Abordagem
de Conteúdos Transversalizados com o Tema em Estudo
1º.
Trimestre / 2015
Exodo 20.16; Dt 19.15-20
Reflexão: “Não admitirás falso rumor e não porás a tua mão com o ímpio, para seres
testemunha falsa”. (Ex 23.1).
O nono mandamento protege o nome e a reputação do próximo. Ninguém deve
fazer declarações falsas a respeito do caráter ou dos atos de outra pessoa.
Devemos falar de modo justo e honesto a respeito de quem quer que seja.
( Jo 8.44; 2 Co 12.20). Este mandamento inclui também a mentira em geral (Pv
14.5; Ef 4.25; Cl 3.9).
A proteção da honra humana é fundamental para a convivência social de
qualquer comunidade ou nação.
Nenhum homem deseja que a sua reputação ou o bom nome de sua família
sejam atingidos. A honra, talvez, seja a parte mais sensível do ser humano. O
nono mandamento trata da proteção desta área pessoal.
O problema da mentira é tão antigo como a história da humanidade. Já no
jardim do Éden, Satanás usa uma pergunta falsa para arruinar o homem: “será que Deus disse?” (Gn 3.1).
A mentira é portanto, uma declaração falsa que tem a intenção de enganar
o próximo. Um exemplo clássico está em Juízes 16.10,13, quando Sansão mente
três vezes para Dalila,
João Calvino descreve o teor e a aplicação principal deste mandamento
com as solenes palavras: “Seu propósito: visto que Deus, que é a verdade,
abomina a mentira, entre nós a verdade deve ser cultivada sem dissimulação.
A síntese, portanto, será que não prejudiquemos o nome de alguém ou com
calúnias e incriminações falsas, ou, pela mentira o agravemos em seu
patrimônio; enfim, não façamos mal a quem quer que seja pelo desenfreamento da
maledicência e da mordacidade.
Esse mandamento se refere ao
dever de ajudar o próximo, garantindo-lhe o direito de ter honra e boa
reputação, deixando ser justo o que é justo.
Caluniar o próximo é injusto e vergonhoso, portanto, ninguém deve causar
dano ao próximo com a língua, quer se trate de amigo, quer de inimigo, nem deve
falar mal dele, pouco importa se é verdade ou mentira.
Cumpre, ao contrário, fazer uso da língua para falar o melhor a respeito
de todos, encobrir suas fragilidades, escusá-los e os embelezar e velar por sua
honra.
Múltiplas são as facetas do pecado contra a honra do próximo: desrespeito,
resposta evasiva (Gn 4.9), engano proposital ou falsidade deliberada (Gn
27.19), ambiguidade,
mordacidade, maledicência, injúria, ofensa, insulto, ódio, calúnia,
detração, crítica desastrosa, murmuração, falsidade, malícia, logro (At
5.1-10), mexerico, zombaria, raiva.
Toda manifestação de mentira provém do coração enganoso (Jr 17.9), que
evidencia o desrespeito e o desprezo em nossos pensamentos e desejos íntimos.
A Bíblia coloca a verdade entre os valores mais elevados. Satanás é
visto como o grande mentiroso, o pai da mentira, que jamais se firmou na
verdade (Jo8.44).
O AT condena a mentira na medida em que ela contradiz e destrói a
comunhão baseada na fidelidade que o homem deve a Deus e a seus irmãos.
Enquanto Èxodo 20.16 e Deuteronômio 5.20 formulam: “Não dirás falso
testemunho” ou “não serás testemunha falsa contra o teu próximo”, provavelmente
referindo-se aos tribunais de justiça, Êxodo 23.1 refere-se às notícias falsas
em geral, espalhadas fora dos tribunais.
Levítico aplica esse mandamento à mentira, (19.11), ao mexerico (19.16).
Percebe-se que Deus reprime a falsidade, a mentira, a avareza e a mordacidade
contra o próximo. A lei de Deus condena severamente a fraude (Lv 6.2,3).
O profeta Jeremias mostra a ruína espiritual de seu povo ao proferir as
seguintes palavras: “... curvam a língua, como se fosse o seu arco, para a
mentira; fortalecem-se na terra, mas não para a verdade, porque avançam de
malícia em malícia, e não me conhecem, diz o Senhor”.
É o apóstolo João quem especifica que o mentiroso não fica impune e não
escapa; “Quanto, porém, aos covardes, aos
incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos
idólatras e a todos os mentirosos, a
parte que lhes cabe será no lago que arde como fogo e enxofre, a saber, a
segunda morte” (Ap 21.8).
A triste história de Ananias e Safira (At 5.1-11), mostra o quanto Deus
leva a sério a questão da mentira na dispensação da igreja. As inverdades
proferidas por eles eram falsidades contra o Senhor e Seu Santo Espírito (At
53.6). A história revela também que a mentira é um mal desígnio do coração (At
5;4c).
O apóstolo Paulo vê a mentira como traço autêntico do velho homem. O
novo homem não deveria mentir, uma vez que se despiu para sempre do velho homem
(Cl 3.9).
Em 1Jo 5.10, o apóstolo afirma que todo homem que não crê no testemunho
que Deus dá acerca de Seu Filho é mentiroso.
Percebe-se, então, que no NT mentir não é apenas dar falso testemunho,
mas também, reter uma verdade que precisa ser dita publicamente.
Mas o apóstolo vai ainda mais longe, quando ensina aos cristãos da Ásia
Menor que crer em Deus e odiar o próximo constitui uma mentira.
Também mentiroso é aquele que diz conhecer a Deus e não guarda os seus
mandamentos (1Jo 2.4). Por isso, o destino final dos mentirosos que não se
arrependem é o inferno (Ap.21.8).
O homem é criado à imagem de Deus
e, portanto, é convidado por Deus a ser homem de verdade, integridade e
fidelidade (Ex 18.21; Dt 1;13; Nm 7.2) e a andar na verdade (Sl 25.5; 43.3;
86.11).
O Senhor Jesus Cristo foi a principal vítima de falso testemunho. O
sistema legal de Jerusalém foi arranjado por representantes da lei cujo
propósito era fazer o linchamento parecer um julgamento justo conforme
determina o sistema mosaico.
Seus acusadores eram as autoridades políticas e religiosas: “Os
príncipes dos sacerdotes, e os anciãos, e todo o conselho buscavam falso
testemunho contra Jesus, para poderem dar-lhe a morte, e não o achavam, apesar
de se apresentarem muitas testemunhas falsas (Mt 26.59,60).
A passagem paralela de Marcos 14.55,56 afirma que as acusações dessas
falsas testemunhas da elite do sinédrio “não eram coerentes”.
Estevão foi também vítima de falsas testemunhas. Essas pessoas foram
subornadas para falarem mentiras contra um, homem justo; a acusação era de blasfêmia contra Deus, contra
Moisés, contra o templo e contra a lei (At 6.11-14).
Assim como o Senhor Jesus, Estevão foi condenado à morte (At 7.58-60). O
apóstolo Paulo foi acusado, além das demais acusações falsas de introduzir
gentios no templo de Jerusalém (At 21.27-33).
Os romanos o prenderam para livrá-lo de um linchamento por parte dos
judeus radicais, mas este episódio foi o início do fim da carreira apostólica
de Paulo.
O nono mandamento não somente defende a honra, mas também a vida. A pena
era a mesma destinada ao réu, caso sua culpa fosse real.
O sistema mosaico coloca a
testemunha falsa sujeita a mesma pena
que ela esperava ser aplicada ao acusado (Dt 19.16-21). Mesmo assim,
nunca faltou quem se apresentasse como falsa testemunha.
Fonte de pesquisa:
SOARES Esequias – Comentarista da
Revista do Mestre – EBD CPAD – 1tri 2015
SOARES Esequias. Os Dez Mandamentos –
Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. CPAD. 1ª. Edição.
RJaneiro, Outubro / 014
REIFLER, Hans Ulrich. A Ética dos Dez
Mandamentos. Soc. Rel. Edições Vida Nova. SPaulo, 1992
GEISLER Norman l. Ética Cristã –
Opções e questões contemporâneas. Edit. Vida Nova. SPaulo, 2010
ALEXANDER T. Desmond e ROSNER Brian
S. Novo Dicionário de Teologia Bíblica. Edit. Vida. SPaulo, 2009
PORTELA, Solano. A Lei de Deus Hoje.
Editora Os Puritanos. SPaulo, 2000
KEVAN, Ernest. A Lei Moral. Editora
Os Puritanos. SPaulo, 2000
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