDER T. Desmond. Novo Dicionário de Teologia Bíblica. Editora Vida. São Paulo, 2009
PEARLMAN Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. Editora Dois Irmãos Ltda. Rio de Janeiro, 1963
CHAPLIN. R.N. Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Vl 1. Editora Hagnus. São Paulo, 2010

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