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terça-feira, 16 de janeiro de 2018

A Superioridade de Jesus em relação a Moisés - 21.01.18

Subsídios Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
  A Superioridade de Jesus em relação a Moisés - 21.01.18
Texto Bíblico: Hebreus 3.1-19
Por: Pr. João Barbosa

A carta aos Hebreus apresenta o Senhor Jesus Cristo com uma vocação e uma missão e uma mediação superior a de Moisés.

No primeiro versículo de Hebreus 3.1, Jesus é chamado de apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão. A palavra apóstolo é oriunda do grego “apóstolos”, que significa “embaixador”, “mensageiro”, “enviado extraordinário”, “pessoa que representa outra pessoa que manda”.

Porém, a palavra equivalente que Jesus usou para “apóstolo” em aramaico é shaliah, alguém que recebeu a comissão e autoridade explícitas daquele que o enviou, mas sem capacidade de transferir seus atributos para outro.

Nos dias atuais, existe uma obsessão de alguns líderes que gostam de se intitularem apóstolos; entretanto, de acordo com os entendidos no assunto, os textos mais surpreendentes e reveladores das Escrituras acerca do apostolado são: Atos 15.4,6,22-23.

Os quais mostram presbíteros “ou pastores e bispos” ao lado dos apóstolos, deixando claro que nenhum líder da igreja teve a ousadia de se autointitular apóstolo, nem muito menos consagravam outros a apóstolo; pois, sabiam que se tratava de uma nomenclatura exclusiva dada por Jesus aos enviados diretamente por ele.

A superioridade de Cristo sobre Moisés (Hb 3.1-6) – O escritor aos Hebreus convoca os fiéis: considerai atentamente o apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão, Jesus.

Acaso não é impossível olhar para uma pessoa que nem sequer está visivelmente presente? Esse questionamento válido prontamente deixa claro para nós que não se está pensando num processo de percepção física, mas em uma experiência espiritual.

O autor desta carta refere-se à atualidade de Deus em nossa vida, da qual devemos nos conscientizar repetidamente de modo análogo (2Tm 2.8).

“Mantém na memória a Jesus Cristo”. Pelo que se evidencia, é intencional que o autor cite, aqui como em Hb 2.9 e 12.2, somente o nome de Jesus, sem o título messiânico Cristo.

Trata-se da identidade do Senhor terreno como o exaltado. O Cristo celestial, ao qual veem com os olhos do coração (Ef 1.18), não é outro senão Jesus de Nazaré anunciado pelos apóstolos.

O Senhor Jesus Cristo, que representa absolutamente tudo na confissão cristã e na vida da igreja, o autor contrapõe o homem de Deus, Moisés, que ocupava uma posição central no pensamento de Israel.

O que a obra redentora de Cristo significa para a igreja do NT era para os judeus a saída de Israel do Egito sob Moisés. Jesus e Moisés são comparados entre si, sendo que determinados termos chaves da explicação do texto do AT são singularmente importantes para o autor.

Ele é (“foi” [BLH]) fiel àquele que o constituiu, como também o era Moisés em toda a casa de Deus. Como peculiaridade é destacada a fidelidade (o termo grego pistós “fiel” tem parentesco com a palavra pistis “fé”).

Ambos, Moisés e Jesus, comprovaram sua fidelidade e sua fé na tribulação. As palavras “que o estabeleceu” não significam que Deus tivesse criado o Senhor Jesus Cristo como qualquer outro de suas criaturas celestiais ou terrena, mas elas indicam ou para instalação de Jesus como apóstolo e sumo sacerdote por parte de Deus, o Pai, ou para a sua encarnação.

Em todo caso o presente versículo destaca a dependência consciente de Deus em que Jesus viveu durante sua existência humana. Ele próprio assegurou aos judeus: “o Filho nada pode fazer de si mesmo, a não ser aquilo que vê seu Pai fazer; porque tudo o que este fizer, o Filho também o faz de modo semelhante” (Jo 5.19; 17.8a).

Jesus e Moisés são comparados entre si com respeito à “sua glória” e “honra”. Jesus está para Moisés como construtor de uma casa para a própria casa. Ele possui glória maior que Moisés, assim como o serviço da nova aliança ultrapasse em muito a glória do serviço da antiga aliança (2Co 3.7-11).

Também Jo 1.17 ressalta a mesma realidade: “Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo”. Nisso reconhecemos que, apesar de toda convergência entre Moisés e Jesus, existe uma diferença não apenas gradual, mas qualitativa!

No presente versículo Jesus é chamado “de construtor”. Mas aquele que estabeleceu (“construiu”) todas as coisas é Deus. Eminentes comentaristas constatam aqui uma indicação de que a origem de Jesus está em Deus mesmo, que é o criador do universo.

Contudo, analisando mais de perto os versículos 3 e 4 de Hebreus cap.3, vemos que Moisés e o tabernáculo, respectivamente Israel, são comparados conjuntamente com uma construção, à qual Cristo se  contrapõe como mestre construtor.

Jesus é quem “prepara a casa”, tanto no AT como no NT. É ele quem está por trás das incumbências dos profetas (1Pe 1.11) e dos anjos, do mesmo modo como ele se manifesta na vida da igreja.

Vamos analisar mais uma vez o texto de Hb 3.1-6. O autor contrapõe Jesus a Moisés. O texto acima citado mostra nitidamente o que ambos têm em comum. Ambos foram estabelecidos por Deus em sua elevada função, ambos preservam sua dependência de Deus na sua atuação terrena.

Ambos recebem o atestado de fidelidade imutável. E sobre o caminho de ambos paira a glória de Deus (em grego dóxa, cf.v3). Tanto Moisés como Jesus tem um povo. Para ambos os “povos”, em ambas “as casas” vale as mesmas leis de vida espiritual: é o mesmo Espírito Santo que fala às pessoas no AT e no NT.

Entretanto, precisamente na contraposição do homem de Deus e mediador da aliança do AT reluz com tanto maior intensidade a supremacia e magnitude do Filho de Deus.  Jesus Cristo não é um “segundo Moisés”, ele é mais!

Moisés foi um servo na casa de Deus. Jesus, porém, foi posto como Filho acima da casa. Moisés erigiu o santuário terreno, mas Jesus é o Senhor sobre a casa de Deus feita de pedras vivas (1Pe 2.5), sobre sua igreja o organismo do corpo, uma corporação celestial.

É também verdade que ambos têm um povo, mas a Moisés ele foi apenas entregue fiducialmente, (tipo um depositário fiel) enquanto Jesus conquistou seu povo de Deus, no NT por meio de seu sangue (At 20.28).

A peregrinação de Israel pelo deserto como exemplo que adverte a igreja (Hb 3.7-19) – O autor começa sua exortação recorrendo a uma palavra do AT. Ele introduz a citação do Sl 95.7-11, como uma fala do Espírito Santo (do mesmo modo a palavra do profeta Jeremias em Jr 31.33 é um testemunho do Espírito Santo, Hb 10.15). Embora sem explicar ou esclarecer o processo da inspiração no AT, o escritor de fato pressupõe como óbvio. Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração Hb 3.7).

Nessa advertência a Israel os intérpretes judaicos das Escrituras já reconheceram um mistério, interpretando-o para o tempo do Messias: quando todo o Israel deixa de lado sua desobediência contra Deus e a dureza de seu coração, e cumprir perfeitamente a lei de Deus, então virá o Messias, o Filho de Davi.

O Sl 95 olha em retrospecto sobre o tempo da peregrinação no deserto. Os caminhos de Deus com Israel correram de forma diferente da que as pessoas esperavam. Deus não isentou seu povo das provações e dos pesares.

Fome e sede, exércitos hostis e perigos sobre humanos tornaram-se tentações para o povo de Deus. “Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o Senhor, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração” (Dt 8.2).

Essa passagem explicita que já o AT e não apenas o escritor a partir do reconhecimento do NT – vê a peregrinação pelo deserto retrospectivamente como um tempo de tribulação divina, no qual estava dada a possibilidade da aprovação. Os israelitas não venceram a prova.

A pergunta que os israelitas levantavam na tentação era: “Está o Senhor no meio de nós ou não?” (Ex 17.7). Amargurados pelo que Deus permitia que lhes sucedesse, eles se tornaram insensíveis e rejeitaram a palavra de Deus.

Esse acontecimento, torna-se, na opinião do escritor, uma advertência insistente para a igreja: se Deus permite que andemos caminhos difíceis e escuros que não compreendemos, isto não é motivo para duvidarmos da direção de Deus e da sua presença.

Viram as minhas obras, porém, não reconheceram os meus caminhos. O Sl 95, é corroborado por uma palavra de Nm 14.22,23. Repetidamente Israel viu com os próprios olhos as gloriosas ações de Deus desde a saída do Egito.

Contudo, os israelitas não tiveram entendimento da condução misericordiosa de Deus sobre o seu povo, não reconheceram os seus caminhos. O que experimentaram não se transformou em posse espiritual interior que pudesse firmá-los em sua comunhão com Deus.

Viram pessoalmente a glória de Deus, mas, apesar disso, não a entenderam. Por isso, Deus irou-se contra Israel. Quando Deus jura conforme Hb 6.13 e 7.21, ele empenha sua sagrada pessoa pela palavra dada. Deus torna-se pessoalmente o penhor de que sua palavra é verdade inviolável e será cumprida.

Nessa situação a ameaça de juízo divino é reforçada pelo juramento de Deus, a geração do deserto não alcançará o “descanso”, a terra prometida.

O Sl 95 7-11 remete a Nm 14.26-44. Trata-se de um recorte da história de Israel, a marcha pelo povo de Deus pelo deserto desde o Egito, a terra da servidão, até Canaã, a terra da promissão.


Na peregrinação pelo deserto o povo devia aprender a depender humildemente de Deus (Dt 8.2,3). Deus providenciou tudo, mas nessa via educativa ele não poupou o seu povo das dificuldades e surpresa. Quando os israelitas não tinham água, cresceu a amargura (Hb 3.16) em seus corações (Ex 15.24; 17.3,7; Nm 20.2).

A insatisfação com as condições exteriores da vida levou-os ao endurecimento, fechou seus ouvidos e corações para a palavra e o caminho de Deus. Porque os caminhos de Deus lhes eram incompreensíveis, rebelaram-se contra a sua direção.

Repetidamente os israelitas incorriam em pecado na caminhada (Hb 3.17): Mulheres estrangeiras levaram-nos a adorar deuses alheios (Nm 25.1,2; 1Co10.8). Ficavam insatisfeitos com as dádivas de Deus, pelas quais ele os fortalecia no caminho. Preferiam retornas às “panelas de carne do Egito” por causa de sua avidez (Nm 11.4-7, 31-34; 1Co 10.6).

Sucumbiram aos milhares. Na rebelião contra Deus e seu servo Moisés (Nm caps13,14,16). A incredulidade e a desobediência (Hb 13.18,19) dos israelitas chegaram ao ápice. Então foram fulminados pela ira de Deus.

A geração do deserto foi aniquilada durante o trajeto, também Arão teve de morrer (Nm 20.23), e o próprio Moisés pode apenas contemplar a terra prometida, mas não por seu pé além da fronteira (Dt cap. 34).

Somente dois homens da primeira geração que não se rebelaram contra Deus em Cades–Barnéia chegaram ao alvo – Josué e Calebe.

O plano de Deus cumpriu-se, porém com outras pessoas do que fora inicialmente previsto. Porque a primeira geração havia fracassado. Deus alcança seu alvo, ainda que sem, ou mesmo contra, aqueles que foram os portadores originais da promessa.

Conclusão – No Sinai Moisés teve de contar por ordem de Deus, todos os israelitas acima de vinte anos de idade (Nm 1.1). O número dos homens, sem os levitas, era de seiscentos e três mil, quinhentos e cinquenta (Nm 1.46). Esses homens foram atingidos pela maldição de Deus (Nm 14.29.30), com exceção de Josué e Calebe.

Durante quarenta anos tiveram de vagar pelo deserto (Nm 14.33,34). Decorrido esse tempo, quando Israel estava diante da fronteira de Canaã, no Jordão diante de Jericó, Moisés teve de contar novamente o povo (Nm 26.1,2,63).

Ali se colocou de certo modo um ponto final num capítulo arrasador da história com Deus, sendo que o relato termina com as palavras: “Entre estes, porém, nenhum houve dos que foram contados por Moisés e pelo sacerdote Arão, quando levantaram o senso dos filhos de Israel no deserto do Sinai.

Porque o Senhor dissera deles que morreriam no deserto; e nenhum deles ficou, senão Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num” (Nm 26.64,65).

Num retrospecto sobre esses terríveis acontecimentos na caminhada do povo de Israel o escritor volta a chamar a atenção de seus leitores: negar a fé, a obediência a Deus é rebelião contra a mais alta majestade, na qual nenhum ser humano será poupado.

Consultas:
GONÇALVES José. Comentarista da Lição Bíblica para Adultos EBD CPAD no 1º Trimestre 2018.  A Supremacia de Cristo: Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus
GONÇALVES José. .  A Supremacia de Cristo: Fé, esperança e ânimo na Carta aos Hebreus. Editora CPAD. Rio de Janeiro. Outubro, 2017
HENRICHSEN Walter A. Depois do Sacrifício – Estudo da carta aos Hebreus. Editora Vida. São Paulo 1996
LAUBACH Fritz. Carta aos Hebreus – Comentário Esperança. Editora Esperança. Curitiba, 2013
BOCH Darrell L. e GLASER Mitch. O Servo Sofredor – Editora Cultura Cristã. São Paulo, 2015
CHAFFER. Teologia Sistemática. Vl 7 & 8. Editora Hagnus. São Paulo, 2008
Bíblia Sagrada King James – Tradução Atualizada
Bíblia do Pregador Pentecostal

CHAMPLIN. Novo Testamento Interpretado Versículo por versículo. Vl 5. Editora  Hagnus. São Paulo, 2012

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