Subsídios Teológicos e Bibliológicos
para Estudo sobre:
Lição 04 - PERSEVERANDO NA FÉ - 28.10.18
Lucas 18.1-8
Por: Pr. João
Barbosa
A perseverança na fé e na oração é decisiva para o desenvolvimento
espiritual. A parábola do juiz iníquo mostra o quão é importante ser
perseverante.
No AT a viúva é um símbolo típico dos inocentes, impotentes e oprimidos
(Ex 22.22.23; Dt 10.18; 24.17; 27.19; Jó 22.9;24.3,21;Sl 68.5; Is 10.2). Is 1.17, conclama os governantes e o povo a “interceder
pelas viúvas”.
Depois no v. 23 lemos: “cada um deles ama o suborno... e não chega
perante eles a causa das viúvas”.
O propósito da parábola
do juiz – era o de ensinar a
perseverança na oração. Deus certamente responderá, mesmo que pareça, por algum
tempo, que ele não nos ouve quando pedimos.
Há duas características que devem ser notadas sobre o tipo de oração
fervorosa que devemos fazer. Antes de mais nada devemos orar sempre, o que
significa continuamente. Precisamos estar presentes na oração.
Muitas orações são como garotos levados que batem na porta e depois
correm. Eles se afastam muito antes das portas serem abertas.
Porém não devemos apenas pedir, mas continuar pedindo, buscando e batendo
até que a porta do céu se abra.
Em nossas orações constantes devemos ser específicos como aquela viúva,
pois ela, dia após dia, se dirigia ao juiz com o mesmo pedido. Nossas orações
são muitas vezes muito genéricas e sem metas.
E, quando orarmos jamais devemos “esmorecer”. Nunca sejamos
desencorajados se a nossa oração não for respondida imediatamente.
Se passarmos por alguns perigos e a ajuda der a impressão que foi
protelada, nosso espírito não deve enfraquecer nem sucumbir. A oração que o
Senhor nos exorta a praticar tem que ser respondida por ele.
Pessoas com coração reto são muitas vezes provadas pela demora divina em
responder às orações, e são tentadas a abandonar a disposição de orar.
Para todos os que estejam nessas condições, essa parábola tem uma
mensagem de encorajamento.
Na parábola do juiz duro de coração e insensível, ele é apresentado como
um homem sem princípios. Ele não temia a Deus nem tinha consideração pelos
homens.
Uma viúva da mesma cidade fora tratada injustamente por um inimigo e
veio a ele pedir justiça. Embora a sua causa fosse justa, ele não deu atenção
ao seu caso.
Mas ela persistiu, voltando sempre com o mesmo pedido, até que
finalmente o juiz decidiu fazer-lhe justiça, não porque ele se importasse com a
justiça, mas simplesmente para livrar-se daquela viúva que o importunava tanto.
Não houve outro motivo que o fizesse agir a não ser esse. Grandes
contrastes são apresentados aqui: Arrogância e impotência extremas – e, no
entanto, a impotência venceu no final.
Quando procuramos
dividir a parábola temos:
1. A viúva importuna – As viúvas têm um lugar de destaque
na Bíblia. Na época do nosso Senhor eram, até certo ponto, desprezadas, e
constituíam presa fácil para qualquer homem que não tivesse princípios.
Eram pobres e consequentemente não tinham alguém para protegê-las e
resgatá-las. Sua única esperança era recorrerem aos que administravam a justiça
para que interviessem a seu favor.
Quase sempre despertavam pena e, por isso, sua impotência em defender-se
era reconhecida com misericórdia pela lei judaica. “A nenhuma viúva afligireis”
(Ex 22.22-24; Dt 10.18; 24.17). A religião pura inclui o cuidado para com as
viúvas em sua aflição (Tg 1.27).
Não nos foi revelada qual era a sua causa urgente. Ela fora injustiçada
e buscava apenas justiça na questão com o seu adversário.
O juiz era insensível e não tinha pena; no entanto, a viúva “ia ter com
ele” – “vinha continuamente” (Lc 18.3) como devemos ir ao trono da graça se o
nosso pedido inicial não for atendido.
Insistia tanto que, finalmente o juiz sem coração cedeu e resolveu
atende-la, “para que enfim não volte e não me importune tanto”.
Os discípulos provavelmente riram, quando ouviram esse toque de humor.
Bem, a sua persistência prevaleceu e, no final, conseguiu do relutante juiz a
justiça de que precisava e merecia.
2. Juiz iníquo – “A conduta desse juiz testifica “a
desorganização e corrupção generalizadas da justiça que prevaleciam sob o
governo da Galileia e Pereia na época”.
Não há dúvida de que o caso que Jesus apresentou aqui tenha sido
extremo. Porém havia representantes da lei cuja consciência estava morta. O que
temos aqui era um homem que não tinha Deus.
Ele não era religioso nem mesmo humanitário. Nunca se preocupava com
Deus ou com os homens. Cuidava apenas de si mesmo. Como judeu ele agia em
contradição à lei, a qual decretava que se estabelecessem juízes nas cidades,
em todas as tribos, e proibia rigorosamente juízes distorcidos, acepção de
pessoas ou subornos (Dt 16.18,19).
Esse juiz era descaradamente corrupto. Ele justificou a viúva somente
porque o importunava e ele não queria ser molestado fisicamente.
A característica notável dessa parábola, a essa altura, é que o juiz viu
a si mesmo da mesma maneira que Cristo se referiu a ele.
Jesus disse sobre ele: “Certo juiz que não temia a Deus nem respeitava o
homem”. Levado a agir por causa da persistência da viúva, lemos que o juiz “disse
consigo: Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens”.
Disse consigo! Esse juiz injusto não pensava em Deus nem na viúva –
apenas em si mesmo, preocupado em não ser forçado a fazer o que quer que fosse.
Esse homem tinha prostituído uma posição privilegiada.
3. Juiz divino e
justo – Examinando como o
nosso Senhor aplicou essa sua parábola, torna-se surpreendente que ele tenha
comparado os negócios de Deus não com um bom homem, mas com os de um homem mau
e sem Deus, e essa característica apenas dá ainda mais poder à parábola.
Há um contraste muito grande entre tudo que o juiz era e o que Deus não
é. Tudo o que Deus é, o juiz não era. Deus é exatamente o oposto em caráter a
tudo o que o juiz era.
Quando dividimos o ensinamento da parábola em partes menores, temos,
primeiramente, a boa vontade de Deus em ouvir e responder aos pedidos dos que
lhe pertencem.
“Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que clamam de dia e de
noite, ainda que os faça esperar?” Por causa da soberania e onisciência de
Deus, ele responde às orações segundo a sua própria vontade.
Ele se restringe à “perfeição do seu próprio Ser e pela permissão
humana”. A expressão “fazer justiça”, referindo-se ao juiz injusto, e aqui a
Deus, significa a efetivação de sua vingança, não no sentido de vingança, mas de justificação ou justiça. Quando tratado os seus eleitos podem estar
certos de que ele os justificará.
“Clamam de dia e de noite” expressa a mesma ideia de ordem do Senhor
sobre “o dever de orar sempre”. Se o injusto juiz, por fim, reagiu ao lamento
da viúva simplesmente para se ver livre dela, não responderá Deus, que é
completamente justo, às orações dos que lhe pertencem, que trabalham debaixo da
injustiça e da opressão?
Se um simples sentimento egoísta prevaleceu
Sobre o homem perverso, muito mais ainda os santos podem esperar de
Deus.
Se a importunação e a perseverança da viúva finalmente prevaleceram,
muito mais ainda essas virtudes prevalecerão com relação a Deus.
Muitas vezes a interferência humana é o maior obstáculo para que nossas
orações sejam respondidas. Além disso, um dos propósitos da oração que Deus
demora a atender é a fortificação da nossa fé e da nossa paciência. Não sabemos
o tempo e os caminhos de Deus. “Ele tudo fará” (Sl 37.5).
Quando aparentemente Deus segura a resposta dos pedidos de seus filhos,
ele faz isso com sabedoria e amor. Nossa palavra final é que a viúva não
prevaleceu por causa de sua eloquência ou por sua elaborada petição.
Suas palavras foram poucas, somente seis: “Faz-me justiça contra o meu adversário”. Seu clamor foi curto e
explícito. Ele nada disse sobre a sua condição como viúva, sua família ou sua
opinião sobre o juiz iníquo. Tudo que ela queria era justiça contra o seu
adversário.
Deus nos assegura que ouve e responde nossas orações e isso deve nos
incentivar a pedir insistentemente. Os elos da corrente que nos ligam ao céu e
traz o céu a terra, são os elos das nossas orações:
·
Uma sensação de necessidade pessoal;
·
Um desejo de receber o que Deus vê que precisamos;
·
Uma fé inabalável que ele tem o que necessitamos;
·
Uma confiança que, apesar de demorar a nos conceder, ele deseja que não
desistamos;
·
Uma crença firme que pedindo, crendo, receberemos.
Nesta parábola do juiz iníquo, o Senhor Jesus enfatiza o grande poder da
perseverança e da paciência para alcançarmos os nossos objetivos.
A grande perseverança daquela viúva importuna foi determinante para
lograr êxito diante daquele juiz iníquo, que por não temer a Deus nem respeitar
homem algum, também não se mostrava tão disposto a atender o pedido de pessoa
alguma.
Consultas:
GABY. Wagner Tadeu. Comentarista da Lição Bíblica
do43º. Trimestre 2018. As Parábolas de Jesus – As verdades e princípios divinos
para uma vida abundante.
GABY. Wagner Tadeu e GABY Eliel dos Santos. As
Parábolas de Jesus – As verdades e princípios divinos para uma vida abundante. CPAD.
Rio de Janeiro, 2018
WICLIFFE. Dicionário Bíblico. CPAD Rio de Janeiro,
2016.
ELWELL Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológica
da Igreja Cristã. Editora Vida Nova, São Paulo, 2009
LOCKYER. Herbert. Todas as Parábolas da Bíblia.
Editora Vida, São Paulo 2017
BAILEY Kenneth. As Parábolas de Lucas. Editora Vida
Nova São Paulo. 2003
GIOIA Egídio.Notas e Comentários à Harmonia dos
Evangelhos. Editora Juerp. Rio de Janeiro, 1981
CHAMPLIN. Novo Dicionário Bíblico. Editora Hagnos.
São Paulo 2018
Bíblia do Pregador Pentecostal - SBB
CHAMPLIN. R.N. Novo Testamento Interpretado – V1.
Dicionário. Editora Hagnus. São Paulo, 2010
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