Subsídios
para o Ensino da Lição: Pr. João
Barbosa
Texto da Lição: Eclesiastes 9.1-6
I -
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM:
1. Avaliar os paradoxos
da vida.
2. Conscientizar-se da
imprevisibilidade da vida.
3. Viver por um ideal
legítimo.
II - INTRODUÇÃO: Um
problema inquietante é a prosperidade dos ímpios, pois embora Deus seja
soberano e justo, os ímpios geralmente prosperam, enquanto quem serve a Deus
parece sofrer mais.
No Salmo 73, o salmista Azafe, ficou desanimado ao
comparar as suas aflições com a evidente e prosperidade e felicidade de muitos
ímpios (vv. 2,3). Porém, Deus restaura a confiança do salmista nEle e nos seus
caminhos, ao revelar o fim trágico dos ímpios e a verdadeira bênção dos justos
(vv. 16-18).
“.........entendi eu o fim deles”
(Sl 73.17) – Deus revela ao salmista o destino final dos ímpios. Isso coloca o
seu problemas tanto na perspectiva da eternidade (vv. 17-20), como da suprema
bem-aventurança do crente (vv. 25-28). No final, todos os justos serão felizes
e vitoriosos com Deus ao passo que os ímpios perecerão.
Levando em conta a breve duração da nossa vida, se
avaliarmos as coisas daqui, tão-somente da nossa perspectiva limitada, terrena
e humana, é bem possível ficarmos desanimados e frustrados. Precisamos ter a
palavra revelada de Deus e seu Espírito Santo, para completarmos a jornada da
vida com fé e confiança na bondade e justiça de Deus.
Prosseguindo em sua leitura da vida dos ímpios e
comparando com o sofrimento porque passa o justo, ele entrou no santuário de
Deus e declarou acerca dos ímpios. “Certamente tu os puseste em lugares
escorregadios; tu os lanças em destruição (vv. 17,18).
No vv.23 o salmista assegura “Todavia, estou de
contínuo contigo; tu me seguraste pela mão direita” Esta atitude do
salmista leva ao triunfo da fé. Nesta vida, com tantos problemas, nosso supremo
bem é a comunhão íntima com Deus (vv. 28). Não importa que o ímpio prospere;
nossa riqueza, tesouro e vida é o próprio Deus.
III – DESENVOLVIMENTO
1 Os paradoxos da vida – Na
arena da vida o justo sofre injustiças. O crente fiel e em comunhão com Deus
deve estar consciente de que os revezes desta vida não são indicadores de
julgamento divino sobre ele. Também não são provas de uma fé fraca (2Co 2.4; Cl
1.24; 2Tm 1.8).
Os maus prosperam em seus
caminhos - “Com efeito, Deus é bom para com Israel para com os de
coração limpo. Quanto a mim, porém, quase me resvalaram os pés; pouco faltou
para que se desviasse os meus passos. Pois eu invejava os arrogantes, ao ver a
prosperidade dos perversos” (Sl 73.1-3).
Salomão também vivenciou essa
mesma situação do salmista e afirmou: “tudo isto vi nos dias da minha vaidade:
há justo que perece na sua justiça, e há perversos que prolongam os
seus dias na sua perversidade” (Ec 7.15).
O que significa prosperar?
Para respondermos a esta importante pergunta faz-se necessário esclarecermos
alguns conceitos importantes. A razão para isto está na confusão que se faz com
o conceito do que seja “prosperidade”. Para os neo pentecostais ser “próspero”
significa “ter posses” e “bênçãos. Significa “sucesso”.
Partindo desse princípio,
algumas anomalias teológicas passam a reger a vida do cristão. Neste contexto
afirma o Pr. José Gonçalves no seu livro Sábios Conselhos para um Viver
Vitorioso, a ideia que tem de um pastor bem sucedido, por exemplo, é de
alguém que está se “dando bem” ou que é possuidor de muitos bens.
Diante do exposto observamos
que a Teologia da Cruz foi suplantada pelo desejo de consumo, onde o “ter” é
mais importante do que o “ser”. Fica, portanto, estabelecido que a
espiritualidade de alguém não pode ser medida pelo que tem, mas pelo que é. A
régua da eternidade nos medirá, diz o Pr.José Gonçalves, tomando por critério a
fidelidade e não a prosperidade.
A prosperidade bíblica vem
como resultado de um relacionamento sadio com Deus (SL 73.17,27,28),
independente de alguém ter posses ou não. Os ímpios têm posses mas não têm
prosperidade.
2. A realidade do presente e a
incerteza do futuro – Há um princípio
importantíssimo para entendermos a mensagem de Eclesiastes. Este princípio
encontra-se nos capítulos 2.10; 3.22; 5.17-19; 9.9. Esta é a tua porção nesta
vida debaixo do sol. É debaixo do sol que expressamos nossa existência e é
debaixo do sol que constatamos nossa finitude.
A certeza da morte é uma
verdade implacável, tanto para o piedoso como para o pecador. E a sentença já
foi decretada por Deus e é para todos – “E, como aos homens está ordenado
morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo” (Hb 9.27).
“Este é o mal que há em
tudo quanto se faz debaixo do sol: A todos sucede o mesmo; também o coração dos
filhos dos homens está cheio de maldade, nele há desvarios enquanto vive.
Depois, rumo aos mortos” (Ec 9.3).
Com a realidade da morte tão
presente, o futuro parece incerto: “Porque tudo lhe está oculto no futuro”
(Ec 1.1). “Se a nossa esperança se limitasse apenas a esta vida seríamos os
mais miseráveis de todos os homens” (2 Co 15.19).
Podemos observar a forma como
o sábio Salomão escreveu Eclesiastes levando em conta a perspectiva de todos
aqueles que se encontram “debaixo do sol”. Salomão faz uma análise puramente
existencial; limita-se em observar a vida do lado de cá da vida terrena e
passageira e não do lado de lá – a vida eterna.
Somos seres de duas dimensões
e trilhamos por destinos diferentes. Quem está do lado de lá (dimensão eterna),
não participa das coisas de cá, do que é puramente existencial (dimensão
terrena). Por isso, ele afirma; “Os mortos não sabem de coisa alguma”
(Ec 9.5).
Não porque estão
inconscientes, mas porque pertencem a uma outra dimensão. Pertencem a um outro
mundo (Ap 6.9; 2Co 6.8), onde nem mesmo o sol será necessário: “A cidade não
precisa de sol” (Ap 21.13; 22.5).
Em vez de negar a realidade de
um outro mundo, onde a alma é imortal (Ec 9.5), confirma a sua trajetória nesta
vida. É a revelação do NT quem jorrará mais luz sobre essa trajetória do lado
de lá, a eternidade (Fp 1.23; Lc 16.19-31; 2Co 5.8; Ap 6.9). Em Lucas 16.19-31,
Jesus conta exatamente a história do rico e Lázaro, que é uma história acerca
dos que estão do lado de lá.
3. A imprevisibilidade da vida
– Salomão foi o homem que melhor
compreendeu em detalhes, a imprevisibilidade da vida e suas contingências ao
afirmar: “Voltei-me e vi debaixo do sol que não é dos ligeiros a
carreira, nem dos valentes, a peleja, nem tampouco dos sábios, o pão, nem ainda
dos prudentes, a riqueza, nem dos inteligentes o favor, mas que o tempo e a
sorte pertencem a todos” (Ec 9.11).
A vida é imprevisível, porém
plenamente contingencial. Ricos e pobres, brancos e negros, estão sujeitos ás
suas vicissitudes. Terremotos, furacões, secas, desemprego, ocorrem não somente
em países habitados por pecadores, mas também em países onde há crentes
piedosos.
Com muita propriedade alguém
já disse “A vida é incerta”. A imprecisão entre o que plantamos e o que
colhemos pode transformar em fatalidade o que sempre pareceu sucesso. Quem se
prepara estuda e se esforça, consegue sempre as melhores posições. Isso está
certo? Nem sempre.
Diria o Eclesiastes: Mas não
adianta nada se preparar, estudar e se esforçar! Sim, adianta bastante, mas não
é suficiente para garantir o sucesso e o conforto merecido. Que o digam os
professores universitários. Habitamos em um mundo caído. Todavia o Senhor se
faz presente no meio das tempestades caídas (Sl 41.6; 91.15).
4. Vivendo por um ideal
– As palavras de Salomão mostram uma cultura para a
qual não existem mais ideais. “Houve uma pequena cidade em que havia
poucos homens; veio contra ela um grande rei, sitiou-a e levantou contra ela
grandes baluartes. Encontrou-se nela um homem pobre, porém sábio, que a livrou
pela sua sabedoria; Contudo, ninguém se lembrou mais daquele pobre” (Ec
9.14,15).
O pobre agiu com sabedoria e
idealismo, mais foi esquecido. Parece até mesmo que o sábio Salomão fazia uma
leitura de nossa cultura e de nosso tempo. Nesse ponto, o livro de Eclesiastes
demonstra ser mais atual do que imaginamos.
A nosso cultura contemporânea
ou pós-moderna não tem mais ideais. Acerca dessa nossa geração afirmou o grande
teólogo espanhol Antonio Cruz: “A nossa geração não se fundamenta mais em nada,
visto não possuir certezas absolutas”. Os pós modernistas tornaram as pessoas
individualistas e narcisistas, preocupadas consigo mesmo, e não com o outro.
Mesmo mostrando que as boas
ações de alguém não tenham o merecido reconhecimento de outrem, Salomão cria
que devemos viver por uma causa. “Então, disse eu: é a sabedoria do que
a força, ainda que a sabedoria do pobre é desprezada e as suas palavras não são
ouvidas.
As palavras dos sábios,
ouvidas em silêncio, valem mais do que os gritos de quem governa entre os
tolos. Melhor é a sabedoria do que as armas de guerra, mas um só pecador
destrói muitas coisas boas” (Ec 9.16-18).
IV – CONCLUSÃO: Acreditar
em valores morais e espirituais e procurar viver a altura deles em meio a uma
sociedade relativista e vazia de idealismo não tem garantia nenhuma de algum
reconhecimento.
Todavia ainda assim vale a
pena viver por um ideal. Mais do que qualquer outro, o cristão sabe que nesta
vida há causas pelas quais vale a pena lutar (Ef 3.14; At 20.24; 2Tm 20.27).
Debaixo do sol a vida se
mostra como ela é. Às vezes parece totalmente sem sentido, e em muitas outras,
cheia de paradoxo. Mas é a vida e precisa ser vivida. Salomão não somente
observou essa dura realidade, mas também a experimentou. Para não cairmos em um
pessimismo impiedoso e nem tampouco em um indiferentismo frio, devemos então
viver a vida a partir da perspectiva da eternidade.
É a partir daí que tomaremos
consciência de que há uma causa dignas pela qual lutar e assim evitaremos cair
nas malhas do pessimismo.
Consultas:
Lições Bíblicas EBD-CPAD - 4º.
Trimestre 2013 – (Comentarista: Pr. José Gonçalves).
Bíblia de Estudo Pentecostal – CPAD
READMACHER. Early D. O Novo
Comentário do Antigo Testamento. Rio de Janeiro, 2010. 1ª. Edição
CHAFER. Teologia Sistemática – Vls.
1,2 – São Paulo, 2008. 2ª. Edição -Editora Hagnus. R, Early D.
DAVIS, John. Novo Dicionário da
Bíblia – Ampliado e Atualizado. São Paulo 2005 – 1ª Edição. Editora
Hagnos.
GONÇALVES, José. Sábios conselhos
para um viver vitorioso – Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Rio
de janeiro, 2013, 1ª. Edição
CHAMPLIN. R. N. O Antigo Testamento
Interpretado Versículo por Versículo. V.4.
CHAMPLIN. R. N. O Novo Testamento
Interpretado Versículo por Versículo. V.5.
GEISLEN. l. Norman. Ética Cristã –
Opções e Questões Contemporâneas. São Paulo 2010 – Editora Vida Nova.
SPU4RGEON. C.H. Esboços Bíblicos de
Salmos. São Paulo, 2005 – Shedd Publicações.
Bíblias de Estudo Almeida.- Bíblia de
Estudo de Genebra
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