Subsídios Teológicos e Bibliológicos
para Estudo sobre:
Lição 010 - OFERTAS PACÍFICAS PARA UM
DEUS DE PAZ - 02.09.2018
Texto Bíblico: Levítico 7.11-21
Por: Pr. João
Barbosa
Qualquer israelita podia apresentar uma oferta pacífica além dos
sacrifícios feitos para expiação e a consagração, visto tratar-se de uma oferta
voluntária. Algumas qualificações para os animais sacrificiais eram menos
exigentes.
Eram permitidos animais machos e fêmeas (Lv 3.1,6). O animal era abatido
à entrada do átrio externo. (Lv 3.1,2,7,8,12,13). E seu sangue era aspergido
sobre o altar (Lv 3.2,8,13). As entranhas eram inteiramente queimadas.
O sacerdote podia levar o peito e comê-lo com sua família num lugar
limpo. Antes de toma-lo para si, o sacerdote tinha de reconhecê-lo como oferta
levantada. O sacerdote tinha que levantar para o alto a porção dele para deixar
claro que era do Senhor (Lv 7.34; Ex 29.27,28).
Depois ele tinha que agitá-la como oferta movida para simbolizar que era
do Senhor, e que era pela provisão divina que viria pertencer ao sacerdote como
alimento. O ofertante também podia apresentar bolos como pães asmos como parte
da oferta de ações de graças (Lv 7.12).
A oferta de ações de graças é geralmente considerada como um sinônimo da
oferta pacífica. O sacerdote também tinha licença de tomar um dos bolos asmos,
movê-lo como oferta movida e consumi-lo.
A última etapa da oferta pacífica era a refeição comunitária, onde o
ofertante e sua família desfrutavam daquelas partes da oferta que não tinham
sido queimadas nem levadas pelo sacerdote (Lv 7.15-17).
As regras rigorosas estipulavam que elas deviam ser comidas por pessoas
ritualmente puras, em um lugar ritualmente puro perto do santuário, e
declaravam qual era o período de tempo durante o qual o alimento podia ser
desfrutado.
Regularmente, a oferta pacífica era feita durante a Festa das Semanas
(Lv 23.19,20), como símbolo de gratidão a Deus. Era associada ao voto do
nazireado (Nm 6.17-20) e à ordenação de um sacerdote (Ex 29.19-34; Lv 8.22-32).
Frequentemente era feita uma oferta pacífica durante ou depois de períodos
de perigos, adversidades ou renovação espiritual da nação, tais como guerra,
fome, pestilência, dedicação do templo e reformas.
Ofertas voluntárias – Essas ofertas incluíam as dádivas
apresentadas para cumprir um voto: ofertas votivas ou “voto”, (Lv 7.16,17; 22.21; 27; Nm 6.21; 15.3-16;
30.11). O voto era feito como parte de um pedido a Deus, e depois pago quando o
pedido era concedido como no caso de Jacó (Gn 28.20-21; 35.1-3).
No caso de Ana (1Sm 1.11; 24-28).
No caso de Davi, rei de Israel (Sl 22.15; 56.12; 61.5; 8).
Ou podia ser uma resposta voluntária à bondade de Deus. O cumprimento
desse último voto coincide com a oferta de ações de graças (Lv 7.12,13,15;22.29;
2Cr 33.16; Sl 50.14.23; 116.17;).
Outro tipo de oferta
voluntária (Ex 35.27-29; 36.3;
Lv 7.16; Nm 15.3; Dt 12.7; 16.10; 23.23; Ez 46.12). Por causa da natureza
espontânea da oferta voluntária, um boi ou um carneiro desproporcionado era
aceitável (Lv 22.23).
Quando o piedoso israelita trazia ao Senhor uma oferta pacífica, estava
demonstrando ali, diante do altar, por intermédio de gestos e ações dramáticas,
a graça que inundava a sua alma. O ofertório era a expressão máxima
exteriorizada ali perante a congregação de Israel: os favores imerecidos de
Deus.
E se tantas bênçãos tinha recebido de Deus, porque não oferecer ao
Senhor uma oferta de paz? Em sua saudação às igrejas, Paulo saudava com ofertas
de paz (Rm 1.7; 1Co 1.3; Ef 1.2).
Graça e paz, a comunidade dos sacrifícios de louvores – Em suas epístolas,
Paulo saudava as igrejas com uma fórmula que, embora provinda do grego e do
hebraico, expressava a plenitude do evangelho: graça e paz (Rm 1.7; 1C0 1.3; Ef
1.2).
Ao dirigir-se aos santos com uma expressão tão profunda e significativa o
apóstolo conscientizava-os de que eles se constituaim na comunidade de sacrifícios
de louvores e paz com excelência: a obra da graça.
Mesmo sem a beleza da liturgia e do cerimonialismo levíticos, não
deixavam eles de expressar toda formosura da vida cristã. O que é o sacrifício
de louvor? Atentemos às palavras do autos da epístola aos Hebreus: “Por meio de
Jesus Cristo, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto
dos lábios que professam o seu nome (Hb 3.15).
Nessa exortação, distinguimos a diferenca entre o sacrifício de louvor
do antigo e do N.T. O primeiro era gestual e dramático; o segundo é oral e
marcado por amorosas proposições. O primeiro dependia de um altar; o segundo
tem como altar o próprio adorador que sotereologicamente, é o templo do Espírito
Santo.
Na antiga aliança, o crente dependia de um lugar específico para
oferecer sua oferenda ao Senhor, já na economia do NT os discípulos de Jesus é
instado a demonstrar o seu culto racional em todos os tempos e lugares; ele é o
altar do santuário (1Co 3.16; Rm 12.1).
A excelência da
oferta pacífica – Os dois sacrifícios da história sagrada são holocausto e oferta pacífica.
A voluntariedade da oferta pacífica visivelmente demonstra no livro de Levítico
(Lv 7.12), essa oferta para ser caracterizada como tal, deveria ser oferecida
junto com ações de graças; nenhuma petição era admitida.
Naquela ocasião o israelita tinha como único objetivo agradecer e adorar
ao Senhor por tudo que Deus tinha operado em sua vida. No livro dos Salmos as
ofertas pacíficas são manifestas em louvores a Deus pelas suas benignidades (Sl
106.1; 118; 136).
Na economia do NT somos instados a oferecer a Deus ações de graças em
todo tempo (1Ts 5.18). Paulo entendia que se assim fizéssemos nunca perderíamos
a comunhão com Deus, com os irmãos e com Cristo (Cl 3.15).
Existiam três tipos
de ofertas pacíficas: 1. Ações de graças –quando o ofertante agradecia ao Senhor por algum
favor alcançado. Nessa ocasião o crente hebreu oferecia ao Senhor bolos e
coscorões asmos amassados com azeite.
Os bolos, feitos da flor de farinha, tinham de ser fritos (Lv 7.12-15).
A carne, que acompanhava o sacrifício pacífico, devia ser consumida no mesmo
dia (Lv 7.15).
Os produtos trazidos a Deus eram acompanhados de louvores (Hb 13.15). Tanto
ontem quanto hoje, somos instados a louvar e enaltecer continuamente ao Senhor.
2. Voto
– Quando o crente hebreu estava em grandes angústias e dificuldades faziam
votos ao Senhor prometendo-lhe oferta pacífica (Gn 28.20; 1Sm 1.11). Neste caso
específico o sacrifício poderia ser comido tanto no mesmo dia quanto no dia
seguinte.
( Lv 7.15,16;).
No terceiro dia nada dele podia ser ingerido. O voto, por ser uma ação
voluntária, requeria igualmente uma atitude voluntária. Que o ofertante
participasse das ofertas com alegria e regozijo.
3. Oferta movida – Na última etapa, o adorador
entregava a oferta pacífica ao sacerdote que, seguindo o manual levítico,
aspergia o sangue do sacrifício sobre o altar. Em seguida queimava a gordura do
animal (Lv 7.30).
O peito era entregue a Arão e a seus filhos. Num último ato, o sacerdote
movia a parte mais excelente da oferenda perante o altar: o peito e a coxa (Lv
7.31-35).
Os obetivos das ofertas
pacíficas eram dois: Aprofundar a comunhão entre Deus e o crente e levar o ofertante a
reconhecer que tudo quanto temos vem do Senhor, porque dele é a terra e a sua
plenitude (Sl 24.1).
Davi rei de Israel foi o homem que em todo Israel, mais sacrifício pacífico
apresentou ao Senhor (Sl 22.25; 56.12; 61.5,8). Os seus cânticos em si mesmo, já
são um sacrifício de louvor e paz ao Deus de Abraão.
Sacrifícios e ofertas
no NT – Jesus foi para o
templo na Páscoa e participou da refeição pascal. Ordenou que os leprosos
fossem aos sacerdotes para se submeterem à purificação ritual e levar as ofertas
exigidas pela lei (Mt 8.4; Lc17.14).
No Sermão da Montanha nosso Senhor não rejeitou as ofertas sacrificiais,
mas ressaltou que as pessoas deveriam ir primeiro reconciliar-se com os seus
irmão antes de poder se reconciliar com Deus (Mt 5.23,24).
Depois da crucificação e da ascenção de Jesus, os apóstolos aplicavam a
linguagem veterotestamentária do sacrifício e da expiação ao sacrifício de
Jesus (Rm 3.25; 8.3).
A epístola aos Hebreus demonstra em especial como o sistema sacrificial
do NT é cumprido por Jesus, como sumo sacerdote da nova aliança, por cujo
sangue todos os pecados podem ser expiados, e por quem o cristão pode ser
fortalecido para realizar as obras que agradem a Deus (Hb 13.20,21).
Paulo, da mesma maneira, exortava os cristãos em Roma a se oferecerem
como sacrifício vivo a Deus, como oferta dedicatória (Rm 12.1,2).
Consultas:
ANDRADE,
Claudionor de.Comentarista da Lição Bíblica do 3º. Trimestre. Adoração, Santidade e Serviço – Os princípios
de Deus para a sua Igreja em Levítico.
ANDRADE,
Claudionor de. Adoração, Santidade e
Serviço – Os princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico. CPAD. Rio de
Janeiro, 2018
WICLIFFE.
Dicionário Bíblico. CPAD Rio de Janeiro, 2016.
VINE.
W. E. Dicionário Bíblico. CPAD. Rio de Janeiro, 2010
ALEXANDER
T. Desmond. Novo Dicionário de Teologia Bíblica. Editora Vida. São Paulo, 2009
PEARLMAN
Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. Editora Dois Irmãos Ltda. Rio de
Janeiro, 1963
ELWELL
Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã. Editora Vida Nova,
São Paulo, 2009
BROWN. Raymond
E. Comentário Bíblico São Gerônimo – Antigo Testamento. Academia Cristã Ltda –
Paullus. São Paulo 2007
História
Doutrina e Interpretação da Bíblia. Editora Hagnos. São Paulo, 2008
CHAPLIN.
R.N. Antigo Testamento Interpretado – V7. Dicionário. Editora Hagnus. São
Paulo, 2010