Texto da Lição: Ageu 1.1-9
I - OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM:
- Conhecer
o contexto histórico do livro de Ageu.
- Elencar os principais problemas encontrados pelos judeus
para reconstruir o templo.
- Saber que temos
responsabilidade diante de Deus e dos homens.
II - DESENVOLVIMENTO
DO TEMA
Ageu é o primeiro livro
profético depois do exílio babilônico onde o profeta registro quatro discursos dirigidos
aos judeus que retornaram a Jerusalém em 520 a.C. Dezoito anos haviam se
passado desde a chegada dos que retornaram do cativeiro a Sião.
A comunidade estava
desencorajada devido ao fracasso nas colheitas, a seca e a hostilidade das
populações vizinhas, a ponto de que alguns dos ex-exilados já pensavam em
retornar à Babilônia. Ageu repreendeu-os por terem deixado o templo semi
destruído.
Após terem iniciado uma
pequena estrutura, Ageu falou novamente convocando o povo a construir um
edifício ainda mais glorioso que o de Salomão. Ageu foi diferente dos outros
reformadores antes do exílio, por ser mais sacerdotal em caráter, salientando a
adoração no templo e os rituais, como a chave para maior prosperidade.
É possível determinar precisamente a data
deste livro, porque os oráculos (profecias) teriam ocorrido durante o reinado
de Dario I (522 – 486 aC.). O primeiro conforme Ageu 1.1-11, foi entregue “no sexto mês no primeiro dia do mês” – “Mês
hebraico de elul” (equivalente a 29 de agosto). Esta mensagem é uma repreensão
divina pelo povo ter abandonado o compromisso de reconstruir o templo.
Ela foi direcionada aos líderes do povo pós-exílio,
ao governador Zorobabel e ao sumo sacerdote Josué. Primeiro os líderes deveriam
se conscientizar do que estava acontecendo para, em seguida, o povo ser
conclamado a ouvir aquela mensagem.
Zorobabel e Josué eram homens tementes a Deus
e deram ouvidos à mensagem do Senhor, tanto pelo ministério do profeta Ageu
como pelo ministério do profeta Zacarias. A primeira coisa que Ageu chama a
atenção é o argumento usado pelo povo para adiar o projeto de reconstrução do
templo:
Diziam que ainda não era o tempo de a casa do Senhor ser edificada (Ag 1.2), e
consideravam mais importante adornar suas casas (Ag 1.3). Através do profeta
Deus conclama o povo a atentar para os seus caminhos e responde à pergunta do
povo – Por que Deus tem permitido que a seca e
escassez nos atinjam.
O profeta mostra que as dificuldades porque
passavam como seca e dificuldade na colheita eram falta de compromisso com a
obra de Deus. Pois deixaram a obra do Senhor em segundo plano (Ag 1.5-11).
Quando Zorobabel e Josué entregaram essa mensagem ao povo, houve arrependimento
e constrição (Ag 1.12-15).
Nesse oráculo Ageu menciona a negligência do
povo. Eles haviam iniciado a construção do templo e abandonado a sua
construção. Dezoito anos haviam se passado (Ed 3.4), e concentraram todos os
seus esforços em suas próprias residências (Ag 1.4). Os desastres por eles
sofridos, a seca e a ausência de colheitas eram lembretes de Deus de que eles
deveriam por em primeiro lugar as coisas principais (Mt 6.33).
O segundo oráculo Ageu 2.1-9, sétimo mês, ao
vigésimo primeiro dia do mês – “Mês hebraico de tisrei”, (equivalente a17 de
outubro). Esta segunda mensagem teve o propósito de animar o povo, visto que
eles não dispunham da riqueza dos tempos de Salomão quando foi construído. Mas
Deus estaria com eles (Ag 2.4,5), e que a glória desse segundo templo seria
maior que a do primeiro templo construído por Salomão.
Alguns teólogos entendem que essa glória da
segunda casa teve um parcial cumprimento por ocasião da encarnação de Cristo,
quando este templo reerguido na época do profeta Ageu, e reformado por Herodes
– O Grande, receberia o Filho de Deus, encarnado e seria o palco de milagres
efetuados pelo ministério de Cristo e dos apóstolos.
Alguns teólogos também pensam que essa profecia
parece apontar para tempos mais distantes, quando o templo reconstruído se
encherá de uma glória nunca antes experimentada. Em seguida o profeta conclui
essa segunda mensagem falando do juízo de Deus e da vinda do Messias (Ag
2.7-9).
O futuro templo seria maior que o de Salomão.
Os próprios gentios contribuiriam para torná-lo assim. Alguns estudiosos da
profecia pensam que haja nesta profecia uma referência ao templo de Herodes que
foi maior que o de Salomão; e, espiritualmente falando, poderia referir-se ao
novo templo formado por judeus e gentios, encarnado na igreja, na era do
evangelho (Ef 2.17-22).
Seja como for, o futuro referente ao templo e
ao seu sentido espiritual é grande, e isso deveria encorajar a todos a fazer
investimentos na sua realização.
O terceiro oráculo tem registro em Ageu 2.10-20,
“vigésimo quarto dia do mês nono” – “Mês hebraico de quisleu” (equivalente a
dezoito de dezembro). Ageu começa lembrando que as coisas santificadas não tem
o poder de santificar outras coisas pelo mero contágio.
Ao passo que o pecado
costuma a afetar e contaminar tudo à sua volta, como ensinava o ritual da
purificação da lei mosaica. O profeta afirma que não adiantava o povo oferecer
sacrifícios se não possuíam uma real disposição em abandonar o pecado de suas
vidas, bem como um sincero arrependimento (Ag 2.24; Sl 51.16,17).
Ele conclui essa mensagem lembrando ao povo
que; a seca e a escassez o atingiram pela sua desobediência (Ag 6.16-19). Somente
com a reconstrução de um novo templo o povo ficaria livre da contaminação das
ruínas do antigo templo.
O quarto oráculo teve lugar ao mesmo tempo,
que o terceiro conforme Ageu 2.20-23. Esta última mensagem do profeta tem um
duplo sentido: Primeiro – Um cumprimento imediato. Segundo – Um significado
messiânico.
No primeiro plano Deus está dando uma mensagem
de segurança a Zorobabel e ao povo de Israel; que ficassem tranquilos, pois,
nos próximos anos, muitas nações seriam abaladas; haveria muitas turbulências,
como aconteceu antes, mas o povo estaria em segurança e Deus confirmaria o
governo de Zorobabel (Ag 2.20 - 23).
Mas em segundo plano, o profeta Ageu aponta
para o futuro, e ao final, o Messias, descendente de Zorobabel, que era
descendente de Davi e que, portanto, representava simbolicamente o Messias,
haveria de vir e reinar estabelecendo a segurança plena e definitiva para o seu
povo Israel (Ag 2.23).
A palavra Ageu parece ter se derivado do termo
hebraico que significa festividade; provavelmente porque seu nascimento
coincidiu com uma das festas judaicas ou festividades. Coisa alguma nos é
informada sobre seu passado, família, e genealogia.
Desconhecemos totalmente seu lugar e época de
nascimento; até mesmo os principais acontecimentos de sua vida. Mas, sabemos
que ele começou a profetizar no segundo ano de Dario Histaspes (Ag 1.1), e
juntamente com o profeta Zacarias salientou fortemente o reinício da
reconstrução do templo. O povo judeu, animado por esses dois líderes – Ageu e
Zacarias, completou a construção no reinado de Dario I (Histaspes) em 515 a.C.
Ageu surge, portanto, quando a dominação
babilônica já havia terminado. Os judeus estão novamente em sua terra, mas
ainda dominados. Agora, o domínio é da Pérsia. A liberdade de que desfruta é
uma liberdade vigiada, porque os Persas estão atentos.
É por essa razão que o profeta cita por três
vezes os dominadores. Em Ag 1,1; 2.1; 2.10. Ele cita o rei Dario Histaspes, o
benevolente rei mencionado em Esdras 4.24. A presença do dominador, de qualquer
forma não pode ser esquecida.
Israel, o Reino do Norte, já nasceu sobre o
signo da idolatria, como podemos observar em 1Re12.27-32. O Sul, sempre sobre a
dinastia de Davi, custou mais a se envolver com os ídolos e experimentou
períodos de avivamentos.
Em 722 a.C., veio o fim de Israel (Reino do
Norte), diante do poder assírio. Assim acabou o Reino do Norte (2 Re 17). A
destruição de Judá, o Reino do Sul, foi mais lenta. Em 605 começou a sua
derrocada diante da Babilônia, quando o rei Jeoiaquim foi vencido pelos caldeus
(2Cr 36.7).
Em 597 a.C., outro rei de Judá, Joaquim, foi
vencido por Nabucodonozor, rei dos caldeus (2Cr 36.10). Foi o segundo grande
golpe contra Judá. O Reino do Sul estava chegando ao fim.
Até 587, Zedequias, um rei fantoche que
Nabucodonozor colocara no lugar de Joaquim, quis ser rei de verdade e se
rebelou contra seu dominador. Foi o fim. Jerusalém foi arrasada, o templo saqueado,
incendiado e destruído e a dinastia davídica interrompida (2Cr 36.11-20).
Levados para o cativeiro na Babilônia os
sobreviventes amargaram a dor do banimento da terra prometida, onde, há
séculos, o Senhor os havia introduzido. Mas se não houve retorno para Israel,
houve para Judá. A poderosa babilônia sucumbiu diante do império persa, como
podemos observar em Daniel 5.
O rei persa, Ciro, manifestou um padrão de
tolerância incomum para aquela época, ordenou o retorno dos judeus para a terra
santa. Este movimento foi um segundo êxodo. Pela segunda vez Israel entrara na
terra que Deus lhe prometera.
O quadro cronológico a seguir nos dá uma visão
panorâmica do tempo de Ageu e o sentimento do profeta para com todos os eventos
passados:
Em 537 a.C. Sob a
liderança de Zorobabel, 50.000 judeus, apenas, regressaram da Babilônia.
537
a.C. No mesmo mês: os retornados edificam o altar e oferecem sacrifício.
536 a.C., No
segundo mês: a reconstrução do templo é iniciada e depois suspensa.
520 a.C. no
sexto mês: no dia primeiro Ageu faz um apelo para reinício da reconstrução.
- No sexto mês: no dia 24
o povo reinicia a construção.
- No sétimo mês: no dia
21 Ageu faz o seu segundo apelo.
- No oitavo mês: a
primeira pregação de Zacarias recordando que ele é contemporâneo e
companheiro de Ageu.
- No nono mês: dia 24
terceiro e quarto apelos de Ageu.
- No undécimo mês: dia 24
Zacarias tem as suas visões.
518 a.C. No
nono mês: mais visões do profeta Zacarias.
536 a.C. No
duodécimo mês: dia 3, reconstrução do templo é concluída.
515 a.C. No primeiro mês: dias 14 a 21 a Páscoa é
celebrada pela primeira vez no novo templo.
458 a.C. Esdras chega, e empreende reformas.
444 a.C. Neemias, em cinquenta e dois dias, leva o povo
à reconstrução das muralhas de Jerusalém, após noventa anos de conformismo
diante das ruínas.
444 – 435 a.C. Malaquias exerce o seu
ministério profético.
III – CONCLUSÃO
Este quadro cronológico nos possibilita ter
uma visão do período pós-exílico e nos ajuda a encaixar bem a pessoa de Ageu em
um contexto histórico.
Era um momento de desencanto, de pobreza, de
aturdimento. Judá era agora uma área muito pequena, ocupando pouco mais de 30
km². Reiniciar a vida em um país em
escombros não permitia gastos supérfluos e o povo havia se acostumado a viver
sem o templo na Babilônia.
Este não era, portanto, tão necessário para a
sobrevivência do judaísmo. Também renhida oposição dos samaritanos, e outros
vizinhos contra a reconstrução do templo desalentara os retornados. Tudo isso
contribuía para a reconstrução do templo permanecer interrompida por 15 anos.
Consultas:
Lições
Bíblicas EBD-CPAD - 4º. Trimestre 2012 – (Comentarista: Esequias Soares).
COELHO,
Alexandre e DANIEL, Silas. Os Doze Profetas Menores. Rio de Janeiro, 2012..
CPAD
Bíblia
de Estudo Pentecostal – CPAD
FILHO,
Isaltino Gomes Coelho. Ageu: Nosso Contemporâneo. Rio de Janeiro, 1991. Editora
Juerp.
Bíblia
de Estudo de Genebra – Editora Cultura Cristã – Soc. Bíblica do Brasil
CHAMPLIN.
R. N. O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo.. Editora
Hagnos.
CHAMPLIN.
R. N. Dicionário do Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo..
Editora Hagnos.
RICHARDS Lawrence. Comentário Bíblico do
Professor. 3ª. Imp. São Paulo. 2010 Editora Vida.
Grandes Doutrinas da Bíblia Vol.1. 1ª. Edição
em Português. São Paulo. 1997. Edit. PES.
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