Subsídios
Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
Lição
06 - Ética Cristã e Suicídio - 06.05.2018
Texto Bíblico: 1Samuel 31.1-6
Por: Pr. João Barbosa
O suicídio
é “a autodestruição, mediante a supressão intencional da própria vida”. Essa
autodestruição usualmente se faz mediante meios súbitos e violentos; mas também
deve ser reputado suicídio genuíno o debilitamento proposital do próprio corpo,
a exposição proposital à enfermidades fatais, embora esses métodos sejam mais
demorados.
os
suicídios pessoais, por sua vez, são atos de inicativa individual. Não resultam
de qualquer costume, mas usualmente são provocados por algum senso de
desespero. Além disso, atualmente várias drogas usadas pelas pessoas produzem
impulsos suicidas.
O termo suicóidio
origina-se do latino sui (a si mesmo)
e caedere (cortar, matar). A Bíblia
nunca emprega essa palavra embora fale do assunto. Tanto a filosofia quanto na
ética cristã falamos de dois motivos principais para o suicídio; O heróico e o
desespero.
O suicídio
heroico é exemplificado pelos “hamikazes” japoneses que, na segunda guerra
mundial, lotavam seus aviões de explosivos e voavam contra um alvo militar,
morrendo na explosão.
Outros
exemplos seriam os carros de dinamite na guerra civil do Líbano, os críticos do
sistema marxista que se queimavam vivos em praça pública durante a primavera
política de Praga, ou os ataques iranianos contra navios internacionais durante
a guerra Iran x Iraque.
Os
especialistas verificam que o abuso das drogas, a depressão, o transtorno
psíquico, o forte desequilíbrio emocional, o fracasso escolar ou profissional e
a ruína financeira muitas vezes são causas de suicídios.
A causa
principal de todos os cinco casos de suicídios relatados na Bíblia foi o
fracasso espiritual:
a) Sansão
nasceu de maneira miraculosa, porque sua mãe era estéril. Deus planejou que ele
fosse dedicado ao ministério de juiz em Israel. O fracasso espiritual de Sansão
começou com o casamento de uma filistéia em Timna, apesar das advertências do
pai (Jz 14.3).
A situação
de Sansão piorou quando ele começou a viver com uma prostituta, Dalila (Jz
16.11). Sansão é traído por ela, perde a vista e passa o restante de sua vida
no cárcere, recobrando a força somente depois que seu cabelo cresce outra vez,
durante a grande festa ao deus Dagon.
Sansão se
suicida por motivos estranhos, morrendo junto com os pagãos, sob os escombros
do templo que ele faz desmoronar (Jz 16.30).
b) Aitofel,
o falso conselheiro de Absalão, inforcou-se ao ver que seu conselho fora
rejeitado (2Sm 17.23).
c) Zinri,
cometeu suicídio ao se ver derrotado: “Vendo Zinri que a cidade era tomada,
foi-se ao castelo da casa do rei e o queimou sobre si, e morreu, por causa dos
seus pecados que cometera” (1Re 16.18,19).
Esta triste
história do rei de Israel comprova que existe uma nítida relação entre o
suicídio e os pecados. Pecados não confessados podem levar o homem ao desespero
emocional e ao suicídio.
d) Saul, o
primeiro rei de Israel, suicidou-se por causa de práticas demoníacas, pois
consultou a médium de En-dor (1Sm 28.1-19; 31.1-4).
e) Judas,
se enforcou depois de trair o Senhor Jesus: “Então Judas, o que o traiu, vendo
que Jesus fora condenado, tocado de remorso, devolveu as trinta moedas de prata aos principais sacerdotes e aos anciãos,
dizendo: Pequei, traindo sangue inocente.
Eles,
porém, responderam: Que nos importa? Isso é contigo. Então Judas, atirando para
o santuário as moedas de prata, retirou-se e foi enforcar-se” (Mt 27.3-5; At
1.16-20).
Esta triste
história mostra a relação entre fracasso espiritual, pecado não perdoado e
suicídio por desespero. Todos os teólogos de todas as épocas e de todas as
tradições cristãs condenam o suicídio.
Por outro lado,
quando definimos as implicações do suicídio, notamos que o assunto comporta
várias interpretações:
Crisóstomo,
Eusébio, Ambrósio e Gerônimo apoiaram as mulheres cristãs que cometeram
suicídio parta escapar das mãos sujas de perseguidores que queriam colocá-las
em bordéis.
Agostinho
de Hipona, por sua vez, apesar de louvar-lhes a fé condenou o suicídio dessas
mulheres, ensinando que a pureza reside no coração e não no corpo físico (Mt
5.8). Agostinho também condenou o suicídio de Sansão.
Tomás de Aquino,
considerado um dos maiores teólogos católico e o maior representante do alto
Escolaticismo, classificou o suicídio como o pior de todos os pecados e ensinou
que a pessoa que se suicida mata o próprio corpo e a alma.
As igrejas
evangélicas tradicionalmente condenam o suicídio, mas não o suicida. “O suicida
se torna culpado somente diante de Deus,
o Criador e Senhor de sua vida. O suicídio é condenável como pecado de falta de
fé por haver um Deus Vivo...”
O ensino
bíblico quanto ao suicídio:
a – A Bíblia
não contém um mandamento explícito que proíba o suicídio porque subtende-se que
Deus criou o homem, que ele é o sustentador, o doador da vida, e que deseja
proteger e abençoar a vida humana (Gn 1.27,28; Ex 20.13; Dt 5.17. Jo 10.10).
b – O
suicídio sempre é errado porque é o assassinato de um ser feito à imagem de
Deus (Gn 1.17,18; Ex 20.13; Dt 5.17). É paradoxal concluir-se que a melhor
coisa que alguém pode fazer para si é destruir a si mesmo. Poderia a melhor
coisa para si ser o ato final contra si mesmo?
c – O
suicídio é errado porque a Bíblia ensina que devemos amar uns aos outros como a
nós mesmos (Mt 22.39; Ef 5.29).
d – O
suicídio é errado porque a pessoa julga não ter mais nem um outro recurso para
resolver seu problema, enquanto a Bíblia nos convida a confessar nossos pecados
e lançar nossa ansiedade sobre Cristo (1Jo 1.7; 1Pe 5.7).
e) A
solução para os candidatos ao suicídio é acabar com as prátricas malígnas do
espiritismo (1Sm 31.4), com a vida mentirosa e enganosa, (Judas em Mt 27.5); confessar
os pecados (1Jo 1.7); valorizar a si mesmo (Mt 22.39); conviver positivamente
com as tensões e angústias (Jo 14.17, 27; 16.33;).
Aprender
confiar em Cristo em todo momento da vida; lançar os problemas sobre Jesus; crê
na suprema providência e graça divina; aceitar o fato de que Cristo veio ao
mundo para oferecer vida eterna e abundante (Jo 10.5).
Cristo
valoriza e direciona a vida. Ele dá à vida seu valor real (Jo 10.10). Ele é a
vida (Jo 11.25; 14.6) e dá sua vida (Jo 10.18).
“O suicídio
é um gesto de solidão, os últimos e decisivos motivos quase sempre permanecem
ocultos”. O candidato ao suicídio precisa vencer a honra ferida, o fracasso
financeiro e os graves erros pessoais.
Não há
então lei humana ou divina que possa evitar o gesto; somente o consolo da graça
e o poder da intercessão fraternal pode ajudar em tal provocação.
Não é o
direito à vida, mas a graça de poder continuar vivendo sob o perdão de Deus que
pode resistir a essa tentação do suicídio.
Mas quem
haveria de afirmar que a graça de Deus não pode abranger e carregar também o
fracasso diante dessa mais dura tentação?
“Qualquer,
porém, que fizer tropeçar um desses pequeninos que crêem em mim, melhor lhe
fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado
na profundeza do mar. Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é
inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo!”
(Mt 18.6,7; Lc 17.1,2).
Consultas:
BAPTISTA
Douglas.Comentarista da Lição Bíblica do 2º. Trimestre. Valores cristãos – Enfrentando as questões
morais de nosso tempo.
BAPTISTA
Douglas. Valores cristãos – Enfrentando as questões morais de nosso tempo.
CPAD. Rio de Janeiro 2018
Bíblia de
Estudo NTLH
KAISER.
Walter. C. Jr. O cristão e as Questões Éticas da Atualidade. Editora Vida. São
Paulo. 2015
CHAMPLIN
Norman Russell. Enciclopédia de Bíblia
Teologia e Filosofia. Vl 2,6.
VETH,
Gene Edwuard Jr. Tempos Pós-Modernos – Uma avaliação cristã do pensamento e da cultura da nossa
época. Edit. Cultura Cistã. São Pauulo 1999
FRAME,
John M. A Doutrin da Vida Cristã. Editora Cultura Cristã. SPaulo, 2013
REIFLER,
Hans ULRICH. A Ética dos Dez Mandamentos. SPaulo 1992
GEISLER,
Norman L. Ética Cristã – Alternativas e Questões Contemporâneas. Edit. Vida
Nova São Paulo, 2010
ACH
Fritz. Carta aos Hebreus – Comentário Esperança. Editora Esperança. Curitiba,
2013
CHAFFER.
Teologia Sistemática. Vl 7 & 8. Editora Hagnus. São Paulo, 2008
CHAMPLIN Norman Russell. Novo
Dicionário Bíblico – Completo, Prático e Exegético. 1ª Edição. Editora Hagnos, Sao Paulo, fevereiro, 2018
BROWN,
Raymond e outros. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo – Antigo Testamento.
Editora Academia Cristã. São Paulo, 2007
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