Texto da Lição: Miquéias 1.1-5;
6.6-8
I - OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM:
- Explicar a
estrutura da mensagem de Miquéias.
- Definir a
obediência bíblica.
- Conscientizar-se de que o ritual religioso não proporciona relacionamento íntimo com
Deus e nem salvação.
II - TEXTO ÁUREO:
“[...] Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em
holocaustos e sacrifícios como que se obedeça à palavra do SENHOR. Eis que o
obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de
carneiros”
(1 Samuel
15.22).
III – VERDADE PRÁTICA: A mensagem de Miquéias leva-nos a pensar
seriamente acerca do tipo de cristianismo que estamos vivendo.
IV – PALAVRA CHAVE: Obediência – O ato ou efeito de obedecer.
V – COMENTÁRIO –
Apresentação
Miquéias é identificado por
sua cidade natal Moresete (Mq 1.1, 14), o que indica que ele era um forasteiro
em Jerusalém. Profetizando no mesmo período que
Isaias, ele ajudou a moldar o caráter e a política de Israel.
Por fim, a pregação
inspirada de Miquéias (Mq 3.8) contra a injustiça trouxe o rei Ezequias ao
arrependimento, salvando assim a cidade de Jerusalém.
Miquéias pregou durante os
reinados de Jotão (750 – 735 a.C.), Acaz (735 – 715 a.C.) e Ezequias (715 – 786
a. C.), período de expansão e domínio assírio no Antigo Oriente Próximo.
O reino do Norte de Israel
foi gradualmente invadido pelos assírios, o que culminou com a queda da capital
de Samaria em 722 a.C., em poder do rei assírio Salmaneser (727 – 722 a.C).
Deus levantou a Assíria para
ser o chicote da sua ira contra o seu povo iníquo (Is 10.5-11). Como Miquéias havia profetizado (Mq 1.2-7), Samaria
caiu em poder dos invasores assírios.
Judá sentiu a força do
julgamento divino quando Senaqueribe marchou através da Sefelá (cadeia
montanhosa situada a oeste de Judá) e até os portões de Jerusalém, como
Miquéias também havia predito (Mq 1.8-16).
Em seus oráculos o profeta
Miquéias declara que o Deus santo e justo não tolerará mais a maldade
persistente do seu povo (Mq 1.3). Muitos dos pecados de Israel são mencionados,
desde a idolatria e a feitiçaria (Mq 5.12-14) até as ações enganosas e
fraudulentas (Mq 6.10,11).
Mas Miquéias acrescenta uma
condenação especial àqueles que oprimiram o pobre, apoderando-se de terras que
Deus determinou como herança a todo o
seu povo (Mq 2.1-5; Nm 27.1-11).
Os líderes políticos e
espirituais de Judá também são condenados pela opressão ao povo e pelo descaso
com a justiça e a verdade (Mq cap.3).
Os termos da proclamação da
aliança entre Deus e o seu povo são fundamentais na proclamação de Miquéias
sobre o julgamento e a restauração.
Enquanto Deus fielmente
cumpriu seus compromissos conforme a aliança (Mq 6.1-5), o povo permaneceu na
desobediência; e agora as maldições da aliança deveriam ser aplicadas (Mq
6.13-16).
Miquéias reconhece que a
restauração de Israel depende unicamente do perdão misericordioso de Deus e de
sua iniciativa soberana, e não do trabalho de mãos humanas (Mq 7.18,19).
OBJETIVO
1: Explicar a estrutura da mensagem de Miquéias.
Após anunciar introdutoriamente
que a mensagem que Deus lhe dera era tanto para Judá quanto para Israel (Mq
1.1), começa dirigindo-se ao Reino do
Norte, destacando sobretudo a idolatria que havia se instalado em Samaria (Mq
1.1-8), e que levara o povo a vários outros tipos de pecado.
Diante desse cenário de imoralidade
em Israel, o profeta lamentava, uivava e andava “despojado e nu” pois a chaga”
daquela nação era “incurável.
Em seguida, Miquéias fala da
iniquidade de Judá (Mq 1.9-16). E na sequência,
ele afirma que por causa da impiedade de Judá e Israel as duas nações sofreriam
cativeiro (Mq 2.1-11).
A mensagem de restauração é
antecipada nos dois últimos versículos do capítulo 2 (Mq 2,12,13) e o capítulo
3 conclui essa primeira parte caracterizada por denúncias com profecias onde os
líderes do povo são repreendidos por suas injustiças.
Um detalhe aqui é que todos os
três grupos de líderes da nação são mencionados: os líderes civis (Mq 2.1-4),
os profetas falsos (Mq 2.5-10) e os líderes religiosos, isto é, os sacerdotes
(Mq 2.11). Miquéias arremata deixando claro que os pecados dos líderes
afetariam toda a nação (Mq 2.12).
O livro de Miquéias compõe-se
de uma coleção de sete capítulos englobando breves oráculos divididos em três
grupos principais confome esboço a seguir:
Capítulos 1 – 3: Uma série de juízos contra Israel e Judá
Capítulos 4 – 5: Mensagens de esperança
Capítulos 6 – 7: Juízo de Deus contra Israel e sua misericórdia
final
O assunto do livro é a ira
divina em relação aos pecados de Samaria e de Jerusalém. Miquéias emitiu oráculos
contra a idolatria, censurou com veemência a opressão aos pobres e denunciou o
colapso da justiça nacional.
Além disso, anunciou, de
antemão, o local do nascimento do Messias, em Belém: ”E tu, Belém Efrata, pequena demais para figurar como grupo de
milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens
são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Mq 5.2);
“Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do rei Herodes eis que
vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. E perguntaram: Onde está o
recém-nascido rei dos judeus, porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos
para adorá-lo.
Tendo ouvido isso, alarmou-se o rei Herodes, e,
com ele, toda Jerusalém; então, convocando todos os principais sacerdotes e escribas
do povo, indagava deles onde o Cristo deveria nascer.
Em Belém da Judéia, responderam eles, porque
assim está escrito por intermédio do profeta: E tu, Belém, terra de Judá, não
és de modo algum a menor entre as principais de Judá; porque de ti sairá o guia
que há de apascentar o meu povo de
Israel” (Mt 2.1-6).
OBJETIVO 2: Definir a obediência bíblica.
A idéia de obediência que
esse vocábulo desenvolve é a de consentimento atento e sincero as diretrizes de
alguém reconhecidamente em posição de autoridade. Aqueles a quem se deve
obediência não têm apenas o direito de dar ordem, mas também de poder
manifestar suas exigências.
O dever humano de obedecer
ao Criador pressupõe tanto seu domínio (senhorio) quanto sua revelação
(palavras). O Antigo Testamento
geralmente descreve a obediência a Deus como ouvir sua voz (palavras de
revelação), embora Deuteronômio 11.27 fale de obedecer a seus mandamentos
(palavras de senhorio), assim como se diz que os recabitas obedeciam à ordem de
seu antepassado (Jr 35.8,10,14,16,18).
No Novo Testamento as
pessoas obedeciam não só as figuras de autoridade (Deus Pai, Deus Filho, pais,
líderes da igreja, dono de escravos), mas também à doutrina, à verdade, ao
evangelho e à Palavra que vem de Deus (Rm 6.17; 10.16; 1Pe 1.22; 3.1).
A obediência a Deus sempre é
recomendada como religião pura; (assim foi com Abraão (Gn 22.18; 26.5; Hb
11.8); a desobediência sempre é reconhecida como impiedade radical, assim foi
com Saul (1Sm 15. 13-26).
A obediência é a marca de
qualidade de todos os servos de Deus, mas o exemplo supremo de obediência é a
de Jesus Cristo, o eterno Filho de Deus que para fazer a vontade do Pai, foi
obediente até a morte, e morte de cruz (Fp 2.5-11; Hb 5.8).
A obediência de Jesus na
terra significa, positivamente, um propósito de sempre agradar ao Pai, ao fazer
sua vontade, obedecer às suas ordenanças, relatar fielmente tudo que ele é
orientado a dizer e sempre buscar sua glória e honra, isto é, para que seu nome
seja santificado e louvado (Jo 5.30,36).
Em toda a história da
Bíblia, é a obediência à vontade revelada de Deus, que o agrada e que traz as
bênçãos de saúde, riqueza, liberdade, segurança e tranquilidade.
Noé obedeceu a Deus ao
construir a arca (Gn 6.22); Abraão, ao partir de Harã e oferecer Isaque (Gn
12.1-4; 22.15-18); Moisés, ao retornar ao Egito para desafiar o faraó e tirar o
povo (Ex 3.10 – 4.20), e assim por diante através de uma longa sucessão de
líderes fiéis do Antigo Testamento.
No Sinai, ao anunciar seu
compromisso com Israel por meio da aliança, Deus ordenou ao povo a obedecer a
todas as suas exigências, e deu-lhe por escrito o decálogo e muitas outras
instruções para regulamentar sua obediência (Ex 19.5; 24.3-7, etc).
A obediência é imposta por
Deus (Dt 13.4), é essencial à fé (Hb 11.6); resultado para quem dá ouvido à voz
de Deus (Ex 19.5), é um dever que temos diante de Cristo (2Co 10.5); o
evangelho requer obediência (Rm 1.5); consiste em observar os mandamentos de
Deus (Ec 12.13).
Manifesta-se através da
submissão (Rm 13.1); a justificação nos é conferida mediante a nossa obediência
a Cristo que foi crucificado em nosso lugar (Rm 5.19; Hb 5.8); Cristo é o
supremo exemplo de obediência (Mt 3.15; Fp 2.5-8); A obediência deve ser uma
das características dos santos (1Pe 1.14).
É uma característica dos
anjos (Sl 103.20); deve proceder do próprio coração (Dt 6.1-9; Tg 1.25); deve
ser prestada voluntariamente (Sl 18.44); não deve ter reservas (Js 22.2,3);
deve ser constante (Fp 2.12); finalmente será universal (Dn 7.27); envolve
bem-aventurança (Dt 11.27); os desobedientes são punidos (Dt 1.34,35; Is 1.20).
Jesus repreendeu àqueles que
tinham um tipo de obediência apenas externo, mas que nada tem a ver com a
verdadeira espiritualidade (Mt 6.2-5, 16; 23.25-35). Tiago mostrou que não
existe justificação sem obediência (Tg 2.21-23).
A obediência é superior ao
rito religioso, por mais exata e fielmente que esse rito seja observado (1Sm
15.22). A obediência está intimamente relacionada à fé (Hb 11.24-26) .
Cristo foi galardoado por
sua obediência, pelo que Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é
sobre todo o nome. Na qualidade de o Logos
de Deus, ele já era exaltado juntamente com o Pai! Sua morte obediente foi
galardoada (Fp 2.9).
OBJETIVO 3: Conscientizar-se de que o ritual religioso
não proporciona relcionamento íntimo com Deus e nem salvação.
O termo Rito tem vários sentidos. Rito é totalmente diferente que
rituais.
No sentido mais geral, um rito é uma sucessão de palavras, gestos e atos
que, repetida, compõe uma cerimônia (religiosa ou civil, na maior parte das
vezes). Apesar de seguir um padrão, o rito não é mecanizado.
O Rito é um conjunto de atividades organizadas, no qual as pessoas se
expressam por meio de gestos, símbolos, linguagem e comportamento, transmitindo
um sentido coerente ao ritual.
Um ritual é um conjunto de ações, realizadas principalmente pelo seu
simbólico valor. Pode ser determinado pelas tradições de uma comunidade
religiosa ou não.
Um ritual pode ser realizado em ocasiões específicas, ou a critério dos
indivíduos ou comunidades. Pode ser realizado por um único indivíduo, por um
grupo, ou por toda a comunidade, em locais arbitrários, ou em locais
especialmente reservados para isso: ou em público, em privado, ou ante pessoas
específicas.
Um ritual pode ser restrito a um determinado subconjunto da comunidade,
e pode permitir ou sublinhar a passagem entre estados religiosos ou sociais. Os
propósitos dos rituais são variados, com obrigações religiosas ou ideais,
satisfação de necessidades espirituais ou emocionais dos praticantes,
fortalecimento de laços sociais, educação social e moral, demonstração de
respeito ou submissão, afirmando afiliação, obtendo a aceitação social ou
aprovação para alguns eventos ou, às vezes, apenas pelo prazer do ritual em si.
No levitismo o rito era um conjunto de cerimônias e práticas litúrgicas
cuja função prática simbolizava o fenômeno da fé, onde o tipo apontava para o
antítipo. Exemplo: O cordeiro pascal era o tipo que apontava para Cristo, o
antítipo.
O israelita que sacrificava um animal curvava-se sobre este, para
significar assim que ele se identificava com o referido animal que estava
tomando o seu lugar. Esse ato exprimia a ideia de substituição (Lv 16.21,22).
Os sacrifícios do Antigo Testamento apontavam para um tempo futuro
quando, então, Cristo viria para remover de modo permanente todo o pecado
confessado (Hb 9.28; 10.10-18).
Em se tratando do Cristianismo, temos dois sacramento
ue foram instituídos por Jesus, o Batismo em Águas por imersão e a Santa Ceia
do Senhor (Mt 3.15; 26.26-30).
Esses cerimonialismos, contudo, não substituem o
relacionamento sincero com Deus, nem proporcionam salvação em si (1 Sm 15.22;
Sl 40.6-8; 51.,16,17; 1Co 1.14-17; 11.28,29).
Diferente dos ritos e rituais, o Culto é o momento de
adoração ou homenagem que cada crente presta ao Senhor Jesus Cristo. Temos duas
palavras gregas que definem culto: latréia,
que significa adoração e proskuneós,
que significa reverenciar, prestar obediência e render homenagem ao Supremo
Ser.
O Culto é o momento através do qual rendemos as
devidas honras e deferências à Divindade, podendo ser litúrgico, quando
realizado congregacionalmente, e conduzido por leituras, cânticos, ofertório,
exposição da Palavra e etc.
O culto pode ser também doméstico quando levado a
efeito apenas no âmbito familiar e que também possui a sua liturgia.
O culto é o momento de adoração por excelência, do
povo de Deus, e marca o encontro do Supremo Ser com os seus adoradores. Daí a
pergunta da mulher samaritana a Jesus, se deveriam cultuar no monte Jerizim ou
em Jerusalém.
Jesus respondeu a mulher que não era nem nesse monte
de Jerizim e nem também em Jerusalém seria o lugar de adoração. “Mas a hora
vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adoração ao Pai em Espírito e
verdade, porque o Pai procuram a tais que assim adorem. Deus é Espírito, e
importa que os que o adoram, o adorem em espírito e em verdade” (Jo
4.20,21,23,24).
CONCLUSÃO:
No
tempo do profeta Miquéias o povo realizava muito bem o ritual levítico. Porém o
Senhor não se agradava de suas reuniões solenes e sacrifícios, pois os rituais
se tornaram algo mecânico, sem vida, uma simples obrigação religiosa.
Cumpriam
a liturgia, mas não amavam verdadeiramente a Deus nem ao próximo. O que Deus
espera de nós é que, tal qual um verdadeiro adorador, o adoremos em espírito e
em verdade (Jo 3.24).
Devemos
comparecer diante de Deus com total sinceridade e de ânimo de uma vida dirigida
pelo Espírito Santo, amando a Deus acima de todas as coisas e ao próximo, pois
toda a lei se resume nessa verdade (Mc 12.29-31).
Sem
o verdadeiro arrependimento e um profundo compromisso com Deus, todas as
práticas religiosas não passam de rituais vazios e completamente desprovidos de
valor espiritual.
Praticar
a justiça, amar a beneficência e andar humildemente com Deus, são considerados
pela tradição judaica desde o século 1 a.C., o resumo dos 613 preceitos
depreendidos da lei de Moisés.
Essa
é vista por muitos como a maior declaração do Antigo Testamento. Os dois
primeiros preceitos falam do compromisso horizontal com o nosso próximo; e o
terceiro, de compromisso vertical com Deus.
Isso
vale para todos os seres humanos e é paralelo ao ensino de Jesus: amar a Deus
acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos (Mt 22.37-40).
Consultas:
Lições Bíblicas EBD-CPAD
- 4º. Trimestre 2012 – (Comentarista: Esequias Soares).
COELHO, Alexandre e
DANIEL, Silas. Os Doze Profetas Menores. CPAD – Rio de Janeiro, 2012.
Bíblia de Estudo
Pentecostal – CPAD
Bíblia de Estudo de
Genebra – Editora Cultura Cristã – Soc. Bíblica do Brasil
ANDRADE, Claudionor
Corrêa. Manual da Harpa Cristã 1ª. Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.
CHAMPLIN. R. N. O Antigo
Testamento Interpretado Versículo por Versículo.. Editora Hagnos.
CHAMPLIN. R. N. Dicionário
do Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo.. Editora Hagnos.
DOCKERY, David S. Manual Bíblico Vida Nova –
1ª. ed. São Paulo, Editora Vida, 2001.
RICHARDS Lawrence. Comentário Bíblico do
Professor. 3ª. Imp. São Paulo: Editora Vida, 2004.
RADMARCHER, Earl
D.; ALLEN, Ronald B; HOUSE, H. Wayne. O Novo Comentário Bíblico do
Antigo Testamento com Recursos Adicionais. 1ª. ed. Rio de Janeiro. Editora
Central Gospel, 2010
Wilkpédia – A Enciclopédia Livre