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terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Perseverando na Fé - 17.12.17

Subsídios Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
     Perseverando na Fé - 17.12.17
Texto Bíblico: 2 Tm 4.6-8
Por: Pr. João Barbosa
                                         
O Novo Testamento, ao contrário do Antigo Testamento, está repleto de linguagem de fé no sentido de “crer” em vez de perseverança ou fidelidade. De acordo com os evangelhos, essa linguagem se originou no próprio ministério e ensino de Jesus.

Às vezes, Jesus dizia àqueles que o clamavam a ele: “A sua fé o curou” literalmente. “O salvou” (Mt 9.22.29; Mc 10.52; Lc 8.48; 18.42). Na maioria dessas situações a fidelidade do suplicante não estava em jogo. Essa ênfase foi mantida conforme Atos dos Apóstolos, na pregação inicial da igreja (At 9.42; 10.43; 16.31; 20.21).

O apóstolo Paulo, acima de tudo, procurou estabelecer uma igreja composta de judeus e gentios baseado num evangelho de simples confiança e dependência da fiel e misericordiosa obra de Deus em Cristo (Rm 4.5; 10.10; Gl 2.16; Ef 2.8,9).

A “fé” como única resposta salvadora, ou justificadora, à boa nova sobre Cristo é o testemunho geral incontestável do NT. No entanto, uma doutrina sobre “fé somente” deve ser explicada e praticada à luz do relato mais geral da fidelidade, um relato que alcança seu climax em Jesus, o Messias fiel.

Na verdade, a ideia de “fé somente”, e mesmo o uso que Paulo faz do AT a serviço dessa ideia, só faz sentido se a fé é o produto desse climax. É por isso que no NT há um relacionamento muito próximo e complicado entre “fé (pistis)” e Jesus Cristo.

Seja como for que se compreenda a expressão paulina “fé em Cristo” (e equivalente: (Rm 3.22,26; Gl 2.16.20; Fp 3.9; Ef 3.12), é claro que o NT apresenta Jesus mais de que o objeto da fé. Ele é a própria encarnação ou personificação da fé e fidelidade e seguranca do crente (Gl 3.23-25; 1Tm 1.14; 2Tm 1.13; Ap 1.5; 14.12; 19.11).

Como tal, Cristo é a condição necessária e suficiente da fé cristã (At 3.16; Hb 12.2; 2Pe 1.1). Deus nos chama para além de uma dedicação à nossa própria fé ou à nossa própria redenção individual.

A fé envolve ter “os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé” (Hb 12.2).  Dentro da estrutura do relacionamento, com todas as dimensões pessoais e coletivas, o Espírito do Messias nutre a resposta inicial de fé à mensagem do evangelho para uma vida contínua de louvor e alegre obediência a Deus (Rm 1.5; 16.26) e serviço ao próximo em amor (Gl 5.6,13,14; 6.1,2).

Quando a fé cristã amadurece dessa maneira, a história de fé finalmente se completa, tendo procedido da fidelidade de Deus para a fidelidade do povo de Deus.

O conceito de “apostasia” representa no discurso teológico o repúdio aberto e final da obediência a Deus e em seu filho Jesus Cristo. O estudo do tema se justifica pela linguagem e lógica dos autores bíblicos e também pela vida da igreja e o interesse pastorial.

John Owen, escrevendo de uma perspectiva atemporária do pensamento puritano, define a escência da apostasia como “rejeição total de todos os princípios e doutrinas constituintes do cristianismo”.  Isso envolve um “abandono voluntário e deliberado do evangelho, da fé, das normas e da obediência”.

Geralmente, se faz uma distinção entre apostasia e desvio; uma recaída menos radical da integridade cristã da pessoa, pois o desvio não envolve um “abandono deliberado”. A linguagem bíblica evocada pela expressão “apostasia” é variada e sugestiva.

Os verbos “deixar” (Dt 31.16), “apartar-se de seguir a Deus” (1Re 9.6),  “vaguear” (Jr 14.10), “revoltar-se contra Deus” (Ez 2.3),  “dar as costas a Deus” (Ez 23.35), “cometer transgressão”   (Dn 9.7), “prostituir-se” (Os 1.2), “escandalizar-se” (Mt 24.10),  “negligenciar” (Hb 2.3),  “retroceder”  (Hb 10.39) e  “sair” (1Jo 2.19), todas estas ocorrências acontecem em um contexto relacionado com o declínio espiritual tão notório a ponto de ser considerado apostasia.

Apostasia no NT – Embora a igreja cristã tenha recebido o derramamento do Espírito Santo (At 2.14-21) e herdado melhores condições de vida e adoração do que Israel desfrutava no AT, a apostasia compõe boa parte da preocupação dos apóstolos no NT.

Na verdade, Jesus previu que a presente e perene demora para a chegada do fim, seria caracterizada por tamanha tribulação a ponto de alguns “se escandalizarem” (Mt 24.10).

Qualquer consideração sobre apostasia no ensino do NT deve iniciar com a convicção de que Jesus Cristo ocupa a posição final nos propósitos de Deus para a redenção (Hb 4.1-4).

Como consumação da revelação do AT Jesus é a maior e última revelação de Deus. Com todas as veias da história da redenção convergindo nele, é preciso ver com a maior seriedade o repúdio calculado ao Jesus todo suficiente.

A carta aos Hebreus insiste formalmente na impossibilidade da reversão da apostasia depois da exposição ao poder do evangelho cristão (Hb 6.4-6; 12.16,17).

A persistência proporcional no pecado depois de possuir o conhecimento da verdade, a ponto de alguém retroceder na fé do filho de Deus, o expõe à “terrível expectativa de fogo” (Hb 10.26-31).

Não se exige fé perfeita. Os filhos de Deus “não têm conhecimento e se desviam” (Hb 5.2), mas Jesus pode ajudar seu povo quando passa por provação (Hb 2.18). Ele identifica-se com suas fraquezas, tendo ele mesmo sido provado e, portanto, se tornando acessível (Hb 4.15,16).

Recusar suas fontes de misericórdia e graça em tempo de necessidade poderia provocar uma condição de apostasia, na qual se menospreza o filho de Deus (Hb 6.6).

Apostasia e perseverança – Jesus insistiu em que alguns que experimentaram o verdadeiro poder espiritual e os chamavam de “Senhor” serão rejeitados como “malfeitores” (Mt 7.21-23; Hb 6.4-6), ele percebeu em alguns uma fé não convincente (Jo 2.23-25).

Ele pressupôs várias respostas ao evangelho, algumas das quais, no princípio, promissoras, mas, no fim, superficiais (Lc 8.11-15). É a perseverança do cristão até o final que confirma uma busca à fé cristã e autêntica à experiência espirituasl (Cl 1.21-23; Hb 3.14; 6.11,12; 2Jo v.9).


O apóstolo João responde por aqueles que se distanciam da identificação anterior com Cristo da seguinte maneira: “eles sairam do nosso meio, mas na realidade não eram dos nossos, pois, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; o fato de terem saído mostra que nenhum deles era dos nossos” (1Jo 2.19).

Seguros em Cristo – A segurança da salvação é gerada na mente do crente na experiência de salvação, que é tão marcante e revolucionária que gera essa certeza incontestável.

Além dessa experiência espiritual e emocional que gera certeza, o crente também crê por fé que, uma vez confessado a Cristo como seu Salvador, seu intelecto compreende, e o Espírito Santo testemunha em sua consciência.

Pois, “o mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”, gerando nele a certeza da salvação, que é como um testemunho interior a qual manifesta a segurança da salvação, que é garantida por fé na graça de Jesus Cristo.

A segurança da salvação não é oriunda de um pensamento positivo e nem por uma mera exressão de otimismo; é, antes, uma persuassão divina causada pela atuação do Espírito Santo e que está em sinergia com a fé do crente.

Todavia, pode haver uma auto-ilusão quanto à certeza da salvação, originada pelo convencimento hipócrita de se estar andando com Deus, ou mesmo alguém pode ser enganado por demônios por estar constantemente na prática de pecados grosseiros e deliberados.

Nesse caso, a suposta certeza da salvação deve ser comprovada por evidências externas de virtude moral e espiritual (1Jo 2.3,6). Dessa forma, havendo testemunho interior do Espírito e evidências externas pode-se acalmar o coração quanto à salvação. Alguns crentes vivem com certo pavor de terem perdido ou de, no futuro, perderem a salvação.

Isso, entretanto, demonstra que eles não entenderam corretamente o que é a segurança da salvação. Esses crentes olham para dentro de si mesmos e tentam descobrir se estão salvos pelas evidências emocionais, quando, na verdade, deve-se olhar para o que a palavra de Deus diz (Rm 10.9,10).

Embora o crente corra o risco de perder sua salvação por causa de suas atitudes (2Tm 4.7,8) a fidelidade de Cristo e a certeza do cumprimento de suas promessas garante que esse mesmo crente será guardado e conservado (Jd 1) irrepreensível até a sua vinda (1Ts 5.23,24).

Para ter a segurança da salvação, o crente precisa confiar no poder de Deus que o livra de tropeçar e o mantém irrepreensível (Jd v.24,25). Na oração sacerdotal, Jesus orou pelos discípulos e por aqueles que se haviam de salvar, afirmando que ele mesmo cuidaria deles:

“E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará de minhas mãos. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las das mãos de meu Pai (Jo 10.28,29).

A segurança em Cristo é afirmada na mente do crente através da atuação do Espírito Santo em seu interior e na sua consciência, como consequência da fé e do testemunho do Espírito Santo em sua consciência.

Isso garante que se viva na esperança e na certeza da confiança. Na graça e na misericórdia de Deus e que o crente poderá partir desta vida sem qualquer medo ansioso, ou pavor terrível ou temor da morte, pois encontrará o Cristo ressuscitado esperando-os nas mansões celestiais.

Uma das melhores consequências que alcançamos ao aceitarmos a Cristo é que podemos ter certeza da salvação (Sl 51.12; Is 12.3; 1Jo 5.13), pois agora não temos mais o peso da culpa e da condenação e somos aceitos e amados por Deus e, assim, o efeito prático é que se pode viver uma vida muito feliz e radiante

“Mas não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos, antes, por estar o vosso nome escrito nos céus”. (Lc 10.20).

Consultas:
POMMERENING, Claiton Ivan. A Obra da Salvação – Jesus Cristo é o Caminho a Verdade e a Vida. CPAD RJaneiro 2017
ELWELL Walter A. Enciclopédia Histórico-teológica da Igreja Cristã. Ed. Vida Nova. SPaulo, 2009
GEISLER, Norman. Eleitos mas livres. Editora Vida. São Paulo, 2016
FRANGIOTTI, Roque. História das Heresias. Ed. Paulus. São Paulo, 1995.
 ALEXANDER T. Dismond. Novo Dicionário de Teologia Bíblica. Edit Vida SPaulo 2009


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