Subsídios Teológicos e Bibliológicos
para Estudo sobre:
Lição 08 - A SOBRIEDADE NA OBRA DE
DEUS - 19.08.2018
Texto Bíblico: Levítico 10.8-11;
1Tm 3.1-3
Por: Pr. João
Barbosa
O vinho na história
sagrada – Nas sagradas Escrituras,
o vinho, juntamente com o pão e o azeite, são vistos como bênção de Deus (Os
2.22). Aliás, o vinho era usado até mesmo como remédio (Lc 10.34).
No entanto, o seu mau uso levou homens santos a cometerem escândalos, torpeza
e até crimes. Haja vista os casos de Noé, de Ló, e de Davi. Após o dilúvio, Noé
voltou-se ao ofício de lavrador, e pôs-se a plantar uma vinha (Gn 9.20). E, após
ter preparado o seu vinho bebeu-o até embriagar-se.
Já fora de si, desnudou-se expondo vergonhosamente a sua nudez (Gn 9.20-29).
A intemperança do patriarca trouxe-lhe sérios problemas familiares, inclusive a
perda da liderança da humanidade, transferida para o seu filho, Sem. Depois
desse ato de Noé, Deus não voltou a tratar com ele, nada concernente ao plano
divino para com a humanidade
O álcool foi capaz de transtornar até mesmo um dos três homens mais
piedosos da história sagrada – Noé, Daniel e Jó (Ez 14.14). É por isso que
devemos nos precaver dos efeitos do vinho (Pv 20.1; 23.31).
Em algumas culturas evangélicas, o vinho é usado livremente. Alguns o
tomam com moderação. Outros, entretanto, descontrolam-se; embriagam-se; esborracham-se
como filhos das trevas. Não bastasse os males espirituais, morais e éticos, há
também os problemas físicos.
Seria bom que todo servo de Deus preferisse a cautela dos recabitas (Jr 35.1-19),
à ousadia de certos obreiros que fundados numa certa liberdade cristã, acham
que todas as coisas lhe são lícitas. Esquecendo-se de que nem todas nos convém
(1 Co 6. 12,13). O homem de Deus não deve ser chegado ao vinho, nem mesmo de
forma moderada.
A devassidão das
filhas de Ló – Preocupadas com a descendência do pai, as filhas de Ló embebedaram-no
em duas ocasiões (Gn 19.31,32). Em seguida, tiveram relações com o próprio pai,
dando origem a dois povos iníquos - Moabe e Amom (Gn 19.33-38).
Quem se entrega ao vinho está sujeito às dissoluções (Ef 5.18). Um
obreiro de Cristo jamais poderá encontrar-se em semelhante situação.
O vinho como
instrumento de corrupção – Para encobrir o seu adultério com Bate-Seba, o rei Davi convocou
Urias, que estava na frente de batalha, embriagou-o, e induzi-o a deitar-se com
a esposa adúltera e já grávida (2Sm 11.13).
Se o seu plano houvesse dado certo, aquela criança ficaria na conta de
Urias, o heteu. Tudo isto por causa do vinho.
O vinho no ofício
divino – Por simbolizar as
bênçãos de Deus o vinho foi usado no AT como oferenda ao Senhor e, no NT, serviu
para simbolizar o sangue de Cristo. Todavia, a palavra de Deus faz sérias
advertência quando ao seu uso.
No AT em sua oferta de manjares ao Senhor os israelitas fazia-lhe também
uma libação (pouco de um liquido que se tem e se derrama em homenagem a uma
divindade), de um quarto de um him de vinho – medida para líquidos mencionadas
na Bíblia equivalente a seis litros e dois decilitros conforme Lv 13.13.
Nessa oferta, o adorador reconhecia que tudo quanto existe pertence ao
Senhor. Em razão disso, deveria usar de forma santa e responsável tudo que Deus
lhe deixou (Pv 20.1).
Quanto aos ministros do altar, eram severamente advertidos sobre o uso
do vinho. Leia atentamente Lv 10.8-11, quando os filhos de Arão, Nadabe e Abiú
ofereceram fogo estranho diante do altar.
O que levou o Senhor a falar a Arão dizendo: vinho ou bebida forte, tu e
teus filhos contigo, não bebereis, quando entrades na tenda da congregação para
que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as gerações (Lv 10.8,9).
Alguns estudiosos acreditam que um dos motivos da morte de Nadabe e Abiú
é que eles julgavam-se acima das recomendações e preceitos e abusavam do vinho
e de bebida forte. E assim, adentraram ao santuário sem o fogo apropriado à queimação
do incenso. Então Deus os matou diante do altar do incenço.
Tendo em vista os exemplos lamentáveis e vergonhosos da história sagrada,
o NT faz-nos severas advertências quanto ao uso do vinho. Na igreja primitiva o
candidato ao santo ministério, não podia ser um homem escravizado pelo vinho
(1Tm 3.3,8; Tt 1.7).
O rebanho do Senhor não pode ser confiado a um homem que é dado ao vinho
ou bebida forte (Pv 31.4). Os ministros do altar deve ser homens usados pelo Espírito
Santo. No Dia de Pentecostes, o Espírito Santo foi poderosamente derramado
sobre os discípulos (At 2.1-4).
E alguns pensaram que os discípulos estavam embriagados (At 2.13). Mas,
após o sermão de Pedro, todos vieram a conscientizar-se de que eles falavam e
operavam no poder de Deus (At 2.40,41).
Os apóstolos e todos os seguidores da igreja primitva, proclamavam o
evangelho sempre na virtude do Espírito Santo (At 4.8,31; 7.55; 13.9).
O uso do vinho na Ceia
do Senhor – Jesus não usou uma
bebida fermentada ao instituir a Ceia do Senhor (Mt 26.26-29; Mc 14.22-25; Lc
22.17-20; 1Co 11.23-26). Esses dados nos leva a conclusão de que Jesus e seus
discípulos beberam no ato da instituição da Santa Ceia suco de uva não
fermentado.
Nem Lucas, nem qualquer outro escritor bíblico emprega a palavra “vinho”.
(No grego oinos), no tocante à Ceia
do Senhor. Os escritores dos três primeiros evangelhos empregam a expressão “fruto
da vide” (Mt 26.29; Mc 14.25; Lc 12.18).
O vinho não fermentado é o único “fruto da vide”. Verdadeiramente
natural, contendo aproximadamente vinte por cento de açúcar e nenhum álcool. A
fermentação destrói boa parte do açúcar e altera aquilo que a videira produz.
O vinho fermentado não é produzido pela videira. Jesus instituiu a Ceia
do Senhor quando ele e seus discípulos estavam celebrando a Páscoa. A lei da Páscoa
em Ex 12.14-20, proibia, durante a semana daquele evento, a presença de seor – palavra hebraica para fermento ou
qualquer agente fermentador (Ex
12.15).
Seor, no mundo antigo, era frequentemente
obtido da espuma espessa da superfície do vinho quando em fermentação. Além
disso, todo o hametz (qualquer coisa
fermentada) era proibido (Ex 12.19; 13.7). Deus dera essas leis porque a
fermentação simbolizava a corrupção e o pecado (Mt 16.6,12; 1Co 5.7,8).
Jesus, o Filho de Deus, cumpriu a lei em todas as suas exigências (Mt
5.17). Logo, teria também cumprido a lei de Deus para a Páscoa, e não teria
usado vinho fermentado.
Um intenso debate tem atravessado os séculos entre os rabinos e estudiosos
judaicos sobre a derivação ou não dos derivados fermentados da videira durante
a Páscoa.
Aqueles que sustentam uma interpretação mais rigorosa e literal das
escrituras hebraicas, especialmente Ex 13.7, declaram que nenhum vinho fermentado
deveria ser usado nesta ocasião.
Certos documentos judaicos afirmam que o uso do vinho não fermentado na
Páscoa era comum nos tempos do NT. Por exemplo: “segundo os evangelhos sinópticos”,
parece que no entardecer da última semana da vida, Jesus entrou com seus discípulos
em Jerusalém, para com eles comer a Páscoa na Cidade Santa.
Neste caso, o pão e o vinho do culto da Santa Ceia instituído naquela
ocasião por ele, como memorial, seria o pão asmo e o vinho não fermentado do
culto seder” – cerimonial realizado na primeira noite da Páscoa judaica em que
se recorda a história do Êxodo e a libertação do povo de Israel.
No AT, bebidas fermentadas nunca deviam ser usadas na casa de Deus, e um
sacerdote não podia chegar-se a Deus em adoração se tomasse bebida embriagante
(Lv 10.9). Jesus Cristo foi o sumo sacerdote de Deus do Novo Concerto, e
chegou-se a Deus em favor do seu povo (Hb 3.1;5.1-10).
O valor de um símbolo se determina pela sua capacidade de conceituar a
realidade espiritual. Logo, assim como o pão representava o corpo de Cristo e
tinha de ser pão asmo (sem a corrupção da fermentação), o fruto da vide,
representando o sangue incorruptível de Cristo, seria melhor representado por
suco de uva não fermentado (1Pe 1.18,19).
Uma vez que as Escrituras declaram explicitamente que o corpo e o sangue
de Cristo não experimentaram corrupção (Sl 16.10; At 2.27; 13.37), esses dois
elementos são corretamente simbolizados por aquilo que não é corrompido nem
fermentado.
Paulo determinou que os crentes coríntios tirassem dentre eles o
fermento espiritual, o agente fermentador “da maldade e da malícia” porque
Cristo é a nossa Páscoa (1Co 5.6-8).
Seria contraditório usar na Ceia do Senhor, um símbolo de maldade, algo
contendo levedura ou fermento, se considerarmos os objetivos dessa ordenança do
Senhor, bem como as exigências bíblicas para dela participarmos.
A sobriedade e a temperança são virtudes que devem acompanhar os
ministros do altar.
Consultas:
ANDRADE,
Claudionor de.Comentarista da Lição Bíblica do 3º. Trimestre. Adoração, Santidade e Serviço – Os princípios
de Deus para a sua Igreja em Levítico.
ANDRADE,
Claudionor de. Adoração, Santidade e Serviço
– Os princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico. CPAD. Rio de Janeiro,
2018
WICLIFFE.
Dicionário Bíblico. CPAD Rio de Janeiro, 2016.
DOCKERY,
David S. Manual Bíblico Vida Nova. Editora Vida Nova. São Paulo 2001
DAVIS
John. Novo Dicionário da Bíblia. Editora Hagnus. São Paulo 2008
Bíblia
de Jerusalém. Editora Paulus, 2013
Bíblia
de Estudo Pentencostal
CHAPLIN.
R.N. Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Vl 1. Editora
Hagnus. São Paulo, 2010
ADMACHER.
Early D.O Novo Comentário Bíblico – Novo Testamento. com recursos adicionais.
Editora C Gospel. Rio de Janeiro 2010
ADMACHER.
Early D.O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento. com recursos adicionais.
Editora C Gospel. Rio de Janeiro 2010
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