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sábado, 2 de dezembro de 2017

O Processo da Salvação - 03.12.17

Subsídios Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
   O Processo da Salvação - 03.12.17
Texto Bíblico: João 3.1-7
Por: Pr. João Barbosa
                                         
O processo da salvação se dá por meio da justificação, regeneração e santificação. A justificação, que é a aceitação da justiça de Deus que atua no salvo, tornando- justo, sendo, portanto um ato divino; a regeneração, que é nascer de novo, ser nova criatura em Cristo; e a santificação que é a transformação de algumas características da personalidade humana pela operação do Espírito Santo, como consequência de estar em Cristo como nova criatura. Todo esse processo, que é composto de três partes, é operado no crente através da fé na obra salvadora de Cristo.

Justificados por Deus – A justificação é algo que somente Deus pode fazer (Rm 8.30). Trata-se da justiça de Cristo que o crente recebe como dádiva. A justificação não se refere ao esforço pela pureza ou santidade, mas, sim, ao estado de retidão diante de Deus, porque Jesus, o Justo, colocou-se por nós diante dEle tomando sobre Ele a nossa acusação.

A justificação evoca a ideia de um tribunal jurídico em que pesam incríveis e terríveis acusações contra nós, mas, através do sacrifício expiatório e vicário de Cristo, que se tornou injusto por nós (Rm 4.24,25), somos declarados inocentes, e nossa condenação é substituída pela condenação de Cristo na cruz (2Co 5.21).

Trata-se de um ato praticado exclusivamente por Deus, sem interferência nem méritos humanos; ao ser humano, cabe apenas pela fé crer na obra efetuada (Rm 5.1). A fé é o meio instrumental e não a causa da justificação; é a fé que nos une a Cristo, nosso justificador. A justificação tem como consequência: o perdão dos pecados, a reconciliação do pecador com Deus, a segurança da salvação e a santificação.

Aqueles que reconhecem e aceitam a necessidade de sua justificação são os alcançados por ela. Jesus disse que o fariseu que se justificava orgulhosamente por evitar o pecado não alcançou sua justificação, mas o publicano que reconheceu seu pecado foi justificado (Lc 18.9-14).

A justificação é um ato único praticado por Deus através da fé na ressurreição de Cristo (Rm 4.25), na qual somos declarados justos e livres de toda a culpa (At 13.38,39), e tem dimensão eterna no passado, no presente e no futuro. Mas a fé não é o elemento justificador; caso contrário seria mérito humano.

Quem justifica é Deus; e a fé serve apenas para apropriar-se espiritualmente da realidade da justificação. “Sabendo que o homem não é justificado por obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé de Cristo e não por obras da lei, porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada” (Gl 2.16). Assim, a fonte de nossa justificação é a graça de Deus, o fundamento é a obra de Cristo e o meio é a fé.

Regenerados pelo Espírito Santo – O termo regeneração, do grego palingenesia (Mt 19.28; Tt 3.5) aparece apenas duas vezes no NT, mas seus correlatos aparece mais vezes. Temos gennaõ (Jo 2.2,7) gerar, dar nascimento; anakainoõ (2Co 4.16; Cl 3.10), como refazer, fazer de novo; e kainos antropos (Ef 2.15; Cl 2.13), como novo homem.

Regeneração, portanto, tem a ver com o processo sobrenatural pelo qual o pecador é gerado por Deus (1Jo 5.18) para ser seu filho (Jo 1.12), tornar-se participante da natureza divina (2Pe 1.4) e possibilitar a sua entrada no Reino de Deus (Jo 3.3). A regeneração é a comunicação, no sentido de nascer de novo, em relação à nova vida de Cristo no ser humano (Ef 2.5).

A regeneração reverte alguns efeitos do pecado na vida do ser humano; por isso, trata-se de uma ação necessária do Espírito Santo que acontece após a justificação e verifica-se na prática da retidão, do amor, na certeza de que Jesus é o Cristo e na vitória sobre o mundo.

Todavia, não é uma mudança de personalidade, mas, sim, uma mudança de organizações sobre a vida, as decisões e as vontades; antes, ela era controlada pelo pecado, agora é controlada pelo Espírito Santo. Assim, há um impacto sobre o caráter do indivíduo, que agora passa a demonstrar que suas atitudes condizem com a prática do evangelho.

A regeneração é operada como resposta do indivíduo ao impacto que ele recebe após ouvir a pregação do evangelho (Rm 10.8,9) e após arrepender-se dos seus pecados; portanto, regeneração e arrependimento são processos simultâneos e interdependentes. O arrependimento é a resposta humana ao evangelho, e a regeneração é a resposta divina ao arrependimento.

A compreensão da regeneração é difícil, pois é uma obra milagrosa e profunda do Espírito Santo no coração humano (Jo 3.5), possibilitando ao homem morto no pecado ser nova criatura (Ef 2.1-4). Nesse processo, o Espírito Santo utiliza-se da Palavra de Deus, que tem o efeito de purificar “pela lavagem da água” (Ef 5.25,26).

Agora, o homem regenerado, muda seu pensamento de conformidade com o de Deus (Cl 3.10); seu entendimento é aberto para as coisas de Deus, que ele antes não entendia (1Co 2.15); seus sentimentos registram prazer pela presença de Deus (Sl 16,11), pois agora ele ama a Deus (1Jo 4.19) e seus irmãos (1Jo 3.14); sua vontade antes escravizada pelos desejos da carnalidade (Ef 2.2,3) agora se sujeita à vontade de Deus (Mt 6.10) e não vive mais pecando (1Jo 3.9); sua consciência é purificada (Hb 9.14) e torna-se sensível à voz de Deus (Rm 2.15).

Nicodemos ficou curioso para saber como se processava o novo nascimento, mas Jesus não lhe explicou como, apenas disse o porquê isso era necessário (Jo 3.3). Na conversa com Nicodemos Jesus destacou a atuação indispensável e soberana do Espírito Santo na regeneração.

Ele age como quer e onde quer, demonstrando as multiformes maneiras de atuação na vida do crente, porém sempre de forma perceptível, ou seja, há evidência de sua atuação. Se essas evidências não forem perceptíveis não houve regeneração m(Jo 3.8), e sem regeneração, não é possível dar sequência ao processo de salvação, que é a adoção e a santificação.
Santificados em Cristo – A santificação é um agir conjunto do crente com o Espírito Santo, que produz nele a vontade de viver conforme os preceitos do evangelho de Jesus e esforçar-se para, em tudo, ser um imitador de Cristo.

Santificação também é a capacidade de reconhecer as fraquezas humanas e apresentá-las sempre diante de Cristo, de onde procede a capacidade de vencê-las. Quanto mais transparente se é nesse relacionamento com Ele, não escondendo nada, tanto mais possibilidades de santidade são adquiridas.

Ainda que a justificação e a santificação sejam quase inseparáveis na experiência da vida cristã, ambas devem claramente se distinguir na compreensão, pois a justificação é um ato exclusivo de Deus alcançado através da fé; já a santificação é o trabalho em cooperação do crente com o Espírito Santo (Ef 4.12), o agente santificador.

É Ele que nos fortalece no esforço da santificação. Esta é momentânea na justificação do crente, ou seja, Deus o vê como santo, ainda que sua santidade precise ser aperfeiçoada; mas a santificação também é a contínua operação do Espírito Santo, pela qual Ele livra o pecador justificado da corrupção do pecado, santifica toda a sua natureza à imagem de Deus e capacita-os às boas obras.

Santificação é morrer para o pecado (Rm 6.10,11), como disse Paulo, note, porém, que não é o pecado que morre, e sim o crente que morre para o pecado, segundo escreveu Pearlman: “A morte cancela todas as obrigações e rompe todos os laços. Por meio da união com Cristo, o cristão morreu à vida antiga, e os grilhões do pecado foram quebrados. Da maneira em que a morte dava fim à servidão do escravo, assim a morte do crente que morreu para o mundo, libettou-o da servidão ao pecado”.

Conclusão – Às vezes achamos que podemos ser continuamente bons e santos (1Jo 1.10), mas, na verdade, somos simultaneamente justos e pecadores, ou seja, Deus absolutamente nos vê santos em Cristo; no entanto, nossa santificação é relativa em relação a nossa natureza inclinada ao pecado (Rm 7.15). Por isso exige-se um esforço e dependência constante do Espírito Santo para a santificação.

A verdade é que, mesmo depois de serem justificados, os crentes continuam cometendo pecados (Tg 3.2; 1Jo 1.8), embora não sejam mais escravos do pecado (Rm 6.2). A Bíblia mostra-nos claramente que os filhos de Deus muitas vezes cometem pecados bastante graves, como, por exemplo, Davi e Pedro. O próprio Jesus ensinou os discípulos a orarem diariamente pelo perdão dos pecados (Mt 6.12).

E as muitas pessoas piedosas mencionadas na Bíblia pediram perdão pelos seus pecados (Sl 32.5; 51.1-4; 130.3,4). Essa constatação, porém, não pode ser uma desculpa para que os deslizes espirituais e o pecado sejam tratados com lassidão ou indolência; muito pelo contrário, exige-se mais cuidado e vigilância para não se cair em tentação (Mt 6.13; 26.31).


Extraído da obra de POMMERENING, Claiton Ivan. A Obra da Salvação – Jesus Cristo é o Caminho a Verdade e a Vida. CPAD Rio de Janeiro 2017

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