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terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Lição 05-UM INIMIGO QUE PRECISA SER RESISTIDO - 03.02.19 - Subsídios


Subsídios Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
Lição 05-UM INIMIGO QUE PRECISA SER RESISTIDO - 03.02.19
Tiago 4.1-10
Por: Pr. João Barbosa

A Batalha Espiritual é uma realidade. A luta de todo aquele que serve ao Senhor Deus é contra o pecado, que pode ser uma tentação do Diabo ou da própria carne.

Muitas vezes, o desafio surge no modo como tratamos aos irmãos, daí a necessidade de prestar atenção para apresentar diante de Deus todas as coisas, inclusive nosso comportamento.

A contenda entre irmãos, o mundanismo, a insubmissão a Deus e a maledicência são alguns dos aspectos que devem estar sob vigilância na batalha. Devemos, portanto, nos colocar na presença de Deus a fim de resistir a esses inimigos.

Esta epístola de Tiago foi escrita com o objetivo de evitar desentendimento entre os discípulos de Cristo. Alguns pensam que esta carta foi escrita no ano 45 d.C.

Ela foi destinada aos cristãos que estavam dispersos, de origem judaica, através do vasto império romano (Tg 1.1). E de um modo geral, a todos os crentes em todos os lugares e para todas as pessoas.

A carta de Tiago é um livro prático com um conteúdo muito próximo do Sermão do Monte proferido por Mateus nos capítulos 5, 6 e 7.

A impressão que se tem da igreja cristã primitiva é de que a sua marca indelével era a paz e a harmonia. Logo pós o Pentecostes, como escreve Lucas: “Um era o coração e a alma do coração dos que creram” (At 4.32).

Com o passar do tempo, porém, essa harmonia, vai se dissipando a ponto de umas duas décadas depois os destinatários da epístola de Tiago, brigam, contendem e estavam cheios de sentimentos facciosos que os levam a pecar, como indica v.1-4 da lição.

 O tema da epístola de Tiago é “Fé e Obras”. A epístola enfatiza o cristianismo prático e nos dá munição para resistir o inimigo e o pecado.

Os crentes tinham “amarga inveja e sentimento faccioso em seus corações” (Tg 3.14). Isto porque eles usavam sua sabedoria terrena “que ao mesmo tempo era animal e diabólica” (Tg 3.15). Isto estava presente na vida daqueles primeiros cristãos.

Estes problemas atravessaram os séculos e nas igrejas de nosso tempo não é diferente. Pois o problema da natureza humana permanece o mesmo.
Este assunto trata diretamente do caráter cristão que precisa estar de acordo com o sentimento de Cristo.

Tiago emprega aqui uma metáfora que ainda hoje usamos em nossos debates, discussões e conversas sobre dificuldades nas mais diversas áreas da vida do cristão.

Tiago responde sua própria indagação com uma pergunta retórica de resposta afirmativa: “Acaso elas não veem de seus desejos, que lutam dentro de vós?”.

O termo desejos, no plural, é a palavra chave. Isto significa que, durante a vida, a pessoa escolhe prazeres carnais contrários à vontade de Deus. Como Jesus afirma na parábola do Semeador: “As ambições sufocam a palavra de Deus, ficando ela infrutífera na vida do crente” (Mc 4.19; Lc 8.14).

Com o passar do tempo, o homem se torna escravo dos prazeres que seu coração deseja e pouco a pouco vai se separando de Deus (Rm 1.24; 2Tm 4.3;Tg 1.14; 2Pe 3.3; Jd 16,18).

Quando Deus não mais governa a vida do crente, a busca pelos prazeres mundanos assume o controle, e a paz é perturbada pelas brigas e contendas frequentes.

Os deleites e os maus desejos dão origem a motivação dessas pelejas. Originalmente a palavra deleite aqui significava o prazer experimentado pelo sentido do paladar e posteriormente, por meio dos outros sentidos e da mente.

No período helenista, pessoas de língua e costumes gregos, o conceito se restringiu ao significado de “gozo sensual, deleite sexual”. É a procura indiscriminada do prazer. O Hedonismo que é a dedicação ao prazer como estilo de vida, permeia o pensamento pós-moderno.

Hoje, qualquer esforço disciplinado ou no mínimo de sacrifício para se atingir um objetivo são tratados com profundo desgosto.

Quando o ser humano entrega o controle de sua vida aos seus desejos, ele deixa de cumprir o mandamento “não cobiçarás”. A cobiça controla sua vida e esse poder malévolo pode até mesmo matar (1Re 21.1-14).

Em resumo, quando a pessoa quebra o mandamento de não cobiçar, ela continua não tendo como preencher os seus desejos e, sua vida se enche de contendas e brigas.

Tiago usou uma metáfora amplamente utilizada no AT quando a nação de Israel passava a adorar outros deuses e deusas como aconteceu durante o reinado do ímpio rei Acabe e sua abominável esposa Jezabel, por cujo motivo Elias teve de enfrentar os profetas de Baal e de Azera no Monte Carmelo.

Essa dedicação ao ídolos era chamada pelos profetas de adultério. Para Deus Israel tinha se prostituído indo após seus ídolos, e os crentes do tempo de Tiago estavam exatamente como os israelitas do AT, daí a expressão “adúlteros e adúlteras” (Tg 1.4).

Assim como a intimidade, o amor, a beleza, o gozo e a reciprocidade que o casamento proporciona fazem dele o símbolo da união e do relacionamento entre Cristo e a sua Igreja (2Co 11,2; Ef 5.31-33;Ap 19.7).

De igual modo a infidelidade de Israel, da igreja, ou de um cristão, é chamada na Bíblia de adultério espiritual ou prostituição e fornicação espiritual (Jr 3.8; Ez 16.32; Ap 2.20).

Quando viajamos encontramos ao longo da estrada muitas placas que nos orientam como chegarmos ao nosso destino em segurança. Essas placas são, breves, descritivas e diretas.

É como se Tiago nos tivesse oferecendo várias placas que são de ajuda àqueles que viajam através da estrada da vida. Essas placas são condizentes om o ritmo apressado da vida. As frases utilizadas por Tiago são concisas, vívidas e diretas.

Submetam-se, portanto, a Deus. Resistam ao Diabo e ele fugirá de vós. Aproximem-se de Deus e ele se aproximará de vocês. Lavem suas mãos, porque vocês são pecadores, e purifiquem seu coração, pois vocês são inconstantes. Se aflijam, pranteiem e lamentem. Transforme seu riso em pranto, e sua alegria em desalento. Se humilhem diante do Senhor ele os levantará.

Como placas de estradas que instruem o motorista a obedecer ás leis de transito para dirigir com seguranças, essas orações diz ao leitor como ir até Deus (Tg 4.7-10).

Observe que a primeira (V.7a) e a última ordem (v 10.a) são paralelas; entre elas está a mensagem ao leitor: “achegai-vos a Deus”. Além disso o termo humilhai-vos  no v.10, forma uma ligação verbal com a última palavra da citação do v.6 da lição.

A sequência dessa ordem é: a) Submissão – Tiago fala diretamente aos seus leitores que estão cegos por causa do orgulho nocivo e indiretamente a toda igreja em nossos dias.

E lhes mostra como deixar de lado o orgulho (v.7) – “Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao Diabo, e ele fugirá de vós”. Quando Tiago diz “Sujeitai-vos”, na verdade, ele quer dizer “obedecei”.

Lucas usa o mesmo verbo quando descreve que aos doze anos de idade, Jesus era “submisso” a Maria e José (Lc 2.51).  O termo sujeitai-vos descreve um ato voluntário de colocar-se sob autoridade de uma outra pessoa para mostrar-lhe respeito e obediência.

É assim que os cidadãos devem obedecer às autoridades governantes (Rm 13.1-7; 1Pe 2.13). Os crentes de Corintos são aconselhados a obedecer a seus líderes (1Co 16.16). Os jovens devem submeter-se aos mais velhos (1Pe 5.5).
AS esposas a seus maridos (Ef 5.22; Cl 3.18; Tt 2.5; 1Pe 3.1), e os servos devem sujeitarem-se a seus senhores (Tt 2.9; 1Pe 2.18).

Quando oramos “Seja feita a tua vontade”, deixamos de lado todo o nosso orgulho e nos submetemos a Deus. Quando observamos a lei de Deus, satanás tenta interferir conduzindo-nos à tentação.

Por isso, Tiago acrescenta a injunção resisti ao Diabo. Quando nos mantemos “firmes contra as ciladas do Diabo” (Ef 6.11, 1Pe 5.9), também pedimos “livra-nos do mal” (Mt 6.13).

Temos então a certeza bíblica que diz: “ele fugirá de vós” (Tg 4.7). Os evangelhos e os Atos dos apóstolos estão repletos de exemplos de Satanás e seus demônios fugindo de diante da autoridade divina.

Quando obedecemos à vontade de Deus, Satanás não pode nos fazer desviar e vê-se obrigado a fugir. Martinho Lutero afirmava o seguinte: “Se cantarmos Salmos e hinos ou lermos as Escrituras, Satanás fugirá de nós”.

b) Preparação – Em sua exortação para que o crente seja submisso a Deus ele diz: resisti ao Diabo. “aproximem-se de Deus”. Em nossa luta contra o pecado e Satanás não estamos sozinhos quando nos chegamos a Deus em oração.

Deus nos cerca com o seu cuidado e sua graça, de modo que não temos motivo para temer o poder de Satanás. Deus quer que nos aproximemos dele com arrependimento sincero, fé, obediência e oração (Lm 3.57; Os 2.6; Zc 12.3; Ml 3.7).

Quando isto acontece Deus nos enche da sua graça e nos coroa de bênção. Quando Deus nos chama para perto de si ele demonstra para conosco o seu amor e sua graça.

Por esta razão nunca podemos dizer que a iniciativa de se aproximar de Deus partiu de nos, pois é Deus quem vem até nos, ele sempre age primeiro na obra da salvação.

Tiago nos exorta como devemos nos aproximar de Deus: “purificai as mão, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração”. A primeira admoestação faz-nos lembrar das instruções de Deus sob a purificação cerimonial (Ex 30.20.21).

A segunda traz a memoria as palavras de Davi: Quem subirá ao monte do Senhor? Quem há de permanecer no seu santo lugar? O que é limpo de mãos e puro de coração (Sl 24.3,4).

c) Arrependimento – Tiago diz aos crentes do seu tempo: “se aflijam, pranteiem, e lamentem-se”. Experimentamos tristezas quando um ente querido morre. Esse é um aspecto do conceito de tristeza.

O outro aspecto da tristeza é espiritual. As Escrituras nos ensinam que o arrependimento e a tristeza andam juntos. Em suas epístolas, Paulo afirma que aquele que pertence a Jesus destrói sua natureza pecaminosa quando se arrepende de seus pecados (Rm 6.6; Gl 2.20; 5.24; 6.14).

Arrependimento, portanto, significa que houve uma morte em nossa vida. Entristecemo-nos por causa dos pecados que cometemos contra Deus e o nosso próximo.

Temos exemplos no AT e no Novo de santos que se entristeceram por causa de seu pecado. Davi fala de sua tristeza por causa do pecado em muitos de seus Salmos. Um deles, Davi implora pela misericórdia de Deus e o clama: “Estou cansado de tanto gemer; todas as noites faço nadar o meu leito, de minhas lágrimas o alago” (Sl 6.6).

Essa é a tristeza do justo. Ao descrever sua luta contra o pecado Paulo exclama: “Desventurado homem que sou. Quem me livrará do corpo desta morte? Ele mesmo responde: Graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor” (Rm 7.24,25; 8.1).

Tiago relaciona uma série de exortações que, se praticadas em conjunto, resultarão na completa resistência ao inimigo de nossa alma.

Resistir ao inimigo, no contexto de Tiago, resume-se em que cada um de nós sujeitemo-nos à vontade de Deus e cheguemo-nos a Ele, purificando ainda o coração e limpando as mãos. Essa dependência de Deus nos levará à vitória em Cristo.

Consultas: SOARES Ezequias. Comentarista da Lição Bíblica EBD do 1º. Trimestre 2019 com o Tema: Batalha Espiritual.
SOARES Ezequias. Batalha Espiritual. CPAD. Rio de Janeiro, 2018
PEARLMAN Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. Editora Dois irmãos Ltda. Rio de Janeiro, 1963
OLIVEIRA Miqueias. Batalha Espiritual por Princípios Bíblicos. BV Films Editora Eireli, Rio de Janeiro, 2016
GIOIA, Egídio. A Harmonia dos Evangelhos. Editora Juerpe. Rio de Janeiro, 1981
BARCLAY Willliam. As Obras da Carne e o Fruto do Espírito Vol.2. Editora Vida Nova São Paulo, 2010
BUBECK Mark I. O Adversário. Edições Vida Nova. São Paulo, 1993
LAHAYE Tim. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica .CPAD. Rio de Janeiro, 2010
BUBECK Mark I. O Reavivamento Satânico. Edições Vida Nova. São Paulo, 1993
DAMASCENO Fábio. A Cura Interior. Editora Vinde. Rio de Janeiro, 1997
CHAFFER. Lewis Sperry Vol.1&2.Editora Hagnus. São Paulo, 2003
Bíblia King James – Atualizada
KISTEMAKER, Simon. Tiago e Epístolas de João – Comentário do Novo Testamento. Editora Cultura Cristã. São Paulo, 2016
NEE Watchman. O Homem Espiritual – Vol 1. Editora Betania. Belo Horizonte, 2002

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