Subsídios
Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
Lição
07 - PERDOAMOS PORQUE FOMOS PERDOADOS - 18.11.18
Mateus 18.21-35
Por: Pr. João Barbosa
Esta parábola foi proferida pelo
Mestre, em resposta a uma pergunta de seus discípulos: “Senhor, até quantas
vezes meu irmão pecará contra mim que eu lhe perdoe? Até sete vezes?” Divide-se
em duas partes principais:
Um grande credor chama às contas um grande devedor – O rei da parábola,
que é o grande credor, quis, em dado momento, que seu devedor lhe prestasse
conta de sua dívida.
Ora, ninguém podia impugnar a vontade
do grande credor, porquanto era soberano.
Aplicando esta verdade ao Criador do universo e suas criaturas humanas,
vemos claramente que, quando menos esperarmos, Deus nos chamará à prestação de
contas; e, semelhantemente, quem somos nós para impugnar o justo e santo credor
do universo?
Aquele grande devedor da parábola não
se apresentou espontaneamente ao seu credor; mas o fato impressionante é que
ele foi obrigado a apresentar-se, e não podia evitar nem protelar este ato.
Assim, nós, quando formos chamados pelo
Criador, para nos apresentarmos diante do Trono de sua justiça, não o podemos
protelar nem evitar nem fugir.
A primeira realidade deste encontro do
devedor com o seu grande credor é que o grande devedor não tinha coisa alguma
com que pagar a sua grande dívida. Três ou quatro milhões de reais era coisa
fabulosa para quem nada possuía.
Ora, que possui o pecador, com que
possa pagar a grande dívida de seus pecados à justiça de Deus? NADA! Absolutamente nada! O grande rei
credor então dá ordem para que fossem vendidos ele, a mulher, os filhos, e tudo
quanto possuía, e que a dívida fosse paga.
Quanto vale um homem? Quanto vale sua
família? E quanto vale a vida? O Senhor Jesus disse: “Que vale o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” A
liberdade, a vida, a alma, não se compram com coisas materiais como ouro ou
prata.
Podemos, pois, concluir que a nossa
dívida para com Deus é tão grande que é impossível ser paga por nós, porquanto
nada possuímos com que pagá-la.
Outra realidade da parábola é que o réu
não se queixou do castigo imposto. Será isto o que acontecerá exatamente com
cada um de nós, quando formos chamados à presença do divino Credor, Deus
onisciente, justo e santo. Quem se atreverá a abrir sua boca diante do Justo
Juiz?
Quando o pecador, por longo tempo, há
resistido a sua própria consciência e a Deus e não paga a sua dívida Deus então
o obriga a pagá-la.
Este é o momento trágico em que a lei
de Deus aplica a sua santa justiça. E, por esta terrível experiência, cada pecador
há de passar um dia – no Dia do Julgamento Final, quando será ratificada sua
condenação ou absolvição, “porque todos havemos de comparecer perante o Tribunal
de Cristo”.
Mas o grande devedor resolveu recorrer
a um único meio para livrar-se da aplicação do castigo do justo rei: apelou à
piedade, à bondade, à misericórdia e ao coração magnânimo de seu credor: “senhor,
tem paciência comigo, que tudo te pagarei”.
E, quando deverá o pecador recorrer à
piedade e misericórdia de Deus, para suplicar-lhe o perdão de seus pecados? Porventura,
na hora da morte? Ou na velhice? Ou mesmo no tempo da angústia? Não.
O tempo oportuno é agora, neste
momento, porquanto não sabemos o que nos acontecerá hoje, e muito menos amanhã.
Agora, pois, é o tempo oportuno.
O grande devedor fez a seu grande
credor uma promessa: que pagaria a dívida. Ele queria escapar ao justo castigo,
julgando que ainda, talvez, lhe fosse possível pagar a grande dívida.
Mas essa promessa, além de ser impossível
de ser cumprida por ele, era ainda superficial, porque bem sabia o grande
credor qual era a natureza de seu coração.
Tinha ele a concepção geral dos homens:
fazer esforços próprios para se libertar do impossível. Há muita coisa impossível
aos homens. Uma delas é, exatamente, pagar pelo esforço próprio, pelos sacrifícios
e penitências, as ofensas feitas a Deus, os seus pecados contra Deus e seu próximo,
enfim, resgatar seus próprios pecados.
Mas isto é absolutamente impossível ao
homem. O Salmista comentando acerca dos pecados do homem para com Deus e seu
perdão que gera uma dívida impagável, afirmou que a redenção de sua alma é caríssima
e os recursos humanos se esgotariam antes (Sl 49.6,7). Esta é a grande e tremenda
verdade da parábola que permanece: “ele não tinha com que pagar”.
A dívida do servo malvado era de dez
mil talentos, portanto, uma soma enorme. Se levarmos em conta que um talento,
determinado peso de prata, então, de acordo com a forma romana de calcular “dez
mil talentos”, esse valor seria atualmente muito superior a três milhões de dólares.
Essa pode ser considerada a estimativa
humana, tal como poderia ser uma avaliação dos pecados feitos por um homem
refinado e culto. Se o “talento” estiver de acordo com o cálculo judaico, então
os “dez mil talentos” representariam muito mais de dez milhões de dólares. “Essa
pode ser considerada a estimativa legal, tal como a avaliação que o judeu
debaixo da lei poderia fazer dos pecados contra o seu Deus”.
Mas se considerarmos que o “talento”
significa certa quantidade de ouro, então os “dez mil talentos” significariam
uma soma colossal de mais de cento e cinquenta milhões de dólares.
“Isso pode representar a estimativa
divina ou o pecado na vista de Deus e os revelados pecados ocultos à luz de sua
presença”.
O perdão de nossos pecados jamais será
obtido com promessas de pagar essa dívida. Mas, graças à misericórdia divina,
Deus perdoa. “O senhor teve compaixão daquele servo e deixou ir e perdoou-lhe a
dívida”.
O grande e magnânimo rei perdoou mais
do que seu servo lhe suplicara, porque o rei sabia que ele não poderia
pagar-lhe a dívida. Quando a consciência reconhece, pelo menos, que é grande
devedora a Deus, embora tendo a ideia falsa de poder pagar a dívida, é de grande
valia porque Deus lhe mostra o que deve fazer para se libertar de tamanha
responsabilidade.
Deus não nos trata segundo os nossos méritos,
porque não possuímos para com ele, mas nos trata segundo a sua grande misericórdia
e segundo a nossa grande necessidade, concedendo-nos um perdão imediato e
completo.
Mas este perdão somente é concedido aos
que o aceitam com sincero reconhecimento e sem reserva alguma. Isto, porém, não
fez o grande devedor da parábola.
Ele aceitou o perdão, porém sem reconhecimento
e gratidão. É o que nos mostra a segunda parte da parábola.
Um grande credor chama às contas um
pequeno devedor – Apenas algumas centenas de reais era a dívida a ser recebida
por aquele que fora tão grande devedor. Somente
o fato de, ter sido perdoado de sua grande dívida este grande devedor chama às
contas seu pequeno devedor.
E mostra a mesquinhez, a maldade e a
ingratidão deste homem grande devedor que foi perdoado. Ele não reconheceu o
perdão que o rei lhe concedera. O inimigo de nossa alma procura, por todos os
meios, fazer com que o homem se esqueça do amor, da misericórdia e dos benefícios
que de Deus recebe.
Esquecendo-se, o homem cai no pecado da
ingratidão e, consequentemente em outros pecados. Não nos enganemos a nós
mesmos, porque Satanás quer que imaginemos: “Óh! Deus é bom, e a ninguém condenará!
Não há castigo, porque Deus é amor e a todos perdoará; não há inferno nem diabo
nem demônios”.
O grande devedor da parábola pensava assim;
mas, que aconteceu? Foi condenado: “E, indignado, o seu senhor o entregou aos carrascos
até que pagasse tudo que lhe devia”.
Este grande credor não quis perdoar o
seu pequeno devedor, antes o condenou. Mas esta sua atitude foi a primeira
prova para o seu castigo. Não perdoando ao seu devedor não seria perdoado também
ele grande devedor.
Condenando seu pequeno devedor, seria
ele também grande devedor condenado. O supremo juiz está sentado sobre seu trono
de justiça divina e ninguém se engane a si mesmo, supondo que escapará de seu
divino juízo.
Antes do castigo final, o rei dos Céus
e da Terra, com grande severidade, lançará ao rosto do mesquinho e maldoso
grande devedor, que não quis perdoar pequena dívida de seu semelhante, toda a
sua ingratidão e maldade, aplicando-lhe a justa condenação.
“Deus é amor”, mas também é justiça; e
quanto Deus tem de amor e piedade, tanto tem também de justiça e abominação
para com o pecado. E o senhor termina a parábola dizendo: “Assim vos fará meu Pai
Celestial, se de coração não perdoardes, cada um a seu irmão”.
Que o Senhor nos conceda a sua graça
para perdoarmos as ofensas de nosso próximo que nos suplica lhe perdoemos; e, ao
pecarmos nós contra o próximo também lhe supliquemos humildemente, o seu perdão.
“Porque isto é bom e agradável diante
de Deus, nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem e venham ao
conhecimento da verdade” (1Tm 2.3,4).
Consultas:
GABY. Wagner Tadeu. Comentarista da Lição Bíblica do43º. Trimestre 2018.
As Parábolas de Jesus – As verdades e princípios divinos para uma vida
abundante. / GABY. Wagner Tadeu e GABY Eliel dos Santos. As Parábolas de Jesus
– As verdades e princípios divinos para uma vida abundante. CPAD. Rio de
Janeiro, 2018 /LOCKYER. Herbert. Todas as Parábolas da Bíblia. Editora Vida,
São Paulo 2017 / BAILEY Kenneth. As
Parábolas de Lucas. Editora Vida Nova São Paulo. 2003 / GIOIA Egídio.Notas e
Comentários à Harmonia dos Evangelhos. Editora Juerp. Rio de Janeiro, 1981 Bíblia
do Pregador Pentecostal – SBB CHAMPLIN.
R.N. Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo– V2. Dicionário.
Editora Hagnus. São Paulo, 2010/ SNOGRASS Kleine. Compreendendo as Parábolas de
Jesus. Editora CPAD, RJaneiro, 2018
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