Subsídios para o Ensino da Lição: Pr. João Barbosa
Texto da Lição: Filipenses 2.12-18
I - OBJETIVOS
DE APRENDIZAGEM:
1.
Conhecer a dinâmica da salvação.
2.
Analisar a operação da salvação.
3.
Saber que a salvação opera alegria e contentamento no
crente.
II - INTRODUÇÃO
A salvação é perfeita
juridicamente em relação ao que Cristo fez no Calvário ao pagar a pena dos
nossos pecados. Porém, ela é dinâmica e progressiva no que se refere a mantê-la
através da santidade de vida. A consumação de nossa salvação está na
dependência de Deus. Por isso, a salvação, quanto ao ato penal, é perfeita e
completa, mas com relação á sua preservação é condicional.
Pode-se perder a
salvação caso não seja preservada através de uma vida santa e dedicada ao
Senhor. O apóstolo Paulo expressa no versículo 12 da lição o sentimento do seu
coração no sentido de que a obediência dos filipenses não dependesse da sua
presença física em Filipo.
O apóstolo expressou o
desejo de seu coração com relação aos filipenses para que eles entendessem que
a salvação é dinâmica, ativa e contínua. No sentido de que cada cristão deve
procurar desenvolver sua vida cristã em santidade e obediência. Quando ele
exorta, dizendo: “Operai a vossa salvação”,
não está ensinando em absoluto, uma salvação pelas obras.
O versículo 13 da lição
esclarece bem essa questão: “Porque Deus
é o que opera em vós, tanto o querer como o efetuar segundo a sua vontade”.
Como podemos entender a obra da salvação como doutrina? Paulo entendeu e
ensinou a doutrina da salvação em três dimensões:
A obra no passado com a
justificação do pecador mediante a fé em Cristo Jesus; a obra presente da
salvação mediante a santificação como um processo contínuo e crescente do
crente na presença de Deus; em terceiro lugar a obra futura da salvação
mediante a glorificação, ou seja, o estado de glória conquistado na vida além
túmulo.
Ora, o sentido dinâmico da salvação é demonstrado
pela forma verbal do verbo “operar” porque o crente pode crescer em Cristo
Jesus (Ef 4.14-16). Neste ensinamento o apóstolo Paulo retoma a exortação
apostólica e enfatiza a obediência dos filipenses, que também caracterizou
Cristo em sua vida terrena.
Ele destaca essa virtude da obediência de Cristo
demonstrada em Fp 2.5-11, para que os crentes em Cristo o tivesse como exemplo.
Paulo não duvidava da obediência dos filipenses, mas fortalece a idéia de que a
obediência e o caminho do aperfeiçoamento da salvação recebida.
III – DESENVOLVIMENTO
1. A
dinâmica da salvação (Fp 2.12,13). Teologicamente a salvação é operada em
três dimensões específicas. A primeira refere-se á obra da salvação realizada,
completa e perfeita no Calvário. Este primeiro estágio da salvação é o
livramento do pecador da pena do pecado que Jesus pagou por todos nós na cruz
do Calvário.
A segunda dimensão desta salvação refere-se á
dinâmica da salvação que se efetua no dia a dia na forma de progressiva do
viver de cada crente em Cristo. Esta é a salvação do poder do pecado que age em
nosso redor e em nossa natureza pecaminosa e decaída para que percamos a
salvação.
A terceira dimensão da salvação é o futuro e se
refere a salvação do corpo do pecado. Isto é, do nosso próprio corpo, do nosso
eu, na morte física ou no arrebatamento da igreja – “Sabendo isto: que o nosso velho homem foi com ele crucificado, para que
o nosso corpo do pecado seja desfeito, a fim de que não sirvamos mais ao pecado”.
(Rm 6.6).
A doutrina de “Uma
vez salvo, salvo para sempre” não dá espaço para desenvolver a salvação. Na
realidade, ela tem um caráter de estagnação. Porém, o verbo no imperativo
“operai ou desenvolvei” coloca em movimento a vida cristã. A ideia de “Uma vez salvo, salvo para sempre” anula
a importância da igreja, que existe para “desenvolver” a salvação recebida em
Cristo.
O imperativo verbal “desenvolvei” tem o sentido de
levar a bom termo, ou de completar algo que está por terminar. A obra salvadora
realizada é perfeita e completa quanto ao seu aspecto jurídico e penal, porque
Cristo cumpriu toda lei exigida. Porém, essa obra perfeita e completa de Cristo
requer, também, uma ação exterior em termos de atividade espiritual e social na
vida comunitária da igreja.
A salvação, da parte de Deus, foi operada
interiormente pelo mérito da obra do Calvário. Porém, o sentido de “operar a
própria salvação” refere-se á demonstração dessa salvação fazendo a obra de
Deus e cuidando-se de modo a torná-la firme até o dia final quando estaremos
para sempre com o Senhor - “Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez
mais firmes a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais
tropeçareis” (2Pe 1.10).
2. Operando a salvação com temor e tremor – (Fp 2.12-16). Essas palavras servem para mostrar
que Paulo não falava acerca de coisas indiferentes. As duas palavras gregas
aqui usadas pelo apóstolo “fobos” e tromos” aparecem juntas com frequência na Versão
dos Setenta – a tradução do original hebraico do AT para o grego, completado
cerca de duzentos anos antes da era cristã (Gn 9.2; Ex 15.16; Is 19.16). E
também de uso frequente nas páginas do NT (1Co 2.3; 2Co 6.15; Ef 6.5).
Apesar de ser verdade
que nenhum terror objeto nos é recomendado, mas tão somente uma cautela séria,
contudo, não há razão para acreditarmos que Paulo não estivesse pensando em um
temor genuíno, porquanto estamos aqui abordando uma questão temível.
Temor,
auto-desconfiança, consciência sensível, vigilância contra a tentação; uma inspiração
que se opõe á altivez de espírito, o cuidado para que se não caia. A constante
apreensão ante o fato que o coração é tão enganoso, o temor devido ao poder
insidioso da corrupção no íntimo.
Embora os filipenses
não se equiparassem aos israelitas quando atravessaram o deserto sob a liderança de Moisés, que
estavam frequentemente a murmurar e a contender como atitude de rebelião, ainda
assim o apóstolo Paulo os exortou a fazer todas as coisas sem murmurações ou
queixas tal como convém aos santos. Haja vista não ser esta a vontade de Deus
para o seu povo (1Co 6.1-8).
O apóstolo apela aos
filipenses para que se achem irrepreensíveis e sinceros como alguém que domine
a carne, pois anda no Espírito (Gl 5.16,17). Paulo também encoraja os
filipenses a guardarem a Palavra, pois além de promover a vida no presente, ela
ainda nos garante a esperança e vida eterna para o futuro próximo (Hb 4.12).
3. A salvação opera o contentamento e a alegria – (Fp 2.17,18). Paulo deu exemplo de abnegação e essa
escritura indica que ele buscou no AT a figura dos sacrifícios ao usar a
palavra como “libação”. Ele quis fortalecer a idéia de que valia a pena oferecer a sua vida como libação
pelos filipenses mediante o “sacrifício e serviço da fé” deles.
Libação era uma oferta de azeite puro, ou perfume
ou vinho que era derramado ao redor do altar do sacrifício para aquele rito.
Nesse sentido, ele tinha o gozo do sacrifício em sua alma porque entendia que
valia a pena sofrer pelos cristãos filipenses. O apóstolo está ciente das privações
que impôs a si mesmo para edificar o corpo de Cristo em Filipos. Ele porém se
regozija e alegra-se pelo privilégio de servir aos filipenses.
O apóstolo estimula os filipenses a celebrarem
juntamente com ele tão grande salvação (Hb 2.3). O apelo de Paulo no v.18 é
contagiante “regozijai-vos e alegrai-vos
comigo por isto mesmo”. A alegria de Paulo é proveniente do fato de que uma
vez que Jesus nos salvou mediante o seu sacrifício no Calvário, agora o Mestre
nos chama para testemunharmos a verdade desta mesma salvação operada em nós.
Portanto, alegremo-nos e regozijemo-nos nisto.
IV – CONCLUSÃO
O dia de Cristo, no conceito de Paulo, não se
demoraria; mas, no momento, estando ele encarcerado e estando a sua vida
ameaçada, percebia ele que talvez não pudesse chegar em vida aquela data. No
entanto, isso em nada alterava a sua ordem; porque ele iria alegremente ao extremo
do martírio, se porventura isso contribuísse para os crentes avançarem na fé.
Até mesmo por causa desse fato e não apenas por
causa do dia triunfal da parousia, Paulo se enchia de júbilo, regozijando-se
com eles, devido aquilo que fora feito neles e em favor deles. E assim o
simbolismo da carreira é deixado de lado, pois Paulo é arrancado rude e
repentinamente da competição, transformando-se em um sacrifício oferecido a
Cristo.
Naturalmente, até mesmo em face dessa
adversidade, ele triunfava em sua carreira, mesmo que não tenha declarado isso
especificamente, e embora não seja naturalmente dado a entender na metáfora por
ele utilizada – oferecido por libação sob sacrifício – “Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o
tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira e
guardei a fé” (2Tm 4.6,7).
Consultas:
Lições
Bíblicas EBD-CPAD - 3º. Trimestre 2013 – (Comentarista: Pr. Elienai Cabral).
Bíblia de Estudo Pentecostal – CPAD
LUTERO.
Martinho. Nascido Escravo. São Paulo 2007 – 2ª Edição em Português. Edit. Fiel
RICHARDS,
Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1. Ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2007
CABRAL.
Elienai, Filipenses: A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Rio de
Janeiro 2013. 1ª. Edição. CPAD
CHAMPLIN.
R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Editora Hagnos.
CAMPOS, Heber Carlos de.
A União das Duas Naturezas do Redentor. São Paulo, 2004 – 1ª. Ed. Edit. Cultura
Cristã.
CAMPOS, Heber Carlos
de. A Pessoa de Cristo - As Duas Naturezas do Redentor. São Paulo, 2004 – 1ª.
Ed. Edit. Cultura Cristã.
LEWIS, Sperry Chafer.
Teologia Sistemática – Vl.1,2 –São Paulo 2008.
2ª. Ed. Editora Hagnus
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