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sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Vivendo com a Mente de Cristo - 31.12.17

Subsídios Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
     Vivendo com a Mente de Cristo - 31.12.17
Texto Bíblico: 1 Co 2.12-16
Por: Pr. João Barbosa
                                         
Ter A mente de Cristo significa estar menos focado em coisas e projetos naturais e mais naquilo que é do Reino de Deus. 

Significa compreender que não nascemos para ser o melhor profissional da área, ou para ganhar muito dinheiro, ou para galgar posições sociais e políticas.

Tudo isso, no entanto, pode até acontecer como consequência do que realmente significa a vontade do Pai.

As principais características da mente de Cristo estão evidenciadas em Fp 2.5-8, bem como em 1Co 2.16. No primeiro texto, refere-se ao seu esvaziamento da condição divina assumindo todas as dimensões e características humanas, num gesto de extrema humildade, submissão, obediência e sacrifício com o objetivo de concretizar a salvação humana.

No segundo texto, Paulo tem em vista as atitudes, as palavras e as ações tomadas por aqueles que vivem a lei do amor, porque não agem nem reagem de maneira natural às circunstâncias da vida.

Mas em tudo realizam movimentos que impressionam pela singularidade da manifestação de Deus através desses gestos, pois não levam em conta o egoísmo e a individualismo, tão comuns na sociedade, mas, sim, o altruísmo e a benevolência.

Humildade: o sentimento de Cristo – Há um grande desafio quando se explica o que é humildade, pois parte-se do princípio de quem fala sobre esse assunto é humilde, mas nem sempre isso acontece.

Geralmente, fala-se do que se quer ser ou alcançar, como é o caso aqui. A origem da palavra vem de humus, que significa solo, terra; aquele que está equiparado a terra, pois provém dela.

Humano deriva-se da palavra humus, significando que a principal característica humana é ser humilde, em contrapartida ao querer ser Deus.

Quando os seres humanos pretensamente invadem essa dimensão, que não lhes pertence, incorrem no mesmo erro de Adão e Eva influenciados por Lúcifer.

Isso é teologicamente chamado de hybris, quando o ser humano, ao invés de ter sua centralidade em Deus e depender dEle, desloca-se para si mesmo, auto investindo-se da prerrogativa divina.

Somente Cristo pode ser as duas coisas ao mesmo tempo sem que isso aniquilasse a estrutura do seu ser.

Quando as pessoas assumem esse lugar, elas automaticamente caminham para a autodestruição de seu ser, porque, sendo humanos, é-lhes impossível serem Deus. Somente Ele, pode ser o todo centrado em si mesmo.

A diferença é que não significa ser orgulhoso ou vaidoso para Ele como seria para os seres humanos, pois Ele é o único ser completo e perfeito. Portanto, deve centrar-se em si mesmo, pois não há outro ser no qual Ele possa afirmar-se para ser. Ele é o todo e o tudo; Ele pode tudo.

Amar a Deus sobre todas as coisas é deixar que toda glória seja dEle. Quando Lúcifer quis ser alguém, ele não levou em conta que havia outro alguém maior.

Portanto, a individuação do seu eu levou-o à sua ruína. Por isso, o orgulho é considerado, em algumas teologias o pecado dos pecados, pois dá origem a todos os demais pecados.

O problema do orgulho é que este supervaloriza o eu em detrimento do outro, e ninguém consegue ser alguém, a não ser que se deixe interagir com outros.

O orgulho é um pecado solitário porque o orgulhoso sempre quererá ficar acima dos outros e sempre quererá olhar para os outros de cima para baixo.

Ele não consegue olhar para cima, não precisa de Deus, mesmo achando que está com Ele.

Nos relacionamentos, o orgulho aniquila o outro e sempre exige do outro além do que ele pode dar. Por isso o orgulho sempre é competidor e dificilmente consegue pedir perdão, pois ele pensa que nunca erra.

Geralmente, por trás de uma virtude há um orgulho velado por ser quem é.

Assim, a virtude pode tornar-se um vício por alimentar o orgulho. Sendo assim, o orgulho pode atingir a qualquer um e normalmente está mais presente do que se possa imaginar.

A Bíblia afirma que é a humildade que precede a honra (Pv 15.33; 18.12); que é com os humildes que está a sabedoria (Pv 11.2); Deus exalta o humilde e humilha o soberbo (Ez 21.26).

Os apóstolos aconselharam a serem todos humildes uns para com os outros, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes (1Pe 5.5); e com humildade, cada um considere os outros superiores a si mesmo (Fp 2.3).

Jesus tornou bem-aventurado o humilde de espírito, porque dele é o Reino dos céus (Mt 5.3). A humildade é condição primeira para que Deus possa realizar sua obra na vida do crente, conforme Isaias afirmou:

“Em um alto e santo lugar habito e também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e para vivificar o coração dos contritos” (Is 57.15).

Paulo afirmou que pode haver apenas um motivo de orgulho: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz do nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual o mundo está crucificado para mim e eu, para o mundo” (Gl 6.14).

Entretanto, esse aparente orgulho de Paulo nada mais é do que estar crucificado com Cristo, que é a única maneira de vencer o orgulho, pois a cruz aponta para o que é humilhante e vil, para os nossos pecados levados sobre Cristo, para o estado em que não pertencemos mais a nós mesmos, mas unicamente a Cristo, onde o orgulho de fato é vencido.

“Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2.20).

Viver em humildade é saber valorizar o outro sem perder a própria identidade. Assim, tem-se a possibilidade de permanecer com o coração puro e altruísta.

A humildade revela bom senso, sempre será bem vista, tem capacidade de gerar coisas novas e boas nos outros, consegue persuadir mais facilmente e tem o poder de inspirar outros a seguir a Cristo.

Serviços e cuidados: a mente de Cristo – As atitudes de qualquer pessoa revelam seu estado mental; por mais que alguém tente disfarçar o mal, em algum momento ele aparecerá.

Ter a mente de Cristo é desenvolver os mesmos pensamentos e atitudes que Ele teve.

Não se trata apenas de uma aquiescência mental ou desejo esporádico, mas de um estilo de vida, de uma reordenação dos pensamentos, das vontades, dos desejos e das atitudes, no sentido de refletirem a pessoa de Cristo (Jo 13.15).

Organizar a vida em torno desse modelo de Cristo é desenvolver empatia e compaixão para com todos os que sofrem e necessitam da misericórdia divina, mesmo para com os inimigos e opositores.

Essa atitude não é fácil, mas Jesus agiu assim com aqueles que se levantaram contra Ele quando bradou na cruz: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem” (Lc 23.24). Jesus usou sua autoridade para abençoar as pessoas, não para ser servido (Mt 20.28).

Sua autoridade era exsousia, no sentido de alargar e ampliar as possibilidades humanas, e era exercida para beneficiar as pessoas, e não para prevalecer, disputar ou subjuga-las.

Seu poder era exercido a favor das pessoas, alargando suas possibilidades de ser e de atuar. Essa forma de poder e autoridade é uma das mais usadas no NT e aparece 108 vezes.

Já o sentido do verbo kratós, como poder e dominação exercidos pela força, no sentido físico ou por imposição moral, nunca é atribuído a Jesus, e Ele argumenta contra o seu uso (Mc 10.41-43).

A chave hermenêutica para compreender a mente de Cristo nos evangelhos é aprender a observar delicadamente as atitudes, as palavras e milagres de Jesus como gestos de cura, perdão e acolhimento e não somente sob a ótica de moralismos ou religiosidades; não que isso não esteja presente porque também são necessárias.

No contexto em que Paulo defende que devemos ter a mente de Cristo, ele afirma que “o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entende-las porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo e de ninguém é discernido” (1Co 2.14,15).

Significa que, para ter a mente de Cristo, é necessária essa hermenêutica do Espírito Santo, que abre os olhos às realidades antes não percebidas.

Assim, Ele deseja ver as pessoas livres de regras religiosas que tiram a vida (Mc 2.27). O coração deve estar livre de ídolos, pois acabamos nos tornando exatamente como os ídolos que veneramos (Lc 12.34).

Obediência: a vontade do Pai – O ministério de Jesus foi pautado pela obediência ao Pai. 
Todas as suas ações eram uma realidade daquilo que Ele ouvia o Pai falar (Jo 5.19); não que Jesus fosse um robô autômato, mas, sim, que havia uma concordância com o Pai em tudo, pois Ele estava na terra em obediência ao Pai.

Portanto para cumprir plenamente o eterno propósito divino, Cristo sujeitou-se completamente em obediência.

Ele sabia que a vontade do Pai era boa, agradável e perfeita (Rm 12.2), e isso lhe dava segurança e tranquilidade para sujeitar-se inteiramente. Esse mesmo sentimento deve ocupar também a mente e o coração dos discípulos de Cristo hoje.

A obediência de Jesus não se sujeitou a estruturas humanas, políticas ou religiosas, mas estritamente ao Pai. Sempre que havia conflitos entre a vontade do Pai e das estruturas, sua opção era ouvir a vontade de Deus.

Por esse motivo, Ele desafiou as autoridades políticas e religiosas com suas hipocrisias e preceitos mortos para estabelecer um novo jeito de adorar ao Pai em espírito e em verdade (Jo 4.23,24), confrontando as estruturas pesadas e impossíveis de serem obedecidas.

Nossa obediência deve seguir essa mesma lógica de Jesus quanto á obediência primeiramente a Deus Pai.

Entretanto, é preciso tomar cuidado e deixar-se discernir pelo Espírito Santo para não confundir a vontade do Pai com rebeldias e teimosias próprias de nossos corações, contra as estruturas com as quais compartilhamos a vida.

A obediência ao Pai poderá até confrontar as estruturas; porém, jamais o fará com rebeldias, amarguras, rancores ou qualquer maldade humana. Ainda que sob ameaças de morte e riscos, a obediência ao Pai sempre trará vida, como a de Cristo.

Nascemos para representar Cristo nessa terra, para transmitir, através da mensagem do evangelho, que existe um Deus além dessa vida que vale a pena aceitar e seguir, e que não há como representa-lo se o que prevalece ainda é a carnalidade, os maus desejos e os sonhos e projetos egoístas.

Ter a mente de Cristo significa deixar que todas essas coisas, se for necessário, morram, para que os projetos e sonhos dEle sejam instaurados como prioridade.

Fonte:
Extraído da Obra de:

POMMERENING, Claiton Ivan. A Obra da Salvação – Jesus Cristo é o Caminho a Verdade e a Vida. CPAD RJaneiro 2017

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