Por Pr. João Barbosa e Miss. Laudicéa Barboza
1. INTRODUÇÃO: -
O que é a Bíblia?
Em tempo muito remoto, a Bíblia era um “tabu” e era reservada a poucos que
a estudavam mais com o espírito crítico para alimentar a própria inteligência,
que com espírito pastoral para alimentar a alma.
Na Bíblia, Deus fez-se Palavra e revelou-se a si mesmo como antes se
revelara na criação, e manifesta ao homem o seu plano de misericórdia e amor.
A Bíblia é a história da salvação; a história da intervenção de Deus na
vida e no desenvolvimento do homem. “Ele
quer que todos se salvem....” (1Tm 2.4).
2. Revelação e
inspiração da Bíblia – A Bíblia é uma coleção de livros que muitos homens através da revelação
e da inspiração do Espírito Santo em contato com o espírito do homem o
levou a escrever esta obra (2Tm 3.16,17;
1Pe 1. 20,21).
A revelação é obra exclusiva de Deus.
É a comunicação do conhecimento da sua pessoa, e de seus propósitos e da
sua vontade.
O homem é incapaz de descobrir pelos poderes de seu próprio intelecto
estas verdades divinas.
Este é o processo pelo qual Deus se faz conhecido do homem.
A inspiração é o termo que descreve, no sentido bíblico, a
habilitação dos escritores que produziram a Bíblia (2Pe 1.21).
A inspiração
significa a atuação do Espírito de Deus no espírito de homens idôneos
escolhidos para receber e transmitir as mensagens da revelação divina (Rm
16.25, 26).
3. Legitimidade da Bíblia – Encontra-se no
universo literário livros que nos ensinam preciosas lições para a vida
material; contudo é na Bíblia que encontramos a legítima procedência de uma mensagem
para a vida eterna (Jr 1.9-12; Lc 1.1-4; Gl 1.1,20).
4. As origens da
Bíblia (Quem escreveu a Bíblia?
A Palavra escrita de Deus foi dada por canais humanos através de 40
escritores através da revelação e da inspiração do Espírito Santo.
Estes escritores
pertenceram a variadas profissões e atividades:
Legisladores (Moisés)
Estadistas (Daniel)
Pastores de ovelhas e Reis (Davi)
Sábios (Salomão)
Profetas (Isaias)
Boiadeiros (Amós)
Pescadores (Pedro)
Médicos (Lucas)
Intelectuais (Paulo)
Construtores (Neemias)
Sacerdotes e Escribas (Esdras)
Apóstolo e Pastor (João)
5. Caráter da
Bíblia – Podemos dizer que a Bíblia
é humano- divina porque contém esses dois elementos:
Sendo humana está sujeita as leis de línguas e literatura;
Sendo divina pode ser compreendida por homens espirituais (1Co
2.11,12)
6. O cânon da
Bíblia:
Há duas formas
de se referir ao termo (Bíblia como regra de fé e prática da Igreja e, seu conteúdo como a
compilação correta dos livros inspirados).
Foi na parte final do século 4 d.C que a palavra cânon foi aplicada pela
primeira vez à identidade dos livros da Bíblia, refletindo a necessidade então
recente de dirrimir as dúvidas de alguns cristãos sobre o tema.
Antes desse período, os cristãos já se haviam referido ao “Antigo” e ao
“Novo Testamento” como “Sagradas Escrituras”, pressupondo, sem deixar isso bem
claro que se tratava da copilação e do inventário corrreto.
No cânon hebraico os livros não estão na ordem cronológica. Os judeus não
se preocupavam com um sistema cronológico.
O historiador Josefo, que viveu entre 37 e 100 d.C., e foi contemporâneo
de Paulo, conta os livros do AT como sendo 22, porque considera Juízes e Rute
como único e Jeremias e Lamentações, também.
Isto certamente para coincidir com o número de letras do alfabeto
hebraico.
Nos dias em que Jesus estava entre nós desenvolvendo o seu ministério,
esses livros chamavam-se Escrituras (Mt 26.54) e tinham 3 divisões:
Lei, Salmos e Profetas (Lc 24.44).
Era também chamado de Palavra de Deus (Mc 7.11).
O cânon do AT foi reconhecido e fixado em 90 d.C., em Jânnia, na
Palestina. Depois de muitos debates o Concílio foi presidido por Johanan Ben
Zakai que apenas ratificou aquilo que já era aceito por todosos judeus através
dos séculos.
O cânon do NT - A ordem
dos 27 livros do NT como a temos em nossas Bíblias vem da Vulgata, e não leva
em conta sequências cronológicas.
Os livros que compõem o cânon do NT foram escritos aos poucos, por homens
inspirados por Deus.
Sua formação levou aproximadamente 2 gerações (80 anos).
Naquele período surgiram muitos outros escritos heréticos e espúrios com
pretenção de autoridade apostólica.
Por causa disto, o reconhecimento canônico demorou muito, só vindo a ser
concluído no Concílio de Cartago em 397
d.C.
Nessa ocasião, foi reconhecido e fixado definitivamente o cânon do NT.
Nas epístolas de Paulo que são 13 – de Romanos a Filemon que ocorreu
entre 52 a 67 d.C., Pedro chama os escritos de Paulo de “Escrituras”, título
aplicado somente à Palavra de Deus (2Pe 3.15,16).
Os evangelhos sinópticos foram escritos em 65 d.C.
Podemos dizer que entre Lucas e João foram escritas quase todas as
Escrituras do NT.
Paulo chama aos livros de Mateus e Lucas de “Escrituras”, ao citá-las em
1Tm 5.18, o que confere com a citação de Hb 10.7.
A epístola de Hebreus e a de Judas foram escritas em 68 a 90 d.C.
O Apocalipse foi escrito em 96 d.C., durante o reinado do imperador
Domiciano.
Os 27 livros do
NT são classificados em 4 grupos:
Biografia, História, Epístolas e Profecias.
Foram escritos em Koinê – idioma comum dos gregos.
Biografias – são os 4 evangelhos.
Os 3 primeiros Mateus Marcos e Lucas, são chamados de sinópticos devido
ao paralelismo entre eles.
Mateus, escrito em hebraico se dirige aos judeus e
apresenta Jesus como o Messias.
Marcos, se dirige aos romanos e apresenta Jesus como o rei
vitorioso e vencedor.
Lucas, se dirige aos gregos e apresenta Jesus como o
Filho do homem.
João, se dirige a igreja e apresenta Jesus como Filho de
Deus.
História: são Atos dos Apóstolos – registra a história da
igreja primitiva.
Epístolas: são 21 – vão de Romanos a Judas.
Contêm a doutrina da igreja. Subdividem-se da seguinte maneira:
1. Eclesiásticas – São 9 dirigidas à igreja e vão de Romanos à
2Tessalonicencas.
2. Individuais – São 4 dirigidas a indivíduos de 1Tm a Filemon.
3. Coletiva – A carta aos hebreus cristãos.
4.Universais – São 7, dirigidas a todos indistintamente de Tiago
a Judas.
Profecia – O livro do Apocalipse, que trata da volta pessoal
do Senhor á terra,
do reino milenar, da ressurreição e julgamento dos ímpios e do estado
eterno.
7. A Septuaginta – A divisão que encontramos em nossas Bíblias de 39
livros do AT e 27 do NT, vêm da Septuaginta.
Ou seja, a primeira tradução da Bíblia em língua hebraica para a língua
grega, e ocorreu mais ou menos em 285 a.C.
Entre os textos antigos que tratam do surgimento da Septuaginta, o
testemunho mais importante
vem da carta de um estudioso judeu chamado Aristéias, que viveu no II
século a.C.
A carta traz uma versão da história que explica essa tradução, e informa
a seu irmão Filócrates
que uma grande soma em dinheiro havia sido repassada a Demétrio de
Fáleron, o diretor da Biblioteca Real
de Alexandria, para que pudesse incluir nessa Bíblioteca todos os livros
do mundo.
Também a lei judaica, traduzida, deveria fazer parte do acervo da
Biblioteca.
Para concretizar esse projeto, o rei Ptolomeu II (285 a 246 a.C),
ordenou que fosse escrita uma carta ao sumo sacerdote Eleasar, em
Jerusalém, com um pedido de ajuda.
Eleasar enviou 72 tradutores, 6 de cada uma das 12 tribos de Israel,
que foram recebidos em Alexandria com festas e tratados como se fizessem
parte da realeza.
Em seguida, foram levados a um lugar tranquilo, situado em uma Ilha
do Mar Mediterrâneo, distante 2km do continente.
Os 72 tradutores dividiram entre si a tarefa e se comunicaram durante o
trabalho.
A tradução foi terminada em 72 dias.
Por isso, passou a ser chamada de Septuaginta, que quer dizer Setenta em
grego.
Quando a tradução da Bíblia hebraica para o grego foi lida para um grupo
de judeus que moravam em Alexandria, recebeu muitos elogios.
Eles ficaram tão impressionados com a sua perfeição, que ordenaram
conforme era seu costume, que uma maldição caisse sobre qualquer pessoa
que ousasse alterá-la.
Ptolomeu II apreciou muito trabalho e ficou impressionado com a sua
mensagem.
Depois de receberem presentes valiosos os 72 sábios judeus, voltaram para
Jerusalém.
A carta de Aristéia, porém, fala apenas da tradução do Pentateuco e não
de todo o AT.
Os livros restantes do AT foram traduzidos mais tarde pelo judeus
e passaram a ser considerados parte da Septuaginta.
Quando e onde esses outros livros da Bíblia hebraica foram traduzidos
para o grego, não se sabe exatamente.
Alguns estudiosos creem que eles foram traduzidos na própria Alexandria,
logo após a tradução do Pentateuco.
Entretanto, não se tem notícia que os judeus de Alexandria tivessem um
cânone mais amplo
que a Bíblia hebraica, por isso, há especialistas que acreditam que eles
foram traduzidos
bem mais tarde, pouco antes do nascimento de Cristo.
Até o seculo I d.C., a Septuaginta foi considerada pelos judeus
que viviam fora da Palestina, uma tradução de grande autoridade.
Os primeiros cristãos usaram a Septuaginta para evangelizar os povos que
falavam a lingua grega.
8. As línguas em
que a Bíblia foi escrita:
Quase todo Antigo Testamento foi escrito em hebraico.
Algumas poucas passagens do AT foram escritas em aramaico,
que representam 1% de todo AT (Gn 31.47; Dn 2.4b a 7.28; Ed 4.8 – 6.18;
7.12-26; Jr 10.11).
Novo Testamento: Quase todo NT foi escrito em grego.
No entanto, há um número de palavras relativamente pequena nos evangelhos
que foram escritas em aramaico.
Exemplos de
versículos do NT com palavras em aramaico:
Gólgota (Mt 27.33; Mc 15.22; Jo 19.17).
Eli, Eli, Lamá
Sabactani? (Mt 27.46; Mc 15.34).
Talita cumi (Mc 5.41)
Jesus também se dirigiu ao Pai, como Aba Pai – em aramaico.
E dizia Aba Pai, tudo te é possível, afasta de mim este cálice;
todavia não seja o que eu quero, mas o que tu queres (Mc 14.36).
Os cristãos da igreja primitiva também se referiram ao Pai como Aba
em (Rm 8.15; Gl 4.6).
Há também registro de que usaram expressões em aramaico – Maranata,
que significa, vem, Senhor (1Co 16.22).
Essas expressões indicam que a língua que Jesus e os primeiros cristãos
falavam era o aramaico.
O aramaico foi a língua mais popularmente falada em Israel nos dias de
Jesus.
O aramaico era a língua que o próprio Jesus falava.
Por essa razão há algumas ocorrências de palavras aramaicas no NT.
Contudo, aproximadamente todo o NT traduz todas as palavras
de Jesus para o grego, visto que os escritores do NT escreviam em grego.
Eles usavam o grego, pois era a língua do império romano e queriam
alcançar
a maior quantidade de pessoas possíveis com os seus escritos.
Bibliografia:
GIRALDI, Luis Antonio. A Bíblia no Brasil Império. SPaulo, 2013. SBB.
FISCHER, Alexander Achilles. O texto do Antigo Testamento. São Paulo, 2013. SBB.
GRUDEM, Wayne; COLLINS, C. John e SCHREINER, Thomas R. Origem e
confiabilidade e significado da Bíblia. SPaulo, 2013. Editora Vida Nova.
WALTER. Mark. Enciclopédia de Fatos da Bíblia. SPaulo, 2014. Editora
Hagnos e Luz e Vida.
WALTER. Mark. 1.000.000 de Palavras – 100.000 Fatos da Bíblia: de Gênesis
a Apocalipse – Tudo nesta incrível Enciclopédia. SPaulo, 2014. Editora Hagnos e
Luz e Vida.
PAROSCHI, Wilson. Origem e Transmissão do Novo Testamento. SPaulo, 2012.
Editora SBB.
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