Total de visualizações de página

sábado, 15 de junho de 2019

O SACERDÓCIO DE CRISTO E O LEVITISMO - 16.06.19


O SACERDÓCIO DE CRISTO E O LEVITISMO - 16.06.19
Êxodo 28.1; Levítico 8.22; Hebreus 7.23-28; 1Pe 2.9
Por: Pr. João Barbosa

Cristo como Sacerdote – O propósito da antiga ordem do sacerdócio levítico era ensinar ao povo que a expiação pelos pecados exigia a provisão de uma vítima inocente no lugar do pecador, e o derramamento do sangue quando aquela vítima sofre a morte que o pecador merecia.

A ordem levítica não podia efetuar essa expiação, mas conservava viva a expectativa da vinda do sacerdote perfeito e do oferecimento de um sacrifício perfeito afim de cumprir as promessas evangélicas cumpridas nas Escrituras do |NT.

A nova ordem do sacerdócio é a de Melquisedeque, que consiste na pessoa singular que é o nosso Redentor Jesus Cristo (Hb 7.23-28).

A perfeição do seu sacerdócio é confirmada pelo fato de que ele é para sempre (Sl 110.4), que o seu sacerdócio foi oferecido de uma vez por todas (Hb 7.27), e que ele, com sua obra de expiação já completada, agora está entronizado na glória celestial (Hb 1.3; 10.12; 12.2).

A perfeição do seu sacerdócio é estabelecida pela impecabilidade da sua vida terrestre como o filho encarnado, nosso próximo como ser humano. O significado disso é que, em contraste com o primeiro Adão, que sofreu derrota e, na sua queda, arrastou consigo a raça humana.
Jesus, “o último Adão” (1Co 15.45,47), tomou sobre si a nossa humanidade afim de redimi-la e elevá-la em si próprio para uma posição gloriosa que sempre tinha sido o seu destino.

Isto significa que, ao ir para a cruz, aquele que estava sem pecado tomou sobre si os nossos pecados e sofreu a rejeição e a morte devida a nós, os pecadores, “o justo pelos injustos” (1Pe 2.22-24; 3.18; Hb 4.125; 7.26-28), como a vítima inocente fornecida pela graça e pela misericórdia de Deus (1Pe 1.18,19).

Ainda, que ele não é apenas o nosso sacerdote sacrificador, como também o sacrifício em si mesmo, porque foi a si mesmo que ele se ofereceu por nós, e, portanto, nele temos a provisão do substituto perfeito, um equivalente genuíno, nosso próximo (Hb 12.14,15), que verdadeiramente toma o nosso lugar.

Por isso, recebemos a certeza de que pela vontade de Deus “temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas”, porque ele “com uma única oferta aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados” (Hb 10.10,14).

A nova ordem do sacerdócio cumprida na única pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo, substituiu totalmente, a ordem antiga. Com Cristo como nosso único grande sacerdote que vive para sempre, agora não há lugar para qualquer sucessão de sacerdotes sacrificadores, nem necessidade deles.
Agora que ele ofereceu o único sacrifício perfeito de si mesmo, não há lugar para qualquer outro sacrifício ou qualquer repetição de sacrifícios. Em Cristo Jesus, tanto o sacerdócio como o sacrifício foram cumpridos e finalizados.

A necessidade de um sacerdócio – Era a pecaminosidade universal do homem que tornava necessário um sacerdócio que oferecesse sacrifícios. E os sacrifícios oferecidos realizavam ou simbolizavam os meios para reconciliação entre o homem pecador e o seu criador santo.

A função do sacerdócio, portanto, era uma função mediadora. A outorga da lei através de Moisés está associada à instituição do sacerdócio arônico ou levítico.

A lei e o sacerdócio são simultâneos na sua origem e inseparável na sua operação (Hb 7.11). A razão disso é que os israelitas, assim como o restante da humanidade, eram pecadores, portanto, ao serem confrontados com a lei, que é o padrão divino da retidão, eram violadores desta.

Sem dúvida, a lei dada por Deus é santa, justa, boa e espiritual (Rm 7.12,14). E como tal, demarca o caminho da vida: ao guardar fielmente os seus preceitos, o homem viverá (Lv 18.5; Ne 9.29; Mt 19.16,17; Rm 10.5; Gl 3.2).

Mas o problema radical do homem é que ele é pecador. A lei desmascara o homem e revela que ele é: um violador da lei; e “o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23; Ez 18.4,20).

Consequentemente, Paulo escreve: “e o mandamento que me fora para a vida, verifiquei que esse mesmo se tornou para a morte” (Rm 7.10). Não que haja algo de errado com a lei; a culpa é do homem que viola a lei (Rm 7.13).

Daí a necessidade de a formulação da lei ser acompanhada pela instituição de um sacerdócio para mediar de um modo redentor entre Deus de o pecador que violou a sua lei e precisa ser restaurado da morte para a vida.

O sacerdócio do crente – permanece, no entanto, um sacerdócio que pertence aqueles que pela fé foram unidos com Cristo. Costuma-se chamá-lo “o sacerdócio de todos os crentes”.

É por isso que o apóstolo Pedro descreve os cristãos como “sacerdócio santo” cuja função é “oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo” (1Pe. 2.5,9).

Esses sacrifícios espirituais não são, de modo algum, sacrifícios de redenção, mas, sacrifícios de gratidão a Deus pelo sacrifício de Cristo, o único sacrifício redentor totalmente suficiente, quando ele se ofereceu no Calvário por nós, pecadores.

É por isso que somo exortados a “apresentar os nossos corpos” e a nós mesmos, “por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Rm 12.1); e ao nos sacrificarmos de boa vontade, expressamos o nosso sacerdócio espiritual nos atos de louvor e gratidão e no serviço altruísta ao nosso próximo quando ministramos as suas necessidades.

O exercício desse sacerdócio é resumido nas palavras de Hebreus 13.15,16: “por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome. Não negligencies igualmente a prática do bem, e s mútua cooperação; pois com tais sacrifícios Deus se agrada”.

Em seu célebre ensaio “O ministério cristão”, J.D. Lightfoot, não somente insiste em que “como indivíduos, todos os cristão são igualmente sacerdotes”, mas também chama a atenção ao fato de que nos ofícios ministeriais enumerados em 1Co 12.28 e Ef 4.11, “há silêncio total a respeito das funções sacerdotais:

Porque o cargo mais exaltado na igreja, o dom mais sublime do Espírito, não transmite nenhum direito sacerdotasl que não fosse desfrutado pelo membro mais humilde da comunidade cristã”.

Sua afirmação a respeito do reino de Cristo no primeiro parágrafo do ensaio não é menos enfática: “acima de tudo, não possui nenhum sistema sacerdotal.

Não interpõe nenhuma tribo ou classe sacerdotal entre Deus e o homem, por cujo exclusivo intermédio Deus é reconciliado e o homem perdoado. Cada membro individual tem comunhão pessoal com a cabeça divina, Cristo.

A pessoa tem responsabilidade imediata diante dele, e é diretamente dele que ela obtém perdão e adquire força”. Essas palavras de um grande cristão e estudiosos do NT apresenta de modo admirável a posição da igreja apostólica sobre o sacerdócio. Porque na economia do NT só há um sumo sacerdote que é Cristo.




                     
BIBLIOGRAFIA:
Bíblia Tradução Revista e Atualizada. SBB
WATER, Mark. Enciclopédia de Fatos da Bíblia. Editora Hagnus. São Paulo 2014
ANGUS, Joseph. História, Doutrina e Interpretação da Bíblia. Editora Hagnus, São Paulo, 2003
HENRICHSEN, Walter A. Depois do Sacrifício. Editora Vida. São Paulo, 1996
LAUBACH, Fritz. Carta aos Hebreus – Comentário Esperança. Editora Esperança. Curitiba, 2013
ELWELL, Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã. Editora Vida Nova. São Paulo 2009

Um comentário: