Subsídios
Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
Lição
05-UM INIMIGO QUE PRECISA SER RESISTIDO - 03.02.19
Tiago
4.1-10
Por: Pr. João Barbosa
A Batalha Espiritual é uma realidade. A
luta de todo aquele que serve ao Senhor Deus é contra o pecado, que pode ser
uma tentação do Diabo ou da própria carne.
Muitas vezes, o desafio surge no modo
como tratamos aos irmãos, daí a necessidade de prestar atenção para apresentar
diante de Deus todas as coisas, inclusive nosso comportamento.
A contenda entre irmãos, o mundanismo,
a insubmissão a Deus e a maledicência são alguns dos aspectos que devem estar
sob vigilância na batalha. Devemos, portanto, nos colocar na presença de Deus a
fim de resistir a esses inimigos.
Esta epístola de Tiago foi escrita com
o objetivo de evitar desentendimento entre os discípulos de Cristo. Alguns
pensam que esta carta foi escrita no ano 45 d.C.
Ela foi destinada aos cristãos que
estavam dispersos, de origem judaica, através do vasto império romano (Tg 1.1).
E de um modo geral, a todos os crentes em todos os lugares e para todas as
pessoas.
A carta de Tiago é um livro prático com
um conteúdo muito próximo do Sermão do Monte proferido por Mateus nos capítulos
5, 6 e 7.
A impressão que se tem da igreja cristã
primitiva é de que a sua marca indelével era a paz e a harmonia. Logo pós o
Pentecostes, como escreve Lucas: “Um era
o coração e a alma do coração dos que creram” (At 4.32).
Com o passar do tempo, porém, essa
harmonia, vai se dissipando a ponto de umas duas décadas depois os
destinatários da epístola de Tiago, brigam, contendem e estavam cheios de
sentimentos facciosos que os levam a pecar, como indica v.1-4 da lição.
O
tema da epístola de Tiago é “Fé e Obras”. A epístola enfatiza o cristianismo
prático e nos dá munição para resistir o inimigo e o pecado.
Os crentes tinham “amarga inveja e sentimento faccioso em seus corações” (Tg 3.14).
Isto porque eles usavam sua sabedoria terrena “que ao mesmo tempo era animal e diabólica” (Tg 3.15). Isto estava
presente na vida daqueles primeiros cristãos.
Estes problemas atravessaram os séculos
e nas igrejas de nosso tempo não é diferente. Pois o problema da natureza
humana permanece o mesmo.
Este assunto trata diretamente do
caráter cristão que precisa estar de acordo com o sentimento de Cristo.
Tiago emprega aqui uma metáfora que
ainda hoje usamos em nossos debates, discussões e conversas sobre dificuldades
nas mais diversas áreas da vida do cristão.
Tiago responde sua própria indagação
com uma pergunta retórica de resposta afirmativa: “Acaso elas não veem de seus
desejos, que lutam dentro de vós?”.
O termo desejos, no plural, é a palavra
chave. Isto significa que, durante a vida, a pessoa escolhe prazeres carnais
contrários à vontade de Deus. Como Jesus afirma na parábola do Semeador: “As ambições sufocam a palavra de Deus,
ficando ela infrutífera na vida do crente” (Mc 4.19; Lc 8.14).
Com o passar do tempo, o homem se torna
escravo dos prazeres que seu coração deseja e pouco a pouco vai se separando de
Deus (Rm 1.24; 2Tm 4.3;Tg 1.14; 2Pe 3.3; Jd 16,18).
Quando Deus não mais governa a vida do
crente, a busca pelos prazeres mundanos assume o controle, e a paz é perturbada
pelas brigas e contendas frequentes.
Os deleites e os maus desejos dão
origem a motivação dessas pelejas. Originalmente a palavra deleite aqui
significava o prazer experimentado pelo sentido do paladar e posteriormente,
por meio dos outros sentidos e da mente.
No período helenista, pessoas de língua
e costumes gregos, o conceito se restringiu ao significado de “gozo sensual,
deleite sexual”. É a procura indiscriminada do prazer. O Hedonismo que é a
dedicação ao prazer como estilo de vida, permeia o pensamento pós-moderno.
Hoje, qualquer esforço disciplinado ou
no mínimo de sacrifício para se atingir um objetivo são tratados com profundo
desgosto.
Quando o ser humano entrega o controle
de sua vida aos seus desejos, ele deixa de cumprir o mandamento “não
cobiçarás”. A cobiça controla sua vida e esse poder malévolo pode até mesmo
matar (1Re 21.1-14).
Em resumo, quando a pessoa quebra o
mandamento de não cobiçar, ela continua não tendo como preencher os seus
desejos e, sua vida se enche de contendas e brigas.
Tiago usou uma metáfora amplamente
utilizada no AT quando a nação de Israel passava a adorar outros deuses e
deusas como aconteceu durante o reinado do ímpio rei Acabe e sua abominável
esposa Jezabel, por cujo motivo Elias teve de enfrentar os profetas de Baal e
de Azera no Monte Carmelo.
Essa dedicação ao ídolos era chamada
pelos profetas de adultério. Para Deus Israel tinha se prostituído indo após
seus ídolos, e os crentes do tempo de Tiago estavam exatamente como os
israelitas do AT, daí a expressão “adúlteros e adúlteras” (Tg 1.4).
Assim como a intimidade, o amor, a
beleza, o gozo e a reciprocidade que o casamento proporciona fazem dele o
símbolo da união e do relacionamento entre Cristo e a sua Igreja (2Co 11,2; Ef
5.31-33;Ap 19.7).
De igual modo a infidelidade de Israel,
da igreja, ou de um cristão, é chamada na Bíblia de adultério espiritual ou
prostituição e fornicação espiritual (Jr 3.8; Ez 16.32; Ap 2.20).
Quando viajamos encontramos ao longo da
estrada muitas placas que nos orientam como chegarmos ao nosso destino em
segurança. Essas placas são, breves, descritivas e diretas.
É como se Tiago nos tivesse oferecendo
várias placas que são de ajuda àqueles que viajam através da estrada da vida.
Essas placas são condizentes om o ritmo apressado da vida. As frases utilizadas
por Tiago são concisas, vívidas e diretas.
Submetam-se, portanto, a Deus. Resistam
ao Diabo e ele fugirá de vós. Aproximem-se de Deus e ele se aproximará de
vocês. Lavem suas mãos, porque vocês são pecadores, e purifiquem seu coração,
pois vocês são inconstantes. Se aflijam, pranteiem e lamentem. Transforme seu
riso em pranto, e sua alegria em desalento. Se humilhem diante do Senhor ele os
levantará.
Como placas de estradas que instruem o
motorista a obedecer ás leis de transito para dirigir com seguranças, essas
orações diz ao leitor como ir até Deus (Tg 4.7-10).
Observe que a primeira (V.7a) e a
última ordem (v 10.a) são paralelas; entre elas está a mensagem ao leitor:
“achegai-vos a Deus”. Além disso o termo humilhai-vos no v.10, forma uma ligação verbal com a última
palavra da citação do v.6 da lição.
A sequência dessa ordem é: a) Submissão
– Tiago fala diretamente aos seus leitores que estão cegos por causa do orgulho
nocivo e indiretamente a toda igreja em nossos dias.
E lhes mostra como deixar de lado o
orgulho (v.7) – “Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao Diabo, e ele fugirá de
vós”. Quando Tiago diz “Sujeitai-vos”, na verdade, ele quer dizer “obedecei”.
Lucas usa o mesmo verbo quando descreve
que aos doze anos de idade, Jesus era “submisso” a Maria e José (Lc 2.51). O termo sujeitai-vos descreve um ato
voluntário de colocar-se sob autoridade de uma outra pessoa para mostrar-lhe
respeito e obediência.
É assim que os cidadãos devem obedecer
às autoridades governantes (Rm 13.1-7; 1Pe 2.13). Os crentes de Corintos são
aconselhados a obedecer a seus líderes (1Co 16.16). Os jovens devem submeter-se
aos mais velhos (1Pe 5.5).
AS esposas a seus maridos (Ef 5.22; Cl
3.18; Tt 2.5; 1Pe 3.1), e os servos devem sujeitarem-se a seus senhores (Tt
2.9; 1Pe 2.18).
Quando oramos “Seja feita a tua
vontade”, deixamos de lado todo o nosso orgulho e nos submetemos a Deus. Quando
observamos a lei de Deus, satanás tenta interferir conduzindo-nos à tentação.
Por isso, Tiago acrescenta a injunção
resisti ao Diabo. Quando nos mantemos “firmes contra as ciladas do Diabo” (Ef
6.11, 1Pe 5.9), também pedimos “livra-nos do mal” (Mt 6.13).
Temos então a certeza bíblica que diz:
“ele fugirá de vós” (Tg 4.7). Os evangelhos e os Atos dos apóstolos estão
repletos de exemplos de Satanás e seus demônios fugindo de diante da autoridade
divina.
Quando obedecemos à vontade de Deus,
Satanás não pode nos fazer desviar e vê-se obrigado a fugir. Martinho Lutero
afirmava o seguinte: “Se cantarmos Salmos e hinos ou lermos as Escrituras, Satanás
fugirá de nós”.
b) Preparação – Em sua exortação para
que o crente seja submisso a Deus ele diz: resisti ao Diabo. “aproximem-se de
Deus”. Em nossa luta contra o pecado e Satanás não estamos sozinhos quando nos
chegamos a Deus em oração.
Deus nos cerca com o seu cuidado e sua
graça, de modo que não temos motivo para temer o poder de Satanás. Deus quer
que nos aproximemos dele com arrependimento sincero, fé, obediência e oração
(Lm 3.57; Os 2.6; Zc 12.3; Ml 3.7).
Quando isto acontece Deus nos enche da
sua graça e nos coroa de bênção. Quando Deus nos chama para perto de si ele
demonstra para conosco o seu amor e sua graça.
Por esta razão nunca podemos dizer que
a iniciativa de se aproximar de Deus partiu de nos, pois é Deus quem vem até
nos, ele sempre age primeiro na obra da salvação.
Tiago nos exorta como devemos nos
aproximar de Deus: “purificai as mão, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre,
limpai o coração”. A primeira admoestação faz-nos lembrar das instruções de
Deus sob a purificação cerimonial (Ex 30.20.21).
A segunda traz a memoria as palavras de
Davi: Quem subirá ao monte do Senhor? Quem há de permanecer no seu santo lugar?
O que é limpo de mãos e puro de coração (Sl 24.3,4).
c) Arrependimento – Tiago diz aos
crentes do seu tempo: “se aflijam, pranteiem, e lamentem-se”. Experimentamos
tristezas quando um ente querido morre. Esse é um aspecto do conceito de
tristeza.
O outro aspecto da tristeza é
espiritual. As Escrituras nos ensinam que o arrependimento e a tristeza andam
juntos. Em suas epístolas, Paulo afirma que aquele que pertence a Jesus destrói
sua natureza pecaminosa quando se arrepende de seus pecados (Rm 6.6; Gl 2.20;
5.24; 6.14).
Arrependimento, portanto, significa que
houve uma morte em nossa vida. Entristecemo-nos por causa dos pecados que
cometemos contra Deus e o nosso próximo.
Temos exemplos no AT e no Novo de
santos que se entristeceram por causa de seu pecado. Davi fala de sua tristeza
por causa do pecado em muitos de seus Salmos. Um deles, Davi implora pela
misericórdia de Deus e o clama: “Estou cansado de tanto gemer; todas as noites
faço nadar o meu leito, de minhas lágrimas o alago” (Sl 6.6).
Essa é a tristeza do justo. Ao
descrever sua luta contra o pecado Paulo exclama: “Desventurado homem que sou.
Quem me livrará do corpo desta morte? Ele mesmo responde: Graças a Deus por
Jesus Cristo nosso Senhor” (Rm 7.24,25; 8.1).
Tiago relaciona uma série de exortações
que, se praticadas em conjunto, resultarão na completa resistência ao inimigo
de nossa alma.
Resistir ao inimigo, no contexto de
Tiago, resume-se em que cada um de nós sujeitemo-nos à vontade de Deus e
cheguemo-nos a Ele, purificando ainda o coração e limpando as mãos. Essa
dependência de Deus nos levará à vitória em Cristo.
Consultas:
SOARES Ezequias. Comentarista da Lição Bíblica EBD do 1º.
Trimestre 2019 com o Tema: Batalha Espiritual.
SOARES
Ezequias. Batalha Espiritual. CPAD. Rio de Janeiro, 2018
PEARLMAN Myer. Conhecendo as
Doutrinas da Bíblia. Editora Dois irmãos Ltda. Rio de Janeiro, 1963
OLIVEIRA Miqueias. Batalha Espiritual
por Princípios Bíblicos. BV Films Editora Eireli, Rio de Janeiro, 2016
GIOIA, Egídio. A Harmonia dos
Evangelhos. Editora Juerpe. Rio de Janeiro, 1981
BARCLAY Willliam. As Obras da Carne e
o Fruto do Espírito Vol.2. Editora Vida Nova São Paulo, 2010
BUBECK Mark I. O Adversário. Edições
Vida Nova. São Paulo, 1993
LAHAYE Tim. Enciclopédia Popular de
Profecia Bíblica .CPAD. Rio de Janeiro, 2010
BUBECK Mark I. O Reavivamento
Satânico. Edições Vida Nova. São Paulo, 1993
DAMASCENO Fábio. A Cura Interior.
Editora Vinde. Rio de Janeiro, 1997
CHAFFER. Lewis Sperry Vol.1&2.Editora Hagnus. São Paulo, 2003
Bíblia King James – Atualizada
KISTEMAKER, Simon. Tiago e Epístolas
de João – Comentário do Novo Testamento. Editora Cultura Cristã. São Paulo,
2016
NEE Watchman. O Homem Espiritual –
Vol 1. Editora Betania. Belo Horizonte, 2002
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