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sábado, 5 de outubro de 2019

O Profeta Samuel e a Instituição da Monarquia.1


O Profeta Samuel e a Instituição da Monarquia.1
Texto Bíblico: 1Samuel 1.1-8
Por: Pr. João Barbosa

CRONOLOGIA EM PRIMEIRO SAMUEL – LINHA DO TEMPO
Ano 1.200 a.C
Os filisteus ocupam a costa do Mediterrâneo
De 1.110 a 1.010 a.C
Samuel exerce o seu ministério profético sobre Israel
Em 1.050 a.C
Samuel unge Saul a rei sobre Israel
Em 1.118 a.C
22 anos depois de Saul se tornar rei, Samuel unge a Davi como rei sobre Israel no lugar de Saul
Em 1.010 a.C
Davi começa a reinar em Hebrom                             
No ano 1.003 a.C
O reinado de Davi é reconhecido por todo Israel
Em 970 a.C
Davi morre e Salomão assume o trono

O período em que os juízes governaram sobre Israel foi de mais ou menos 450 anos até ao profeta Samuel (At 13.19,20; 1Re 6.1). Samuel era levita, filho de Elcana e Ana. Nasceu em Ramataim-Zofin, no território montanhoso de Efraim. Foi o último dos juízes e o primeiro dos profetas à Moisés (Lc 24.44). Uma categoria de servo de Deus que, quanto ao AT, prosseguiu até Malaquias, e, na verdade, até João Batista, o precursor do Senhor Jesus.

Este livro, de 1Samuel, foi chamado assim por causa do principal personagem das narrativas anteriores, o homem de Deus que ungiu os dois primeiros reis de Israel: Saul e Davi. Originalmente, 1º e 2º Samuel eram um livro só: O Livro de Samuel nas Escrituras hebraicas.

Quando estas foram traduzidas para o grego (a septuaginta), por volta do ano 150 a.C, os livros de Samuel e Reis foram agrupados para completar a história da monarquia hebraica. Essa unidade das Escrituras era dividida em quatro partes: Primeiro, segundo, terceiro e quarto reinados.

Os livros de Samuel e Reis foram separados novamente mais tarde, mas as divisões da tradução grega persistiram. Com isso, temos em nossas versões modernas os livros de 1º e 2º Samuel e de 1º e 2º Reis.

No início do livro de 1Samuel, a nação de Israel se encontrava em um baixo nível espiritual. Até mesmo o sacerdócio tinha se corrompido (1Sm 2.12-17). A situação tornava-se ainda mais grave, visto que os juízes em Berseba também eram desonestos (1Sm 8.2,3).

Com o mau exemplo desses perversos líderes, o povo passou a demonstrar desdém pelas Escrituras e recusou-se a dar ouvidos ao profeta Samuel. No entanto, mesmo em meio a toda aquela corrupção e apostasia, ainda permanecia um remanescente israelita fiel, que adorava a Deus com pureza e fé (1Sm 1.3).

Porém, mesmo o conteúdo do tabernáculo foi tocado nesses tempos tumultuosos e maus. A arca de Deus foi capturada pelos filisteus (1Sm 4.11). E depois de ser levada a permanecer na cidade dos filisteus durante sete meses (1Sm 5.1 – 6.16),  Tendo retornado a Bete-Semes (1Sm 6.19), sendo mantida em Quriate-Jearim (1Sm 7.1), até que Davi lhe trouxe para Jerusalém (2Sm 6.1-17).

Durante esse tempo, os israelitas passaram a ficar insatisfeitos com o governo abusivo dos juízes (1Sm 8.3). Os israelitas passaram a desejar as glórias de uma monarquia como as que eles viam nas nações vizinhas. Então, Deus lhes permitiu ter um rei igual ao das nações vizinhas. Foi então escolhido o bonito e alto rei Saul (1Sm 2.1).

Embora ele parecesse estar bem preparado para liderar a nação seu reinado acabou tragicamente porque Saul não seguia as orientações de Deus. Assim, entendemos porque boa parte das ações narradas em 1Sm está associada á queda, ao reinado e a vida tumultuosa de Saul, em contraste com a rápida ascensão do jovem e fiel Davi. O propósito de 1Samuel é prover um relato oficial da assenção da monarquia durante o tempo de Samuel, bem como do desenvolvimento dela sob o reinado de Saul e Davi entre os anos de 1.050 a 970 a.C., tempo em que os historiadores denominam de período do Reino Unido.

Os livros de 1º e 2º Samuel ilustram em vivas cores a pecaminosidade do coração humano e os inevitáveis maus resultados do pecado. Líderes piedosos de Israel, como Eli, Davi e Samuel, não acertaram sempre, pois, suas falhas também são salientadas no relato bíblico.

O quem é de admirar entretanto, é que esses três homens tiveram filhos que foram rebeldes contra o Senhor. Na qualidade de pais, os três enfrentaram tremendas dificuldades para encaminhar seus filhos na senda da retidão.

Assim, os filhos de Eli furtavam os sacrifícios trazidos pelo povo, blasfemavam contra Deus e cometiam fornicação, e isto no papel de sacerdotes que ministravam perante o Senhor (1Sm 2.13-17,22; 3.13). Não admira que eles tenham sido mortos pelos filisteus. O trágico, na história de Samuel, é que foi justamente por causa dos delitos de seus filhos que o povo de Israel chegou a exigir que lhes fosse dado um monarca (1Sm 8.5).

Saul começou seu governo como um homem humilde que recebia orientação do Espírito de Deus. No entanto, com o passar do tempo, ele passou a rebelar-se contra o Senhor, até que terminou sobre a influência de espíritos malignos, e foi atacado por excesso de inveja e fúria maligna que alguns especialistas pensam tratar-se de uma demência precoce, ou coisa ainda pior.

Sua queda moral e espiritual foi tão vertiginosa que ele acabou apelando para a pitonisa de En-Dor. Para quem chegara a receber instruções diretas da parte de Deus, isso foi como ser precipitado do céu para o inferno. Deus não mais lhe respondia. Lemos em 1Sm 28.6 “Consultou Saul o Senhor, porém este não lhe respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas”.

Por isso em seu desvario, e desesperado, Saul perguntou onde poderia encontrar uma médium que consultasse os mortos. Quando aconteceu a batalha dos israelitas com os filisteus, este conseguiram cercar Saul e os seus três filhos e o seu escudeiro com todos os homens de guerra que estavam em sua companhia.

A experiência pecaminosa de Davi provê-nos de uma triste instrução, que tem aspectos positivos e negativos. O grande rei Davi era homem segundo o coração de Deus. Mas, em um momento de falta de vigilância deixou se arrastar pela tentação, tendo se envolvido em adultério secreto e homicídio cometido sob circunstâncias das mais covardes.

E isso depois de ter exibido por anos a fio, grande fé e devoção ao Senhor. Todavia, tendo Davi finalmente reconhecido seus grandes pecados, foi espiritualmente restaurado por Deus (2Sm 12.13). O Senhor o perdoou e deu continuidade a benção a ele prometida, demonstrando-lhe, assim, graça e misericórdia. Entretanto, há um aspecto que não podemos esquecer a lição que esses incidentes nos ensinam.

É que, apesar da confissão sincera de Davi e de haver ele sido perdoado do por Deus, Deus consentiu que Davi sofresse inevitáveis consequências penais de seu pecado. Amom, seu primogênito o imitou e cometeu incesto com sua meia irmã, Tamar. Isso precipitou a vingança de Absalão, que terminou, traiçoeiramente tirando a vida de Amom e houve várias outras tragédias na família, como a da revolta de Absalão que violentou as mulheres de seu pai e acabou sendo morto com três dardos que lhes traspassara o coração, quando ele estava preso pelos longos cabelos, enroscado em um galho de árvores pendurado a um metro acima do solo.

Apesar desses pontos extremamente negativos na vida de Davi e de seus familiares mais diretos, ainda assim o Senhor muito o abençoou, assim como o seu reinado, em sua incalculável misericórdia. Deus também recuperou Bate-Seba, culpada com Davi de adultério. O Senhor também foi gracioso com Davi e Bate-Seba dando-lhes um outro filho, Salomão, que mais tarde se tornou sucessor de Davi e rei de Israel.

O escritor hebreu nos fornece um excelente material biográfico relacionado aos pais de Samuel. Primeiramente entra em cena o pai de Samuel, Elcana. E então surge Ana, por meio de quem o poder miraculoso de Deus haveria de operar e Ana engravidar de Samuel visto quando ela não tinha  condição de gerar filhos.

Ramataim-Zofin, no hebraico significa “vigilante em dupla altura” foi nesse lugar que nasceu tanto Elcana, pai de Samuel, quanto o próprio Samuel. Tornou-se a residência oficial de Samuel (91Sm 7;17; 8.4). Foi nesta cidade que se deu o sepultamento de Samuel (1Sm 25.1).

O juiz profeta Samuel, figura chave da história de Israel, merece portanto, cuidadosa introdução biográfica no livro. Os eruditos opinam que o AT mostra-se historicamente exato a partir da época de Samuel. Se não mesmo antes. Desde os tempos mais remotos, um fenômeno nunca igualado no caso da história das nações mais antigas do mundo, cujos primórdios perdem-se nos tempos em lendas e em mitos.

Ramataim-Zodim ficava na região montanhosa de Efraim, cerca de vinte e quatro quilômetros ao norte de Jerusalém. Josepho identificava essa localidade como Arimateia, referido no NT. Elcana, portanto, residia no território de Efraim, mas pertencia á tribo de Levi. Logo, era levita por descendência e efraimita por residência. Foi por esse motivo, que seu filho, Samuel, pode envolver-se sem empecilho algum nos atos do tabernáculo.


Consultas:
ELWELL Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológico da Igreja Cristã. Editora Vida Nova. S Paulo 2009
RADMACHER Earl D. O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento com recursos adicionais. Editora central Gospel. RJaneiro, 2010
WALTON John H. Comentário Histórico-Cultural da Bíblia  - Antigo Testamento. Editora Vida Nova. São Paulo, 2018
CHAMPLIN. Antigo Testamento Interpretado Versículo por versículo. Vl 2. Editora  Hagnus. São Paulo, 2012

Um comentário:

  1. Paz do Senhor pastor João Barbosa. Gostei do comentário, bastante esclarecedor e enriquecedor para nossa caminhada cristã.
    Forte abraço.
    * Quando puder visite o nosso Blog.
    Link: http://www.pregandoaverdade.org/

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