Subsídios
Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
L. 06 -
SINCERIDADE E ARREPENDIMENTO DIANTE DE DEUS - 11.11.18
Lucas 18.9-14
Por: Pr. João Barbosa
Esta parábola, a parábola anterior do
juiz iníquo e a parábola das minas em Lc 19.11-27, são as únicas que têm o seu
propósito explicitado antes da transmissão do seu conteúdo em si.
O contraste nesta parábola reflete o
mesmo contraste que ocorre na parábola do Filho Pródigo (Lc 15.11-32), entre a
confissão desesperada e humilde do pródigo e o afastamento e o desprezo
expressado pelo irmão mais velho.
A atitude do fariseu também é refletida
em Lc 7.36-50 com o desdém de Simão, o fariseu, pela mulher que lava os pés de
Jesus. A Parábola do Bom Samaritano também se assemelha a ela ao apresentar o
contraste entre o samaritano e a atitude do sacerdote e do levita (Lc 10.25-37).
Outros contrastes dignos de reflexão incluem
aqueles que ocorrem entre o credor incompassivo e o rei em Mt 18.23-35. Os dois
filhos em Mt 21.28-32 e o dos convidados especiais que se recusaram a
comparecer com os marginalizados que comparecem à festa em Lc 14.15-24.
O evangelho de Lucas apresenta várias
narrativas envolvendo cobradores de impostos e fariseus. Os fariseus
normalmente são retratados como pessoas murmuradoras, resistentes ou excitantes
diante de Jesus e da sua mensagem, mas existem excessões.
Em Lc 13.31 eles procuram ajudar Jesus
alertando-lhe sobre o comportamento de Herodes. Os publicanos, ou cobradores de
impostos, são retratados como pessoas receptivas e que estão em busca da salvação.
O tratamento dispensado a Zaqueu em Lc
19.1-10 reflete a justificação que o publicano recebeu nesta parábola em
estudo. No v.9 o Senhor dá o motivo porque propõe esta parábola: “Propôs também
esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam
os outros”.
O fariseu é descrito como arrogante
porque confiava em si mesmo; como presunçoso porque se julgava com méritos
legais, religiosos e morais, que na sua visão, o justificavam; e como
desprezador de seu próximo.
Na sua oração a Deus, o fariseu mostra,
evidentemente, que não sente seus pecados e, portanto, não tem necessidade de
pedir perdão a Deus, “é um verdadeiro rosário orgulhoso de méritos fictícios,
seguido de juízos temerários de sua personalidade mesquinha” (v. 11-13).
Mas ele já recebeu o seu galardão: O Mestre declara solenemente que sua oração não foi atendida por Deus. Muito cuidado, pois, para que nós não caiamos nesse grave erro do fariseu.
Mas a oração do publicano é um exemplo frisante e confortador de como um pecador se deve aproximar de Deus para lhe pedir a graça do perdão de seus pecados:
“Ó Deus, tem misericórdia de mim
pecador”. Os publicanos eram cobradores de impostos, servindo ao império
romano. Eram considerados pelo povo como os maiores pecadores, indignos até de
serem olhados.
A oração deste pecador era sincera,
pessoal e muito humilde, reconhecendo e confessando seus pecados e pedindo, contrito,
perdão a Deus.
Sua oração era profundamente verdadeira
e sem argumento algum a seu favor. E, por isso, Jesus declarou: “Digo-vos que este desceu justificado para
sua casa, e não aquele; porque todo o que a si mesmo se exalta será humilhado;
mas o que a si mesmo se humilhar será exaltado”.
Este pecador não procurou justificar-se
a si mesmo diante de Deus, não se estribando em seus próprios atos de justiça e
de bondade. E aquele que assim não faz jamais achará a graça do perdão para os
seus pecados. Mas, a humildade e a
sinceridade são fundamentais na personalidade do homem.
Os fariseus eram tidos em alta conta
pela maioria dos judeus, e, no geral, eram considerados justos e escrupulosos
nos seus esforços para obedecer a Deus. As suas instruções para o culto, para a
oração e para uma vida justa tiveram uma forte influência na cultura religiosa
judaica.
O fariseu desta parábola vai além de
todas as exigências da lei. O jejum, por exemplo, somente era exigido dos
judeus no Dia da Expiação. Como a Bíblia atesta as pessoas que atravessam
momentos de crise, também recorriam ao jejum. E particularmente as pessoas mais
devotas jejuavam com mais frequência.
Ao jejuar duas vezes por semana,
aparentemente na segunda e na quinta feira os fariseus provavelmente viam a si
mesmo como alguém que jejuava para expiação de todo o povo de Israel. Ao
entregar o dízimo de tudo que adquiria, eles também entregavam o dízimo de itens
que compravam sobre os quais as pessoas já haviam entregado a décima parte.
Era uma regulamentação do dízimo dos produtos
da terra em ocasiões em que a pessoa não tivesse certeza de que esse dízimo não
tivesse sido entregue. Se os fariseus eram respeitados a atitude geral para com
os cobradores de impostos estavam próximas ao extremo oposto.
Os “publicanos” vendiam e compravam o
direito de recolher os impostos em regiões específicas e vários tipos de
impostos eram recardados: impostos per capta, impostos sobre a terra, a cobrança
de taxas sobre a circulação de bens de uma região para outra, impostos sobre
operações de vendas e impostos sobre herança.
Tudo o que os cobradores de impostos e
taxas arrecadavam que ia além dos valores contratados
lhes entrava como lucro limpo. Pelo menos na Judeia, os cobradores de impostos
judeus – e o publicano da parábola é, com certeza, um judeu eram considerados traidores
por terem um acordo de recolhimento de impostos e taxas com o império que
oprimia os judeus à época ou eram funcionários subalternos destas pessoas que
tinham a função de fazer a cobrança diretamente com as pessoas.
A carga tributária civil era pesada e,
depois dela, havia ainda o imposto devido ao tempo. A situação do homem na parábola
é incerta; ele pode estar numa situação relativamente confortável ou, talvez,
ser um cobrador de impostos de segunda classe.
As atitudes em relação aos cobradores
de impostos, e especialmente em relação aos cobradores de tributos, eram
bastante negativas. Estas pessoas eram abertamente conhecidas pela sua
desonestidade. E eram classificadas na mesma categoria que os assassinos e os
ladrões, pessoas às quais ninguém teria obrigação de falar a verdade.
Algumas pessoas sugerem que o fato de
um cobrador de impostos ir até o templo para orar já seria, por si só, um ato
inusitado, mas isto é um exagero. As pessoas normalmente são forçadas a agir de
forma contrária à sua vontade, mas continuam buscando a comunhão com Deus.
Os cobradores de impostos não tinham
medo que o povo os reconhecesse. Ao se aproximar de João Batista para receber o
seu batismo e a sua orientação para a vida perguntaram a João: Mestre, que
devemos fazer? E lhes disse: não peçais mais do que aquilo que vos está
ordenado (Lc 3.12,13).
Os leitores de hoje precisam
compreender a surpresa e o choque que os ouvintes de Jesus tiveram ao descobrir
que o publicano foi declarado justificado. Esta informação ia de encontro a
tudo que eles conheciam até então.
Várias posturas são descritas para se
referir à forma como se deve fazer as orações, mas o pôr-se de pé é bastante
comum nesses momentos (1Sm 1.26; 1Re 8.14,22; Mt 6.5; Mc 11.25).
Olhar para o alto também é uma postura
comum na oração; observe como em Mt 14.19; 6.41; Lc 9.16; Mc 7.34; Jo 11.41;
17.1; Jesus ergue os olhos para orar.
“Uma oração orgulhosa é um esforço inútil”.
A humildade é um aspecto da oração genuína. O publicano foi justificado porque
a sua súplica por misericórdia está de acordo com a ênfase que Jesus coloca no
perdão e na misericórdia em outras ocasiões e que fica mais clara na Parábola
do credor incompassivo em Mt 18.21-35. Especialmente nos vs. 27, 32. Mas também
em outras passagens (Mt 5.3-7; Lc 6.20.21; 7.36-50).
O termo “justificado” (originário do
verbo dikaioo) é um termo técnico da área
jurídica que significa que algo ou alguém “foi constatado como correto”, ou “novamente
absorvido”. Esta parábola apresenta implicações cristológicas. Jesus tinha a
confiança de declarar a mente de Deus no que diz respeito ao juízo.
As implicações que esta parábola tem a
respeito de Deus são ainda mais marcantes no sentido que ela contém uma revelação
a respeito dEle.
Na verdade, as atitudes dos dois homens
revelam duas imagens de Deus, uma pressuposta pelo fariseu, que é falsa, e
outra que fazia parte da expectativa do publicano, mas, que não era pressuposta
por ele, mas que era verdadeira.
Deus não é um Deus que se impressione
com ato de piedade e sentimento de superioridade. Mas Ele é, ao contrário, um
Deus de misericórdia, que responde às necessidades e às orações honestas das
pessoas.
Por outro lado, Deus não é um Deus cuja
misericórdia possa ser considerada incondicional. Dentro da parábola o
publicano nem ao menos fica sabendo o resultado da sua oração.
Consultas:
GABY. Wagner Tadeu. Comentarista da Lição Bíblica do 4º. Trimestre 2018.
As Parábolas de Jesus – As verdades e princípios divinos para uma vida
abundante. / GABY. Wagner Tadeu e GABY Eliel dos Santos. As Parábolas de Jesus
– As verdades e princípios divinos para uma vida abundante. CPAD. Rio de
Janeiro, 2018 /LOCKYER. Herbert. Todas as Parábolas da Bíblia. Editora Vida,
São Paulo 2017 / BAILEY Kenneth. As
Parábolas de Lucas. Editora Vida Nova São Paulo. 2003 / GIOIA Egídio.Notas e
Comentários à Harmonia dos Evangelhos. Editora Juerp. Rio de Janeiro, 1981 Bíblia
do Pregador Pentecostal – SBB CHAMPLIN.
R.N. Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo– V2. Dicionário.
Editora Hagnus. São Paulo, 2010/ SNOGRASS Kleine. Compreendendo as Parábolas de
Jesus. Editora CPAD, RJaneiro, 2018
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