Síntese do Estudo Bíblico: Pr. João Barbosa
Texto da Lição: Mateus 19.3-12
I - OBJETIVOS
DE APRENDIZAGEM:
1.
Dissertar sobre o divórcio no Antigo Testamento.
2.
Defender como padrão o ensinamento de Jesus sobre o
divórcio.
3.
Explicar o porquê do ensino de Paulo acerca do divórcio.
II - REFLEXÃO BÍBLICA:
“Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por
causa de prostituição, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a
repudiada também comete adultério”.
(Mateus 19.9)
III - DESENVOLVIMENTO:
No projeto original de Deus para o casamento e a
família não havia o plano “B” do divórcio. Este, embora admissível em caso de
infidelidade, sempre traz sérias consequências à família. Por isso Deus o
aborrece.
No livro de Mateus encontramos Jesus reconhecendo
a existência do divórcio instituído por Moisés por causa da dureza do coração
do povo (Dt 24.1-4; Mt 5.32; 19.3-12; Mc 10.2-12; Lc 16.18; 1Co 7.10-16; Rm
7.2), em caso de adultério. Sendo que o ideal monogâmico e indissolúvel do
casamento permanece o mesmo do original de Genesis 2.24; Mt 19.6: “Assim não são
mais dois, mais uma só carne, portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem”.
Se a esposa ou o esposo se prostituir e se tornar uma só carne com um adúltero
ou adúltera, a razão da lei cessa, e também a lei.
O divórcio é reconhecido por Cristo, como uma
exceção, ante à prática da infidelidade,
que quebra a aliança matrimonial. O divórcio é o rompimento da aliança,
celebrada diante de Deus, perante um ministro ou autoridade eclesiástica, ou
diante da sociedade representada pela autoridade civil, encarregada de oficiar
o casamento.
Na
prática, o divórcio é a expressão marcante da falta de amor, de
entendimento, de união e de fidelidade conjugal. Todo divórcio deixa marcas
profundas nos que são alcançados por essa medida de caráter radical. Os que
mais sofrem são os filhos que não entendem
porque seus pais não conseguem viver juntos, em amor; cuidando da missão de
zelar pelo lar e pela família.
No contexto histórico e cultural do Antigo
Testamento, a sociedade era patriarcal por excelência. O homem tinha hegemonia
em tudo, inclusive sendo o divórcio um direito e privilégio exclusivo dele. A
mulher repudiada pelo homem não era bem vista na sociedade. Mas tinha o direito
de obter um documento oficial, chamado de “Carta de Divórcio”, ou de repúdio
que lhe dava o direito de contrair novas núpcias.
A carta de divórcio ou de repúdio deveria ser
dada em presença de duas testemunhas, e as partes estariam livres para um novo
matrimônio. Aliás, o divórcio só tinha sentido se houvesse em vista um novo
casamento. Se assim não fosse, por que motivo a mulher receberia carta de
divórcio? Seria simplesmente abandonada. Observe-se que a mulher não tinha
direito de pedir divórcio. Este era privilégio apenas, do homem, o qual poderia
escolher com quem viver, inclusive possuindo mais de uma mulher, além de ter
concubinas ao seu dispor.
O divórcio não faz parte dos planos de Deus.
Assim como a poligamia, no Antigo Testamento, que Ele permitiu ou melhor,
tolerou. Há em alguns dos cônjuges, casos
de uma gravidade tamanha, devido à práticas tão abomináveis que até chegam a destruir o vínculo conjugal, e na permissividade de
Cristo, nesses casos excepcionais, Ele admite o divórcio. Não como regra, mas
como exceção, como um “remédio amargo” para um mal maior.
O evangelho de Cristo é sábio, justo e bom. Jesus
não incentiva nem aprova o divórcio, mas o permite como um meio de reparar um
dano moral de consequências drásticas,
como um direito ao cônjuge que permanece fiel a Deus e ao casamento. Viver
solteiro pode ser opção, mas não um estado que foi planejado por Deus.
O apóstolo Paulo enfrentou alguns dos maiores
questionamentos que perturbavam a igreja cristã nos seus primórdios. Um deles,
sem sombras de dúvidas foi a questão do divórcio. E ele soube posicionar-se com
elevado discernimento espiritual sob a direção divina. Interpretando a doutrina
de Cristo sobre o divórcio, o apóstolo dos gentios apresentou sérias
argumentações doutrinárias a respeito do assunto (1Co 7.10,11).
Nos versículos citados, Paulo mostra que a
vontade de Deus para o casamento é que ele seja permanente. Também mostra que,
às vezes, o relacionamento conjugal se torna tão insuportável que é necessário
os cônjuges se separarem, entretanto, sem divórcio formal; existem casos na
sociedade em que mulheres casadas convivem dentro do próprio lar com o
“marido”, como se fossem “viúvas de maridos vivos”.
A infidelidade conjugal que geralmente dá origem
ao divórcio é um processo maligno que tem início na mente. Se este não for
combatido, acaba por impregnar o coração, redundando em atos vergonhosos e trazendo
consequências drásticas – “Sobre tudo o
que se deve guardar, guarda o teu coração porque dele procedem as saídas da
vida” (Pv 4.23).
“Porque
do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as
prostituições, os homicídios, os furtos, a avarezxa, as maldades, o engano, a
dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura”. (Mc 7.21,22). A infidelidade afasta as pessoas
de Deus. A Bíblia diz que: “Os lábios da
mulher estranha destilam favos de mel, e o seu paladar é mais macio do que o
azeite” (Pv 5.3).
O divórcio traz sérias consequências na própria
estrutura familiar, onde os filhos acabam, além de carregarem mágoas de seus
pais, levando ressentimentos e dor para suas futuras famílias. Seus
relacionamentos são afetados. Por isso Deus abomina a infidelidade – a
deslealdade (Ml 2.15).
IV - VERDADE PRÁTICA:
O divórcio é um desvio do plano original de Deus
para o casamento, do qual o Israel do Antigo Testamento se desviou, quebrando
assim a aliança do casamento instiuída por Deus. Os primeiros capítulos de
Gênesis deixam claro que Deus criou o casamento para ser permanente. Esse fato
fica claro na descrição paradigmática do casamento em Gn 2.24: “Portanto, o
homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só
carne”.
Embora haja certa controvérsia entre os
estudiosos acerca da complexidade do significado de “unir-se” e “ser uma só
carne”, não há dúvidas de que Deus criou o casamento para ser permanente – “Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o
homem” (Mc 10.9). O Antigo Testamento indica que muitos desconsideraram a
durabilidade do casamento como parte integrante do plano de Deus. Na verdade, o
divórcio era um problema sério no início da história de Israel. De acordo com o
código mosaico, o sacerdote não podia se casar com uma mulher divorciada –
mesmo que ela não fosse a parte culpada (Lc 21.7).
Numa tentativa de refrear os pecados resultantes
do divórcio, a legislação mosaica proibia o homem de se casar novamente com uma
mulher da qual ele se divorciara e que em seguida se casara com outro homem,
mesmo que o segundo marido houvesse falecido (Dt 24.1-4). A proibição é
justificada pela declaração de que a mulher se torna contaminada talvez
indicando que o novo casamento ilegítimo após o divórcio equivalesse a
adultério.
O Antigo Testamento registra vários exemplos de
divórcio e até esta prática geral no meio dos hebreus (Ed 9.10; Ne 13.23-31; Ml
2.14-16). Apesar da presença do divórcio na história de Israel, porém, o Antigo
Testamento confirma que a durabilidade continuou a ser um componente do plano
de Deus para o casamento. Pode-se observar isso no fato de a legislação mosaica
parecer proibir especificamente o divórcio se a esposa era virgem quando o
casamento foi consumado ((Dt 22.13-19, 29).
Fica evidente, também, que Deus não aprova o
divórcio, pois em várias ocasiões o Antigo Testamento usa o divórcio para
descrever a apostasia espiritual de Israel (Is 50.1; Jr 3.8). E o profeta deixa
claro que Deus não aprova o divórcio motivado pelo ódio (Ml 2.15).
Consultas:
Lições
Bíblicas EBD-CPAD - 2º. Trimestre 2013 – (Comentarista: Elinaldo Renovato). - Bíblia de Estudo Pentecostal – CPAD
RICHARDS,
Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1. Ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2007
LIMA,
Elinaldo Renovato de. A Família Cristã e os Ataques do Inimigo. Rio de Janeiro
2013. 1ª. Edição. CPAD
VEITE
Jr. Gene Edwuard. Tempos Pós-Modernos – Uma
avaliação do pensamento cristão e da cultura de nossa época. São Paulo 1999.
1ª. Edição Editora Cristã.
KOSTENBERGER,
Andréas J. Deus, Casamento e Família – Reconstruindo o fundamento bíblico. São
Paulo 2011 – Editora Vida Nova
CHAMPLIN.
R. N. O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Editora Hagnos.
CHAMPLIN.
R. N. O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo Vl-1. Editora
Hagnos.
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