Esboço: Escrito por Pr. João Barbosa da Silva
Texto da Lição: Mateus 17.1-8
I - OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM:
- Descrever o episódio da transfiguração de Jesus.
- Explicar a tipologia representada em Moisés e Elias.
- Conscientizar-se de que Jesus era o Messias esperado.
Na sua transfiguração, Jesus foi transformado na presença de três discípulos, que viram a sua gloria celestial, conforme Ele realmente era – Deus em corpo humano.
A experiência da transfiguração foi um alento para Jesus ante a sua imininente morte na cruz, um comunicado aos discípulos de que Jesus teria de sofrer na cruz e uma confirmação, por Deus, que Jesus era verdadeiramente seu filho, todo sufuciente para redimir a raça humana (Mt 11.21, 31, 35).
III – DESENVOLVIMENTO
- ELIAS, O MESSIAS E A TRANSFIGURAÇÃO
1. 1 – Transfiguração – O termo transfiguração corresponde apenas à mudança de aparência e não mudança de essência. Jesus ao transfigurar-se continuou com a sua própria essência, apenas foi modificada a sua forma de apresentação, isto é, exibiu um novo perfil, assim relata-nos o capítulo 17.2 de Mateus:
“O seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes, tornaram-se brancas como a luz”. Dessa forma os discípulos puderam ver que Jesus sempre fora o verbo divino que se fez carne e habitou entre nós, sendo ele a perfeita revelação da natureza e da pessoa de Deus, pois o Verbo era Deus (Jo 1.1).
Cristo pré-existia “com Deus” antes da criação do mundo (Cl 1.15-19). Ele era uma pessoa existente desde a eternidade, distinto de Deus Pai, mas em eterna comunhão com Ele. Cristo era divino “o verbo era Deus”, e tinha a mesma natureza do Pai (Cl 2.9; Mc 1.11).
1. 2 – Glória divina – Conforme Mt 17.5, durante a transfiguração “uma nuvem luminosa os envolveu (Jesus e os três discípulos que com ele estavam no monte). No Antigo Testamento essa nuvem luminosa recebe o nome de shekiná, e é relacionada com a manifestação da presença de Deus. Tanto Moisés como Elias, quando estiveram no Sinai, presenciaram a manifestação dessa glória, porém, não como os discípulos nesse momento.
Na escuridão do deserto, a nuvem milagrosamente protegeu Israel, interpondo-se entre os egípcios e os israelitas. Ao mesmo tempo, a coluna de fogo da parte de Deus, projetava abundante luz sobre o caminho através do mar, de modo que os israelitas pudessem atravessá-lo (Ex 14.19.20).
- ELIAS, O MESSIAS E A RESTAURAÇÃO:
2.1 – Tipologia – Denominamos Tipologia ao estudo da simbologia entre fatos ou personagens do Antigo Testamento, considerados como símbolo dos fatos ou personagens do Novo.
No evento da transfiguração aparecem os personagens Moisés e Elias que tipologicamente configura a seguinte disposição: Moisés prefigura a Lei, enquanto Elias, os profetas.
A transfiguração revela que Moisés tem seu tipo revelado em Jesus de Nazaré e que toda a lei apontava para Ele. Vemos em Dt 18.15, Moisés falando aos israelitas: “O Senhor, teu Deus, te despertará um profeta do meio de ti, de teus irmãos como eu, a ele ouvireis”.
E Mateus procura mostrar isso quando põe em evidência ao narrar o evento da transfiguração, o momento em que o próprio Deus fala: “......Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; escutai-o”. Moisés citou exatamente a última expressão do versículo acima: “escutai-o”, referindo ao Profeta que viria depois dele – “Jesus”.
2.2 – Escatologia – Biblicamente o termo escatologia refere-se à doutrina das coisas que deverão acontecer no final do mundo. Trata da vinda de Cristo, dos eventos que precederão a sua vinda, da conversão de Israel, da vinda do Anticristo, da morte, da ressurreição, do milênio, do juízo, do estado dos homens depois deste.
Enquanto Moisés ocupa um papel tipológico no evento da transfiguração, Elias aparece em um contexto escatológico no evento da transfiguração. No Antigo Testamento, Malaquias profetiza que Elias viria ministrar antes que chegasse o dia do Senhor (Ml 4.5,6).
O Novo Testamento revela que essa profecia refere-se a João Batista (Mt 11.7-14), que no espírito e virtude de Elias, preparou o caminho ao Messias. Lucas no cap.1 e v.7, narra quando do anúncio do nascimento de João Batista: “e irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para converter o coração dos pais e aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto
- ELIAS, O MESSIAS E A REJEIÇÃO:
3.1 – O Messias esperado – Os escribas não reconheceram a Jesus como Messias porque esperavam antes do advento do Messias, o aparecimento de Elias (Ml 4.5,6). Isto era para eles um sinal determinante. Mateus revela, no entanto, que Elias já teria vindo através de João Batista.
Elias teria sido um profeta do deserto, João também o foi e todos os fatos demonstravam que João era o Elias que havia de vir antes de Jesus: Elias pregou em um período de transição, João prega na transição entre as duas alianças; Elias confrontou Reis (1Re 17.1,2; 2Re 1.1-4); do mesmo modo João (Mt 14.1-4). O exposto não deixa dúvidas de que João era o Elias que havia de vir e que Jesus era o Messias esperado.
3.2 – O Messias rejeitado – Deve ter sido motivo de grande consternação, para os discípulos imediatos de Jesus, ao virem sua popularidade decrescer, e perceberem as nuvens da tempestade que se aproximava, o que levaria Jesus à morte.
Do ponto de vista das descrições de suas obras, conforme todos bem conhecemos, esperaríamos uma total acolhida com sua entronização em todos os corações. Mas as coisas não ocorreram desse modo, mas bem pelo contrário. Os evangelistas narram a história como que em choque e horror. Israel rejeitará a seu próprio Messias; o Messias fora sacrificado.
O Messias em nada se assemelhava ao herói político que os judeus esperavam; pelo contrário, a sua mensagem assim como a de João Batista, não agradaria a muita gente e provocaria rejeição.
ELIAS, O MESSIAS E A EXALTAÇÃO:
4.1 – Humilhação – “E os seus o interrogaram, dizendo: Por que dizem então, os escribas que é mister que Elias venha primeiro? E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro e restaurará todas as coisas.
Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do Homem. Então entenderam os discípulos que lhes falara de João Batista”.
Os discípulos não entenderam como o Messias tão esperado pudesse morrer em um contexto de restauração. Cristo corrige esse equívoco mostrando que a cruz faz parte do plano divino para restaurar todas as coisas (Mt 17.12; Lc 9.31; Fp 2.1-11).
4.2 – Exaltação – A exaltação do Messias revelado na transfiguração, conforme lembrou posteriormente o apóstolo Pedro que esta era uma prova de que a mensagem da cruz era verdadeira e digna de aceitação.
Pedro nos declara com muita firmeza: “Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas, mas nós mesmos vimos a sua majestade, porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando na magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz:
Este é o meu Filho amado, em quem tenho me comprazido. (2Pe 1.16,17). A exaltação do Messias revelado na transfiguração era uma prova inconteste da veracidade da mensagem da cruz.
IV – CONCLUSÃO
Embora a transfiguração fosse sem dúvida uma maravilhosa revelação da natureza essencial de Jesus, no contexto ela era também uma poderosa manifestação da natureza do reino que o nosso Senhor pretendia estabelecer com a sua morte.
[...] A chave para entendermos o pretenso significado da transfiguração é encontrada em Marcos 9.2, na frase ‘seis dias depois’. O que havia acontecido antes dos seis dias? Jesus havia falado sobre a sua cruz e depois a glória, e feito uma promessa específica:
“Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que não provarão a morte sem que vejam chegado o Reino de Deus com poder (Mc 9.1).
Consultas:
Lições Bíblicas EBD-CPAD - 1º. Trimestre 2013 – (Comentarista: José Gonçalves).
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1. Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007
GONÇALVES, Josué. Porção Dobrada (Uma análise bíblica, teológica e devocional sobre os ministérios proféticos de Elias e Eliseu). Rio de Janeiro 2012. 1ª. Edição. CPAD
WISEMAN, Donald J. 1 e 2Reis – Introdução e Comentário. Inglaterra, 1993. Brasil, 2006. Série Cultura Bíblica – Editora Vida Nova.
CHAMPLIN. R. N. O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo.. Editora Hagnos.
CHAMPLIN. R. N. Dicionário do Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo.. Editora Hagnos.
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