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quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

A Carta aos Hebreus e a Excelência de Cristo - 07.01.18

Subsídios Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
  Lição 01 - A Carta aos Hebreus e a Excelência de Cristo - 07.01.18
Texto Bíblico: Hebreus 1.1-14
Por: Pr. João Barbosa
                                         
Introdução – Acerca da carta aos Hebreus, assim se expressou Champlin: Apesar de que poucos escritos do NT sejam mais impressivos em sua eloquência, beleza e força de expressão, nenhum livro dessa coleção apresenta maior número de problemas sem solução do que esta Epístola aos Hebreus.

Até o seu próprio título tem sido criticado, porquanto não se tratou de uma Epístola e sim de um excelente tratado, dirigido aos crentes de todas as regiões e não apenas a alguns isolados grupos de hebreus convertidos ao cristianismo.

“É chamada de Epístola, e geralmente o é, mas de tipo todo peculiar. De fato, conforme alguém já disse, começa como um tratado, prosegue como um sermão, e termina como uma epístola”.

Os destinatários – Nos tempos bíblicos usava-se o termo judeu quase como se usa hoje o termo cristão. Situação paralela existia nos tempo em que foi escrita a Epístola aos Hebreus. Os termos judeus e hebreus podiam descrever a raça de uma pessoa ou ambas.

Muitos judeus que o eram por nascimento, eram de certa forma, estranhos ao que ensinava sua religião. Isto é, desconheciam o A.T. Todavia, o escritor desta carta supunha que seus leitores tinham razoável compreensão da Torá, ou seja, os cinco livros de Moisés.

Isto indica que os destinatários eram, em sua maioria, judeus que conheciam as Escrituras. Também eram cristãos.

Sabemos também, que eram cristãos de terceira geração. O autor adverte: “Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual tem sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram” (Hb 2.3).

A fonte da mensagem era o próprio Jesus; depois havia “os que a ouviram”, a saber, os apóstolos. A terceira geração constitui-se do escritor e dos destinatários que nesta passagem são referidos pelos pronomes “nós” e “nos.

Data em que foi escrita – O autor dá-nos duas evidências quanto à data em que escreveu a carta. A primeira conta das muitas referências que ele faz à perseguição que a igreja sofria.

Por exemplo: “Porque não somente vos compadecestes dos encarcerados, como aceitastes com alegria o espólio dos vossos bens, tendo ciência de possuirdes vós mesmos patrimônio superior e durável” (Hb 10.34).

Por volta de 64 A.D., quando Nero era imperador, a igreja cristã sofreu tal perseguição. A cidade de Roma, capital do império, ardera em chamas, como resultado de ação criminosa, conforme se conjeturava; muitos suspeitavam que Nero ateara fogo à cidade, para satisfazer a objetivos pessoais.

Para que as atenções não se voltassem sobre ele, o imperador lançou a culpa aos cristãos. Considerava-os como membros de uma sociedade secreta subversiva, perigosa para o império romano; devia, portanto, ser perseguida e exterminada.

Os muitos aprisionados foram submetidos a atrocidades brutais e humilhantes antes de serem mortos por processos cruéis e obscenos.

A segunda evidência encontra-se na referência que o escritor faz ao sistema sacrificial judaico. Ele admoestava os cristãos hebreus a não continuarem com o ritual de sacrificar animais como meio de obter o perdão dos pecados (Hb cap. 10).

Esses sacrifícios eram realizados somente no templo de Jerusalém. Em 70 A.D., Tito, general romano, destruiu Jerusalém e o templo; os sacrifícios de animais como parte integrante do templo judaico, chegaram ao fim. Até hoje os judeus não os restabeleceram.

Visto como o autor se dirigia a judeus que ainda ofereciam sacrifícios, a carta aos Hebreus deve ter sido antes de 70 A.D. Portanto, estas duas evidências internas levam-nos a uma data que se situa entre 64 A.D. (a perseguição de Nero) e 70 A.D. (o saque de Jerusalém).

O Autor – O problema mais difícil é o que se relaciona com o autor. Dos muitos possíveis candidatos, três se destacam como os mais prováveis. Um é o apóstolo Paulo, com sua especialização em Judaísmo.

A versão inglesa, conhecida como “King James”, atribui-lhe a autoria da carta, porém a nova tradução King James comemorativa aos 400 anos corrigiu essa falha e já não atribui mas a Paulo a autoria dessa carta como o fazem muitos evangélicos.

Depois vem Barnabé, o levita. Diversas de suas cartas foram encontradas entre os escritos dos pais da igreja primitiva. O terceiro forte concorrente é Apolo, de quem se disse que era “homem eloquente e poderoso nas Escrituras” (At 18.24). Embora muitos tenham concluído que Paulo é o autor, os pais da igreja e muitos eruditos através dos séculos têm-se dividido com relação ao problema.

Como disse Orígenes, pai da igreja primitiva: “É provável que só Deus sabe quem escreveu a Epístola.” O melhor é deixar o problema da autoria como o faz F.F.Bruce, a despeito das atribuições tradicionais e das brilhantes conjeturas, sua autoria é desconhecida”.

A maior, a mais sublime revelação de Deus aos homens foi a encarnação do verbo da vida: Jesus Cristo (Hb 1.1-4)  – Deus falou de modo ímpar. A carta aos Hebreus menciona logo na primeira fase, o fato fundamental de qualquer conhecimento do Deus autêntico.

Deus falou: Toda busca e indagação do coração humano por Deus, nas múltiplas formas de vida e reflexão religiosa, jamais poderia ter sido forçada – isso Deus realizou por iniciativa própria; ele revelou-se!

Toda a revelação do passado, e no presente tem origem no próprio Deus, sua palavra está no início de toda história. Por meio de sua palavra de onipotência Deus chamou o cosmo à existência (Gn 1.1,2; Hb 11.3).

No meio da história da humanidade, a palavra de Deus em Jesus Cristo tornou-se pessoa (Jo 1.1-3, 14; Ap 19.13); no final da história, a palavra criadora de Deus fará surgir um novo céu e uma nova terra (Ap 21.1); aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas (Ap 21.5); a revelação de Deus determina o curso da história de eternidade a eternidade.

Deus igualmente fala na história. Ele executa seu plano no decurso dos acontecimentos, no âmbito dos povos. O N.T. porém, não apenas conhece uma revelação genérica de Deus ao mundo gentílico (Mt 17.26,27; Rm 2.14,15), mas ele está consciente de que Deus agiu de modo especial na história de Israel:

Havendo Deus, outrora falado muitas vezes e de muitas maneiras, falado aos pais, pelos profetas. Com essa frase o apóstolo localiza-se conscientemente na tradição do A.T.

A história dos pais é para ele a história do falar divino. Nesta retrospectiva, não pensamos apenas nos profetas literários, cuja mensagem nos ficou preservada até o presente, pelos livros proféticos do A.T.

Mas toda história de Israel é acompanhada pela palavra dos profetas (Jr 7.25). Abraão e Moisés já são designados profetas (Gn 20.7; Dt 18.15,18; 34.10; Os 12.14). O tempo dos profetas começa propriamente com a decadência do sacerdócio sob Eli e seus filhos e com o início do reinado terreno em Israel.

Geração após geração até a destruição de Jerusalém, Deus envia ao seu povo profetas que foram incumbidos por ele de transmitir a Israel e a seus reis a mensagem de Deus. Os profetas traziam a Israel uma palavra de juízo e de clemência (2Re 17.13; Is 61.1,2; Jr 23.25-32).

Eram pessoas que se encontravam sob uma iluminação especial do Espírito Santo (1Pe 1.11) e sob proteção singular de Deus (Sl 105.15). Deus dava aos profetas conhecimento dos seus propósitos (Am 3.7). Os profetas eram os portadores dos mistérios das revelações de Deus.

O A.T. conhece uma ampla diversidade de formas de revelação: Muitas vezes e de muitas maneiras Deus falou outrora. Existe uma diversidade nas modalidades de revelação. Deus fala ao ser humano por meio de sonhos (Gn 20.3; 28.10; Dn 7.1);

Por aparição de anjos (Gn 19.1); por visões (Sl 89.20; Is 6.1; Jr 1.11; 24.1; Ez 1.1; Am 7.1, 4, 7; Os 12.11); por audições (Gn 22.11; 1Sm 3.4,10), até por meio de um animal Deus fala (Nm 22.28; 2Pe 2.16); por escritos em paredes (Dn 5.5).

Em Jó 33.14-22 Deus fala por sonhos e enfermidade. Para o escritor da carta aos Hebreus toda esta grandiosidade de adoração e de revelação da parte de Deus no A.T. para o escritor desta epístola tudo era revelação limitada, preliminar, parcial e inconclusa. É por isso que o escritor afirma: Nestes últimos dias nos falou pelo filho.

O inimaginável que ultrapassa todas as possibilidades e as limitações do nosso pensamento veio a ser realidade. Aquilo que os anjos anunciaram aos pastores de Belém “Hoje vos nasceu na cidade de Davi, o Salvador” (Lc 2.11); aquilo que o apóstolo João testemunhou “O verbo se fez carne” (Jo 1.14);

“O que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da palavra da vida (1Jo 1.1); o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29); “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30).

“Quem vê a mim vê o Pai” (Jo 14.7-9);  Ao falar pelo seu Filho, é impossível que chegue mais perto dos seres humano do que na pessoa do Filho Jesus Cristo. “Essa é a forma mais sublime e perfeita de nosso Deus falar conosco”. A vinda do Filho de Deus ao nosso mundo.

Sua vida, seu falar e agir, seu sofrimento e morte constituem o presente incomparável de Deus à humanidade pecadora, que vive na rebelião contra Deus. Jesus Cristo é o dom inefável de Deus (2Co 9.15). Ele além de revelação perfeita é ao mesmo tempo a última revelação de Deus aos homens.

Jesus Cristo é Criador do mundo, Redentor do mundo; e Consumador do mundo (Jo 1.14, 18; 2Co 3.18; 4.6; Cl 1.17; Sl 104. 29,30; 2Pe 3.5,7; Ef 1.7; Hb 9.14,26; Sl 110.1; Mc 16.19; At 2.33; Ef 1.21; Hb 8.1; 10.12; Mt 28.18).

A superioridade do Filho de Deus sobre os anjos (Hb 1.5-14) – O Filho é o primogênito, os anjos são entes que o adoram. Em Hb 1.7-12, ele enfatiza as insígnias de serviço: Os anjos são servos de Deus (Hb 1.14), o Filho é o rei e criador do mundo, ele o criou e também governa.

As passagens do A.T. são referidas diretamente a Cristo. Jesus é o Filho (Hb 1.5), ele é Deus (v.8), ele é o Senhor (v.10); ele serve como profeta (v 2), como sacerdote (v. 3), e como rei (v.8,9). Nisso é que ele é superior aos anjos.

O apóstolo justifica de modo indireto sua declaração referente à superioridade do Filho sobre todos emissários celestiais de Deus. Ele levanta a pergunta: Pois a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu filho hoje te gerei?

No A.T. o primogênito tinha a primazia entre seus irmãos. Ele era o filho amado, a ele competia a dupla parte da herança (Dt 21.17). Ele governava na família, os irmãos mais novos eram sujeitos a ele. Também Jesus Cristo como primogênito (Lc 2.7), é o filho amado (Mc 1.11).

É assim que o próprio Senhor afirma na parábola da vinha: Restava-lhe ainda “um, seu filho amado; a este lhes enviou, por fim” (Mc 12.6). Cristo é aquele que é amado incomparavelmente por Deus, ao qual foi entregue o governo do mundo.

Por isso, ele não é apenas o “rei de Israel” (Jo 1.49), mas a ele estarão sujeitos todos os reis e governantes da terra (Ap 19.16). Ao lado desse primogênito, o Filho de Deus, o Pai coloca a “igreja dos primogênitos” (Hb 12.23). Pessoas que receberam o “Espírito de adoração” (Rm 8.15), uma multidão de irmãos que no seu ser foram feitos iguais, entre os quais Cristo é o primogênito (Rm 8.29).

O primogênito é o amado e eleito, que foi chamado à soberania. Da mesma forma, a igreja dos primogênitos, a igreja de Jesus, é uma multidão de amados e eleitos, que será participante da soberania do Filho (Ap 20.6; 22.5).

O primogênito detém o ministério celestial de rei e sacerdote. De forma análoga também os membros da igreja dos primogênitos foram feitos por Deus reis e sacerdotes (Ap 1.5,6; 5.10).

A unidade do primogênito com a igreja dos primogênitos expressa-se de modo perfeito no fato de que a unidade de reinado e sacerdócio, profetizada no A.T. (Zc 6.13) é cumprida em Cristo e alcança o encerramento na comunidade aperfeiçoada e glorificada.

“Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelos dos teus pés. Jurou o Senhor e não se arrependerá: Tu és um sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedeque” (Sl 110.1,4).

Consultas:
GONÇALVES José. Comentarista da Lição Bíblica para Adultos EBD CPAD no 1º Trimestre 2018.  A Supremacia de Cristo: Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus
GONÇALVES José. .  A Supremacia de Cristo: Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus. Editora CPAD. Rio de Janeiro. Outubro, 2017
HENRICHSEN Walter A. Depois do Sacrifício – Estudo da carta aos Hebreus. Editora Vida. São Paulo 1996
LAUBACH Fritz. Carta aos Hebreus – Comentário Esperança. Editora Esperança. Curitiba, 2013
BOCH Darrell L. e GLASER Mitch. O Servo Sofredor – Editora Cultura Cristã. São Paulo, 2015
CHAFFER. Teologia Sistemática. Vl 7 & 8. Editora Hagnus. São Paulo, 2008
Bíblia Sagrada King James – Tradução Atualizada

CHAMPLIN. Novo Testamento Interpretado Versículo por versículo. Vl 5. Editora  Hagnus. São Paulo, 2012

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