Subsídios
Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
O Processo da Salvação - 03.12.17
Texto Bíblico: João 3.1-7
Por: Pr. João Barbosa
O processo da
salvação se dá por meio da justificação, regeneração e santificação. A
justificação, que é a aceitação da justiça de Deus que atua no salvo, tornando-
justo, sendo, portanto um ato divino; a regeneração, que é nascer de novo, ser
nova criatura em Cristo; e a santificação que é a transformação de algumas
características da personalidade humana pela operação do Espírito Santo, como
consequência de estar em Cristo como nova criatura. Todo esse processo, que é
composto de três partes, é operado no crente através da fé na obra salvadora de
Cristo.
Justificados
por Deus – A justificação
é algo que somente Deus pode fazer (Rm 8.30). Trata-se da justiça de Cristo que
o crente recebe como dádiva. A justificação não se refere ao esforço pela
pureza ou santidade, mas, sim, ao estado de retidão diante de Deus, porque
Jesus, o Justo, colocou-se por nós diante dEle tomando sobre Ele a nossa acusação.
A justificação evoca a ideia
de um tribunal jurídico em que pesam incríveis e terríveis acusações contra nós,
mas, através do sacrifício expiatório e vicário de Cristo, que se tornou
injusto por nós (Rm 4.24,25), somos declarados inocentes, e nossa condenação é
substituída pela condenação de Cristo na cruz (2Co 5.21).
Trata-se de um ato praticado
exclusivamente por Deus, sem interferência nem méritos humanos; ao ser humano,
cabe apenas pela fé crer na obra efetuada (Rm 5.1). A fé é o meio instrumental
e não a causa da justificação; é a fé que nos une a Cristo, nosso justificador.
A justificação tem como consequência: o perdão dos pecados, a reconciliação do
pecador com Deus, a segurança da salvação e a santificação.
Aqueles que reconhecem e
aceitam a necessidade de sua justificação são os alcançados por ela. Jesus
disse que o fariseu que se justificava orgulhosamente por evitar o pecado não
alcançou sua justificação, mas o publicano que reconheceu seu pecado foi justificado
(Lc 18.9-14).
A justificação é um ato único
praticado por Deus através da fé na ressurreição de Cristo (Rm 4.25), na qual
somos declarados justos e livres de toda a culpa (At 13.38,39), e tem dimensão
eterna no passado, no presente e no futuro. Mas a fé não é o elemento
justificador; caso contrário seria mérito humano.
Quem justifica é Deus; e a fé
serve apenas para apropriar-se espiritualmente da realidade da justificação. “Sabendo
que o homem não é justificado por obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo,
temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé de Cristo
e não por obras da lei, porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será
justificada” (Gl 2.16). Assim, a fonte de nossa justificação é a graça de Deus,
o fundamento é a obra de Cristo e o meio é a fé.
Regenerados
pelo Espírito Santo – O termo
regeneração, do grego palingenesia
(Mt 19.28; Tt 3.5) aparece apenas duas vezes no NT, mas seus correlatos aparece
mais vezes. Temos gennaõ (Jo 2.2,7)
gerar, dar nascimento; anakainoõ (2Co 4.16; Cl 3.10), como refazer, fazer de
novo; e kainos antropos (Ef 2.15; Cl 2.13), como novo homem.
Regeneração, portanto, tem a
ver com o processo sobrenatural pelo qual o pecador é gerado por Deus (1Jo
5.18) para ser seu filho (Jo 1.12), tornar-se participante da natureza divina
(2Pe 1.4) e possibilitar a sua entrada no Reino de Deus (Jo 3.3). A regeneração
é a comunicação, no sentido de nascer de novo, em relação à nova vida de Cristo
no ser humano (Ef 2.5).
A regeneração reverte alguns
efeitos do pecado na vida do ser humano; por isso, trata-se de uma ação necessária
do Espírito Santo que acontece após a justificação e verifica-se na prática da
retidão, do amor, na certeza de que Jesus é o Cristo e na vitória sobre o
mundo.
Todavia, não é uma mudança de
personalidade, mas, sim, uma mudança de organizações sobre a vida, as decisões
e as vontades; antes, ela era controlada pelo pecado, agora é controlada pelo
Espírito Santo. Assim, há um impacto sobre o caráter do indivíduo, que agora
passa a demonstrar que suas atitudes condizem com a prática do evangelho.
A regeneração é operada como
resposta do indivíduo ao impacto que ele recebe após ouvir a pregação do
evangelho (Rm 10.8,9) e após arrepender-se dos seus pecados; portanto,
regeneração e arrependimento são processos simultâneos e interdependentes. O
arrependimento é a resposta humana ao evangelho, e a regeneração é a resposta
divina ao arrependimento.
A compreensão da regeneração é
difícil, pois é uma obra milagrosa e profunda do Espírito Santo no coração
humano (Jo 3.5), possibilitando ao homem morto no pecado ser nova criatura (Ef
2.1-4). Nesse processo, o Espírito Santo utiliza-se da Palavra de Deus, que tem
o efeito de purificar “pela lavagem da água” (Ef 5.25,26).
Agora, o homem regenerado, muda
seu pensamento de conformidade com o de Deus (Cl 3.10); seu entendimento é
aberto para as coisas de Deus, que ele antes não entendia (1Co 2.15); seus
sentimentos registram prazer pela presença de Deus (Sl 16,11), pois agora ele
ama a Deus (1Jo 4.19) e seus irmãos (1Jo 3.14); sua vontade antes escravizada
pelos desejos da carnalidade (Ef 2.2,3) agora se sujeita à vontade de Deus (Mt
6.10) e não vive mais pecando (1Jo 3.9); sua consciência é purificada (Hb 9.14)
e torna-se sensível à voz de Deus (Rm 2.15).
Nicodemos ficou curioso para
saber como se processava o novo nascimento, mas Jesus não lhe explicou como,
apenas disse o porquê isso era necessário (Jo 3.3). Na conversa com Nicodemos
Jesus destacou a atuação indispensável e soberana do Espírito Santo na
regeneração.
Ele age como quer e onde quer,
demonstrando as multiformes maneiras de atuação na vida do crente, porém sempre
de forma perceptível, ou seja, há evidência de sua atuação. Se essas evidências
não forem perceptíveis não houve regeneração m(Jo 3.8), e sem regeneração, não é
possível dar sequência ao processo de salvação, que é a adoção e a santificação.
Santificados
em Cristo – A santificação
é um agir conjunto do crente com o Espírito Santo, que produz nele a vontade de
viver conforme os preceitos do evangelho de Jesus e esforçar-se para, em tudo,
ser um imitador de Cristo.
Santificação também é a
capacidade de reconhecer as fraquezas humanas e apresentá-las sempre diante de
Cristo, de onde procede a capacidade de vencê-las. Quanto mais transparente se é
nesse relacionamento com Ele, não escondendo nada, tanto mais possibilidades de
santidade são adquiridas.
Ainda que a justificação e a
santificação sejam quase inseparáveis na experiência da vida cristã, ambas
devem claramente se distinguir na compreensão, pois a justificação é um ato
exclusivo de Deus alcançado através da fé; já a santificação é o trabalho em
cooperação do crente com o Espírito Santo (Ef 4.12), o agente santificador.
É Ele que nos fortalece no
esforço da santificação. Esta é momentânea na justificação do crente, ou seja,
Deus o vê como santo, ainda que sua santidade precise ser aperfeiçoada; mas a
santificação também é a contínua operação do Espírito Santo, pela qual Ele
livra o pecador justificado da corrupção do pecado, santifica toda a sua
natureza à imagem de Deus e capacita-os às boas obras.
Santificação é morrer para o
pecado (Rm 6.10,11), como disse Paulo, note, porém, que não é o pecado que
morre, e sim o crente que morre para o pecado, segundo escreveu Pearlman: “A
morte cancela todas as obrigações e rompe todos os laços. Por meio da união com
Cristo, o cristão morreu à vida antiga, e os grilhões do pecado foram quebrados.
Da maneira em que a morte dava fim à servidão do escravo, assim a morte do
crente que morreu para o mundo, libettou-o da servidão ao pecado”.
Conclusão – Às vezes achamos que podemos ser continuamente
bons e santos (1Jo 1.10), mas, na verdade, somos simultaneamente justos e
pecadores, ou seja, Deus absolutamente nos vê santos em Cristo; no entanto,
nossa santificação é relativa em relação a nossa natureza inclinada ao pecado
(Rm 7.15). Por isso exige-se um esforço e dependência constante do Espírito
Santo para a santificação.
A verdade é que, mesmo depois de
serem justificados, os crentes continuam cometendo pecados (Tg 3.2; 1Jo 1.8),
embora não sejam mais escravos do pecado (Rm 6.2). A Bíblia mostra-nos
claramente que os filhos de Deus muitas vezes cometem pecados bastante graves,
como, por exemplo, Davi e Pedro. O próprio Jesus ensinou os discípulos a orarem
diariamente pelo perdão dos pecados (Mt 6.12).
E as muitas pessoas piedosas
mencionadas na Bíblia pediram perdão pelos seus pecados (Sl 32.5; 51.1-4;
130.3,4). Essa constatação, porém, não pode ser uma desculpa para que os deslizes
espirituais e o pecado sejam tratados com lassidão ou indolência; muito pelo
contrário, exige-se mais cuidado e vigilância para não se cair em tentação (Mt 6.13;
26.31).
Extraído
da obra de POMMERENING, Claiton Ivan. A Obra da Salvação – Jesus Cristo é o
Caminho a Verdade e a Vida. CPAD Rio de Janeiro 2017
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