Subsídios
Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
Lição
02 - Ética Cristã e Ideologia de Gênero - 08.04.2018
Texto Bíblico: Isaias 5.18-24
Por: Pr. João Barbosa
A questão
ética que mais deixa os ânimos acirrados em nossos dias é provavelmente o tema
da homossexualidade. Atualmente, a homossexualidade e o lesbianismo se tornaram
um tema de política e moralidade públicas.
Os homossexuais
protestam e pressionam o Congresso por direitos iguais aos dos heterossexuais.
Reivindicam nada menos do que uma aceitação completa do modo de vida gay, livre
de quaisquer perseguições, críticas, barreiras legais e condenação. Embora não
representem nem cinco por cento da população.
Tradicionalmente,
os intérpretes das Escrituras têm encontrado advertências contra a
homossexualidade em pelo menos dez passagens bíblicas: (Gn 19.1-8; Lv 18.22;
20.13; Jz 19.16-30; Ez 16.44-50; Rm 1.26,27; 1Co 6.9-11; 1Tm 1.8-10; 2Pe 2.6-8;
Jd v 6-8).
Os dois Testamentos
são bastante claros em sua condenação da homossexualidade, seja masculina ou
feminina. O fundamento para toda compreensão da sexualidade humana está no
plano de Deus apresentado em Gn cap. 1 e 2.
Nele, Deus
restringiu o sexo a somente dois gêneros: masculino e feminino, não três, ou
mais. Ele ensinou que não era bom que o homem estivesse só (Gn 2.18), por isso,
“formou” Eva como correspondente e companheira do homem.
O homem
havia sido instruído por Deus a “deixar” pai e mãe, e em seu lugar “unir-se” a
sua esposa, para que fosse “uma só carne” (Gn 2.24).
Cinco
elementos deveriam ser as características distintiva dessa compreensão do amor
matrimonial: fidelidade, permanência, reconciliação, saúde e plenitude, e
sacrifício.
A
fidelidade é prometida no voto nupcial de “renunciar todos os demais”, pois o
casal promete que a conduta e o amor de natureza sexual são restritos um ao
outro. Os homossexuais desprezam de modo claro qualquer tentativa de limitar a
sexualidade gay à monogamia.
Em sua
revista The Advocate, um estudo
realizado em 1995 com 2.500 de seus leitores gays, descobriu que apenas dois
por cento deles tinham somente um parceiro homem, enquanto que cinquenta e sete
por cento tinham mais de trinta parceiros, e trinta e cinco por cento mais de
uma centena.
Ademais, um
casal unido em matrimônio promete diante de Deus e da igreja reunida que seu
casamento será permanente – “até que a morte os separe”.
Segundo
Walter C. Kaiser Jr em sua obra “Os critãos e as questões éticas da atualidade
– Editora Vida Nova - 2016”, o casamento heterossexual também proporciona saúde
e plenitude ao seu cônjuge porque não expõe um ao outro aos riscos de saúde
que, ao contrário, predomina entre os que
têm um modo de vida gay.
Parceiros
homossexuais expõem um ao outro a sérios problemas de saúde, como explica, de
maneira comedida, Peter Moore: “o tecido que reveste o reto não é resistente
susceptível à penetração como a parede da vagina”.
Por um
momento, Moore deixa de lado a discussão em torno da Aids e chama a nossa
atenção para o fato de que setenta e cinco por cento dos homossexuais têm o
histórico de uma ou mais doenças sexualmente transmissíveis, e todo ano cerca
de quarenta por cento deles contraem essas doenças.
Apesar de
se falar muito em sexo seguro, o uso de preservativos não é totalmente seguro
como se diz. O judaísmo e o cristianismo uniram o amor herótico, o casamento e
a procriação. Os homossexuais não consideram o sexo como algo sacrificial em
nenhum aspecto; ao contrário é egocêntrico e busca a própria satisfação.
Argumentos bíblicos contra a homossexualidade – O pecado de Sodoma era a homossexualidade. Não há como dizer que, no
contexto relacionado a Sodoma e Gomorra, a palavra hebraica conhecer não possui
claramente o sentido de prática sexual.
Isso é
evidente por várias razões. Dez entre doze vezes que essa palavra é usada no
Gênesis, ela se refere à relação sexual (Gn 4.1,25). Praticamente, todo o
tempo, essa palavra “conhecer” é usada para fazer alusão em relação entre um
homem e uma mulher, referindo-se à prática da relação sexual (Gn 4.17, 25;
19.8; 24.16; 38.26).
Neste mesmo
relato de Sodoma e Gomorra, quando Ló se refere às duas filhas como mulheres
que não “conheceram” um homem, a palavra significa “conhecer sexualmente” (Gn 19.8).
O
significado de uma palavra é descoberto pelo contexto no qual ela é usada.
Neste contexto a palavra assume definitivamente uma conotação sexual, o que
pode ser visto na referência a maldade da cidade e na menção ao oferecimento
das virgens como um meio de aplacar as paixões sexuais daqueles homens (Gn
19.8).
“Conhecer”,
neste contexto, não significa “se fazer conhecido” uma vez que está
relacionando a um modo muito perverso (Gn 19.7). Quando Ló lhes oferece suas
filhas virgens para aplacar a intenção daqueles homens que queriam abusar dos
anjos porque eles apareceram em forma humana.
O pecado de
Sodoma não foi simplesmente a falta de hospitalidade, não foi apenas o egoísmo,
mas foi também a homossexualidade. Em Ez 16.49-50, não está excluído a homossexualidade.
O texto indica claramente que o pecado deles era sexual visto que é chamado de
“abominação”, a mesma palavra usada para descrever pecados homossexuais em Lv
18.22.
As
profecias de Isaias em Is 56.3-5 citadas pelo movimento gay como se esse texto
bíblico fizesse referência aos homossexuais não têm o menor respaldo nas
Escrituras. Ao contrário do que é reivindicado pelo movimento gay, Isaias não
faz nenhuma previsão sobre os eunucos serem aceitos no reino de Deus.
A profecia
de Isaias fala sobre “eunucos”, e não sobre homossexuais. Como sabemos, o
eunuco é um homem castrado, e não um homossexual. Os “eunucos” aqui mencionados
são provavelmente eunucos em termos espirituais, e não físico.
Jesus falou
de “eunucos” espirituais, que abriram mão da possibilidade do casamento por
amor ao reino de Deus (Mt 19.11,12). Podemos dizer que este é um exemplo claro
de leitura em que se adequa o texto bíblico às crensas de um indivíduo
(eisegese) ao invés de exegese.
Davi e
Jônatas não eram homossexuais. Não há nenhuma indicação nas Escrituras de que
Davi e Jônatas eram homossexuais. Pelo contrário, há uma evidência muito forte
de que eles não eram. A atração que Davi sentiu por Bat-Seba (2Sm 11), revela
que sua orientação sexual era heterossexual, e não homossexual.
De fato, a
julgar pelo número de mulheres que Davi teve, parece que sem dúvida ele sofria
de uma heterossexualidade exagerada. O “amor” de Davi por Jônatas não era um
amor sexual (eros), mas um amor fraternal (philia).
Além do
mais, Jônatas não se despiu de todas as suas roupas na presença de Davi como
diz o movimento gay, mas apenas de sua armadura e de sua capa real (1Sm 18.4 NTLH)
– “E ele tirou a capa que estava usando e a deu a Davi. Deu também a sua túnica
militar, a espada, o arco e o cinto”.
O beijo era
uma forma de saudação cultural comum entre os homens daqueles dias, assim como
é ainda hoje algo natural entre os mulçumanos no Oriente Médio. Tal beijo não
aconteceu quando Jonatas deu sua armadura e capa para Davi, mas sim no
intervalo de dois capítulos e meio adiante (1Sm 20.41).
Por fim, a
emoção que ambos expressaram foi o choro (v.41) e não orgasmo. O texto diz
“eles se despediram, beijando um ao outro, e choraram, mas Davi chorou muito
mais. A demais Davi descreve a amizade de Jônatas superior a das mulheres, não
no sentido sexual, mas social. Ambos mantinham relacionamentos heterossexuais
em seus casamentos.
Casamento monogâmico e heterossexual – Ao instituir o casamento Deus ordenou: “O homem deixará pai e mãe e se
unirá a sua mulher, e eles se tornarão uma só carne” (Gn 2.24). Isso significa
que a união monogâmica “um homem e uma mulher” e heterossexual, “um macho e uma
fêmea”, sempre fez parte da criação original de Deus.
A
diferenciação dos sexos visa a complementariedade múltiplia da união conjugal:
“Nem o varão é sem a mulher, nem a mulher é sem o varão” (1Co 11.11). Podem
mudar as culturas e os costumes mas a palavra de Deus permanece para sempre (Mt
24.35).
O modelo de família cristã – A declaração de fé das Assembléias de Deus no Brasil crê, professa e
ensina que a família é “instituição criada por Deus, que tem por princípios
reguladores e estruturantes a monogamia e a heterossexualidade”.
Por essas
razões nossa confissão de fé rejeita a homossexualidade (1Co 6.10) e qualquer
configuração social que se denomina família cuja existência é fundamentada
em prática, união ou qualquer conduta
que atenta contra a monogamia e a heterossexualidade consoante ao modelo
instituído pelo Criador e ensinado pelo Senhor Jesus (Mt 19.4-6).
Educação dos filhos com distinção dos
sexos – Educar não consiste apenas em suprir os
meios de subsistência e proporcionar bem estar necessário. Cabe também aos pais
educar os filhos na admoestação do Senhor (Ef 4.6), promover o diálogo e o amor
mútuo (Ef 6.1.2).
A família
cristã não póde perder a referência bíblica na educação de seus filhos. Explicar
e orientar que homens e mulheres possuem órgãos sexuais distintos que os
diferencia sexualmente é responsabilidade dos pais.
Deve-se
ensinar ainda, o respeito e não descriminação, mas também a diferenciação entre
os sexos a fim de coibir a inoportuna “luta de gêneros” (Gn 1.27; 1Co 11.11,12;
Ef 5. 22-25).
A ideologia de gênero na educação
secular – Nesse aspecto, os pais ou os responsáveis
pelos estudantes devem redobrar a atenção. Os ativistas labutam para implantar
a “ideologia de gênero” nas escolas por meio de material didático e para
didático, uma nova pedagogia voltada para a desconstrução sexual e o
doutrinamento das crianças e alunos em geral.
No Brasil,
em 2014. Durante a tramitação no Congresso Nacional do PNE, que dita as
diretrizes e metas da educação para os próximos dez anos, após diversas
pressões de parlamentares cristãos, a ideologia de gênero foi retirada do
texto.
Após uma
série de debates, o Ministério da Educação manteve a ideologia de gênero na
base nacional comum curricular, porém,
agora, na disciplina de Ensino Religioso a base nacional se limita por enquanto
ao Ensino Infantil e Fundamental.
Por fim – O que se pode afirmar é que a ideologia de gênero pretende relativizar a
verdade bíblica e impor ao cidadão aquilo que deve ser considerado como ideal.
O mal vem sendo propagado, mas os cristãos possuem o dever de reagir e
“batalhar pela fé que uma vez foi entregue aos santos” (Jd 3).
Consultas:
BAPTISTA
Douglas.Comentarista da Lição Bíblica do 2º. Trimestre. Valores cristãos – Enfrentando as questões
morais de nosso tempo.
BAPTISTA
Douglas. Valores cristãos – Enfrentando as questões morais de nosso tempo.
CPAD. Rio de Janeiro 2018
Bíblia de
Estudo NTLH
KAISER.
Walter. C. Jr. O cristão e as Questões Éticas da Atualidade. Editora Vida. São
Paulo. 2015
CHAMPLIN
Norman Russell. Enciclopédia de Bíblia
Teologia e Filosofia. Vl 2.
VETH,
Gene Edwuard Jr. Tempos Pós-Modernos – Uma avaliação cristã do pensamento e da cultura da nossa
época. Edit. Cultura Cistã. São Pauulo 1999
ELWELL.
Walter. A Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã. Edit. Vida Nova
SPaulo 2009
FRAME,
John M. A Doutrin da Vida Cristã. Editora Cultura Cristã. SPaulo, 2013
REIFLER,
Hans ULRICH. A Ética dos dez mandamentos. SPaulo 1992
MAR, Gary
De. Quem Controla a Escola Governa o Mundo. Editora Monergismo.Brasília, 2014
GEISLER,
Norman L. Ética Cristã – Opções e Questões Contemporâneas. Edit. Vida Nova São
Paulo, 2010
ACH
Fritz. Carta aos Hebreus – Comentário Esperança. Editora Esperança. Curitiba,
2013
CHAFFER.
Teologia Sistemática. Vl 7 & 8. Editora Hagnus. São Paulo, 2008
CHAMPLIN Norman Russell. Novo
Dicionário Bíblico – Completo, Prático e Exegético. 1ª Edição. Editora Hagnos, Sao Paulo, fevereiro, 2018
BROWN,
Raymond e outros. Novo Comentário Bíblico São Jerônimo – Antigo Testamento.
Editora Academia Cristã. São Paulo, 2007
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