Subsídios
para o Ensino da Lição: Pr. João
Barbosa
Texto da Lição: Provérbios 31.10-21, 23-29
I - OBJETIVOS DE
APRENDIZAGEM:
- Conhecer o livro e
a mensagem de Eclesiastes.
- Explicar a transitoriedade da vida e a eternidade
de Deus.
- Administrar bem
o tempo e as relações interpessoais.
II - INTRODUÇÃO: A tradição judaica atribui a autoria de Eclesiastes
a Salomão, e vários estudiosos cristãos ao longo dos séculos aceitaram essa
interpretação. As referências históricas diretas em Eclesiastes se encaixam
perfeitamente à vida de Salomão:
1. Salomão era grande em
sabedoria – “Falei eu com o meu coração,
dizendo: Eis que eu me engrandeci e sobrepojei em sabedoria a todos que houve
antes de mim em Jerusalém; e o meu coração contemplou abundantemente a
sabedoria e o conhecimento” (Ec 1.16).
2. Salomão era muito rico – “Amontoei também para mim prata e ouro, e
tesouros dos reis e das províncias; provi-me de cantores e cantoras, e das delícias dos filhos dos homens; e de
instrumentos de música de toda a espécie. (Ec 2.8).
3. Aproveitou a vida ao máximo
– “Fiz para mim obras magníficas; edifiquei para mim casas e plantei para mim
vinhas....” (Ec 2.4-6) .
4. Tinha muitos servos – “Adquiri servos e servas, e tive servos
nascidos em casa; também tive grandes possessões de gados e ovelhas, mas do que
todos os que houve antes de mim em Jerusalém” (Ec 2.7).
Salomão, portanto, autor de Eclesiastes, identifica-se
como o Pregador; cuja palavra deriva de um termo hebraico que possue o sentido
de reunião ou assembléia. A Septuaginta traduziu o termo qoheleth pelo seu equivalente grego ekklesia, daí o nome Eclesiastes.
Eclesiastes, é
uma referência a alguém que fala ou discursa em uma reunião ou assembléia. Esse
homem foi o sábio Salomão. Esse grande rei que tão ricamente havia sido dotado
de sabedoria, afastou-se de Deus, procurando a felicidade nas coisas do mundo e
na prática da idolatria (1Re 11.1-13).
Mas nos seus últimos dias, reconhecendo a sua
loucura, ele deixa registrada a sua experiência, proclamando bem alto as grandes
verdades da vida, perante todos aqueles que de todas as partes vinham à sua
corte para serem instruídos por sua sabedoria.
III – DESENVOLVIMENTO
1. Eclesiastes,
o livro e a mensagem – O livro de Eclesiastes, juntamente om o livro de Provérbios, Cântico dos
Cânticos, Jó e Salmos, faz parte do gênero literário conhecido como literatura
sapiencial, e também é atribuído a Salomão:
“Palavra do Pregador, filho de
Davi, rei de Jerusalém” (Ec 1.1). Embora tenha sido escrito pelo mesmo autor de
Provérbios e pertencendo ao mesmo gênero literário, o livro de Eclesiastes
possui um estilo diferente.
O livro assume o estilo de um discurso usado em assembleias ou templo. Alguns
intérpretes acreditam que se trata de uma coletânea usada por Salomão em suas
prédicas. Ao contrário do que muitos pensam, Eclesiastes não expõe uma espécie
de ceticismo ou desencanto com a vida.
O livro revela a avaliação feita por alguém que teve o privilégio de
viver a vida com intensidade e descobrir que a mesma é totalmente vazia se não
for vivida em Deus. A própria sabedoria tão ovacionada nos Provérbios é tida
como tola para interesses pessoais e objetivo mesquinhos.
2. Discernindo os tempos – Sobre o tempo de nascer ou tempo de morrer, não
temos muito a dizer; Na Bíblia, algumas pessoas foram marcadas para nascer em
determinado tempo. É o caso de Moisés, Sansão, de João Batista e de Jesus
Cristo.
Deixando de lado esses casos especiais, parece que o tempo de nascer
aqui em Eclesiastes é empregado de maneira simples e natural, e os nascimentos
vão ocorrendo à proporção que homens e mulheres se unem sexualmente.
Sobre
a morte, no entanto, o assunto é mais interessante, e também mais vivenciado. E,
apesar de a Bíblia não trazer um pronunciamento específico sobre o
assunto, podemos inferir alguns ensinamentos que muito nos ajudarão. O tempo médio
de vida segundo os relatos bíblicos, no início da civilização diz que a vida humana
durava séculos.
Adão, por exemplo, viveu 930
anos (Gn 5.5); Sete, um dos filhos de Adão, viveu 912 anos (Gn 5.8); Metuselá
ou Matusalém, como translitera algumas tradições, foi o homem na Bíblia que
mais viveu: 969 anos (Gn 5.27).
mais tarde, ao tempo do dilúvio, por causa da corrupção humana, deus fixou o tempo de vida do ser humano em 120 anos (Gn 6.3). Mesmo assim, alguns continuaram a ultrapassar esta média como foi o caso de Abraão que viveu 175 anos (Gn 25.7).
Mas o Salmo 90 escrito por Moisés estabelece
que o tempo de vida útil do homem seria de 70 anos, e o que passar disso é
canseira e enfado (Sl 90.10).
O tempo determinado para
morrer pelo texto de Eclesiastes 3.2 não dá para definir se Deus está falando
de uma pré determinação para cada pessoa morrer, ou se está falando que cada
pessoa chegará ao seu momento de partir, simplesmente, sem que isto represente
um determinismo.
No livro de Jó 14.5 lemos que
os dias do homem estão determinados e que Deus lhes pôs limites que não poderão
ser ultrapassados. Grandes teólogos concluem que o tempo da vida está
determinado não como dia certo, mas com uma certa elasticidade, podendo durar
um pouco mais ou um pouco menos,
dependendo da maneira como cada pessoa exerce a sua existência.
Há dois exemplos bíblicos
interessantes: 1. Ezequias orou e Deus lhe deu mais quinze anos de vida. 2. O quinto
mandamento em Exodo 20.12, determina que quem honra pai e mãe tem seus dias
prolongados sobre a face da terra. E o apóstolo Paulo chama isto de primeiro
mandamento com promessa (Ef 6.2).
Podemos concluir, que Deus tem
um tempo para cada vida, que pode estar determinado na “engenharia genética” de
cada pessoa podendo, no entanto, esse tempo ser aumentado ou diminuído
dependendo do comportamento do indivíduo e do seu relacionamento com Deus.
Um
caso especial na Bíblia é o do rei Ezequias narrado em 2Re 20.1-11 e Is 38.1-9. O profeta Isaias foi ao rei Ezequias
para dizer-lhe que morreria. O rei estava doente e pelo contexto parece que os
dias de vida do rei tinha chegado ao seu final.
Segundo relato bíblico o rei
chorou e orou intensamente a Deus e antes que o profeta saísse do palácio Deus
ouviu a oração do rei Ezequias e mandou o profeta Isaias voltar com uma nova
mensagem.
E, como sinal de que ele ficaria curado, Deus faria retroceder 10
graus á sombra lançada pelo sol declinante no relógio de Acaz. “Assim retrocedeu o Sol os 10 graus que já
havia declinado” (Is 38.8).
Pelo texto, não dá para entender
se Deus usou este artifício como mero sinal ou se realmente ele retrocedeu o
tempo para Ezequias que já tinha o seu tempo vencido, pudesse recuperar mais 15
anos de vida.
Se está correta a informação de que há um dia de 24 horas perdido
na história; e ainda que, 23 horas e 40 minutos desse dia perdido está na Batalha de Aijalon quando o Sol se
deteve para que Josué continuasse lutando de dia (Js 10.12-27).
E se finalmente está correto a
informação de que esses 10 graus no relógio de Acaz representa os 20 minuto
que faltava nas 24 horas do dia perdido na história, então realmente, Deus
retrocedeu o tempo para acrescentar 15 anos na vida do rei Ezequias.
Porque o
tempo foi criado por Deus e 1.000 anos para Deus é como o dia de ontem que
passou e como a vigília da noite (Sl 90.4; 2Pe 3.8).
3. O tempo e as relações
interpessoais – Salomão tem uma palavra para as relações interpessoais no convívio
familiar: “Vai pois, come com alegria o
teu pão e bebe o teu vinho, pois Deus já de antemão se agrada das tuas obras.
Em
todo tempo sejam alvas as tuas vestes e jamais falte o óleo sobre a tua cabeça.
Goza a vida com a mulher que ama todos os dias da tua vida fugaz, os quais Deus
te deu debaixo do Sol” (Ec 9.7-9, ARA).
O contexto não deixa dúvidas de
que o ambiente aqui é uma festa em família. Isso fica bem claro pela presença
da esposa, a mulher qur amas (Ec 9.9). É uma festa aonde se usa a melhor roupa
e o melhor perfume.
A metáfora é bem clara para nós hoje: A família cristã,
como um bom perfume de Cristo e sem necessitar de recorrer ao uso de bebidas
alcoólicas para se alegrar (Ef 5.18). Deve viver com intensidade o
relacionamento interpessoal:
A exemplo do trabalho – O trabalho nunca deve ser um fim em
si mesmo, portanto, quando o trabalho e não Deus é o centro de tudo, então ele
se transforma em fadiga (Ec 5.17). Mas o Pregador irá mostrar que este trabalho
quando deixa de ser um fim em si mesmo, passa a ter um sentido na nossa existência.
Nesse
sentido o trabalho se torna algo prazeroso e não pesaroso. “Eis o que eu vi:
Boa e bela coisa é comer e beber e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho,
com que se afadigou debaixo do Sol, durante os poucos dias da vida que Deus lhe
deu; porque esta é a sua porção.
Quanto ao homem a quem Deus conferiu riquezas
e bens, e lhe deu poder para dele comer, e receber a sua porção, e gozar do
seu trabalho, isto é dom de Deus” (Ec 5.18,19). O
nosso local de trabalho deve ser um lugar alegre, fruto das relações
interpessoais sadias.
4. Administrando bem o tempo
– Buscar o conhecimento tem
sido o alvo do homem através dos séculos. Salomão também se envolveu com essa
busca (Ec 1.17,18). Com o aumento do conhecimento o homem amplia sua consciência
em relação ao mundo ao seu redor, e por não poder melhorar a natureza das
coisas, o homem passa a ter uma frustração de impotência por nada poder fazer.
Da
mesma forma quem busca prazer em si mesmo configura-se isto numa prática hedonista (Ec 2.1-13). Pode ser a busca na satisfação no álcool, na droga, nos vícios
e em todas as práticas condenadas por Deus que traz ao homem um sensação de
vazio e frustração.
Salomão
também desconstrói a ilusão daqueles que buscam os bens terrenos como uma razão
principal de suas vidas; a falsa prosperidade que leva o homem a correr
desenfreadamente para acumular riquezas, alcançar elevadas posições na
sociedade e obter notoriedade e fama. O sábio considera isto como aquele que
corre atrás do vento.
Da mesma
forma é a prática impiedosa que muitas vezes leva o homem a uma busca constante
através da sua profissão ou de qualquer outra prática (Ec 2.17-23). Salomão
também considera isto como correr atrás do vento, pois o trabalho não pode
desumanizar o homem, mas, fazer o homem crescer
como pessoa.
IV – CONCLUSÃO: “Tudo
tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo dos céus: Há
tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que
se plantou; tempo de matar e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de
edificar;
tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria; tempo de espalhar pedras e
tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar;
tempo de buscar e tempo de perder;
tempo de guardar e tempo de deitar fora;
tempo de rasgar e tempo de coser; tempo de estar calado e tempo de falar; tempo
de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz” (Ec 3.1-8).
A
nossa era já foi denominada pelos filósofos como sendo a era do vazio e das
incertezas. Isso tem uma explicação. Com a rejeição da tradição implantada na
cultura ocidental pelo cristianismo a sociedade mergulhou num vazio sombrio e
numa era de incerteza.
O homem ocidental encontrou-se de repente sem a crença
em Deus, sem absolutos e sem valores. O
resultado de tudo isso é percebido pela relativização dos valores, e visto na
fragmentação da ética e na rejeição de uma verdade absoluta.
Para esta geração
não existe mais Verdade, existe sim verdades. Com isto a história perde o seu
sentido. O livro de Eclesiastes nos mostra a experiência de alguém que lá no passado
teve essa mesma sensação.
Procurando
viver uma vida com intensidade, ele terminou mergulhado em um mundo
contingente e sensual, para depois descobrir que sem Deus tudo isso é perda de
tempo, mergulhar no vazio e correr atrás do vento.
Consultas:
Lições Bíblicas EBD-CPAD - 4º. Trimestre 2013 – (Comentarista:
Pr. José Gonçalves).
Bíblia de Estudo Pentecostal – CPAD
READMACHER. Early D. O Novo Comentário do Antigo
Testamento. Rio de Janeiro, 2010. 1ª. Edição
CHAFER. Teologia Sistemática – Vls. 1,2 – São
Paulo, 2008. 2ª. Edição -Editora Hagnus. R, Early D.
DAVIS, John. Novo Dicionário da Bíblia – Ampliado e
Atualizado. São Paulo 2005 – 1ª Edição. Editora Hagnos.
GONÇALVES, José. Sábios conselhos para um viver
vitorioso – Sabedoria bíblica para quem quer vencer na vida. Rio de janeiro,
2013, 1ª. Edição
CHAMPLIN. R. N. O Antigo Testamento Interpretado
Versículo por Versículo. V.4.
CHAMPLIN. R. N. O Novo Testamento Interpretado
Versículo por Versículo. V.5.
ANGUS, Joseph. História, Doutrina e Interpretação
da Bíblia. São Paulo, 2003 – Editora Hagnus
CAMPOS, Heber Carlos de. O Habitat Humano – O
paraíso criado – Estudos de Antropologia Bíblica. São Paulo 2011. Editora
Hagnos.
GRONIGEN. Gerard Van. Criação e Consumação. Volume
III – O Reino, A Aliança e o Mediador. São Paulo, 2008. Editora Cultura Cristã.
LAN, Dong Yu. Cântico dos Cânticos – Os oito
estágios do crescimento espiritual. São Paulo, 1996. Editora Árvore da Vida.
Bíblias de Estudo Almeida.- Bíblia de Estudo de
Genebra.
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