Subsídios Teológicos e Bibliológicos
para Estudo sobre:
Lição 02 - PARA OUVIR E ANUNCIAR A
PALAVRA DE DEUS - 14.10.18
Marcos 4.3-20
Por: Pr. João
Barbosa
Os ensinos de Jesus são a maravilha de todos os séculos, na sua aplicação
intelectual, política, moral e espiritual.
Seu método psicológico e pedagógico atrai irresistivelmente a atenção,
move a vontade e a consciência; e ele a todos convida para aprenderem na sua
escola divina, especialmente aos ministros da Palavra de Deus e a todos
obreiros de sua grande seara.
O método de ensino por parábolas já era usado pelos profetas, rabinos e
outros educadores. Mas as parábolas de Jesus são “suigeneris”, porquanto tem a
nota característica e fundamental de alcançar não a mente, mas a alma, para as
coisas espirituais e eternas.
Parábola é um teste para despertar a consciência e significa também provérbios
(2Pe 2.22). Parábola é algo posto ao lado de outro, para compará-lo com ele;
pode ser um fato real e verdadeiro ou um fato suposto, porém, neste último caso,
deve ser razoável e de acordo com a natureza, pois, não sendo assim, não terá
valor eficiente.
A parábola é diferente da fábula, e da alegoria. A fábula, geralmente,
atribui às coisas materiais ou animais irracionais faculdades humanas.
Eis sua finalidade (1Tm 1,4; 4.7; Tt 1.14; 2Pe 1.16). “A alegoria é uma
metáfora porque usa uma coisa pela outra sem expressar a semelhança”. Todas
estas figuras são de precioso valor para o ensino.
Porque Jesus ensinou por parábolas? Em Mateus 13.13, encontramos a
resposta: “Porque eles, vendo não vêm; e, ouvindo, não ouvem, nem compreendem”.
Têm olhos para ver, mas não vêm; e têm ouvido para ouvir, mas não ouvem; e
tudo, porque não querem ver nem querem ouvir.
A Parábola do Semeador é uma das parábolas de Jesus encontrada nos três
evangelhos sinópticos Mt 13 1-9; Mc 4.3-9; Lc 8.48. Um propósito da Parábola do
Semeador foi prevenir os discípulos com relação ao triste fato de a pregação da
Palavra de Deus não produzir uma colheita inteira em relação aos ouvintes.
Esta parábola pode ser interpretada como a parábola do coração, pois
mostra como é o coração de cada pessoa. A Parábola do Semeador relata de que
forma o evangelho será recebido no mundo. Nela aprendemos três verdades:
1. A conversão e a vida espiritual
depende de como a pessoa se porta diante da Palavra de Deus (Mc 4.14; Jo
15.1-10.
2. Haverá diferentes reações ante a
pregação do evangelho. Da parte do mundo, uns ouvirão, mas não entenderão (Mc
4.15; Mt 13.19). Uns crerão, mas depois se desviarão (Mc 4.16-19). Uns
perseverarão e frutificarão em diferentes proporções (Mc 4.20).
3. Os inimigos da Palavra de Deus são:
Satanás, os cuidados deste mundo, as riquezas e os prazeres pecaminosos desta
vida (Mc 4.15.19; Lc 8.14).
Esta parábola explana o bom êxito ou o insucesso da semente semeada,
segundo as disposições do coração dos ouvintes. A semente, que é a Palavra de
Deus, é boa e perfeita, mas a sua germinação depende das disposições que
encontra.
O Reino dos Céus é a boa semente no mundo. Há, nesta parábola, quatro
classes ou tipos de pessoas que representa a totalidade da humanidade, observada
através da psicologia do coração humano.
A primeira classe são os ouvintes terra-dura, aqueles
que estão endurecidos no entendimento das coisas espirituais, empedernidos de
coração. Vem Satanás e varre de seus corações a semente da verdade.
A segunda classe são os ouvintes-pedregulhos, os quais
recebem com agrado a Palavra de Deus, mas o seu coração é movediço como a areia
do mar e não permite à semente criar raízes seguras e, por isso, acaba secando.
Nesta classe de corações estão enquadrados os emocionais, os volúveis,
os medrosos e os incapazes de suportarem a ridicularização e a perseguição por
amor de Cristo.
A terceira classe são os ouvintes terra-fofa que,
aparentemente, manifestam crescimento no conhecimento intelectual das coisas do
evangelho, mas, quando chegam a certa altura de crescimento, são cercados por
outras plantas venenosas, representadas na parábola, por espinhos e cardos.
Estes, sufocam os ouvintes terra-fofa, porquanto o seu coração não tem
firmeza, não confiam na Palavra de Deus que foi semeada no seu coração.
Nesta classe se enquadram os dominados pelo mundanismo, pelas riquezas
materiais, pelos prazeres pecaminosos e vícios. São os corações preocupados com
as coisas do mundo e têm dois senhores, estão divididos.
A quarta classe são os ouvintes-boa terra. São os que
ouvem e compreendem a Palavra de Deus, e dão frutos, “e um produz cem, outro
sessenta, e outro trinta”. Enquadram-se nesta classe os corações humildes e
ansiosos de receber a palavra da verdade e praticá-las com alegria de coração.
São os que produzem bons frutos em sua vida cristã, embora uns mais e
outros menos, de acordo com o estado em que o coração recebe a Palavra de Deus.
Então Jesus interpreta a parábola a seus discípulos. Primeiramente,
explica a seus discípulos o motivo porque ensinava por parábolas: “a vós é
confiado o mistério do reino de Deus, mas aos de fora tudo se lhe diz por parábolas”
(Mc 4.10-11).
O mistério do reino de Deus, a que Jesus se refere, é exatamente a
revelação do evangelho aos corações sinceros, e humildes que buscam a verdade e
o conhecimento das coisas espirituais e eternas.
Os que tivessem essa revelação e conhecimento da verdade do reino,
seriam estimulados a investigar e a buscar as verdades espirituais. Não era
propósito do Mestre fazer mistérios ensinando por parábolas, mas por esse meio
revelaria grandes verdades do reino de Deus, “pois ao que tem, dar-se-lhe-á, e
terá em abundância; mas ao que não tem até aquilo que tem lhe será tirado”.
“Quem possui o senso espiritual e tem com ele a capacidade de aprender e
entender a verdade divina pode estar certo de que o seu patrimônio de
conhecimentos, portanto exíguo, será sempre aumentado”.
“Por outro lado, aqueles que são privados do senso espiritual e não têm
fome e sede de justiça em sua alma, tornam-se logo indiferentes às coisas
divinas, e aquela pouca vida e aquele pequeno discernimento espiritual que
pareciam ter adquirido conversando com pessoas espirituais, logo também cedem
seu campo à indiferença e ao erro, senão ao pecado escandaloso”.
“Por isso lhes falo por parábolas; porque eles vendo, não vêm, e ouvindo,
não ouvem nem entendem”. A verdade sublime e mui preciosa é que “Deus, nosso
Salvador, deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno
conhecimento da verdade” (1Tm 2.3,4).
Mas, desastrosamente, criaturas humanas há que deliberadamente fecham
seus ouvidos para não ouvir, e fecham seus olhos para não ver, e, dessa maneira,
o pior surdo é aquele que não quer ouvir e o pior cego é o que não quer ver.
Os ouvidos e os olhos, tanto os físicos quanto os espirituais, são as
portas e as janelas da alma humana; mas se o dono da casa os fecha, não haverá
possibilidade de ouvir o som nem ver a luz da Palavra de Deus, e tal coração
fica no silencio e nas trevas do pecado.
Jesus termina esta parábola com duas instruções que reforça o ensino
fundamental da mesma (Mc 4.21-25). Com estas instruções, Jesus exorta seus discípulos
a que proclamem o conhecimento espiritual e a interpretação de seus ensinos e não
o tenham em misteriosos segredos.
A luz do conhecimento da verdade deve brilhar, e deve ser manifesta aos
homens, porque com a medida com que medimos os nossos semelhantes também nos
medirão a nós, “e ainda se vos acrescentarás”, quer para o bem quer para o mal;
que o juízo de Deus está à porta, para justificar ou condenar a cada um
pessoalmente: “pois, ao que tem, ser-lhe-á dado; e ao que não tem, até aquilo
que tem ser-lhe-á tirado”.
Se temos o conhecimento da verdade, então devemos ensiná-la a outrem,
para que Deus nos dê mais conhecimento; mas, se o escondermos e mantivermos o
conhecimento da verdade em segredo; teremos o castigo divino: ser-nos-á tirado
o que temos.
Consultas:
GABY. Wagner Tadeu. Comentarista da Lição Bíblica
do43º. Trimestre 2018. As Parábolas de Jesus – As verdades e princípios divinos
para uma vida abundante.
GABY. Wagner Tadeu e GABY Eliel dos Santos. As
Parábolas de Jesus – As verdades e princípios divinos para uma vida abundante. CPAD.
Rio de Janeiro, 2018
WICLIFFE. Dicionário Bíblico. CPAD Rio de Janeiro,
2016.
ELWELL Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológica
da Igreja Cristã. Editora Vida Nova, São Paulo, 2009
LOCKYER. Herbert. Todas as Parábolas da Bíblia.
Editora Vida, São Paulo 2017
BAILEY Kenneth. As Parábolas de Lucas. Editora Vida
Nova São Paulo. 2003
GIOIA Egídio.Notas e Comentários à Harmonia dos
Evangelhos. Editora Juerp. Rio de Janeiro, 1981
CHAMPLIN. Novo Dicionário Bíblico. Editora Hagnos.
São Paulo 2018
CHAMPLIN. R.N. Novo Testamento Interpretado – V1.
Dicionário. Editora Hagnus. São Paulo, 2010
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