Subsídios para o Ensino da Lição: Pr. João Barbosa
Texto da Lição: Filipenses 4.14-23
I - OBJETIVOS
DE APRENDIZAGEM:
1.
Compreender como foi a
participação da igreja de Filipos nas tribulações de Paulo.
2.
Explicar o ato de reminiscência entre Paulo e os
filipenses.
3.
Analisar a oblação e a generosidade dos filipenses.
II - INTRODUÇÃO
A
palavra oblação na cultura religiosa judaica, faz parte dos vários tipos de
ofertas que existiam em alguns atos rituais e litúrgicos na relação do povo de
Israel para com Deus. Cada oferta tinha sua finalidade e a sua importância na
liturgia judaica.
Havia dois tipos de ofertas: As ofertas expiatórias e as
ofertas de consagração. As ofertas expiatórias eram identificadas como ofertas
pelo pecado (Lv 4. 1-35; 6.24-30) e oferta pela culpa (Lev 5. 14-16; 7.1-7).
As
ofertas de consagração eram identificadas como holocausto “aquilo que sobe” –
que significava a entrega total da pessoa a Deus, em que o animal não podia ser
partido (Lv 1.3-17; 6.8-13), e as ofertas de manjares – oblação.
Esse termo no latim
é oblato, “algo oferecido”. Designava
a oferta oferecida ao Senhor, tanto o que era movido quanto o que era derramado
no altar (Lv 2.4; Nm 15.7-10).
Nas Escrituras
aparecem as palavras hebraicas: gorban,
referindo-se à oferta apresentada (Lv 2.4,7,9,10) e terumah, que significa mover. Refere-se a algo tirado de alguém
para ser oferecido a Deus, para manutenção do santuário e dos ministros (Is 40.20;
Ez 44.30; 45.1) e massekah –
derramamento, uma libação, referindo-se ao azeite, ao leite, a água, ao mel e
ao vinho, que eram derramados como ofertas.
III – DESENVOLVIMENTO
1. A participação da igreja nas tribulações de Paulo (Fp 4.14). – Paulo disse aos filipenses: “Fizestes
bem (v.14). Ele estava não só elogiando, mas interpretando o gesto amoroso dos
filipenses como a participação em suas aflições. No texto grego, a expressão é Kalospoiein, que significa “vós agistes
bem”.
A participação dos filipenses nas suas tribulações segundo o sentimento
do coração de Paulo era um dos modos ou uma das formas de Deus agir em seu
favor a fim de fortalecê-lo. Era, também, uma demonstração da obra regeneradora
do Espírito Santo na vida dos irmãos.
O que Paulo queria passar para os irmãos em
Filipos era que em sua penúria material ele não se sentia pobre, e na abundância,
ele usufruía daquilo que Deus dava de consciência tranquila.
Paulo não apenas
aprendeu a não levar em conta as circunstâncias adversas, os apetites e desejos
naturais, porque podia dizer: “Posso
todas as coisas naquele que me fortalece”.
No v.15, Paulo declara que, provavelmente, doze
anos atrás, no início da obra em Filipos e em toda Ásia Menor, nenhuma igreja
da Macedônia o ajudou com qualquer donativo para sustentá-lo. Somente a igreja
de Filipos teve a iniciativa de ajudá-lo e, por isso, ele era agradecido a Deus
e aos filipenses.
O compartilhamento da igreja no sustento de seus
obreiros implica contribuir para a causa de Cristo. Era uma demonstração de
maturidade espiritual da igreja, e não uma imposição para que as pessoas o
sustentasse.
Paulo sabia que havia entre os irmãos os recalcitrantes e fracos
na fé que sempre interpretavam e julgavam seu ministério de forma maldosa. Entretanto, ele não levava em conta essas oposições,
uma vez que tantos outros eram fiéis, leais e entendiam o seu ministério.
Os
filipenses viam o ministério de Paulo como uma santa oblação para suas vidas. Por
isso, cooperavam em tudo que podiam. Era, de fato, uma prática demonstrada
desde os dias da igreja pós Pentecostes. E, agora, a igreja de Filipos fazia o
mesmo com muito amor e consideração ao apóstolo (At 4.42-47).
2. Reminiscência: Ato de dar e receber (Fp 4.15-17). – Em relação à liderança,
deve haver todo cuidado com as tentações das dádivas e do dinheiro e, nesse
sentido, Paulo era cuidadoso.
Os servos de Deus que pregam e ensinam nas
igrejas, e que dependem das ofertas para o seu sustento, ou mesmo os que
pastoreiam igrejas e/ou aqueles que exercem o ministério da Palavra com itinerância,
precisam ter cuidado com o amor ao dinheiro.
O sábio Salomão declarou: “O que amar o dinheiro nunca se fartará dele”
(Ec 5.10). E Paulo adverte que o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de
males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmo
com muitas dores (1Tm 6.10).
As igrejas devem respeitar e amar os que vivem
apenas do ministério, mas estes não
devem permitir que o dinheiro os escravizem e se tornem senhor de suas vidas. O
dar e receber está dentro do contexto da mordomia cristã que une trabalho e
recompensa com a finalidade de colocar o Reino de Deus em primeiro lugar.
É preciso haver um total desprendimento material daqueles
que servem na obra de Deus. Os crentes filipenses sentiam comunhão com Paulo,
em sua aflição comum. Sentiam a tensão da situação do aspóstolo e fizeram o que
estava ao seu alcance, como se eles mesmos estivesse afligido.
Essa é a indicação do verbo aqui usado, sunkoinoneo, que quer dizer associar-se
com, compartilhar, ser sócio em. Na forma nominal, essa palavra era usada para
indicar os colegas obreiros nas lides do evangelho.
Paulo afirma que os crentes
filipenses compartilharam com a sua aflição. Os crentes filipenses haviam
demonstrado a regra da preocupação fraternal, a lei do amor, o princípio
normativo da família de Deus.
As ofertas às missões deveriam ser encaradas sob
esse prisma; e é uma afirmativa geral verdadeira que quando Deus toma conta de
nossos corações, também conquista nosso bolso.
Aqueles que assim contribuem fazem bem; e nenhuma
dádiva dessa natureza deixará de ser reconhecida e recompensada por Deus,
porquanto até mesmo um copo de água fria e dado em seu nome, não deixará de
receber galardão, segundo se apreende em Mt.10.42
– “E qualquer que tiver dado só que seja um copo de água fria a um destes
pequeninos, em nome de discípulo, em verdade vos digo, que de modo algum perderá
o seu galardão”.
3. A oblação de amor e saudações finais – Oblação de modo mais explícito já sabemos que
se trata de uma palavra típica da vida religiosa dos judeus nos tempos do AT. Vários
tipos de ofertas faziam parte do sistema sacrificial dos filhos de Israel em
suas peregrinações no deserto e posteriormente em Canaã.
Esta palavra está contida no contexto da expressão
“cheiro de suavidade e sacrifício agradável” (v.!8). O sentido da palavra é: “dádiva,
oferta” que se oferecia nos atos de entrega a Deus, conforme já mencionamos
anteriormente – oferta de consagração.
Portanto, entre todos os tipos de ofertas
do sistema sacrificial, a oblação é a oferta de algo comestível. Fruto da
gratidão pelas provisões materiais da parte de Deus ao seu povo.
Essas ofertas não eram queimadas nem podiam ser
comidas “aleatoriamente”. Paulo usa a expressões do culto a Deus e diz que a
oferta dos filipenses era cheiro suave, como sacrifício agradável a Deus.
A expressão cheiro suave encontramos
repetidamente no AT, a começar pelo sacrifício de Noé depois que a arca pousou
num dos montes de Ararat (Gn 8.210,21). O texto de Gênesis diz: O Senhor
cheirou o suave cheiro do sacrifício que Noé lhe ofereceu.
Na mensagem de Paulo, a dádiva dos filipenses
exalava um aroma suave, como um sacrifício aceitável e aprazível a Deus (Ex 29.18;
Gn 4.4). Ele entendia, como uma prática de justiça e misericórdia, como sendo
um sacrifício agradável ao Senhor. No NT, Cristo é o sacrifício pelos pecados do
mundo e é a oblação de cheiro suave como oferta a Deus (Ef 5.2).
A atitude dos filipenses era vista por Paulo como
se fosse uma oferta de manjares oferecida a Deus que exalava um cheiro suave diante
do Senhor. A igreja em Filipos não tinha muitos recursos financeiros.
Por isso,
a sua contribuição envolvia sacrifício e muito amor. Era uma igreja que dava não
do que sobrava, mas fazia além do que tinha e o fazia com um sentimento de amor
ao Senhor Jesus e ao seu pastor.
O apóstolo Paulo estava feliz pela generosidade
dos filipenses e declara que aquela atitude de amor da parte deles lhes seria
uma porta aberta para as suas vidas com todas as bênção e riquezas materiais e
espirituais.
Paulo lembra aos filipenses de que a sua atitude
magnânima para com ele era o fruto do verdadeiro doador de todas as coisas, que
é o Senhor por quem somos abençoados e a quem fazemos as coisas por gratidão
(v.19) – “O meu Deus, segundo as suas
riquezas, suprirá todas as vossdas necessidades em glória por Cristo Jesus”.
IV – CONCLUSÃO
O pensamento de Paulo, de que fora gentilmente
auxiliado pelos crentes de Filipos, e que o rico suprimento de Deus visa todos
os seus filhos, levou-o a irromper nessa doxologia a Deus, como nosso Pai.
“Ora, a nosso Deus e Pai seja dada glória
pelos séculos dos séculos. Amém” (Fp 4.20). Em Rm 8.15 o apóstolo Paulo declarou
aos irmãos que eles não haviam recebido o espírito de escravidão para que
pudessem estar outra vez em temor e afirmava:
"Mas recebestes o espírito de adoção
de filhos pelo qual clamamos: aba, Pai".
Na epístola aos Efésios a ideia da paternidade de Deus é constantemente
reiterada; pois aquela epístola, acima de qualquer outro livro do NT,
mostra-nos as riquezas da glória de Deus como nosso Pai, outorga a seus filhos
transformando os remidos segundo a imagem de Cristo.
As doxologias são empregadas nas Escrituras a fim
de salientar ou enfatizar as mensagens faladas ou a serem ditas, atribuindo
louvor a Deus, em face das bênçãos que foram ou serão descritas.
O apóstolo
Paulo conclue a epístiola com uma saudação a todos os santos em Cristo e
encerra a sua carta com a tradicional saudação: “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com vós todos”.
Consultas:
Lições
Bíblicas EBD-CPAD - 3º. Trimestre 2013 – (Comentarista: Pr. Elienai Cabral).
Bíblia de Estudo Pentecostal – CPAD
DAVIS,
John. Novo Dicionário da Bíblia – Ampliado e Atualizado. São Paulo 2005 – 1ª
Edição. Editora Hagnos.
RICHARDS,
Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1. Ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2007
CABRAL.
Elienai, Filipenses: A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Rio de
Janeiro 2013. 1ª. Edição. CPAD
CHAMPLIN.
R. N.Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos.
CHAMPLIN.
R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. V.1 –Uma abordagem
científica à crença na alma e em sua sobrevivência ante a morte física e V. 5 –
Carta aos filipenses - Editora Hagnos.
LEWIS, Sperry Chafer.
Teologia Sistemática – Vl.1,2 –São Paulo 2008.
2ª. Ed. Editora Hagnus
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