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quarta-feira, 18 de abril de 2018

Lição 04 -Ética Cristã e o Aborto - 22.04.2018


Subsídios Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
Lição 04 -Ética Cristã e o Aborto - 22.04.2018
Texto Bíblico: Salmos 139.1-18
Por: Pr. João Barbosa

Embora o aborto seja um dos temas atuais mais polêmicos e que mais causa divisão, ainda é a cirurgia realizada com mais frequência em adulto nos Estados Unidos. Estima-se que um em cada três bebês concebidos neste país são intencionalmente abortados.

Com certeza, o aborto não é um fenômeno recente, pois essa prática, ou a rejeição dela, tem uma longa história no mundo antigo. Para os sumérios, os babilônios, os assírios e os hititas, o aborto era um crime sério.

Seguindo essa tradição, o juramento de Hipócrates, até pouco tempo recitado pelos médicos em sua formatura, declarava: “Não darei a nenhuma mulher um perssário para provocar um aborto”.

Outro exemplo de forte oposição ao aborto na antiguidade vem do Código Legal do império medo-assírio do século XII a.C. Sem medir palavras, os antigos assírios afirmavam: Se alguma mulher abortar intencionalmente, depois de julgada e condenada, deverá ser empalada em estacas sem enterro.

E se tiver morrido ao abortar, a empalarão em estacas sem enterrá-la. No entanto, a cultura grega tolerava a prática do aborto. Platão defendia que a mulher grávida de embrião defeituoso não deveria dar à luz. Aristóteles achava que as crianças deformadas deveriam ser abandonadas para morrerem.

Paul Cartledge resumiu da seguinte forma a visão esclarecida da cidade-estado Esparta no século V a.C:  Os espartanos se preocupavam com a reprodução da população da cidade, o que mais interessava era a qualidade. Os recém nascidos eram submetidos a um ritual de inspeção e avaliação realizado pelos “anciãos das tribos”, nas palavras de Plutarco.

Os bebês eram imersos em uma banheira contendo, provavelmente, vinho não diluído, para que se observasse sua reação. Se não passava no teste, as consequências eram fatais. Os bebês eram levados para um lugar misteriosamente denominados “o depósito”. E lançados à morte certa em uma ribanceira.

Isso também ocorria com os bebês que tivessem a infelicidade de nascer com alguma deformidade ou deficència séria imediatamente visível. A cultura judaica em contraposição a essas práticas antigas rejeitavam o aborto.

O historiador judeu Flávio Josefo, próximo do fim do século I da era cristã descreveu: “a lei ordenou que todas as crianças recebam a devida criação e proibiu as mulheres de abortar ou destruir a semente; a mulher que o faz será julgada como assassina de crianças, porque fez com que uma alma se perdesse e que a família de um homem fosse diminuída”.

A Didaquê conhecida como a instruçao dos doze apóstolos, chamada com frequência de “manual da igreja primitiva”, apresentava as seguintes proibições concisas, que concluíram uma prescrição contra o aborto:

“Não matarás; não cometerás adultério; não corromperás crianças; não viverás em imoralidade sexual; não furtarás; não praticarás a magia; não te encolverás com feitiçaria; não abortarás uma criança nem cometerás infanticídio”.

Os comentários do pai da igreja, Clemente de Alexandria, também são claros sobre essa questão. Ele aconselhou: toda nossa vida só pode prosseguir segundo o plano perfeito de Deus se adquirirmos o dmomínio sobre nossos desejos, praticando a continência desde o início em vez de destruirmos por atos perversos e perniciosos a descendência humana, cujo nascimento é obra da providência divina.

As pessoas que recorrem a medicamentos abortivos para esconder sua fornicação são responsáveis pelo assassinato direto não so do feto mas também de toda a raça humana.

As pessoas são feitas à imagem de Deus – Quando nos voltamos para as Escrituras, como é dever de todo cristão, para encontrar respostas a esse problemas, muitos declaram de forma apressada e triunfante que a Bíblia não trata diretamente da questão do aborto nem tampouco das pesquisas com células troncos de embriões humanos.

Mas é preciso avaliar logo esse tipo de afirmação, pois esse fato dificilmente indicaria que Deus não se preocupa com a questão. Na realidade a Bíblia não se opõe diretamente ao uso da cocaína, ao genocídio, ao suicídio ou a eutanásia, mas pouco defenderia que todas ou algumas dessas prática sejam moralmente neutras na perspectiva bíblica.

Se não houvesse outras referências além de Gênesis, ainda assim haveria textos dos primeiros livros da Biblia que retratam a humanidade como portadora da imagem de Deus, distinta de todo o restante da ordem criada.

Os principais textos hebraicos relacionados aos seres humanos como portadores da imagem de Deus são: tselen (“imagem”, “semelhança”) e demuti (“forma”, “molde”, “semelhança”) – Gn 1.26,27; 5.1;9.6.

Quando falamos da vida humana estamos tratando de uma selhança com Deus sem igual na criação. As Escrituras não esperam como fazem os modelos de desenvolvimento da vida, para constatar a imagem de Deus só na pessoa racional e autoconsciente que já nasceu; na verdade, a pessoa já é portadora da imagem divina independente dessas consideraçãoes.

O Salmista retrata a humanidade como distinta de todo o restante da criação por causa da imagem de Deus. Sejam os humanos “pouco abaixo de Deus” (Sl 8.5). Sejam “um pouco menos do que os seres celestiais”, como os anjos (Sl 8.5; Hb 2.7,9).

O ensinamento central permanece o mesmo: em toda ordem criada, a humanidade é única e foi estabelecida acima das demais criaturas da terra por ordem e autoridade divinas. As crianças não são vistas na Bíblia como um aborrecimento; elas são “presentes” e “herança do Senhor” (Sl 127.3).

Ausência de filhos não é a situação preferível, mas uma condição em que a pessoa anseia, para que Deus em sua providência, a torne fértil, porque a sua soberania também se estende à concepção (Gn 29.31,33; 30.22; 1Sm 1.19,20).

A majestade da onipotência de deus na formação do corpo humano – Há dois textos que ensinam sobre o valor e a santidade da vida e nos ajudam a compreendê-los: Sl 139.13-18; Ex 21.22-25.

“Ó Deus, como são preciosos para mim os teus pensamentos! Como é grande a soma deles! Se eu os  contasse, seriam mais do que os grãos de areia. Quando eu desperto ainda estou contigo” (Sl 139.17,18).

Quais são as características da onipotência de Deus no desenvolvimento da formação do nosso corpo antes de termos nascido? Primeiro, Deus criou o íntimo do meu ser (139.13a), segundo, Deus me formou no ventre de minha mãe (139.13.b, 14), terceiro, Deus me viu ainda embrião e me amou (139.15, 16a), quarto, Deus determinou todos os meus dias antes de eu viver o primeiro deles (139.16b,d; 17.18).

Se Deus determinou todos os nossos dias antes de termos vivido o primeiro deles, como atentaríamos contra esta vida dada soberanamente por Deus?

O Salmo 139 é um dos mais notáveis sobre os atributos de Deus. Os versículos de 1 a 6 retratam a “onisciência” de Deus porque Ele sabe tudo sobre você e eu nos mínimos detalhes.

Os versículos 7 a 12 focalizam a “onipresença” de Deus, pois não há nenhum lugar em que podemos nos esconder da atenção ou da ajuda de Deus. Mas na seção de versículos 13 a 18, o Senhor demonstra sua “onipotência”.

Certamente, nenhuma dessas palavras (onisciência, onipresença ou onipotência) são encontradas no texto bíblico; porém elas capitam as ideias presentes nas Escrituras.

Deus criou o íntimo do meu ser (139.13a). O verbo hebraico para “criar” vem da raiz qãnâ. Há seis passagens no AT: Sl 139.13; Gn 14.19,22; Dt 32.6; Sl 74.2; Pv 8.22, em que esse verbo parece ter o sentido de “criar”.

Originalmente a palavra era uma metáfora para a procriação, mas depois veio a significar a atividade criadora de Deus. O fato é que os mortais são conhecidos e cuidados pelo Senhor desde a origem do seu ser. E é lá na fase embrionário que Deus cria o espírito dentro do útero da mulher (Zc 12.1).

Como Salomão ensinou em Ec 11.5 “Assim como você não conhece o caminho do vento nem como o corpo é formado no ventre de uma mulher, também não pode compreender as obras de Deus, o criador de todas as coisas”. E isso também é verdade em Sl 139.13a – a obra de um Senhor tão extraordinário ultrapassa tudo o que conseguimos imaginar ou até começar compreender.

Por isso, o texto hebraico do versículo 13 inicia de maneira enfática, como no versículo 2 deste Salmo: “És tu, Senhor”.

Deus me formou no ventre da minha mãe – A obra do Criador é descrita de modo vívido: Ele “tece, trança, entrelaça” nossos ossos, tendões, veias e assim por diante (139.13b). Com uma linguagem intensamente pessoal, o Salmista volta a dizer “eu” e “meu”. A criatura deve louvar a Deus milhares de vezes pela obra divina realizada de forma tão “assombrosa” e “maravilhosa”, oculta aos olhos de todos e vista apenas pelo próprio Deus.

O homem e a mulher são criaturas supremas acima de todo o restante da ordem criada. Embora todas as obras de Deus sejam “maravilhosas”, a formação do corpo humano é algo impressionante e fascinante, que palavras não podem descrever.

Deus me viu ainda em embrião e me amou – Sl 139.15,16a. O versículo 15 começa com as palavras “minha estrutura”, referentes principalmente à forma do nosso esqueleto e a nossos ossos, mas que também incluem a soma dos elementos de nosso ser.


No entanto, nenhum dos aspectos de nossa forma em desenvolvimento escapou da atenção, do cuidado e do controle do Criador. O ventre de nossa mãe é descrito aqui como “lugar secreto” do hebraico seter, como se estivéssemos “nas profundezas da terra”.

O autor usa a figura de linguagem das “partes inferiores da terra” ou do seu “interior” para se referir ao laboratório  secreto de nossa origem terrena. Certamente ac imagem é natural, porque o primeiro Adão foi formado do pó da terra.

De forma ainda mais impressionante, o texto afirma que os “olhos” do próprio Deus “viram o meu corpo ainda informe”.

A palavra hebraica para “corpo ainda informe” é golmi com o sentido de “meu embrião”, aqui utilizada porque o embrião tem a forma de um ovo, ideia sugerida pela raiz hebraica da palavra “embrião”, que significa “enrolar, embrulhar”, assim como a palavra latina glomus que  significa “bola”.

Fica evidente que a obra e os cuidado de nosso Senhor remontam à nossa origem e formação no útero. Para Deus, o embrião não é “só um punhado de tecidos” sem vida; ao contrário, Deus já sentia amor e afeto por nós quando estávamos sendo tecidos no útero de nossa mãe.

CONCLUSÃO – Todos esses pensamentos são maravilhosos e impressionantes demais para o salmista (v.17,18). Além de serem tão maravilhosos, também são muito numerosos e elevados para que os mortais possam compreendê-los.

Tentar enumerar a forma das obras de Deus na formação do nosso corpo seria como tentar contar os grãos de areia na praia.

Consultas:
BAPTISTA Douglas.Comentarista da Lição Bíblica do 2º. Trimestre.  Valores cristãos – Enfrentando as questões morais de nosso tempo.
BAPTISTA Douglas. Valores cristãos – Enfrentando as questões morais de nosso tempo. CPAD. Rio de Janeiro 2018
Bíblia de Estudo NTLH
KAISER. Walter. C. Jr. O cristão e as Questões Éticas da Atualidade. Editora Vida. São Paulo. 2015
CHAMPLIN Norman Russell. Enciclopédia de Bíblia  Teologia e Filosofia. Vl 2.
VETH, Gene Edwuard Jr. Tempos Pós-Modernos – Uma avaliação  cristã do pensamento e da cultura da nossa época. Edit. Cultura Cistã. São Pauulo  1999
ELWELL. Walter. A Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã. Edit. Vida Nova SPaulo 2009
FRAME, John M. A Doutrin da Vida Cristã. Editora Cultura Cristã. SPaulo, 2013
REIFLER, Hans ULRICH. A Ética dos dez mandamentos. SPaulo 1992
MAR, Gary De. Quem Controla a Escola Governa o Mundo. Editora Monergismo.Brasília, 2014
GEISLER, Norman L. Ética Cristã – Alternativas e Questões Contemporâneas. Edit. Vida Nova São Paulo, 2010
ACH Fritz. Carta aos Hebreus – Comentário Esperança. Editora Esperança. Curitiba, 2013
CHAFFER. Teologia Sistemática. Vl 7 & 8. Editora Hagnus. São Paulo, 2008
CHAMPLIN Norman Russell. Novo Dicionário Bíblico – Completo, Prático e Exegético. 1ª Edição.  Editora Hagnos, Sao Paulo, fevereiro, 2018
BROWN, Raymond e outros. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo – Antigo Testamento. Editora Academia Cristã. São Paulo, 2007

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