Subsídios para o Ensino da Lição: Pr. João Barbosa
Texto da Lição: Filipenses 4.10-13
I - OBJETIVOS
DE APRENDIZAGEM:
1.
Saber que as dádivas dos filipenses era resultado da
providência divina.
2.
Compreender que o cristão tem contentamento de Cristo em
qualquer situação.
3.
Explicar a respeito da principal fonte de contentamento
do cristão.
II - INTRODUÇÃO
Reciprocidade é um
sentimento de correspondência, de intenções ou ações entre duas pessoas ou
entre dois grupos. Neste contexto reciprocidade representa manifestação amorosa
dos cristãos filipenses para com o apóstolo Paulo. Essa reciprocidade deve ser
típica da vida da igreja cujos interesses são comuns a todos (At 2.42-47).
O apóstolo Paulo
inspirado pelo Espírito Santo, escreveu na carta aos Coríntios que; “O amor é sofredor, é benigno; que o amor não
é invejoso, o amor não trata com leviandade, o amor não se ensoberbece, o amor
não se porta com indecência, o amor não busca os seus interesses, o amor não se
irrita, o amor não suspeita mal; o amor não folga com a injustiça, mas o amor
folga com a verdade; o amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”
(1Co 13.4-7).
Nesta lição o apóstolo
Paulo expressa sua gratidão aos filipenses pela sua generosidade para com ele.
Os crentes filipenses se tinham mostrados generosos em seu apoio financeiro,
reconhecendo as necessidades de Paulo e as crises de toda a ordem pelas quais
ele passava.
Eles queriam aliviar pelo menos suas dificuldades financeiras, e
até onde isso lhe fosse possível, pelo que lhe tinham enviado dinheiro em
diversas ocasiões.
Ora, neste ponto o
apóstolo Paulo faz uma pausa a fim de agradecer a essas doações. A última
ocasião em que os filipenses tinha enviado auxílio financeiro a Paulo foi
quando da vinda de Epafrodite, o qual agora retornaria a eles como portador da
presente epístola, bem como o seu representante, autorizado a corrigir alguns
problemas que afligiam aquela comunidade cristã.
Ordinariamente Paulo não
recebia doações das igrejas que fundava, não apenas para dar exemplo de tal
parcimônia a outros, mas provavelmente porque não queria que seu serviço prestado
à causa de Cristo desse a impressão de ser visto a troco de uma cobrança.
Estava muito mais interessado em prestar seus serviços gratuitamente, posto
que, antes de sua conversão a Cristo havia perseguido à igreja do Senhor.
Por exemplo, no caso da
igreja de Corinto, sob hipótese alguma aceitou doações da mesma, visto que
alguns de seus membros o tinham criticado concernente a essa questão, ao passo
que outros, mui provavelmente, tinham dito que ele trabalhava no evangelho a
fim de ter uma vida financeira abastada. Nessas críticas, realmente havia um
ataque contra o seu próprio apostolado.
III – DESENVOLVIMENTO
1. As
ofertas dos filipenses como providência divina – Muito me regozijei no Senhor, foi a forma como o apóstolo Paulo se
dirigiu a igreja de Filipos para demonstrar que ele suportava as privações da
prisão em Roma com uma atitude de gratidão a Deus, o qual lhe proporcionava
grande alegria no seu espírito.
O gozo do Senhor na alma e no espírito é o
nutriente que fortalece o crente: espiritual, moral e material quando estamos
limitados e privados de conforto no nosso cotidiano.
Todo crente em Cristo deve
estar consciente da presença imanente do Espírito Santo em todas as
circunstâncias da sua vida. Já haviam se passado alguns anos desde a ultima
oferta enviada a Paulo pelos filipenses.
Ele agradecia a Deus pelo suprimento feito pela
igreja para ajudá-lo nas suas necessidades. O apóstolo se lembrava da primeira
oferta quando esteve em Tessalônica e foi agraciado pelo amor daqueles irmãos
(Fp 4.15,16).
Nessa carta, o apóstolo Paulo agradece pela surpresa agradável da
segundo oferta enviada para ele, exatamente quando estava preso em Roma. Ele
agradece e se regozija pela lembrança dos irmãos. Foi por esse amor demonstrado
para com ele que ele declara: “muito me regozijei no Senhor” (v.10).
Ele estava
declarando que a oferta dos filipenses era o fruto da providência divina e da
reciprocidade quando lhes pregou o evangelho em Filipo. Ele coloca a
providência de Deus acima de qualquer sentimento porque entendia que era o
Senhor quem inspirava esse amor demonstrado para com ele pelos filipenses.
A igreja de Filipos fora fundada por Paulo
enfrentando muita oposição, perseguição, prisão e muito sofrimento. Agora a
igreja demonstrava sua gratidão ao apóstolo cuidando dele e ajudando-o nas suas
necessidades.
Esse cuidado da igreja tinha um caráter espiritual, pois o que
importava nessa ação da igreja era a sua motivação. Essa reciprocidade foi
manifesta no reconhecimento da igreja de Filipos e a necessidade do apóstolo.
Essa reciprocidade envolvia o dar e receber entre ambos (1Co 9.11; Rm 15.27).
2. O
contentamento em Cristo em qualquer situação – O apóstolo Paulo nos dá uma grande lição quando diz: “aprendi a contentar-me com o que tenho”
(v.11). O ideal que dominava o coração do apóstolo era pregar o evangelho em
toda parte.
Nada para ele era mais importante do que pregar o evangelho.
Nenhuma circunstâncias negativa, nenhuma dificuldade financeira, absolutamente
nada, roubaria a visão missionária do apóstolo.
Ele não se angustiava por causa
das condições material e social que estava vivendo. Em tudo isso ele conseguia
tirar forças para prosseguir no seu ministério (Hb 11.34). Ele vivia contente
com a própria suficiência em Cristo.
Ele sabia que o descontentamento é como uma planta má
que faz brotar a avareza e o roubo (Hb 13.5,6; Lc 3.14). E não deixava que as
preocupações com as coisas materiais o sufocasse. Por isso o apóstolo afirma: “já aprendi a contentar-me com o que tenho”.
O foco de sua vida era a pregação do evangelho. Ele não se prendia a nenhuma
circunstância externa. Precisava de donativos para poder manter-se, mas
contentava-se com o que tinha.
Ele satisfazia-se com a convicção de que Cristo
lhe era plenamente suficiente, daí ele poder afirmar: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Fp 4.13).
A Bíblia nos mostra que o descontentamento gera
avareza. E o autor da carta aos Hebreus diz: “Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes;
porque ele disse: não te deixarei, nem te desampararei. E, assim com confiança
ousemos dizer: O Senhor é o meu ajudador, e não temerei o que me possa fazer o
homem” (Hb 13.5,6).
Jesus ensinou o risco que corre aqueles que se
preocupam com as coisas materiais quando diz: “Não andeis cuidadosos quanto a vossa vida, pelo que haveis de comer ou
haveis de beber, nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a
vida mais do que o mantimento e o corpo, mais do que a vestimenta?” (Mt
5.26).
Nosso contentamento não deve ser confundido com
comodismo, mas deve ser expresso com atitude de reconhecimento pela suficiência
que só Cristo pode nos dar. Quando o apóstolo Paulo afirmava que podia
contentar-se com o que tinha (Fp.4.11).
Ele estava refutando a filosofia dos
estoicos, que davam valor excessivo à virtude da auto-suficiência, ou de
independência externa.
Essa filosofia sustentava que o homem deve se
abastar-se a si mesmo e contentar-se inteiramente com todas as coisas que lhe
sobrevêm. Mas paulo refuta essa filosofia declarando-se auto dependente da
providência divina.
Seu contentamento baseava-se no fato de que Deus cuida de
seus servos e os ensina a viver de forma inteligente e confiante nele. Ao
escrever aos Corintos Paulo afirma: “Não
que sejamos capazes por nós de pensar alguma coisa como de nós mesmos: mas a
nossa capacidade vem de Deus” (2Co 3.5).
3. A principal
fonte do contentamento – A vida cristã se baseia em
convicções firmes. Quando o apóstolo Paulo declara “sei”, referia-se à certeza
absoluta de que Deus lhe provia todas as necessidades, físicas, materiais,
emocionais e espirituais.
Paulo experimentou pobreza várias vezes e aceitava
esse estado de vida como privilégio de ser humilhado como Cristo foi humilhado.
O ter e o não ter, ter abundância e ter falta de coisas de primeira
necessidade, não fazia com que o apóstolo perdesse a paciência e o alvo maior
de sua vida, que era o de cumprir o desígnio de Cristo no mundo.
O apóstolo Paulo não tinha nenhuma dificuldade para
compreender qualquer situação negativa. Sua experiência com Cristo era
sufuciente para ter fé absoluta no cuidado de Deus.
O apóstolo Paulo ilustra o
aprendizado a que se submeteu envolvendo todo tipo de sofrimento físico material e até espiritual. Mas sem perder a confiança de que valia a pena sofrer tudo
isso por amor ao Senhor Jesus Cristo.
Como afirma o escritor aos Hebreus “porque ainda que era filho, aprendeu a
obediência, por aquilo que padeceu. E, sendo ele consumado, veio a ser a
causa da eterna salvação para todos os que lhe obedecem” (Hb 5.8,9).
Depois de abrir o coração e expor à igreja os
sofrimentos que ele e outros apóstolos haviam passado, e ainda padeciam
privações e sofrimentos físicos, conclui de modo triunfal a principal fonte do
seu contentamento: “Posso todas as coisas
naquele que me fortalece”.
Com este versículo Paulo nos ensina que em
Cristo está toda a suficiência do crente. Ele não está ensinando que os servos
de Cristo precisam sofrer e suportar as viviscitudes da vida.
Ele está dizendo
que essas dificuldades são inevitáveis, mas que o segredo da vitória está na
autodisciplina, no autocontrole do cristão e do obreiro na batalha da vida
cristã. Aquele que deixa tudo para trás e olha somente para Cristo (Fp 13,14).
IV –
CONCLUSÃO
A igreja tem a obrigação de cuidar de seus obreiros.
Quando a igreja em Filipos ainda não tinha uma estrutura organizacional nem
condições de se autosustentar, não deixou de fazer o que era possível para
executar a obra de Deus.
Em nossos tempos modernos não se justifica que uma
igreja local que tenha uma estrutura material e financeira não faça a obra
missionária; e deixe seus obreiros sofrendo privações.
Este é o princípio
bíblico que deve nortear a igreja no sentido de sustentar seus ministros. Porque
diz as Escrituras: “Não ligarás a boca do
boi que debulha. E digno é o obreiro de seu salário” (1Tm 5.18).
Para isso,
a igreja deve organizar um sistema financeiro equilibrado para a manutenção da
vida eclesiástica. Nenhum obreiro pode fazer da missão pastoral um modo de
ganhar dinheiro.
A igreja deve assumir a responsabilidade de dar o
sustento necessário para que seus pastores possam efetuar as atividades
eclesiásticas que lhes são confiadas, vivam bem e possam realizar a obra de
Deus sem ficarem restritos à falta de recursos para o seu bem estar social e de
sua família.
Paulo sofreu com a falta de sensibilidade da igreja
de Corintos, que deixou de pagar-lhe o que lhe era devido. Por outro lado a
igreja de Filipos não deixou de cuidar do sustento do seu pastor (2Co 8.8,9;
12.13).
Consultas:
Lições
Bíblicas EBD-CPAD - 3º. Trimestre 2013 – (Comentarista: Pr. Elienai Cabral).
Bíblia de Estudo Pentecostal – CPAD
LUTERO.
Martinho. Nascido Escravo. São Paulo 2007 – 2ª Edição em Português. Edit. Fiel
RICHARDS,
Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1. Ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2007
CABRAL.
Elienai, Filipenses: A humildade de Cristo como exemplo para a Igreja. Rio de
Janeiro 2013. 1ª. Edição. CPAD
CHAMPLIN.
R. N.Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos.
CHAMPLIN.
R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. V.’1 –Uma abordagem
científica à crença na alma e em sua sobrevivência ante a morte física e V. 5 –
Carta aos filipenses - Editora Hagnos.
STRINE,
Hildomar Campostrini. O homem de Adão a cristo. Rio de Janeiro, 1995 – Edição do Autor. EBAR Editora
CAMPOS, Heber Carlos
de. A União das Duas Naturezas do Redentor. São Paulo, 2004 – 1ª. Ed. Edit.
Cultura Cristã.
CAMPOS, Heber Carlos
de. A Pessoa de Cristo - As Duas Naturezas do Redentor. São Paulo, 2004 – 1ª.
Ed. Edit. Cultura Cristã.
LEWIS, Sperry Chafer.
Teologia Sistemática – Vl.1,2 –São Paulo 2008.
2ª. Ed. Editora Hagnus
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