Subsídios
para o Ensino da Lição: Pr. João
Barbosa
Texto da Lição: Eclesiastes
5.1-5
I -
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM:
1.
Conceituar as
obrigações de natureza político-social e religiosa.
2.
Explicar as
obrigações ante a santidade de Deus (reverência e obediência).
3.
Compreender as obrigações frente a transcendência
e a imanência de Deus.
II - INTRODUÇÃO: Deus não limitou sua revelação às Escrituras
Sagradas. Ele também se revelou, de forma geral, através
da natureza (Rm 1.19,20; 2.12-14) em sua revelação que é tanto geral (Rm
1.19,20; 2.12-15), quanto especial (Rm 2.18; 3;2).
Deus tem revelado a si mesmo tanto na natureza (Sl
19.1-6 – revelação natural); quanto nas Escrituras Sagradas (Sl 19.1-14 –
revelação especial).
A revelação geral de Deus contém mandamentos para
todas as pessoas; e a revelação especial declara a vontade divina específica
para os cristãos. Entretanto, nos dois
casos, a base da responsabilidade ética humana é a revelação divina.
Desconhecer a Deus como a fonte do dever moral não
exime ninguém, nem mesmo o ateu de suas obrigações morais. Como disse Paulo: “Quando os gentios, que não têm lei, praticam
as coisas da lei, por natureza, embora não tenham lei, tornam-se lei para si
mesmos, demonstrando que o que a lei exige estar escrito no coração deles”
(Rm 2.14.15).
Isso significa que mesmo que os incrédulos não
tenham a lei moral em suas mentes, ainda assim eles a têm escritas em seus
corações. Mesmo que não a conheçam de forma cognitiva eles a demonstram através
de suas inclinações.
Além da revelação geral disponível a todas as
pessoas responsáveis de forma moral e racional, Deus apresenta sua revelação
especial por meio das Escrituras. Nós evangélicos cremos que as Escrituras é o
único registro escrito infalível para o fundamento das decisões morais.
A Bíblia afirma ser a verdade escritural da parte
de Deus (2Tm 3.16,17) e a revelação especial do mesmo caráter moral divino
revelado na natureza e nos corações das pessoas.
III – DESENVOLVIMENTO
1 Obrigações e Devoções – A Escritura orienta-nos a priorizarmos o reino de
Deus (Mt 6.33). Mas devemos ter o cuidado para não perdermos de vista a
dimensão material da qual fazemos parte (Mt 22.21). Neste aspecto a obrigação
ocorre no mesmo contexto da devoção. Eclesiastes mantém uma perspectiva – “Eu te digo: observa o mandamento do rei, e
isso por causa do seu juramento feito a Deus” (Ec 8.2).
Há
as autoridades constituídas, e como cidadãos, além de direitos, possuímos
também deveres perante elas. São obrigações com as quais temos compromissos de
cumprir. Por exemplo: precisamos pagar impostos (Rm 3.7), votar e ser votado,
etc. Como cristãos não podemos nos eximir dessas obrigações ou deveres.
Se
há obrigações político-social que são de natureza civil, por outro lado, há
também as de natureza religiosa ou espiritual. Elas acontecem na dimensão do
culto, da adoração e são de natureza mais devocional. A essência do culto é a
adoração (Gn 22.5; Ex 20.5).
Salomão
em Eclesiastes 5 está com isso em mente quando fala da casa de Deus como local
de adoração. Como construtor do grande templo, Salomão sabia que aquela casa
tinha como objetivo centralizar o culto a Deus e desta forma proporcionar um
dos propósitos mais sublime do culto que é a adoração plena ao Senhor Deus do
céu e da terra.
2. Obrigações ante a santidade
de Deus – Todo
culto possui seu ritual e sua liturgia. A propósito, a palavra liturgia aparece
associada ao culto da igreja primitiva. Havia na igreja de Antioquia profetas e
mestres: Barnabé, Simeão, por sobrenome Niger, Lúcio de Cirene, Manaém que fora
criado com Herodes o tetrarca e Saulo.
“E servindo eles ao Senhor e jejuando, disse
o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho
chamado” (At 13.1,2). A palavra servindo (v.2), é a tradução do termo grego
leitourgo de onde vem a palavra
portuguesa liturgia. A liturgia
portanto, também faz parte da adoração.
Salomão
tinha conhecimento do que era o templo do Senhor. Daí a sua advertência: “Guarda o pé quando entrares na casa de
Deus” (Ec 5.1).
Isso implica em se desligar de tudo que é externo e voltar-se para tudo que é
de Deus, comportando-se como um verdadeiro adorador (Jo 4.20-24).
Não
façamos do culto um local para interesses pessoais. Nada pode interromper a
pregação ou o ensino da Palavra de Deus – nada. O culto é um espaço reservado
para adoração. É no culto onde prestamos nossa adoração e reverência a Deus.
A
simples obediência a um conjunto de preceitos, normas e regras, sem atentar
para os princípios que lhes dão fundamentação é puro legalismo. No livro de Eclesiastes isto aparece de forma
bem clara: “Guarda o teu pé quando
entrares na casa de Deus”.
“Chegar-se para ouvir é melhor do que
oferecer sacrifícios de tolo, pois não sabem que fazem mal” (Ec 5.1). Deus
não está interessado na observância do sacrifício em si, mas na obediência aos
princípios que regulamentam a sua prática. Foi isto o que o profeta Samuel
disse a Saul (Sm 15.22).
3. Obrigações frente a
transcendência de Deus – Transcendência é uma palavra derivada do latim que significa sobrepassar.
Usa-se na teologia para afirmar que mesmo que Deus esteja presente no mundo,
Deus não é parte do mundo. Deus existe à parte e além da criação.
O apóstolo
Paulo em sua 1ª. Carta a Timóteo descreve a transcendência de Deus; ao afirmar:
“Aquele que tem, ele só, a imortalidade e
habita na luz inacessível; a qual nenhum dos homens viu nem pode ver; ao qual
seja honra e poder sempiterno. Amém” (1 Tm 6.16).
Estas
palavras expressam a transcendência de Deus; que Deus é diferente e
independente da sua criação – homens, anjos, espírito ou coisas físicas ou
materiais (Ex 24.9-18; Is 6.1-3; 40.12-26; 55.8,9; Ez 1).
Deus
jamais deve ser nivelado aos seres humanos, ou a qualquer outro ser que ele
criou. Seu ser e sua existência pertencem a uma dimensão totalmente diferente.
Ele habita numa esfera de vida perfeita e pura, em tudo acima da sua criação.
Ele não é parte da sua criação nem sua criação é parte dele.
Além
disso, os crentes não são Deus e nunca serão “deuses” como afirma o movimento
da Nova Era. Sempre seremos seres limitados e dependentes de Deus. Mesmo no
porvir continuaremos dependentes de Deus. Embora exista uma distância extrema
entre Deus e toda criação, Deus também está presente e ativo em todo o mundo.
Como afirma o apóstolo Paulo: “Porque
nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como também alguns de nossos poetas
disseram: Pois somos também a sua geração” (At 17.28).
Ele
vive e se manifesta entre os seus fiéis, que se arrependem de seus pecados e
vivem pela fé em Cristo (Ex 33.17-23; Is 57.15; Mt 10.31; Rm 8.28).
4. Obrigação diante da
imanência de Deus – Um dos atributos tradicionais de Deus,
que com frequência é contrastado e mantido em tensão com a
transcendência indica a presença de Deus na criação, permeando e sustentando
tudo quanto existe – “Ó Senhor, quão
variadas são as tuas obras! Todas as coisas fizeste com sabedoria; cheia está a
terra das tuas riquezas.
Tal é este vasto e espaçoso mar, onde se movem seres
inumeráveis, animais pequenos e grandes. Ali passam os navios, e o leviatã que
formaste para nele folgar. Todos esperam de ti que lhes dês o sustento em tempo
oportuno.
Dando-lho tu, eles o recolhem; abres a tua mão, e
enchem-se de bens. Escondes o teu rosto, e ficam perturbados; Se lhes tiras a
respiração, morrem e voltam ao próprio pó. Envias o teu Espírito, e são
criados, e assim renovas a face da terra” (Sl 104.24-30).
Deus
não apenas se faz presente, mas também prometeu nos abençoar atendendo nossas
orações e realizando nossos desejos. Isso acontecerá quando orarmos de acordo
com a sua vontade (Jr 29.12,13; Jo 14.13,14). Os judeus sabiam dessa verdade e
por isso não somente oravam a Deus mas também se empenhavam através de votos
(Nm 30.13.16; Dt 23.21-23).
Não
há dúvida de que o livro de Eclesiastes tenha em mente essas passagens bíblicas
quando adverte: “Quando a Deus fizeres
algum voto não tardes em cumprí-lo; porque não se agrada de tolos. Cumpre o
voto que fazes. Melhor é que não votes do que votes e não cumpras” (EC
5.4,5).
Um
voto é um juramento ou um compromisso de caráter religioso, e também uma transação
qualquer entre o homem e Deus, de acordo com a qual o indivíduo dedica a si mesmo ou o seu
serviço ou alguma coisa valiosa a Deus. Essa era uma característica nas
religiões antigas, e um frequente exercício religioso entre os israelitas.
IV – CONCLUSÃO: Deus instituiu o governo humano e ordenou aos
cristãos que se “submetam” e obedeçam aos que estão em posição de autoridade,
mesmo que eles sejam governantes perversos (Rm 13.1.2; Tt 13.1).
Pedro
chega a dizer que nós devemos nos submeter a toda autoridade humana por causa
do Senhor (1Pe 2.13). A tentativa feita por alguns de diferenciar submissão de
obediência – reivindicando, assim, que o cristão precisa apenas se submeter, mas
não obedecer ao governo – está errada por várias razões.
1º.
Tal tentativa encontra-se em plena oposição ao espírito das passagens que instrui
o cristão a ser obediente às leis do país onde se encontram.
2º.
A passagem de 1Pedro exige submissão “a toda ordenança” e não, meramente, às
consequências da desobediência as ordenanças.
3º. A palavra submissão, como usada no NT, implica
obediência. Era por exemplo, o que se esperava de um escravo com relação ao seu
senhor (Cl 3.22). Finalmente, as palavras submissão e obediência são usadas em
paralelo em Tt 3.1. Desse modo, os cristãos são ensinados “a obedecer” as
autoridades governamentais.
Indo um pouco mais adiante, há situações em que um
governo ordena a um cristão que não pregue o evangelho (At 4 – 5), ou decreta a
participação na idolatria (Dn 3), ou mesmo ordene o assassinato de vítimas
inocentes (Ex 1).
Nessas circunstâncias o governo não deve ser obedecido. Em
cada um desses casos a obrigação moral de orar a Deus, pregar o evangelho e daí
em diante, constitui-se em dever moral maior do que aqueles que ordenam
obediência às autoridades.
Consultas:
Lições Bíblicas EBD-CPAD - 4º.
Trimestre 2013 – (Comentarista: Pr. José Gonçalves).
Bíblia de Estudo Pentecostal – CPAD
READMACHER. Early D. O Novo
Comentário do Antigo Testamento. Rio de Janeiro, 2010. 1ª. Edição
CHAFER. Teologia Sistemática – Vls.
1,2 – São Paulo, 2008. 2ª. Edição -Editora Hagnus. R, Early D.
DAVIS, John. Novo Dicionário da
Bíblia – Ampliado e Atualizado. São Paulo 2005 – 1ª Edição. Editora
Hagnos.
GONÇALVES, José. Sábios conselhos
para um viver vitorioso – Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Rio
de janeiro, 2013, 1ª. Edição
CHAMPLIN. R. N. O Antigo Testamento
Interpretado Versículo por Versículo. V.4.
CHAMPLIN. R. N. O Novo Testamento
Interpretado Versículo por Versículo. V.5.
GEISLEN. l. Norman. Ética Cristã –
Opções e Questões Contemporâneas. São Paulo 2010 – Editora Vida Nova.
GONZALES, Justo. Breve Dicionário de
Teologia. São Paulo, 2009 – Editora Hagnus.
ANGUS, Joseph. História, Doutrina e
Interpretação da Bíblia. São Paulo, 2003 – Editora Hagnus
CAMPOS, Heber Carlos de. O Habitat
Humano – O paraíso criado – Estudos de Antropologia Bíblica. São Paulo 2011.
Editora Hagnos.
GRONIGEN. Gerard Van. Criação e Consumação. Volume III – O Reino, A
Aliança e o Mediador. São Paulo, 2008. Editora Cultura Cristã.
LAN, Dong Yu. Cântico dos Cânticos –
Os oito estágios do crescimento espiritual. São Paulo, 1996. Editora Árvore da
Vida.
Bíblias de Estudo Almeida.- Bíblia de
Estudo de Genebra
Nenhum comentário:
Postar um comentário