Subsídios
Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
Lição
08 - ENCONTRANDO O NOSSO PRÓXIMO - 25.11.18
Lucas 10.25-37
Por: Pr. João Barbosa
Os doutores da lei pertenciam a uma
corporação dos escribas e fariseus que se dedicavam a copiar e a ensinar a lei
de Moisés e a comentá-la, sendo membros efetivos do grande e célebre Sinédrio.
A primeira pergunta, deste doutor da
lei: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? Era uma pergunta comum entre
o povo e seus mestres religiosos.
O Mestre respondeu com outra pergunta: “Que
está escrito na lei? Como lês tu?” Foi deveras, uma grande surpresa para aquele
doutor, pois ele bem sabia o que a lei ensinava sobre a sua pergunta.
De modo que, muito embaraçado, declarou
o que já sabia: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua
alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e o teu próximo
como a ti mesmo”.
Esta é uma súmula da lei de Deus. O
Senhor, pois, respondeu-lhe, simplesmente: “Faze isso, e viverás”. Na
verdade, o grande princípio de salvação exigido pela lei de Deus é: Faze, e
viverás.
Mas o doutor da lei, querendo
justificar-se, faz a Jesus uma segunda pergunta: “Quem é o meu próximo?” E o
Mestre imediatamente, lhe responde com uma preciosa e oportuna parábola.
A Parábola do bom samaritano – O ensino
central dessa parábola é a misericórdia e o amor para com o próximo; Jesus
interpreta a lei do amor ao próximo. Esta parábola é, também, um eloquente
exemplo de como a salvação é pela graça de Deus, e não pela observância da lei.
Há, nesta parábola, quatro quadros que
muito chama a nossa atenção: O primeiro
deles nos apresenta o pecador na impotência de conseguir sua própria salvação.
Está impossibilitado de salvar-se por
suas próprias forças; o pecador está prostrado pelas investidas do inimigo, o
pecado; é despojado de sua santidade primitiva e é constantemente tentado por Satanás.
O pecador perecerá sem dúvida se não
lhe sobrevier o socorro divino. O
segundo quadro é o de um sacerdote que vê o estado do pecador, seu próximo,
mas passa de largo.
Este sacerdote, cuja missão era de
interceder a favor daquele semimorto na estrada, nada faz para não ser
prejudicado no seu próprio modo de vida e de prática de sua religião legalista
e de cerimonialismo.
O interesse próprio o impede de
obedecer à lei do amor ao próximo. O
terceiro quadro é o do outro religioso profissional – o levita.
Os levitas se orgulhavam da estirpe
religiosa da família de Arão, o primeiro sumo sacerdote escolhido por Deus para
servi-lo no Tabernáculo, e eram os que tinham também a função de corista durante
o culto e outros muitos serviços desta natureza.
O samaritano era um homem indesejável e
até odiado pelos presunçosos religiosos que o precederam. Este, contra toda
expectativa, vendo o seu próximo caído, ferido, semimorto, parou, achegou-se a
ele e encheu-se de compaixão – era o samaritano, a figura do amor ao próximo.
Isto porque o amor e a compaixão se
exteriorizam em todas as boas obras, em socorro aos necessitados, e sem olhar
quem precisa da ajuda naquele momento; o bem estar do corpo da mente e da alma
de seu próximo.
E nós, os salvos, pela misericórdia e
graça de Deus, que faremos? Precisamos, no entanto, tecer algumas considerações
sobre a recusa do sacerdote e do levita em atender o moribundo e quase morto
jogado à beira do caminho.
Acontece que a situação geográfica para
quem viajava de Jerusalém, que fica a aproximadamente 820m acima do nível do
mar, e distava a 27km de Jericó que ficava a aproximadamente 240m abaixo do nível
do mar, era de um caminho perigoso e traiçoeiro que facilitava o esconderijo de
ladrões e assaltantes e dificilmente alguém fazia aquela travessia sem ser
atacado por bandidos.
A cidade de Jericó era muito conhecida
por abrigar as residências dos sacerdotes, alguns especialistas estimam que
metade das vinte e quatro ordens sacerdotais (1Cr 24.1-19), moravam em Jericó,
apesar de este número alguns achar superestimado.
Cada uma dessas ordens servia no templo.
Os judeus acreditavam que os samaritanos era um povo que tinha uma ancestralidade
duvidosa e uma teologia imprópria.
Eles eram considerados descendentes de
povos trazidos pelos assírios e outros conquistadores, lá pelos anos 722 a.C,
com o objetivo de colonizar a terra.
Eram monoteístas, aceitavam a Torá e
defendiam que o templo verdadeiro ficava no monte Gerizim. Eles tinham algumas
convicções comuns com os judeus, e na sua rejeição do templo de Jerusalém se
assemelhavam à comunidade de Qumram.
Os samaritanos e os judeus tinham um
relacionamento abertamente deteriorado. E havia entre eles grande animosidade,
a ponto de um judeu não se comunicar com um samaritano.
Uma das razões porque o sacerdote e o
levita passaram de largo ao ver aquele homem morto ou semimorto, é que havia
uma possibilidade de uma pessoa se contaminar ao se aproximar de um cadáver.
Caso um israelita tivesse contato com
um cadáver isto causava uma contaminação que duravam sete dias e exigia uma série
de procedimentos de purificação que gerava certo custo financeiro (Nm 19.11-22).
Os sacerdotes eram proibidos de manter
contato com cadáveres, salvo de parentes próximos (Nm 21.1-4; 22.4-7; Ez 44.25-27), mas essa exceção não se estendia
ao sumo sacerdote (Lv 21.11), ou a
um nazireu (Nm 6.6,12).
Os judeus acreditavam que a contaminação
por um cadáver era transmitida não somente pelo toque no corpo do falecido, mas
também pelo toque em coisas que estivesse entrado em contato com o cadáver, ou
mesmo através do ar, pela sombra de um esquife ou pela projeção da sombra de
uma pessoa dentro de uma sepultura.
Os textos rabínicos instruíam as
pessoas para que mantivessem pelo menos quatro côvados, cerca de 1,20m de distância
de um cadáver.
Estes pensamentos poderiam ter feito
com que o sacerdote e o levita decidissem passar “ao largo”. Ao mesmo tempo,
havia duas outras crenças vigentes que são também relevantes. Em primeiro lugar,
fundamentado na sua religião, os judeus eram obrigados a sepultar um corpo
abandonado.
Apesar de um sumo sacerdote ou nazireu
não poder se contaminar com o corpo de um parente falecido, ele poderia ou
deveria fazer isso quando se tratava de um corpo abandonado.
Na verdade, alguns textos debatem qual
deles deveria se contaminar primeiro para sepultar um cadáver abandonado.
Em segundo lugar, pelo menos para a
maior parte dos judeus, nada, nem mesmo as leis de purificação poderiam se
sobrepor à obrigação de salvar uma vida.
As leis eram suspensas quando a vida
estava em risco. A vítima descrita na parábola era um semimorto. Ou seja, ele
estava perto de morrer e precisava desesperadamente de socorro.
O texto não deixa claro se o sacerdote
ou o levita consideraram que o homem já estivesse morto, mas, seja qual for o
caso, eles tinham a obrigação de ajudar, seja para enterrar o cadáver
independentemente da contaminação quer ele lhes trouxessem seja para ajudar o
homem na sua necessidade extrema.
Os ouvintes de Jesus entendiam que a vítima
seria um judeu, mas se não fosse também não faria nenhuma diferença. Pois isso
não ficaria bem claro pelo fato de que suas roupas terem sido rasgadas pelos
assaltantes.
Além
disso, a parábola não coloca ênfase aos motivos do sacerdote e do levita ao se
desviarem do homem, se a sua decisão foi por temerem pela sua própria segurança,
ou por medo da contaminação gerada pelo corpo morto.
Poderíamos denominar esta parábola como
a parábola da misericórdia. “Qual, pois, destes três te parece ser o próximo
daquele que caiu nas mãos dos salteadores? Respondeu o doutor da lei: aquele
que usou de misericórdia para com ele. Disse-lhe Jesus: Vai e fazes tu o mesmo”.
A infinita graça de Deus para conosco
nos deve tornar misericordiosos para com o nosso próximo; e, então
compreenderemos a parábola do bom samaritano e seremos bem aventurados.
“Bem aventurados os misericordiosos
porque eles alcançarão misericórdia”. A misericórdia contempla, em primeiro
lugar a necessidade da alma, e então a necessidade do corpo.
A dádiva do Pai Celestial foi
primeiramente para salvar a alma do pecador e então salvar-lhe a vida.
Consultas:
GABY. Wagner Tadeu. Comentarista da Lição Bíblica do43º. Trimestre 2018.
As Parábolas de Jesus – As verdades e princípios divinos para uma vida
abundante. / GABY. Wagner Tadeu e GABY Eliel dos Santos. As Parábolas de Jesus
– As verdades e princípios divinos para uma vida abundante. CPAD. Rio de
Janeiro, 2018 /LOCKYER. Herbert. Todas as Parábolas da Bíblia. Editora Vida,
São Paulo 2017 / BAILEY Kenneth. As
Parábolas de Lucas. Editora Vida Nova São Paulo. 2003 / GIOIA Egídio.Notas e
Comentários à Harmonia dos Evangelhos. Editora Juerp. Rio de Janeiro, 1981 Bíblia
do Pregador Pentecostal – SBB CHAMPLIN.
R.N. Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo– V2. Dicionário.
Editora Hagnus. São Paulo, 2010/ SNOGRASS Kleine. Compreendendo as Parábolas de
Jesus. Editora CPAD, RJaneiro, 2018
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