Subsídios Teológicos e Bibliológicos
para Estudo sobre:
Lição 04-POSSESSÃO DEMONÍACA E A
AUTORIDADE DO NOME DE JESUS - 27.01.19 Marcos 5.2-13
Por: Pr. João
Barbosa
Logo que Jesus e seus discípulos saltaram na praia “ao outro lado do mar,
á terra dos gerasenos” ou “á terra dos gadarenos que está defronte da
Galileia”, eis que “saíram-lhe a o encontro dois endemoninhados, vindo dos
sepulcros”, isto é, do cemitério da vizinha cidade chamada Kersa, no território
dos gadarenos.
Marcos e Lucas assinalam apenas um endemoninhado (Mc 5.1-20; Lc 8. 26-39),
enquanto que Mateus assinala dois endemoninhados (Mt 8.28-34), “e eram tão ferozes que ninguém
podia passar por aquele caminho, e, pelo menos um deles, “havia muito tempo não
vestia roupa, nem morava em casas, mas nos sepulcros, e nem ainda com cadeias
podia alguém prendê-los.
Porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias
foram por eles feito em pedaços, e os grilhões em migalhas; e ninguém o podia
domar; e sempre, de dia e de noite, andava pelos sepulcros e pelos montes,
gritando, e ferindo-se com pedras”.
Origem e natureza de
todos os espíritos malignos – Deus é o criador do universo e, portanto, o criador dos seres
celestiais. Sendo ao homem vedado a saber a origem do mal. Portanto, pela
revelação divina, nas Escrituras Sagradas, os homens entendem que hostes
inumeráveis de anjos pecaram contra o seu criador e, por isso, foram expulsos
do céu, precipitados no inferno e lançados em cadeias eternas, para as trevas
(Lc 10.18; 2Pe 2.4; 1Jo 3.8; Jd 6).
Os anjos, mesmo possuindo inteligência, poder superior ao ser humano,
estas faculdades lhes são limitadas. Assim o príncipe das trevas, Satanás, não
é onipotente, não é onisciente, nem onipresente.Os anjos, sendo criaturas de
Deus, na sua providência, Deus limitou seu poder e inteligência (Mt 24.36;
12.24; 13.19; Jo 8.44; 1Pe 1.12).
Deus, o supremo Senhor, segundo sua soberana vontade pode se utilizar
tanto dos anjos bons quanto dos anjos maus e até dos demônios, na proteção dos
crentes temente a Deus e no castigo dos incrédulos (Sl 78.49; 1Re 22.20-23; Lc
22.31) – “Lançou sobre eles o ardor da
sua ira, furor, indignação, e angústia, mandando maus anjos contra eles”. Entretanto,
os anjos são seres livres e, por isso, usando de seu livre arbítrio e de sua
vontade livre, muitíssimos deles se tornaram espíritos malignos.
Eles têm liberdade até de se oporem a Deus e de se exaltarem sobre tudo
o que é chamado de Deus (Mt 13.39; 1Pe 5.8). Consequentemente, os espíritos
malignos podem exercer poder sobre o homem, tanto na vida espiritual, como na
vida moral e física (Lc 13.11-16; At 10.38). Mas este poder dos espíritos
malignos sobre o homem não é independente da vontade do homem – o homem muitas vezes
contribui para que isto aconteça.
Os demônios muitas vezes agem aproveitando-se de atividades físicas ou
mentais que afetam a mente e a vontade do homem (Lc 22.31-40; Tg 4.7). Tenhamos
sempre em mente que o poder e a inteligência dos espíritos malignos são limitados
pela vontade permissiva de Deus e pelo comportamento do homem (Jo 1.13; 2.10).
Existe somente um Diabo, mas demônios existem muitas legiões, que são
serem obrigados a obedecer aos propósitos satânicos; e todos esses demônios são
seres pessoais (Mc 4.15; 5.9; Mt 8.28-34; Lc 8 26-39;Jd 9).
A doutrina anti-bíblica
do Espiritismo – A doutrina Espírita não crê e não aceita a revelação integral,
perfeita e divina da Bíblia Sagrada, ensina que não há demônios e se os há, são
os homens hipócritas no mundo que fazem do Deus justo um Deus má e
vingativo - e que Satanás é a
personificação do mal sobre forma alegórica. É claro que esta doutrina é anti-bíblica
e destituída da verdade revelada na Palavra de Deus as Escrituras Sagradas.
Basta a palavra do divino Mestre, para reduzir a pó a falsa doutrina do
espiritismo sobre Satanás e seu anjos: “Vós
tende por pai o Diabo, e quereis satisfazer ao desejo de vosso pai. Ele é
homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade; porque é mentiroso e pai
da mentira” (Jo 8.44).
Satanás é, portanto, uma personalidade, e não umas personificação do
mal, sob forma alegórica. A doutrina espírita não vem de Deus, pois o
espiritismo é a religião do Diabo – grifo nosso. Os espíritos malignos segundo
nos diz a Bíblia, se acham debaixo da punição divina (2Pe 2.9; Lc 16.23).
Jesus expulsa os
demônios dos endemoninhados gadarenos – Os dois endemoninhados, ao verem, de longe, a Jesus, gritaram: “que
temos nós contigo Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo”? E
um deles, “vendo, pois, de longe a Jesus, correu e o adorou; e, clamando com
grande voz disse: que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Altíssimo? Conjuro-te
por Deus que não me atormentes. Pois Jesus lhe dizia: Sai desse homem, espírito
imundo” (Mc 5.6-8).
Jesus é Deus humanizado e, a seus pés, os espíritos imundos e os
demônios prostram-se em oração conforme ordenado nas Escrituras: “ao Senhor teu
Deus adorarás, e só a ele servirás” (Mt 4.10). Jesus ordenou: “Sai desse homem,
espírito imundo” respondeu o espírito imundo : “que tenho eu contigo Jesus,
Filho do Deus Altíssimo? rogo-te que não me atormentes” – “qual é o teu nome?”
perguntou-lhe Jesus.
O demônio respondeu: “legião; porque tinham entrado nele, no homem,
muitos demônios. E rogavam-lhe que não os mandasse para o abismo. Ora, andava
ali pastando no monte uma grande manada de porcos; rogaram-lhe, pois, que lhes
permitissem entrar neles; e lhos permitiu. E o demônio saído do homem, entraram
nos porcos; e a manada precipitou-se, pelo despenhadeiro, no lago, e afogou-se”
(Lc 8.30-33).
O fenômeno dos
endemoninhados – Primeiramente podemos notar a diferença que há entre os termos Diabo
e demônio. No NT os termos gregos traduzidos por “demônio” são daimonion,
“demônio, um deus, uma divindade”, para designar os deuses pagãos (Dt
32.17), daimon, “um espírito mau,
demônio”.
Os demônios foram posteriormente concebidos como seres espirituais
intermediários, ou seja, os anjos e os espíritos malignos. A natureza desses
espíritos está associada ao mau, com toda a maldade do mundo. O caso em apreço,
o dos endemoninhados, é de pessoas possessas de espíritos malignos, espíritos
demoníacos (Mc 1.23; 5.18; At 8.7; Lc 4.33), enquanto que aquele que é possuído
do Diabo é chamado diabólico, possuído de Satanás (At 10.38).
Os endemoninhados ou possessos, em geral, ou são pessoas afetadas de
doenças de origem psicossomáticas que as predispõe a um mal maior, e assim, são
impelidas a serem possessas de muitos espíritos demoníacas que lhes escravizam
a mente e lhes dominam a vontade de estranhos e malignos poderes espirituais.
Podemos notar que o fenômeno do endemoninhado é tal que aparece naquele
paciente duas personalidades distintas: uma, a do homem, e outra, a do demônio
ou demônios, dominando as faculdades e até os membros do corpo humano.
A prova disso, é que Jesus quando expulsava os demônios falava aos
mesmos diretamente: “Cala-te, e sai dele” (Mc 1.25; Mt 17.14-23; 12.22,23).
O endemoninhado não era um louco no sentido patológico; visto que muitos
casos de loucura são curados pela medicina e mesmo pelos psiquiatras; portanto
de modo nenhum estamos querendo dizer que os loucos são endemoninhados, não, o
endemoninhado é diferente do louco propriamente dito.
“É, a forma particular de operação satânica à luz das Escrituras quando
se refere a homens possessos de demônios, ai, não se refere propriamente ao
físico e nem ao espírito, mas sim a estranha confusão existente entre o físico
e o psíquico, quando um invade o domínio do outro”.
O homem, no exercício normal de suas faculdades mentais e volitivas,
pode impedir um demônio de aninhar-se em seu ser. O temor de Deus no coração do
homem é o segredo. Atender á voz da consciência à qual o Espírito de Deus
misericordiosamente fala, impede o homem de praticar o mal (Rm 2.14,15).
Nos endemoninhados da narrativa bíblica, nota-se esta triste realidade:
gritam desesperadamente, machucam-se, lapidam-se, põem em fuga os que dele se
aproximam e são impelidos a praticar toda sorte de crimes. Um desses
endemoninhados, manifestando a existência, de uma personalidade estranha,
lança-se aos pés de Jesus em súplica e de pedido de socorro, mas, imediatamente
depois, lhe suplica também que o deixe naquele estado.
Assim, claramente, notamos um choque de confusão e impacto de duas
forças antagônicas, duas vontades agindo em forma simultânea e sucessiva, dois
“eu” que luta tenazmente: um, frágil, defendendo seus domínios; outro, forte,
invadindo violentamente o domínio daquele. No caso dos endemoninhados
gadarenos, a pergunta de Jesus foi dirigida ao homem, e não ao demônio: “Qual é
o teu nome?” A resposta foi rápida: “Legião”.
Notemos um fato importante: “não houve identificação individual”; e este
fato, a ausência de identificação pessoal, é evidenciado, tanto na Bíblia,
quanto também, nas supostas manifestações mediúnicas, o que vem provar que não
existe pessoas de duas personalidades. Os endemoninhados não possuem duas
personalidades. O que se dá, no fenômeno dos endemoninhados, é a introdução
arbitrária, violenta, e diabólica de espíritos malignos em seres humanos.
Cujos corpos estão inválidos por doenças graves que afetam a mente, a
razão e o físico, profundamente; ou, então, a intromissão em seres humanos tão
depravados pelo pecado, que submetem voluntariamente, todas as suas faculdades
a espíritos malignos. Os demônios fazem a Jesus um pedido: “Manda-nos para
aqueles porcos, para que entremos neles. E ele lhos permitiu. Saindo, então, os
espíritos imundos, entraram nos porcos; e precipitou-se a manada que era de uns
dois mil, pelo despenhadeiro no mar, onde todos se afogaram”.
“Os espíritos imundos obtiveram o que pediram, mas, para sua própria
ruína”. “Cristo não mandou os demônios entrarem nos porcos. Somente os expulsou
do homem, tudo mais não era senão permissivo”.
O Senhor Jesus concedeu a este cerca de dois mil espíritos malignos a entrarem
numa manada de porcos, que pastava nas colinas circunvizinhas. Devemos observar
que foi os demônios que fizeram este pedido ao Senhor. Em segundo lugar, o
Senhor não ordenou que os demônios entrassem nos porcos; eles, os demônios é
que entraram.
Em terceiro lugar, o texto sagrado não diz que os porcos foram impelidos
para se precipitarem com os demônios no despenhadeiro e perecerem. Outrossim o
prejuízo material que os porqueiros tiveram não foi causado pelo Senhor Jesus e
sim pela obra diabólica e perversa dos demônios.
Foram os demônios que escolheram sua própria ruína, precipitando-se no
abismo e no mar. Os estudiosos da demonologia costumam afirmar que as fossas
profundas dos mares são os abismos onde esses demônios e anjos caídos têm suas
moradas.Onde nem sempre conseguem sair desse lugar. Daí o temor desses demônios
ao pedirem a Jesus: não nos manda para os abismos (Lc 8.31).
O resultado desse triplo acontecimento foi, a expulsão dos demônios, o
afogamento de uns dois mil porcos; e a fuga dos porqueiros que apavorados foram
á cidade e divulgaram o acontecimento, de modo que o povo todo correu para
contatar o fato.
E por incrível que pareça rogaram a Jesus que dali se retirasse; a cura física,
moral e espiritual de duas preciosas humanas escravizadas pelos demônios a
tantos anos que esses espíritos malignos os atormentava, nada significou para
os habitantes daquela região.
Por fim, contemplamos um quadro tocante de gratidão: “e, entrando Jesus
no barco, rogava-lhe o que fora endemoninhado que o deixasse estar com ele. Jesus,
porém, não lho permitiu, mas disse-lhe: vai para tua casa, para os teus e anuncia-lhes
o quanto o Senhor te fez, como teve misericórdia de ti. Ele se retirou, pois, e
começou a publicar em Decápolis, tudo quanto lhe fizera Jesus, e todos se
admiravam” (Mb 15.18-20).
Enquanto o povo gadareno suplicava ao Senhor que se retirasse por causa
dos prejuízos materiais, os dois endemoninhados que foram curados e que haviam
experimentado a compaixão, a misericórdia e o temor de Jesus, suplicavam que
lhes permitisse ficar com eles e segui-lo. Jesus porém lhes disse, que fossem às
suas casa para anunciar aos seus parentes e amigos quão grandes coisas o senhor
lhes fizera e como deles teve misericórdia. E assim fizeram, com alegria, obediência
e profunda gratidão. “E todos se admiravam”.
Consultas:
SOARES Ezequias. Comentarista da Lição Bíblica EBD do 1º.
Trimestre 2019 com o Tema: Batalha Espiritual.
SOARES
Ezequias. Batalha Espiritual. CPAD. Rio de Janeiro, 2018
PEARLMAN Myer. Conhecendo as
Doutrinas da Bíblia. Editora Dois irmãos Ltda. Rio de Janeiro, 1963
OLIVEIRA Miqueias. Batalha Espiritual
por Princípios Bíblicos. BV Films Editora Eireli, Rio de Janeiro, 2016
GIOIA, Egídio. A Harmonia dos
Evangelhos. Editora Juerpe. Rio de Janeiro, 1981
BARCLAY Willliam. As Obras da Carne e
o Fruto do Espírito Vol.2. Editora Vida Nova São Paulo, 2010
BUBECK Mark I. O Adversário. Edições
Vida Nova. São Paulo, 1993
LAHAYE Tim. Enciclopédia Popular de
Profecia Bíblica .CPAD. Rio de Janeiro, 2010
BUBECK Mark I. O Reavivamento
Satânico. Edições Vida Nova. São Paulo, 1993
DAMASCENO Fábio. A Cura Interior.
Editora Vinde. Rio de Janeiro, 1997
CHAFFER. Lewis Sperry Vol.1&2.Editora Hagnus. São Paulo, 2003
NEE Watchman. O Homem Espiritual –
Vol 1. Editora Betania. Belo Horizonte, 2002
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