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sábado, 12 de outubro de 2019

O Menino Samuel.2


O Menino Samuel.2
Texto Bíblico: 1Samuel 1.20-28
Por: Pr. João Barbosa
Elcana era um levita que vivia nos montes de Efraim. Embora fosse homem de grande riqueza e influência era um dos que temia ao Senhor naqueles tempos de decadência espiritual em Israel. Sua esposa, Ana, era uma mulher piedosa e fervorosa, meiga e humilde. Seu caráter se distinguia por um grande ardor e fé elevada.

A bênção tão ansiosamente buscada por todo hebreu era negada a esse bom casal. Seu lar não se alegrava com vozes infantis e o desejo de perpetuar seu nome levou Elcana assim como já havia levado muitos outros hebreus a contrair um segundo matrimônio. Mas este passo, motivado pela falta de fé em Deus, não trouxe a felicidade.

Filhos e filhas foram acrescentados à casa de Elcana; mas a alegria e a beleza da sagrada instituição matrimonial instituída por Deus foram manchadas, e a paz na família fora interrompida. Penina, a nova esposa era ciumenta e dotada de espírito mesquinho, e conduzia-se com orgulho e intolerância para com aquela que ela considerava sua rival. Para Ana, a esperança parecia estar destruída, e a vida tornara-se um fardo pesado. Enfrentou, todavia, a prova com resignada mansidão.

O COSTUME DA POLIGAMIA – A poligamia era um costume social aceito por todo o Oriente Médio. Também era uma prática comum entre os antigos israelitas. Embora possa parecer que a poligamia se desvia da concepção original de Deus para o casamento, (como ilustrado em Gn 2.24), a prática era permitida segundo a lei de Deus, particularmente nos casos de primeiro casamento sem filhos, ou em casamentos leviratos (Dt 25.5-10).

No antigo Israel, a ausência de filhos era considerada uma tragédia na família, por várias razões. Numa cultura agrária, filhos era o necessário para ajudar no trabalho do dia a dia. Sem eles,o nome da família não seria preservado. E sem um herdeiro a família não poderia manter o seu espaço na tribo.

Finalmente, uma mulher sem filhos, jamais seria mãe ou o ancestral do prometido messias (Gn 3.15). Então Elcana vendo que os anos passavam e Ana não lhe dava filhos, tomou uma segunda esposa, Penina, por uma razão que era legítima no mundo antigo: Sua esposa Ana era estéril. Naquele tempo, a responsabilidade por não haver crianças era atribuída a mulher, e a esterilidade da mulher, era frequentemente causa de divórcio. Embora a poligamia fosse um costume aceito, a lei de Deus estabelecia regras contra o casamento com muitas mulheres (Dt 17.17).

Além disso, as Escrituras registram os resultados trágicos da poligamia: que eram famílias divididas e turbulentas. Elcana observava fielmente as ordenanças de Deus. O culto em Siló ainda era mantido apesar do descaso dos sacerdotes. Por essas irregularidades no ministério, os serviços de Elcana no tabernáculo não eram exigidos, pois, sendo ele levita, deveria comparecer ao santuário.

Contudo, anualmente Elcana subia com sua família para adorar e sacrificar nas reuniões no tabernáculo. Mesmo entre as solenidades sagradas ligadas ao serviço de Deus havia influência de mal espírito que infelicitava o lar de Ana e Elcana. Depois de apresentarem as ofertas em ações de graças, toda família, segundo o costume estabelecido, unia-se em uma festa solene e prazenteira. Em tais ocasiões Elcana dava à mãe de seus filhos, (Penina), uma porção, para ela e para cada um dos filhos e filhas; mas em sinal de atenção para com Ana, dava-lhe uma porção dupla, significando que sua afeição por ela era a mesma que se ela tivesse um filho.

Então a segunda esposa, ardendo em ciúmes, reclamava a preferência, como sendo ela altamente favorecida por Deus, e escarnecia de Ana em sua condição de mulher destituída de filhos, como prova do desagrado do Senhor.

Isto se repetia de ano em ano, até    que Ana não pode mais suportar. Incapaz de ocultar sua mágoa, chorou sem constrangimento e retirou-se da festa. Elcana, seu marido procurou consolá-la. “Porque choras? Dizia Elcana. E porque não comes? E porque está mal teu coração!. E disse ele; Não te sou eu melhor de que dez filhos”?( 1Sam 1.2-11). Ana não proferiu censura alguma. O fardo que ela não podia repartir com amigo algum terrestre, lançou sobre Deus. Ansiosamente rogou que lhe tirasse a ignomínia e lhe concedesse o precioso dom de ter um filho e educar e o criar para Deus.

E fez um voto solene de que, se seu pedido fosse satisfeito, dedicaria o filho a Deus mesmo desde o seu nascimento. Ana tinha se aproximado da entrada do tabernáculo. E na angústia do seu espírito “orou, e chorou abundantemente”.

Contudo, mantinha em seu silencia comunhão com Deus, não proferindo nenhuma palavra. Naqueles tempos de decadência espiritual, cenas de adoração eram raramente testemunhadas. Festins  irreverentes, e mesmo embriagues, era coisas comuns, mesmo nas festas religiosas. E Eli, o sumo sacerdote, observando Ana, supôs que estivesse dominada pelo vinho.

Disse com severidade a Ana “Ate quando estarás tu embriagada? Aparta-te do teu vinho. Surpreendida com a repreensão do sacerdote, Ana respondeu com brandura: “Não Senhor meu, eu sou uma mulher atribulada de espírito. Nem vinho nem bebida forte tenho bebido. Porém tenho derramado a minha alma perante o Senhor. Não tenhas pois, a tua serva por filha de Belial. Porque da multidão dos meus cuidados e dos meus desgostos tenho falado até agora. Então o sumo sacerdote ficou profundamente comovido com s resposta de Ana, pois, era homem de Deus; e em lugar de repreençao proferiu uma benção: Vai em paz: e o Deus de Israel te conceda a tua petição que lhe pedistes.

A oração de Ana foi atendida; e recebeu a dádiva que tão fervorosamente havia rogado. Olhando para o filho, chamou-o Samuel – “porque dizia, a Deus o tenho pedido”. Logo que o pequeno Samuel teve idade suficiente para separar-se de sua mãe. “Isso só podia acontecer depois que o menino fosse desmamado entre dois e três anos de idade. Ela cumpriu seu voto.

Amava o filho com toda devoção de um coração de mãe, dia após dia observando suas faculdades infantis sigia-o estreitamente em suas afeiçoes. Era seu único filho, uma dádiva especial do céu; mas recebera-o como um tesouro consagrado a Deus, e não queria privar o doador daquilo que lhe era próprio.

Mais uma vez Ana viajou com o esposo para Siló e apresentou ao sacerdote, em nome de Deus, sua preciosa dádiva, dizendo: “por este menino orava eu”; e o Senhor me concedeu a minha petição que eu lhe tinha pedido. Pelo que também ao Senhor eu o entreguei por todos os dias em que viver.

Eli ficou profundamente impressionado com a fé e devoção daquela mulher de Israel. Ele próprio, pai, por demais condescendente, ficou atemorizado e humilhado vendo o grande sacrifício de uma mãe, separando-se do seu único filho, para que o pudesse dedicar ao serviço de Deus.

Sentiu-se reprovado pelo seu amor egoístico e com humilhação e reverência prostrou-se perante o Senhor e o adorou. O coração da mãe encheu-se de alegria e louvor, e ela almejava extravasar sua gratidão a Deus. O espírito de inspiração lhe sobreveio e orou ana e entoou um cântico ao Senhor (1Sm 2.1-11).

As palavras de Ana em seu cântico eram proféticas, tanto a respeito de Davi que reinaria como rei de Israel, como do Messias, o ungido do Senhor. Referindo-se a princípio a jactância de uma mulher insolente e contenciosa, o seu cântico aponta para a destruição dos inimigos de Deus e o triunfo final do seu povo remido. De Siló, Ana voltou silenciosamente para o seu lar em Rama, deixando o menino Samuel para ser educado para o serviço da casa de Deus sobre a instrução do sumo sacerdote.
 Consultas:
ELWELL Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológico da Igreja Cristã. Editora Vida Nova. S Paulo 2009
WHITE. Ellen G. Patriarcas e Profetas. Edit. Casa Publicadora Brasileira, Santo André, SPaulo, 1976
RADMACHER Earl D. O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora central Gospel. RJaneiro, 2010
WALTON John H. Comentário Histórico-Cultural da Bíblia  - Antigo Testamento. Editora Vida Nova. São Paulo, 2018
CHAMPLIN. Antigo Testamento Interpretado Versículo por versículo. Vl 2. Editora  Hagnus. São Paulo, 2012

sábado, 5 de outubro de 2019

O Profeta Samuel e a Instituição da Monarquia.1


O Profeta Samuel e a Instituição da Monarquia.1
Texto Bíblico: 1Samuel 1.1-8
Por: Pr. João Barbosa

CRONOLOGIA EM PRIMEIRO SAMUEL – LINHA DO TEMPO
Ano 1.200 a.C
Os filisteus ocupam a costa do Mediterrâneo
De 1.110 a 1.010 a.C
Samuel exerce o seu ministério profético sobre Israel
Em 1.050 a.C
Samuel unge Saul a rei sobre Israel
Em 1.118 a.C
22 anos depois de Saul se tornar rei, Samuel unge a Davi como rei sobre Israel no lugar de Saul
Em 1.010 a.C
Davi começa a reinar em Hebrom                             
No ano 1.003 a.C
O reinado de Davi é reconhecido por todo Israel
Em 970 a.C
Davi morre e Salomão assume o trono

O período em que os juízes governaram sobre Israel foi de mais ou menos 450 anos até ao profeta Samuel (At 13.19,20; 1Re 6.1). Samuel era levita, filho de Elcana e Ana. Nasceu em Ramataim-Zofin, no território montanhoso de Efraim. Foi o último dos juízes e o primeiro dos profetas à Moisés (Lc 24.44). Uma categoria de servo de Deus que, quanto ao AT, prosseguiu até Malaquias, e, na verdade, até João Batista, o precursor do Senhor Jesus.

Este livro, de 1Samuel, foi chamado assim por causa do principal personagem das narrativas anteriores, o homem de Deus que ungiu os dois primeiros reis de Israel: Saul e Davi. Originalmente, 1º e 2º Samuel eram um livro só: O Livro de Samuel nas Escrituras hebraicas.

Quando estas foram traduzidas para o grego (a septuaginta), por volta do ano 150 a.C, os livros de Samuel e Reis foram agrupados para completar a história da monarquia hebraica. Essa unidade das Escrituras era dividida em quatro partes: Primeiro, segundo, terceiro e quarto reinados.

Os livros de Samuel e Reis foram separados novamente mais tarde, mas as divisões da tradução grega persistiram. Com isso, temos em nossas versões modernas os livros de 1º e 2º Samuel e de 1º e 2º Reis.

No início do livro de 1Samuel, a nação de Israel se encontrava em um baixo nível espiritual. Até mesmo o sacerdócio tinha se corrompido (1Sm 2.12-17). A situação tornava-se ainda mais grave, visto que os juízes em Berseba também eram desonestos (1Sm 8.2,3).

Com o mau exemplo desses perversos líderes, o povo passou a demonstrar desdém pelas Escrituras e recusou-se a dar ouvidos ao profeta Samuel. No entanto, mesmo em meio a toda aquela corrupção e apostasia, ainda permanecia um remanescente israelita fiel, que adorava a Deus com pureza e fé (1Sm 1.3).

Porém, mesmo o conteúdo do tabernáculo foi tocado nesses tempos tumultuosos e maus. A arca de Deus foi capturada pelos filisteus (1Sm 4.11). E depois de ser levada a permanecer na cidade dos filisteus durante sete meses (1Sm 5.1 – 6.16),  Tendo retornado a Bete-Semes (1Sm 6.19), sendo mantida em Quriate-Jearim (1Sm 7.1), até que Davi lhe trouxe para Jerusalém (2Sm 6.1-17).

Durante esse tempo, os israelitas passaram a ficar insatisfeitos com o governo abusivo dos juízes (1Sm 8.3). Os israelitas passaram a desejar as glórias de uma monarquia como as que eles viam nas nações vizinhas. Então, Deus lhes permitiu ter um rei igual ao das nações vizinhas. Foi então escolhido o bonito e alto rei Saul (1Sm 2.1).

Embora ele parecesse estar bem preparado para liderar a nação seu reinado acabou tragicamente porque Saul não seguia as orientações de Deus. Assim, entendemos porque boa parte das ações narradas em 1Sm está associada á queda, ao reinado e a vida tumultuosa de Saul, em contraste com a rápida ascensão do jovem e fiel Davi. O propósito de 1Samuel é prover um relato oficial da assenção da monarquia durante o tempo de Samuel, bem como do desenvolvimento dela sob o reinado de Saul e Davi entre os anos de 1.050 a 970 a.C., tempo em que os historiadores denominam de período do Reino Unido.

Os livros de 1º e 2º Samuel ilustram em vivas cores a pecaminosidade do coração humano e os inevitáveis maus resultados do pecado. Líderes piedosos de Israel, como Eli, Davi e Samuel, não acertaram sempre, pois, suas falhas também são salientadas no relato bíblico.

O quem é de admirar entretanto, é que esses três homens tiveram filhos que foram rebeldes contra o Senhor. Na qualidade de pais, os três enfrentaram tremendas dificuldades para encaminhar seus filhos na senda da retidão.

Assim, os filhos de Eli furtavam os sacrifícios trazidos pelo povo, blasfemavam contra Deus e cometiam fornicação, e isto no papel de sacerdotes que ministravam perante o Senhor (1Sm 2.13-17,22; 3.13). Não admira que eles tenham sido mortos pelos filisteus. O trágico, na história de Samuel, é que foi justamente por causa dos delitos de seus filhos que o povo de Israel chegou a exigir que lhes fosse dado um monarca (1Sm 8.5).

Saul começou seu governo como um homem humilde que recebia orientação do Espírito de Deus. No entanto, com o passar do tempo, ele passou a rebelar-se contra o Senhor, até que terminou sobre a influência de espíritos malignos, e foi atacado por excesso de inveja e fúria maligna que alguns especialistas pensam tratar-se de uma demência precoce, ou coisa ainda pior.

Sua queda moral e espiritual foi tão vertiginosa que ele acabou apelando para a pitonisa de En-Dor. Para quem chegara a receber instruções diretas da parte de Deus, isso foi como ser precipitado do céu para o inferno. Deus não mais lhe respondia. Lemos em 1Sm 28.6 “Consultou Saul o Senhor, porém este não lhe respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas”.

Por isso em seu desvario, e desesperado, Saul perguntou onde poderia encontrar uma médium que consultasse os mortos. Quando aconteceu a batalha dos israelitas com os filisteus, este conseguiram cercar Saul e os seus três filhos e o seu escudeiro com todos os homens de guerra que estavam em sua companhia.

A experiência pecaminosa de Davi provê-nos de uma triste instrução, que tem aspectos positivos e negativos. O grande rei Davi era homem segundo o coração de Deus. Mas, em um momento de falta de vigilância deixou se arrastar pela tentação, tendo se envolvido em adultério secreto e homicídio cometido sob circunstâncias das mais covardes.

E isso depois de ter exibido por anos a fio, grande fé e devoção ao Senhor. Todavia, tendo Davi finalmente reconhecido seus grandes pecados, foi espiritualmente restaurado por Deus (2Sm 12.13). O Senhor o perdoou e deu continuidade a benção a ele prometida, demonstrando-lhe, assim, graça e misericórdia. Entretanto, há um aspecto que não podemos esquecer a lição que esses incidentes nos ensinam.

É que, apesar da confissão sincera de Davi e de haver ele sido perdoado do por Deus, Deus consentiu que Davi sofresse inevitáveis consequências penais de seu pecado. Amom, seu primogênito o imitou e cometeu incesto com sua meia irmã, Tamar. Isso precipitou a vingança de Absalão, que terminou, traiçoeiramente tirando a vida de Amom e houve várias outras tragédias na família, como a da revolta de Absalão que violentou as mulheres de seu pai e acabou sendo morto com três dardos que lhes traspassara o coração, quando ele estava preso pelos longos cabelos, enroscado em um galho de árvores pendurado a um metro acima do solo.

Apesar desses pontos extremamente negativos na vida de Davi e de seus familiares mais diretos, ainda assim o Senhor muito o abençoou, assim como o seu reinado, em sua incalculável misericórdia. Deus também recuperou Bate-Seba, culpada com Davi de adultério. O Senhor também foi gracioso com Davi e Bate-Seba dando-lhes um outro filho, Salomão, que mais tarde se tornou sucessor de Davi e rei de Israel.

O escritor hebreu nos fornece um excelente material biográfico relacionado aos pais de Samuel. Primeiramente entra em cena o pai de Samuel, Elcana. E então surge Ana, por meio de quem o poder miraculoso de Deus haveria de operar e Ana engravidar de Samuel visto quando ela não tinha  condição de gerar filhos.

Ramataim-Zofin, no hebraico significa “vigilante em dupla altura” foi nesse lugar que nasceu tanto Elcana, pai de Samuel, quanto o próprio Samuel. Tornou-se a residência oficial de Samuel (91Sm 7;17; 8.4). Foi nesta cidade que se deu o sepultamento de Samuel (1Sm 25.1).

O juiz profeta Samuel, figura chave da história de Israel, merece portanto, cuidadosa introdução biográfica no livro. Os eruditos opinam que o AT mostra-se historicamente exato a partir da época de Samuel. Se não mesmo antes. Desde os tempos mais remotos, um fenômeno nunca igualado no caso da história das nações mais antigas do mundo, cujos primórdios perdem-se nos tempos em lendas e em mitos.

Ramataim-Zodim ficava na região montanhosa de Efraim, cerca de vinte e quatro quilômetros ao norte de Jerusalém. Josepho identificava essa localidade como Arimateia, referido no NT. Elcana, portanto, residia no território de Efraim, mas pertencia á tribo de Levi. Logo, era levita por descendência e efraimita por residência. Foi por esse motivo, que seu filho, Samuel, pode envolver-se sem empecilho algum nos atos do tabernáculo.


Consultas:
ELWELL Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológico da Igreja Cristã. Editora Vida Nova. S Paulo 2009
RADMACHER Earl D. O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora central Gospel. RJaneiro, 2010
WALTON John H. Comentário Histórico-Cultural da Bíblia  - Antigo Testamento. Editora Vida Nova. São Paulo, 2018
CHAMPLIN. Antigo Testamento Interpretado Versículo por versículo. Vl 2. Editora  Hagnus. São Paulo, 2012

sábado, 6 de julho de 2019

A GRACIOSA DOUTRINA DA MORDOMIA CRISTÃ -07.07.19


A GRACIOSA DOUTRINA DA MORDOMIA CRISTÃ -07.07.19
Lucas 16.1-8, 42; Mt 20.8
Por: Pr. João Barbosa

MORDOMIA – (gr. oikonomia, que significa “administração de um lar”). A administração de deveres ou bens pelos quais a pessoa é responsável.

A pessoa que administra o lar é chamada “mordomo” (oikonomos “lei da casa”) ou “superintendente” (epitropos).

A ideia tem suas raízes na instituição da escravidão. O senhor nomeava um escravo para administrar seu lar com todo o patrimônio, inclusive ensinar e disciplinar os membros da família, especialmente outros escravos e as crianças.

Um exemplo clássico é a posição de José na casa de Potifar (Gn 39.4-6). A ideia comum de mordomia é encontrada em várias passagens do NT, notavelmente na parábola do administrador infiel (Lc 16; Mt 20).

O tutor de uma criança menor também podia ser chamado de mordomo (Gl 4.2). Um oficial do governo podia ser chamado mordomo (oikonomos). Na Bíblia Almeida atualizada ARA, é chamado tesoureiro ou procurador (epitropos) Lc 8.3.

A ênfase moderna na mordomia dos bens, embora seja uma realidade, o estudioso dessa doutrina deve ter cuidado para não obscurecer o fato de que a mordomia básica do cristão é a da vida e pregação ensinada no verdadeiro evangelho, e isto inclui o modo de como utilizar toda sua vida e não somente os bens e o dinheiro.

Deus confia seus bens ao homem, a fim de que este o administre com sabedoria, diligência, honestidade e fidelidade. Trata-se de uma relação de confiança entre Deus e o homem que está fundamentada no favor divino e não na lei.

Deus designou o homem como gestor ou mordomo da sua criação, com o imperativo divino de sujeitá-la e dominá-la (Gn 1.27-30; 2.15,16).

Após a queda do homem, a doutrina da mordomia não foi revogada. Deus sempre reivindicou ser o dono absoluto de tudo o que existe, e que os homens são apenas seus mordomos (Sl 24.1; 50.12; Ag 2.8; Cl 1.16).

No NT, Jesus ensinou a doutrina da mordomia em várias de suas parábolas: A do servo vigilante (Lc 12.35-48), a das dez minas (Lc 19.11-27), a dos trabalhadores da vinha (Mt 20.1-16 e a dos talentos (Mt 25.14-30).

Jesus não só nos ensinou sobre o que é mordomia, como viveu e ensinou como o mordomo chefe. Ele usou os dons que Deus lhe confiou para ensinar, pregar e curar.

O apóstolo Paulo também ensinou esta graciosa doutrina onde cuja ideia central no ensino do grande apóstolo é a de que cada crente é um mordomo (oikonomos de Deus).

A exigência de Deus para seus mordomos é de que cada um se ache fiel (1Co 4.1,2 – Almeida NAA), e tenha vida irrepreensível.

O apóstolo Pedro ensina também que cada crente deve servir uns aos outros com o dom que recebeu, como um bom mordomo da multiforme graça de Deus (1Pe 4.10).

A aplicação prática desta doutrina na vida da igreja, hoje, é de extrema importância. Isto porque esta doutrina nos constrange e nos obriga a colocar Deus em primeiro lugar na nossa maneira de viver.

Não vivemos mais para nós, mas para Deus. Jesus diz: Busquem em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas lhes serão acrescentadas (Mt 6.33 Almeida NAA).

Num ensino cuidadoso desta doutrina aprendemos que não podemos dar nada para Deus, pois tudo é dele. Os dízimos e as ofertas são apenas devoluções que realizamos como expressão de confiança e dependência dele.

Assim se expressava Davi: “Porque tudo vem de ti, e das tuas mãos to damos” (!Cr 29.14). Jamais devemos esquecer que o que temos foi Deus que nos deu temporariamente para que possamos administrar essa porção de seus bens que está sobre nossos cuidados.

Nunca digas, pois, no teu coração: a minha força e o poder do meu braço me adquiriram estas riquezas. Antes te lembrarás do Senhor, teu Deus, porque é ele o que te da força para adquirires riquezas, para confirmar sua aliança, que, sob juramento, prometeu a teus pais como hoje se vê  (Dt 8.17,18).

BIBLIOGRAFIA:
OLIVEIRA, Raimundo F. de. Como Estudar e Interpretar a Bíblia. Editora CPAD, 1986
Bíblia Tradução Revista e Atualizada. SBB
Bíblia Nova Almeida Atualizada
DYRNESS, William A. e KARKAINEN, Veli. Dicionário Global de Teologia. Editora Hagnus. São Paulo 2017
Dízimos e Ofertas são para Hoje? – Princípio Bíblico sobre o Privilégio de Entregar o LOPES, Hernandes Dias Pr. e CASSIMIRO, Arival Dias. Dízimo e as Ofertas. Editora Luz e Vida. São Paulo, 2017
RADMACHER, EARLY D. O Novo Comentário Bíblico Antigo Testamento. Editora Central Gospel. Rio de Janeiro, 2010
ELWELLE. Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológico da Igreja Cristã. Editora Vida Nova. São Paulo, 2009
CHAMPLIIN. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia –  Editora Hagnus. São Paulo, 2006

sábado, 15 de junho de 2019

O SACERDÓCIO DE CRISTO E O LEVITISMO - 16.06.19


O SACERDÓCIO DE CRISTO E O LEVITISMO - 16.06.19
Êxodo 28.1; Levítico 8.22; Hebreus 7.23-28; 1Pe 2.9
Por: Pr. João Barbosa

Cristo como Sacerdote – O propósito da antiga ordem do sacerdócio levítico era ensinar ao povo que a expiação pelos pecados exigia a provisão de uma vítima inocente no lugar do pecador, e o derramamento do sangue quando aquela vítima sofre a morte que o pecador merecia.

A ordem levítica não podia efetuar essa expiação, mas conservava viva a expectativa da vinda do sacerdote perfeito e do oferecimento de um sacrifício perfeito afim de cumprir as promessas evangélicas cumpridas nas Escrituras do |NT.

A nova ordem do sacerdócio é a de Melquisedeque, que consiste na pessoa singular que é o nosso Redentor Jesus Cristo (Hb 7.23-28).

A perfeição do seu sacerdócio é confirmada pelo fato de que ele é para sempre (Sl 110.4), que o seu sacerdócio foi oferecido de uma vez por todas (Hb 7.27), e que ele, com sua obra de expiação já completada, agora está entronizado na glória celestial (Hb 1.3; 10.12; 12.2).

A perfeição do seu sacerdócio é estabelecida pela impecabilidade da sua vida terrestre como o filho encarnado, nosso próximo como ser humano. O significado disso é que, em contraste com o primeiro Adão, que sofreu derrota e, na sua queda, arrastou consigo a raça humana.
Jesus, “o último Adão” (1Co 15.45,47), tomou sobre si a nossa humanidade afim de redimi-la e elevá-la em si próprio para uma posição gloriosa que sempre tinha sido o seu destino.

Isto significa que, ao ir para a cruz, aquele que estava sem pecado tomou sobre si os nossos pecados e sofreu a rejeição e a morte devida a nós, os pecadores, “o justo pelos injustos” (1Pe 2.22-24; 3.18; Hb 4.125; 7.26-28), como a vítima inocente fornecida pela graça e pela misericórdia de Deus (1Pe 1.18,19).

Ainda, que ele não é apenas o nosso sacerdote sacrificador, como também o sacrifício em si mesmo, porque foi a si mesmo que ele se ofereceu por nós, e, portanto, nele temos a provisão do substituto perfeito, um equivalente genuíno, nosso próximo (Hb 12.14,15), que verdadeiramente toma o nosso lugar.

Por isso, recebemos a certeza de que pela vontade de Deus “temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas”, porque ele “com uma única oferta aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados” (Hb 10.10,14).

A nova ordem do sacerdócio cumprida na única pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo, substituiu totalmente, a ordem antiga. Com Cristo como nosso único grande sacerdote que vive para sempre, agora não há lugar para qualquer sucessão de sacerdotes sacrificadores, nem necessidade deles.
Agora que ele ofereceu o único sacrifício perfeito de si mesmo, não há lugar para qualquer outro sacrifício ou qualquer repetição de sacrifícios. Em Cristo Jesus, tanto o sacerdócio como o sacrifício foram cumpridos e finalizados.

A necessidade de um sacerdócio – Era a pecaminosidade universal do homem que tornava necessário um sacerdócio que oferecesse sacrifícios. E os sacrifícios oferecidos realizavam ou simbolizavam os meios para reconciliação entre o homem pecador e o seu criador santo.

A função do sacerdócio, portanto, era uma função mediadora. A outorga da lei através de Moisés está associada à instituição do sacerdócio arônico ou levítico.

A lei e o sacerdócio são simultâneos na sua origem e inseparável na sua operação (Hb 7.11). A razão disso é que os israelitas, assim como o restante da humanidade, eram pecadores, portanto, ao serem confrontados com a lei, que é o padrão divino da retidão, eram violadores desta.

Sem dúvida, a lei dada por Deus é santa, justa, boa e espiritual (Rm 7.12,14). E como tal, demarca o caminho da vida: ao guardar fielmente os seus preceitos, o homem viverá (Lv 18.5; Ne 9.29; Mt 19.16,17; Rm 10.5; Gl 3.2).

Mas o problema radical do homem é que ele é pecador. A lei desmascara o homem e revela que ele é: um violador da lei; e “o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23; Ez 18.4,20).

Consequentemente, Paulo escreve: “e o mandamento que me fora para a vida, verifiquei que esse mesmo se tornou para a morte” (Rm 7.10). Não que haja algo de errado com a lei; a culpa é do homem que viola a lei (Rm 7.13).

Daí a necessidade de a formulação da lei ser acompanhada pela instituição de um sacerdócio para mediar de um modo redentor entre Deus de o pecador que violou a sua lei e precisa ser restaurado da morte para a vida.

O sacerdócio do crente – permanece, no entanto, um sacerdócio que pertence aqueles que pela fé foram unidos com Cristo. Costuma-se chamá-lo “o sacerdócio de todos os crentes”.

É por isso que o apóstolo Pedro descreve os cristãos como “sacerdócio santo” cuja função é “oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo” (1Pe. 2.5,9).

Esses sacrifícios espirituais não são, de modo algum, sacrifícios de redenção, mas, sacrifícios de gratidão a Deus pelo sacrifício de Cristo, o único sacrifício redentor totalmente suficiente, quando ele se ofereceu no Calvário por nós, pecadores.

É por isso que somo exortados a “apresentar os nossos corpos” e a nós mesmos, “por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12.1); e ao nos sacrificarmos de boa vontade, expressamos o nosso sacerdócio espiritual nos atos de louvor e gratidão e no serviço altruísta ao nosso próximo quando ministramos as suas necessidades.

O exercício desse sacerdócio é resumido nas palavras de Hebreus 13.15,16: “por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome. Não negligencies igualmente a prática do bem, e s mútua cooperação; pois com tais sacrifícios Deus se agrada”.

Em seu célebre ensaio “O ministério cristão”, J.D. Lightfoot, não somente insiste em que “como indivíduos, todos os cristão são igualmente sacerdotes”, mas também chama a atenção ao fato de que nos ofícios ministeriais enumerados em 1Co 12.28 e Ef 4.11, “há silêncio total a respeito das funções sacerdotais:

Porque o cargo mais exaltado na igreja, o dom mais sublime do Espírito, não transmite nenhum direito sacerdotasl que não fosse desfrutado pelo membro mais humilde da comunidade cristã”.

Sua afirmação a respeito do reino de Cristo no primeiro parágrafo do ensaio não é menos enfática: “acima de tudo, não possui nenhum sistema sacerdotal.

Não interpõe nenhuma tribo ou classe sacerdotal entre Deus e o homem, por cujo exclusivo intermédio Deus é reconciliado e o homem perdoado. Cada membro individual tem comunhão pessoal com a cabeça divina, Cristo.

A pessoa tem responsabilidade imediata diante dele, e é diretamente dele que ela obtém perdão e adquire força”. Essas palavras de um grande cristão e estudiosos do NT apresenta de modo admirável a posição da igreja apostólica sobre o sacerdócio. Porque na economia do NT só há um sumo sacerdote que é Cristo.




                     
BIBLIOGRAFIA:
Bíblia Tradução Revista e Atualizada. SBB
WATER, Mark. Enciclopédia de Fatos da Bíblia. Editora Hagnus. São Paulo 2014
ANGUS, Joseph. História, Doutrina e Interpretação da Bíblia. Editora Hagnus, São Paulo, 2003
HENRICHSEN, Walter A. Depois do Sacrifício. Editora Vida. São Paulo, 1996
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terça-feira, 4 de junho de 2019

O SISTEMA DE SACRIFÍCIO JUDAICO NO TABERNÁCULO E NO TEMPLO DE SALOMÃO


O SISTEMA DE SACRIFÍCIO JUDAICO NO TABERNÁCULO E NO TEMPLO DE SALOMÃO - 09.06.19
Levítico 1.1-3; 2.1-3; 3.1,2; 7.1,2; 1Jo 2.1,2
Por: Pr. João Barbosa

O Sacerdócio – Desde a época em que a fumaça do sacrifício de Abel subiu até Deus até a morte de Jesus Cristo na cruz do Calvário, a história da raça humana está intimamente ligada a altares, sacerdotes e sacrifícios.

No começo cada homem era seu próprio sacerdote. Caim e Abel “trouxeram” seus sacrifícios e apresentaram-nos a Jeová (Gn 4.1-5).

Após o dilúvio, Noé, reconhecendo a bondade de Deus, ergueu um altar sobre a terra purificada e ofereceu sacrifícios ao grande Deus que lhe livrou da destruição (Gn 8.20).

Com o passar do tempo, o cabeça da família fez as vezes de sacerdote no altar e conduziu a família a adoração a Deus.

Exemplos de altares de sacrifícios antes da leiAbraão: construiu altares em Siquém, entre Betel e Aí (Gn 12.8-10; 13.1-3), e no monte Moriá (Gn 22.1-9).
Isaque: Construiu um altar em Berseba (Gn 26.18,23-25).
Jacó: ofereceu sacrifícios em Berseba em sua caminhada para o Egito a fim de encontrar-se com José (Gn 46.1).
Antes do êxodo, entre os filhos de Abraão não havia sacerdócio. Nenhuma lei oficial regulamentava as ofertas e sacrifícios; mas os sacrifícios eram, sem dúvida, oferecidos em obediência à ordem de Deus (Gn 4.1-5; 22.1-9; 35.1-3; Rm 10.17; Hb 11.4).

Por determinação da lei, quando foi promulgada por Deus no monte Sinai o sumo sacerdócio devia ser desempenhado por membro da casa de Arão, e durante o tempo de maior pureza ritual pelo primogênito daquela família.

Todavia, Nadabe, o filho mais velho de Arão, morreu por causa de sua impiedade, sendo ainda seu pai Arão o sumo sacerdote.

Sucedeu então que aquele alto lugar foi ocupado por Eleazar, cuja linhagem foi sucedida séculos depois por Eli, um descendente da família de Itamar, quarto filho de Arão.

Mas no tempo de Salomão o sumo-sacerdócio voltou para a família de Eleazar, e nela permaneceu até o cativeiro da Babilônia. Arão foi consagrado sumo-sacerdote por Moisés, e os seus filhos eram os sacerdotes (Lv 8).

No reinado de Davi eram tão numerosos os descendentes de Eleazar e Itamar que não podiam ser todos empregados ao mesmo tempo como sacerdotes.
Foram por consequência divididos em vinte e quatro turnos ou ordens, servindo cada turno em rotação semanal, duas vezes no ano alunar (1Cr 24).

Cada ordem tinha o seu chefe, e são esses chefes provavelmente os “príncipes dos sacerdotes”, que tantas vezes se referem os evangelhos.

Ao seu cuidado estavam os sacrifícios os serviços religiosos no templo, sendo as funções sacerdotais, na sua maior parte, determinada por sorte a cada um.

Os levitas – Todos os sacerdotes eram levitas, isto é, descendentes de Levi por Coate e Arão. Todavia, Levi teve outros filhos, cujos descendentes se empregavam em serviços públicos.

Eles auxiliavam os sacerdotes, formavam a guarda do tabernáculo, e levavam-no de lugar para lugar (Nm 4.2,22,29).

No reinado de Davi, todo o pessoal do culto, não contando com os sacerdotes, estavam divididos em três classes, sendo cada uma destas classes subdivididas em vinte e quatro turnos.

A primeira classe estava de serviço junto dos sacerdotes para os ajudar, a segunda formava o coro dos cantores do templo, a terceira constituía o corpo dos guardas e porteiros do templo (1Cr 24 – 26).

É provável, que os levitas, quando não estivessem de serviço no templo, fossem os instrutores do povo, pois eles eram a classe instruída de Israel.

Para sustentação da grande família dos levitas havia quarenta e oito cidades, com uma faixa de terra em volta de cada uma.

Tinham também o dízimo de todos os produtos e do gado do campo, cabendo aos sacerdotes o dízimo desse dízimo (Lv 27.30; Nm 35.1-8).

Participavam também do dízimo daqueles produtos o que o povo geralmente deviam gastar nos sacrifícios das festividades, para os quais eles eram convidados (Dt 14.22-27).

Os materiais do sacrifício – Eram tomados tanto do reino vegetal como do reino animal, sendo que as ofertas que eram tomadas do reino animal eram chamadas de ofertas de sangue ou cruentas e se usavam no preparo das duas espécies de sacrifícios o sal mineral que era o emblema da pureza.

As ofertas cruentas eram ofertas pelo pecado, oferta pela transgressão ou culpa, oferta queimadas ou holocausto e oferta de paz ou sacrifício pacífico.

Do reino vegetal, empregava-se para os sacrifícios, certos alimentos como farinha, trigo torrado, bolos e incensos, e as libações como sendo, por exemplo, vinho no seu estado natural ou fermentado (Fp 2.17).

Estes sacrifícios andavam ordinariamente unidos, e eram considerados como uma adição aos sacrifícios de ações de graça, feitos com fogo (Nm 15.5-11; 28.7-15; Lv 14.10-21).

Os animais oferecidos eram bois, cabras e carneiros, devendo ser sem mancha, não podiam ter menos de oito dias, nem mais do que três anos.

As pombas eram também oferecidas em alguns casos (Lv 5.7). Nunca se ofereciam peixes e os sacrifícios humanos eram expressamente proibidos (Lv 20.25).

O lugar do sacrifício – Os sacrifícios eram oferecidos somente no pátio, que estava à entrada do tabernáculo, e mais tarde no templo (Lv 17.1-9; Dt 12.5-7).

Havia, porém, de tempos em tempos sacrifícios em outros lugares (Jz 2.5; 6.26; 13.19; 1Sm 7.17; 9.12; 11.15; 16.5; 1Re 18.19-32).

Conclusão – O sistema sacrificial dominou toda história da fé religiosa hebraica, mas alguns dos profetas posteriores começaram a sentir que o sistema de sacrifícios não satisfaziam as necessidades mais profundas do adorador.

A “rejeição” do sistema estava no ar (Am 5.21-27; Is 1.10-20; Sl 51.16,17). Uma mudança total veio com o Messias – Jesus Cristo.

Sacrifícios no NT – Jesus, seus discípulos e os primeiros cristãos, ainda vivendo no contexto judaico do AT observaram as exigências do sistema sacrificial.

Cristo não exigiu sua abolição (Mt 5.24). Ele ordenou aos leprosos que haviam sido limpos que cumprissem as leis sacrificiais (Mt 8.4; Lc 17.14).

Ele previu que sua própria morte seria um sacrifício vicário (Mc 10.45; Mt 20.28). O Evangelho de João refere-se a ele como “o cordeiro de Deus” que remove os pecados do mundo (Jo 1.36; Ap 13.8).

Os romanos destruíram Jerusalém em 70 d.C. e, com a cidade também, o sistema sacrificial dos judeus.

Esse sistema não foi restaurado, e os cristãos passaram a considerar o “sacrifício sangrento” de Jesus Cristo, o Messias, o cumprimento de todos os tipos e sombras do antigo sistema de sacrifícios.

O livro de Hebreus é uma grande elaboração sobre este tema (Hb 8.7; 10.1), para declarações específicas de sumários.

O Espírito Eterno tornou seu sacrifício totalmente eficaz (Hb 9.13,14). A Redenção era vista no sangue de Cristo (1Pe 1.18,19,24).

Em 1João lemos sobre a expiação e a limpeza do pecado em Cristo (1Jo 1.7; 2.22; 5.6,8; Ap 1.5). Em Rm 12.1 o sacrifício ideal é o próprio homem espiritual que se torna um “sacrifício vivo”, ao cumprir o desejo de Deus para sua vida (Rm 15.16; Fp 2.17; 4.18; 1Pe 2.5).


                      
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