Subsídios Teológicos e Bibliológicos
para Estudo sobre:
Lição 03 - O CRESCIMENTO DO REINO DE
DEUS - 21.10.18
Mateus 4.30-32; 13.31-33; Lucas
13.18,19
Por: Pr. João
Barbosa
Podemos dizer que, de alguma forma, todas as parábolas de Jesus
pressupõe o Reino de Deus presente no mundo, quer seja explícito ou não.
Em cada parábola encontramos algum elemento do Reino. Algumas, contudo,
tratam especificamente do crescimento do Reino de Deus na terra.
Não se pode esquecer o fato de que todas as parábolas de Mateus 13,
referem-se à nossa época e que, por elas, nosso Senhor não estava ensinando o
sucesso final e completo de seu Reino, nessa dispensação, que vai do seu
primeiro advento à sua segunda vinda à terra.
Além do mais, nessas parábolas proféticas, o nosso Senhor não estava
ilustrando a verdadeira natureza do seu reino. Ele observou a época e olhou
para sua consumação, referindo-se à mistura que prevaleceria até a sua volta como
o Rei dos reis e Senhor dos senhores, quando então prevalecerá a uniformidade.
Em nenhuma dessas parábolas Jesus “revela a natureza íntima do Reino,
exceto no começo, quando ele mostrou que os princípios do Reino acham-se na
Palavra de Deus como personificado na vida de homens e mulheres cristãos.
Aquela, é claro, inclui todas as coisas, mas não há referência detalhada
a isso na interpretação. Não se acha definida aqui a ética do Reino. Essa
acha-se detalhada no Sermão do Monte”.
Entendemos que essa é a chave que nos abre o significado completo dessas
inigualáveis parábolas. Há ainda outros fatores importantes que temos em mente
quando consideramos essas parábolas “que dizem respeito aos processos do Reino
durante nossa época do procedimento divino”.
O grão de mostarda – No Oriente Médio o que se conhece
como “mostarda” não cresce a ponto de ser chamada árvore. Mesmo havendo muitas
espécies de sementes de mostarda, os botânicos acreditam que a espécie
mencionada na parábola seja a “cardá”,
termo árabe para “mostarda”.
Em razão do diminuto tamanho do grão, a semente simboliza pequenos
começos, denota pesos ou medidas muito pequenos. É equivalente a uma partícula,
“de tão pequena” que é.
Por ser picantes, muito ardidas, mostram suas melhores virtudes apenas
quando esmagadas; suas sementes tornam-se atraentes ao sabor das aves que se
alimentam de ervas ou as utilizam como abrigo.
Na parábola, a pequena semente não é tanto a Palavra quanto na Parábola
do Semeador, mas, sem dúvida, quem semeou o grão de mostarda foi “o Filho do
Homem”, como no caso do Semeador, pois foi ele quem teve a mais insignificante
entrada no mundo e fundou a sua igreja que ele chamou um “pequeno rebanho”.
Pequeno em aparência e impróprio para tornar-se o espetáculo por seu
vigor. Enquanto Mateus diz que essa semente foi semeada “num campo”, Marcos
afirma que foi na terra (Mc 4.30-32); E Lucas, em “sua horta” (Lc 13.18,19).
O “campo”, em nossa parábola é “o mundo”, a terra, os corações dos
homens na parábola anterior. A Semente, então semeada no Dia de Pentecostes –
“cerca de cento e vinte” irmãos (At 1.15-26).
Grande árvore – Mateus refere-se ao rápido
crescimento da semente, que se torna “a maior das hortaliças”, como uma árvore;
Lucas diz “cresceu e se fez árvore”. Hortaliças, mesmo que pensemos que possam
crescer como uma árvore são espécies inteiramente diferentes das árvores.
O crescimento das árvores é lento; mas o da hortaliça, como a semente de
mostarda é anormal; desenvolve-se sem a força de uma árvore, e vive apenas o
suficiente para produzir flores e sementes.
Assim, uma hortaliça que se torna árvore sugere uma expansão
inteiramente alheia à sua verdadeira natureza e constituição.
Como pode essas coisas referir-se à igreja do nosso Senhor Jesus Cristo?
Em alguns meses, a cardal pode
crescer como um arbusto, com cerca de três a seis metros de altura, com vasta
folhagem e galhos em forma de leque.
Em virtude de o grão de mostarda crescer como uma “árvore”, como que
sugerindo talvez, a expansão e proeminência, muitos comentaristas erram, pois
utilizam esse detalhe botânico para anunciar a rápida propagação do evangelho e
a expansão do cristianismo pelo mundo. Entretanto, essa visão tem sido motivo
de muitas polêmicas entre os teólogos.
A igreja organizada erroneamente mudou a ênfase da semente semeada para
a árvore que cresce. Em vez de espalhar as sementes com toda humildade, a
igreja ficou mais preocupada com a elaboração de grandes denominações,
instituições e ordens.
O grande sistema eclesiástico, incluindo o grande conglomerado
político-religioso católico romano que representa o cristianismo, não aparece
no NT em nenhum momento ele foi reconhecido, nem mesmo implícito nos ensinos de
Jesus.
O fundador da Igreja nunca pensou em usar o grão de mostarda quando
lançou raízes mais profundas na terra, em referência à sua noiva, cuja
esperança, chamado e cidadania estão no céu.
Ele não disse que os seus não são deste mundo como ele também não é
daqui. O campo é onde a semente é semeada na esfera do mundo; onde a carne e o
Diabo estão unidos em oposição a tudo que concerne a Cristo e a sua Igreja.
Um mundo ímpio, embora seja lugar para lançar sementes da piedade, não
oferece solo adequado para a expansão do Cristianismo. Há contínua harmonia
entre as parábolas de Mateus 13.
Assim, em O Semeador, a semente não lançou raízes e floresceu em toda
extensão do campo, mas apenas em uma quarta parte.
Na Parábola do Trigo e do Joio, temos a continuidade e as consequências
da atividade Satânica, as quais positivamente impedem a expectativa de um mundo
conquistado para Cristo, na era presente.
Então, a Parábola da Mostarda não pode ensinar o que é contrário às
parábolas anteriores, a saber, todo campo que contém apenas boas sementes, onde
cresce apenas o trigo.
Antes de resumir as diferenças entre cristianismo e cristandade, o
insignificante “arbusto que se sobrepujou” para denotar a normalidade,
analisemos brevemente:
Ave do céu – Quando comparamos Escritura com
Escritura, encontramos os pássaros, ou aves do céu, que simboliza Satanás e seu
poderio. Os pássaros foram usados numa parábola anterior nesse sentido, e devem
ter nessa parábola o mesmo significado.
Mateus identifica “as aves do céu” como “o Maligno”. Marcos fala sobre
elas como símbolos da atividade satânica. Lucas relaciona “as aves do céu” como
o Diabo.
Os pássaros desciam sobre as carcaças dos corpos do sacrifício, e Abraão
os enxotava (Gn 15.11; Dt 28.26). Perto do final do tempo dos gentios,
Babilônia se tornará “morada de demônios e guarida de todo espírito imundo, e
esconderijo de toda árvore imunda e detestável”.
Alguns teólogos reconhecem que este assunto é escatológico e acreditam
que o Senhor Jesus Cristo pensou nesse significado simbólico, quando, ao
referir-se à amplitude da “grande árvore”, disse que as aves do céu fariam
ninhos em seus ramos.
A Parábola da Mostarda – Corresponde à época destacada pela
carta a igreja em Pérgamo (Ap.2.12-17). Quando a cristandade, primeiramente
plantada em mansidão e humildade, assumiu a aparência das grandezas mundanas, e
passou de alvo da poderosa perseguição do império romano a objeto de sua
proteção no reinado de Constantino O Grande.
Agora a árvore, com a sua elevada altura e longos ramos, tornou-se o
emblema da dignidade e grandeza mundanas. Os governantes dos gentios começaram
a exercer autoridade nos assuntos da Igreja (Mt 20.25-28). Ela então abandonou
sua simplicidade em Cristo (2Co 11.2,3) e tornou-se grande na terra, e assim é
contrária ao seu caráter original e propósito e diferente daquele que é o
cabeça, manso e humilde de coração.
A igreja passou de Organismo para Organização, e desenvolveu uma paixão
por proeminência, poder e posições. Homens, como governadores mundanos, buscam
supremacia no meio dos cristãos.
Assim o imperador Constantino, após derrotar o perverso Licínio 313 –
328 dC. “Pôs o cristianismo sob o trono de César”. Os príncipes assumiram o
título e a função de “sumos sacerdotes”.
O dia mais tenebroso em toda história da igreja foi sua adesão aos
acenos de Constantino numa hábil manobra política que introduziu com isso muito
paganismo e o elevou a posição de poder mundial; e, naquele momento, toda
Igreja ficou sob a praga, da qual nunca se livrará completamente.
Esse é todo pecado e o erro do papado: A dominação em nome de Cristo, o
desejo de governar sobre reis, imperadores e governadores, para ditar-lhes as
regras; uma grande árvore espalha os seus ramos.
Esse espírito permanece com toda força ainda hoje, e procura realizar a
vontade de Deus por elevada Organização, revestida de poder. Isto não pode ser
uma coisa boa. Pois é um crescimento anormal.
Esse crescimento rápido, porém frágil, indigno de confiança e degenerado
do cristianismo professo não estava no ensinamento do fundador do cristianismo.
A regeneração batismal, uma heresia na qual Constantino acreditava
firmemente, tornou-se a doutrina fundamental da Igreja. Maria, a mãe de nosso
Senhor, tornou-se a rainha do céu em lugar da deusa babilônica que tinha esse
título (Jr 44.17-19).
O uso do incenso água benta, velas, magníficas vestimentas e adoração a
santos foram introduzidos e tornaram-se como “as aves do céu aninhando-se nos
ramos” da “árvore” religiosa.
Satanás conseguiu moradia segura na professa Igreja de Cristo de tal
modo que ele está em condições de produzir a primeira grande dissimulação da
verdade de Deus, avisada profeticamente por nosso Senhor Jesus Cristo, na
Parábola do Fermento.
A saber, o Catolicismo que, não obstante a sua aparência de verdadeira Igreja
de Cristo, pertence à falsa igreja.
Muito se poderia escrever sobre o desenvolvimento da falsidade na
cristandade: O surgimento através dos séculos de falsos cultos e sistemas
religiosos, todos apropriando-se do título de cristão, como “ciência cristã”
que não é nem cristã e nem ciência. Temos então a união entre a Igreja e o
Estado; a proposta da reunificação dos chamados ramos da Igreja cristã em uma
igreja a nível universal.
A regeneração é absolutamente essência para inclusão da Igreja, que é o
corpo do Senhor, mas hoje a filiação está indiscriminada e existe um grande número
de frequentadores de cultos que não tem a experiência do novo nascimento e a fé
nos fundamentos da Palavra de Deus.
O cristianismo está sobrecarregado, porque tantas “aves do céu” fazem
seus ninhos nos ramos dessa frondosa árvore.
Consultas:
GABY. Wagner Tadeu. Comentarista da Lição Bíblica
do43º. Trimestre 2018. As Parábolas de Jesus – As verdades e princípios divinos
para uma vida abundante.
GABY. Wagner Tadeu e GABY Eliel dos Santos. As
Parábolas de Jesus – As verdades e princípios divinos para uma vida abundante. CPAD.
Rio de Janeiro, 2018
WICLIFFE. Dicionário Bíblico. CPAD Rio de Janeiro,
2016.
ELWELL Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológica
da Igreja Cristã. Editora Vida Nova, São Paulo, 2009
LOCKYER. Herbert. Todas as Parábolas da Bíblia.
Editora Vida, São Paulo 2017
BAILEY Kenneth. As Parábolas de Lucas. Editora Vida
Nova São Paulo. 2003
GIOIA Egídio.Notas e Comentários à Harmonia dos
Evangelhos. Editora Juerp. Rio de Janeiro, 1981
CHAMPLIN. Novo Dicionário Bíblico. Editora Hagnos.
São Paulo 2018
CHAMPLIN. R.N. Novo Testamento Interpretado – V1.
Dicionário. Editora Hagnus. São Paulo, 2010
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