Texto da Lição: Malaquias 1.1; 2.10-16
I - OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM:
- Explicar o contexto
social, a estrutura e a mensagem do livro de Malaquias.
- Reconhecer quais são as implicações de um péssimo relacionamento familiar.
- Conscientizar-se que é vontade de Deus vivermos um bom relacionamento na família e na
sociedade.
II - DESENVOLVIMENTO
DO TEMA
A partir da queda de
Jerusalém, começamos com Zedequias e os últimos três reis de Judá; chegamos a
Nabucodonozor rei da Babilônia; depois, o governo medo-persa, com Dário,
Cambises, Xerxes, Artaxerxes, governantes que dominaram Israel.
Nesse período
ainda encontramos o ministério de Jeremias, que durou mais ou menos 60 anos; o
ministério de Ezequiel, mais ou menos 34 anos; o ministério Daniel de aproximadamente 70
anos; o ministério de Ageu, com apenas
pouco mais de dois meses; depois seguiram-se os ministérios de Zacarias,
Esdras, Neemias e Malaquias.
A queda da Babilônia, no tempo de Belsazar, em 539
a.C., é relatada no capítulo cinco de Daniel. Em 538 a.C., os judeus são
libertados e, em 536 a. C., um primeiro grupo deles retorna a Israel conduzidos
por Zorobabel e o sumo sacerdote Josué.
Começa então o trabalho de
reconstrução do templo, e ao povo ensina-se como adorar o Senhor. Segue-se a
interrupção da reconstrução do templo, a morte de Ciro e as revoluções no reino persa. Em 520 a.C.,
é retomada a reconstrução do templo, com Dário no poder. O término da
reconstrução do tempo acontece em 516 a.C., depois disso, Zacarias escreve os
capítulos 9 – 14 do seu livro.
Na época de Xerxes vamos
encontrar a rainha Ester. Segue-se o reinado de Artaxerxes, com a presença do
sumo sacerdote Esdras, e a chegado do segundo grupo de judeus em 464 a.C.
Finalmente, os muros de Jerusalém são reconstruídos por Neemias.
É nesse contexto que tem
início o ministério de Malaquias, aproximadamente 100 anos após o reinício da
reconstrução do templo. Os profetas que o precederam, Ageu e Zacarias, levaram
o povo ao arrependimento e a dar primazia para a adoração.
Houve um despertamento
espiritual, e as bênçãos da adoração, que fora restaurada plenamente, vieram a
reconstrução do templo.
Após os ministérios de Ageu
e Zacarias e o final do ministério de Zorobabel e o sacerdote Josué veio o
ministério de Esdras, juntamente com a chegada do segundo grupo dos cativos,
com registrado nos capítulos 7 – 10 do livro de Esdras.
Seguiu-se o ministério
de Neemias, que deu início à reconstrução dos muros, em 445 a.C., como descrito
dos capítulos 1 – 6 do livro de Neemias. As reformas e a organização civil e
religiosa são apresentadas nos capítulos 7 – 12.
Apesar de todo o avivamento
observado nesse contexto, vamos encontrar o povo dos dias de Malaquias, em
condições religiosas deploráveis, rejeitando o ensino literal da palavra.
Caíram moralmente na corrupção da boa conduta que a lei pedia.
Socialmente, as famílias
estavam em ruínas tanto espiritual como moral e viviam uma intensa crise
econômica. O povo tinha perdido rapidamente o espírito de gratidão e de temor
ao Senhor.
O nome do profeta significa:
meu mensageiro ou meu embaixador. Malaquias falava em nome do Senhor Jeová
Tsabaot – Senhor dos Exércitos (Ml 1.1-5; 1.6; 4.6). Malaquias não teve visões
como tiveram Ageu e Zacarias, também como eles, não precisou reconstruir o
templo. Ele veio para corrigir a adoração corrompida que tinha a ver com a
futura vinda do Messias como nos capítulos 3. 1-6 e 4.1-6.
Malaquias pronunciou seis
oráculos ou mensagens de advertências.
Primeiro oráculo ou mensagem de advertência (Ml 1.1-5), Nesse primeiro oráculo ou
denúncia ele revela a ingratidão do povo ao amor imutável do Senhor. Esses
cinco primeiros versículos apresentam a primeira denúncia ou oráculo do profeta
e está relacionada com a falta de reconhecimento do amor de Deus
por Israel.
Embora os edomitas tivessem
zombado de Judá quando esteve no cativeiro, posteriormente eles foram
destruídos por Nabucodonozor para nunca mais serem nação, enquanto Israel foi
trazido de volta por Deus e estava na terra novamente. Esta era a prova do amor
de Deus para com eles.
Quando Malaquias fala de
peso não tem o mesmo sentido da palavra em Naun 1.1, nem peso como é descrito
em Isaias 13 – 33, que falava de juízo e destruição. Mas em Malaquias, peso
significava apresentar o irrevogável amor de Deus para aquela geração e mostrar
que Jeová Tsabaot almejava tirar a nação do estado de miséria em que se
encontrava e conduzí-los à vitória.
O fracasso do povo era
resultado de sua falta em não corresponder ao amor do Senhor, como deveria ser
correspondido por intermédio da verdadeira adoração a Deus. Os israelitas
estavam praticando uma forma de adoração corrupta – denunciava o profeta
Malaquias.
Segundo e terceiro oráculos ou denúncias (Ml 1.6 – 2.10-16). O texto está
dividido da seguinte forma:
1ª parte – a) as denúncias do profeta (Ml 1.6,7); Apesar de tudo, o Senhor
continuava demonstrando seu amor aos sacerdotes. Os oráculos dirigidos a eles
poderiam até soar absurdos, mas era através deles que o Senhor poderia mostrar
seu desejo intenso em socorrê-los para depois abençoá-los.
b) a descrição dos atos
sacerdotais (Ml 1.8,9); O texto trata das provas que caracterizavam a forma
como os sacerdotes apresentavam os animais para o sacrifício, ou na recepção
deles levados pelo povo para o sacrifício, sem que houvesse restrição ao ensino
– ao oferecer um animal com defeito os sacerdotes estavam sujeitos à morte
conforme (Lv 20.22-25) porque estavam violando a lei da adoração.
c) o desagrado do Senhor (Ml
1.10,11); Esse texto trata das consequências da adoração corrupta que o povo e
os sacerdotes praticavam tendo em vista o que iria acontecer na verdadeira
adoração universal do futuro reino de Deus.
O desagrado do Senhor era em ver o
lugar da adoração profanado e a prática de
sacrilégios levaram-no a declarar sua total rejeição à essa prática de
adoração corrupta.
d) o desacato dos sacerdotes
(Ml 1.12,13); Esses versículos abordam as palavras e atitude que os sacerdotes
manifestavam no serviço de adoração corrupta que praticavam. As suas ações
haviam sido denunciadas nos versículos 8 e 9. Agora as suas palavras e atitudes
são alvo das denúncias.
A profanação dos sacerdotes estava também em suas
próprias palavras: “Mas vós o profanais,
quando dizeis: a mesa do Senhor é imunda, e o que nela se oferece, isto é, a
sua comida desprezível”. Desprezível é idêntico o que já foi dito em Ml
1.6, ou seja, os sacerdotes estavam tratando seu ofício sacerdotal em forma de
zombaria.
e) os defraudadores da
adoração (Ml 1.14); Trata-se das penalidades aos infratores da lei da adoração.
Agora, o adorador corrupto é chamado de enganador, seja ele sacerdote ou
qualquer pessoa do povo que traga suas ofertas de adoração devida a um voto
feito. Salomão fez uma severa advertência aos que fazem votos e não o cumprem:
“...Cumpre o voto que
fizeres, melhor é que não votes do que votes e não cumpras” (Ec 5.4.5). “Pois maldito seja o enganador que tendo um
animal sadio no seu rebanho, promete e oferece ao Senhor um defeituoso” (Ml
1.14). Cumprir o voto através de uma trapaça era escolher um animal defeituoso
do seu rebanho em lugar de um sadio.
2ª parte – a) a advertência anunciada (Ml 2.1-3); Após ter denunciado a
ingratidão do povo, a profanação e sacrilégios, bem como o espírito mercenário
dos sacerdotes, juntamente com a fraude dos atos simbólicos de adoração, devido
aos votos dos adoradores, agora a primeira palavra do capítulo 2 revela as
advertências dirigidas aos sacerdotes.
“Agora, ó sacerdotes, para vós outros este
mandamento”. Mandamento é uma ordem para
considerar o tempo e as condições em que viviam. Trata com os sacerdotes sob as
ameaças de punição da lei. Se, de um lado, é uma ameaça, por outro lado, é o
amor de Deus revelado aos sacerdotes apóstatas. O Senhor não deseja punir, mas
se regozija em ver o arrependimento.
“Se, não ouvirdes e se não propuserdes no
vosso coração dar honra ao meu nome, diz Jeová Tsabaot: enviarei sobre vós a
maldição e amaldiçoarei vossas bênçãos”. Se a apostasia é progressiva, a correção e
juízo também o são. Começa com os que têm mais responsabilidade. “Mas àquele a quem muito foi dado muito lhe
será exigido; e àquele a quem muito se confia,muito mais lhe pedirão” (Lc
12.48).
Os sacerdotes estão debaixo
do regime da lei (Lv 26.14-16). E deveriam retornar à lei, entendê-la e
aplicá-la, caso contrário haveria disciplina. Assim, as bênçãos da Aliança da
terra passavam pela fidelidade sacerdotal e em seguida alcançavam o povo.
b) a aliança de Levi
avaliada. (Ml 2.4-7); Ao comparar o padrão espiritual que os sacerdotes tinham
perdido, com aquele que precisava ser restaurado, Malaquias demonstra o
contraste entre a conduta, dedicação e fidelidade dos sacerdotes no passado e o
comportamento da geração dos sacerdotes dos seus dias.
“Então sabereis que eu vos enviei estes
mandamentos, para que a minha aliança continue com Levi” (Ml 2.4). Esta é uma aliança de vida e paz. É
uma referência ao que foi concedida a Finéias e aos seus descendentes na
planície de Moabe (Nm 25.10-13).
c) A atuação sacerdotal
corrompida (Ml 2.8,9) O profeta denuncia e condena como de forma tão depressa
os sacerdotes se desviaram do caminho que lhes tinha sido ordenado, que era o
afastamento das normas de adoração e serviço que a lei requeria. A fidelidade
ao caminho estava em não se desviar das instruções nem para a direita nem para
a esquerda (Dt 5.32).
d) A deslealdade do povo (Ml
2.10) O propósito da criação de Israel era proclamar o louvor do Senhor entre
as nações. Esta é a razão pela qual Israel existia – mas eles não cumpriam com
este propósito (Ml 2.10; Is 43.1,7,21).
Quarto oráculo ou denúncia (Ml 2.3-16); A deslealdade do
casamento. A consequência de todos os desvios da observância da lei do Senhor
trouxe como consequência a deslealdade no casamento. As mulheres judias
divorciadas e abandonadas pelos seus maridos com seus filhos quando adoravam no
templo, elas pediam justiça pelos atos injustos de seus ex-maridos.
A adoração delas impedia a
adoração de seus maridos divorciados. De sorte que, Deus já não olhava para as
ofertas deles porque desconsideravam ao Senhor. Os ex-maridos eram os
causadores das lágrimas. E a causa da aliança de casamento quebrada. E
perguntavam por que (Ml 2.14).
Porque esses divorciados
fossem eles sacerdotes ou não, deveriam ter consciência de seus atos para com a
nação, a família e também diante do Senhor. Eles eram culpados de trair a
aliança de casamento “Porque o Senhor foi
testemunha da aliança entre ti e a mulher da tua mocidade com a qual fostes
desleal”.
Eles eram desleais porque as mulheres companheiras das bênçãos e
sofrimentos e das decisões de seus maridos diante dos negócios desta vida, ela
era sua companheira nas doenças e na saúde.
Ela era a companheira dada
pelo Senhor ao homes “Mulher da tua
aliança” é a outra base para explicar a deslealdade do marido à sua esposa.
Ela fora a escolhida dentro da aliança do Senhor, razão porque o Senhor foi
testemunha.
A Bíblia não trata um
casamento como um contrato, e sim como uma aliança. O contrato é temporário; a
aliança é permanente. A deslealdade é assim considerada, primeiramente por se
tratar de uma aliança que não podia ser quebrada.
Eles deixavam a mulher da sua
mocidade para unir-se a uma gentia fora da aliança do Senhor. Era uma dupla
deslealdade contra a esposa e contra a aliança do Senhor.
Quinto oráculo ou denúncia (Ml 3.7) A quinta denúncia
apresenta a forma como a nação se desviou dos caminhos do Senhor, visto ser
esta uma tendência da nação de Israel que continua desde o êxito até hoje em
abandonar a lei do Senhor.
Mesmo assim o Senhor sempre
proporciona ao povo sua graciosa oferta de reconciliação com Deus. “Tornai-vos para mim, e eu tornarei para
vós outros, diz o Senhor dos exércitos” (Ml 3.7). É o amor incondicional de
Deus solicitando e apelando para que haja o retorno à sua Palavra.
Sexto oráculo (Ml 3.8-12); Roubo – “Roubaria o homem a
Deus¿ Esta pergunta parece um absurdo em termos universais, mas para Israel, é
válida e possível devido à aliança mosaica que ainda estava em vigor. “Roubar”
– é kaba (hb) significa defraudar (Pv
22.22).
A Bíblia sempre mostrou que
tudo na criação está a disposição do homem, mas toda ela é do Senhor. “Ao
Senhor pertence a terra de tudo que nela se contém, o mundo e os que nele
habitam (Sl 24.1). “Pois são meus todos os animais do bosque e as alimarias aos
milhares sobre as montanhas” (Sl 50.10).
Todavia, entre as nações do
mundo antigo somente Israel é que deveria dizimar, reconhecendo dessa maneira o
possuidor de todas as coisas através da adoração mosaica. Em que o povo roubava
a Deus¿
“Nos dízimos e nas ofertas”.
Por terem negligenciado o ensino da lei, os sacerdotes e o povo se tornaram
culpados debaixo da lei e por conseguinte da aliança, por isso estavam debaixo
da sua disciplina. Estavam roubando ao Senhor.
Há vários tipos de dízimos.
Não se trata apenas de um décimo do que se ganha numa só atividade, e sim de um
processo de dizimar as várias etapas de sua produção agro-pastoril, além das
ofertas. O resultado apontado por essa denúncia estava na falta de prosperidade
do povo:
“Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais vós toda a
nação” (Ml 3.9). O método da lei era primeiro prometer; depois, obedecer.
Então, receber bênção. A falha em dar os dízimos impedia as bênçãos da lei
tanto individualmente como nacionalmente.
“Todos os dízimos” é um
processo de dizimar mediante cada etapa de uma produção ou de uma negociação
(Lv 27.30,32; Dt 14.22). Os levitas dizimavam o que recebiam em suas cidades e
davam ao sacerdote no templo (Nm 18.28,29).
Há um dízimo que era recolhido a
cada três anos, que todos os judeus mantinham guardados em sua casa para
ampararem os levitas, os órfãos, o estrangeiro, e as viúvas que residiam em sua
cidade. “Comerão, e se fartarão” (Dt 14.28,29).
Ainda existiam os dízimos
que eram levados ao templo por ocasião das festas de Israel (Dt 14.22-27).
Desse modo podemos observar que pela lei de Moisés, o dízimo significava dez
por cento das várias etapas de produção.
O povo tinha, pois, que ficar atento e
recolhê-lo sobre a lei. De tudo que deveria ser dizimado alguns estudiosos
chegaram à conclusão de que os dízimos não eram simplesmente dez por cento e
sim, aproximadamente de vinte e seis a trinta e seis da produção total.
“Então, provai nisto diz o Senhor dos
Exércitos, se eu não vos abrir as janelas dos céus e não derramar sobre vós
bênçãos sem medidas” (Ml 3.10).
III – CONCLUSÃO
O ensino das epístolas para a igreja:
a) O ato de ofertar vem do desejo de cada
crente (2 Co 9.7,11,12); cheio de alegria e na base da graça e não da lei (2 Co
8.7,8).
b) As
doações devem ser sistemáticas (1Co 16,2), e voluntárias (2Co 8.12); e como
prova de amor ao Senhor (2 Co 8.8; 9.1,2,5,7).
c) As recompensas para o doador chegam com
alegria (2Co 8.2).
d) Os que semeiam com liberalidade terão
abundância de bênçãos (2Co 9.6-11).
e) As doações poderão ser dirigidas principalmente
para aqueles que trabalham no campo missionário (Fl 14.19; Gl 6.6; At 4.32-35).
Consultas:
Lições
Bíblicas EBD-CPAD - 4º. Trimestre 2012 – (Comentarista: Esequias Soares).
COELHO,
Alexandre e DANIEL, Silas. Os Doze Profetas Menores. Rio de Janeiro, 2012..
CPAD
Bíblia
de Estudo Pentecostal – CPAD
FILHO,
Isaltino Gomes Coelho. Ageu: Nosso Contemporâneo. Rio de Janeiro, 1991. Editora
Juerp.
Bíblia
de Estudo de Genebra – Editora Cultura Cristã – Soc. Bíblica do Brasil
CHAMPLIN.
R. N. O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo.. Editora
Hagnos.
CHAMPLIN.
R. N. Dicionário do Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo..
Editora Hagnos.
RICHARDS Lawrence. Comentário Bíblico do
Professor. 3ª. Imp. São Paulo. 2010 Editora Vida.
Grandes Doutrinas da Bíblia Vol.1. 1ª. Edição
em Português. São Paulo. 1997. Edit. PES.
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