O
Profeta Samuel e a Instituição da Monarquia.1
Texto Bíblico: 1Samuel 1.1-8
Por: Pr. João
Barbosa
CRONOLOGIA EM
PRIMEIRO SAMUEL – LINHA DO TEMPO
Ano 1.200 a.C
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Os filisteus ocupam a costa do Mediterrâneo
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De 1.110 a 1.010 a.C
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Samuel exerce o seu ministério profético
sobre Israel
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Em 1.050 a.C
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Samuel unge Saul a rei sobre Israel
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Em 1.118 a.C
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22 anos depois de Saul se tornar rei, Samuel
unge a Davi como rei sobre Israel no lugar de Saul
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Em 1.010 a.C
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Davi começa a reinar em Hebrom
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No ano 1.003 a.C
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O reinado de Davi é reconhecido por todo
Israel
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Em 970 a.C
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Davi morre e Salomão assume o trono
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O período em que os juízes governaram sobre
Israel foi de mais ou menos 450 anos até ao profeta Samuel (At 13.19,20; 1Re
6.1). Samuel era levita, filho de Elcana e Ana. Nasceu em Ramataim-Zofin, no
território montanhoso de Efraim. Foi o último dos juízes e o primeiro dos
profetas à Moisés (Lc 24.44). Uma categoria de servo de Deus que, quanto ao AT,
prosseguiu até Malaquias, e, na verdade, até João Batista, o precursor do
Senhor Jesus.
Este livro, de 1Samuel, foi chamado assim por
causa do principal personagem das narrativas anteriores, o homem de Deus que
ungiu os dois primeiros reis de Israel: Saul e Davi. Originalmente, 1º e 2º
Samuel eram um livro só: O Livro de Samuel nas Escrituras hebraicas.
Quando estas foram traduzidas para o grego (a
septuaginta), por volta do ano 150 a.C, os livros de Samuel e Reis foram
agrupados para completar a história da monarquia hebraica. Essa unidade das
Escrituras era dividida em quatro partes: Primeiro, segundo, terceiro e quarto
reinados.
Os livros de Samuel e Reis foram separados
novamente mais tarde, mas as divisões da tradução grega persistiram. Com isso,
temos em nossas versões modernas os livros de 1º e 2º Samuel e de 1º e 2º Reis.
No início do livro de 1Samuel, a nação de
Israel se encontrava em um baixo nível espiritual. Até mesmo o sacerdócio tinha
se corrompido (1Sm 2.12-17). A situação tornava-se ainda mais grave, visto que
os juízes em Berseba também eram desonestos (1Sm 8.2,3).
Com o mau exemplo desses perversos líderes, o
povo passou a demonstrar desdém pelas Escrituras e recusou-se a dar ouvidos ao
profeta Samuel. No entanto, mesmo em meio a toda aquela corrupção e apostasia,
ainda permanecia um remanescente israelita fiel, que adorava a Deus com pureza
e fé (1Sm 1.3).
Porém, mesmo o conteúdo do tabernáculo foi
tocado nesses tempos tumultuosos e maus. A arca de Deus foi capturada pelos
filisteus (1Sm 4.11). E depois de ser levada a permanecer na cidade dos
filisteus durante sete meses (1Sm 5.1 – 6.16),
Tendo retornado a Bete-Semes (1Sm 6.19), sendo mantida em Quriate-Jearim
(1Sm 7.1), até que Davi lhe trouxe para Jerusalém (2Sm 6.1-17).
Durante esse tempo, os israelitas passaram a
ficar insatisfeitos com o governo abusivo dos juízes (1Sm 8.3). Os israelitas
passaram a desejar as glórias de uma monarquia como as que eles viam nas nações
vizinhas. Então, Deus lhes permitiu ter um rei igual ao das nações vizinhas.
Foi então escolhido o bonito e alto rei Saul (1Sm 2.1).
Embora ele parecesse estar bem preparado para
liderar a nação seu reinado acabou tragicamente porque Saul não seguia as
orientações de Deus. Assim, entendemos porque boa parte das ações narradas em
1Sm está associada á queda, ao reinado e a vida tumultuosa de Saul, em
contraste com a rápida ascensão do jovem e fiel Davi. O propósito de 1Samuel é
prover um relato oficial da assenção da monarquia durante o tempo de Samuel,
bem como do desenvolvimento dela sob o reinado de Saul e Davi entre os anos de
1.050 a 970 a.C., tempo em que os historiadores denominam de período do Reino
Unido.
Os livros de 1º e 2º Samuel ilustram em vivas
cores a pecaminosidade do coração humano e os inevitáveis maus resultados do
pecado. Líderes piedosos de Israel, como Eli, Davi e Samuel, não
acertaram sempre, pois, suas falhas também são salientadas no relato bíblico.
O quem é de admirar entretanto, é que esses
três homens tiveram filhos que foram rebeldes contra o Senhor. Na qualidade de
pais, os três enfrentaram tremendas dificuldades para encaminhar seus filhos na
senda da retidão.
Assim, os filhos de Eli furtavam os
sacrifícios trazidos pelo povo, blasfemavam contra Deus e cometiam fornicação,
e isto no papel de sacerdotes que ministravam perante o Senhor (1Sm 2.13-17,22;
3.13). Não admira que eles tenham sido mortos pelos filisteus. O trágico, na
história de Samuel, é que foi justamente por causa dos delitos de seus filhos
que o povo de Israel chegou a exigir que lhes fosse dado um monarca (1Sm 8.5).
Saul começou seu governo como um homem humilde
que recebia orientação do Espírito de Deus. No entanto, com o passar do tempo,
ele passou a rebelar-se contra o Senhor, até que terminou sobre a influência de
espíritos malignos, e foi atacado por excesso de inveja e fúria maligna que
alguns especialistas pensam tratar-se de uma demência precoce, ou coisa ainda
pior.
Sua queda moral e espiritual foi tão vertiginosa
que ele acabou apelando para a pitonisa de En-Dor. Para quem chegara a receber
instruções diretas da parte de Deus, isso foi como ser precipitado do céu para
o inferno. Deus não mais lhe respondia. Lemos em 1Sm 28.6 “Consultou Saul o Senhor, porém este não lhe respondeu, nem por sonhos,
nem por Urim, nem por profetas”.
Por isso em seu desvario, e desesperado, Saul
perguntou onde poderia encontrar uma médium que consultasse os mortos. Quando
aconteceu a batalha dos israelitas com os filisteus, este conseguiram cercar
Saul e os seus três filhos e o seu escudeiro com todos os homens de guerra que
estavam em sua companhia.
A experiência pecaminosa de Davi provê-nos de
uma triste instrução, que tem aspectos positivos e negativos. O grande rei Davi
era homem segundo o coração de Deus. Mas, em um momento de falta de vigilância
deixou se arrastar pela tentação, tendo se envolvido em adultério secreto e
homicídio cometido sob circunstâncias das mais covardes.
E isso depois de ter exibido por anos a fio,
grande fé e devoção ao Senhor. Todavia, tendo Davi finalmente reconhecido seus
grandes pecados, foi espiritualmente restaurado por Deus (2Sm 12.13). O Senhor
o perdoou e deu continuidade a benção a ele prometida, demonstrando-lhe, assim,
graça e misericórdia. Entretanto, há um aspecto que não podemos esquecer a
lição que esses incidentes nos ensinam.
É que, apesar da confissão sincera de Davi e
de haver ele sido perdoado do por Deus, Deus consentiu que Davi sofresse
inevitáveis consequências penais de seu pecado. Amom, seu primogênito o imitou
e cometeu incesto com sua meia irmã, Tamar. Isso precipitou a vingança de
Absalão, que terminou, traiçoeiramente tirando a vida de Amom e houve várias
outras tragédias na família, como a da revolta de Absalão que violentou as
mulheres de seu pai e acabou sendo morto com três dardos que lhes traspassara o
coração, quando ele estava preso pelos longos cabelos, enroscado em um galho de
árvores pendurado a um metro acima do solo.
Apesar desses pontos extremamente negativos na
vida de Davi e de seus familiares mais diretos, ainda assim o Senhor muito o
abençoou, assim como o seu reinado, em sua incalculável misericórdia. Deus
também recuperou Bate-Seba, culpada com Davi de adultério. O Senhor também foi
gracioso com Davi e Bate-Seba dando-lhes um outro filho, Salomão, que mais
tarde se tornou sucessor de Davi e rei de Israel.
O escritor hebreu nos fornece um excelente
material biográfico relacionado aos pais de Samuel. Primeiramente entra em cena
o pai de Samuel, Elcana. E então surge Ana, por meio de quem o poder miraculoso
de Deus haveria de operar e Ana engravidar de Samuel visto quando ela não
tinha condição de gerar filhos.
Ramataim-Zofin, no hebraico significa
“vigilante em dupla altura” foi nesse lugar que nasceu tanto Elcana, pai de
Samuel, quanto o próprio Samuel. Tornou-se a residência oficial de Samuel (91Sm
7;17; 8.4). Foi nesta cidade que se deu o sepultamento de Samuel (1Sm 25.1).
O juiz profeta Samuel, figura chave da
história de Israel, merece portanto, cuidadosa introdução biográfica no livro.
Os eruditos opinam que o AT mostra-se historicamente exato a partir da época de
Samuel. Se não mesmo antes. Desde os tempos mais remotos, um fenômeno nunca
igualado no caso da história das nações mais antigas do mundo, cujos primórdios
perdem-se nos tempos em lendas e em mitos.
Ramataim-Zodim ficava na região montanhosa de
Efraim, cerca de vinte e quatro quilômetros ao norte de Jerusalém. Josepho
identificava essa localidade como Arimateia, referido no NT. Elcana, portanto,
residia no território de Efraim, mas pertencia á tribo de Levi. Logo, era
levita por descendência e efraimita por residência. Foi por esse motivo, que
seu filho, Samuel, pode envolver-se sem empecilho algum nos atos do
tabernáculo.
Consultas:
ELWELL
Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológico da Igreja Cristã. Editora Vida Nova.
S Paulo 2009
RADMACHER
Earl D. O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento com recursos adicionais.
Editora central Gospel. RJaneiro, 2010
WALTON
John H. Comentário Histórico-Cultural da Bíblia
- Antigo Testamento. Editora Vida Nova. São Paulo, 2018
CHAMPLIN.
Antigo Testamento Interpretado Versículo por versículo. Vl 2. Editora Hagnus. São Paulo, 2012
Paz do Senhor pastor João Barbosa. Gostei do comentário, bastante esclarecedor e enriquecedor para nossa caminhada cristã.
ResponderExcluirForte abraço.
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