Subsídios
Teológicos e Bibliológicos para Estudo sobre:
Lição
01- LEVÍTICO, ADORAÇÃO E SERVIÇO AO SENHOR - 01.07.2018
Texto Bíblico: Levítico 27.28-34
Por: Pr. João Barbosa
TÍTULO E CARÁTER
Na versão grega do AT este livro
recebeu o nome de Levítico, pois no hebraico o livro de Levítico era conhecido
por suas palavras iniciais: Vaicrá
que, literalmente, significam “e chamou” (Lv 1.1).
Numa primeira instância, veremos, nesse
enunciado, um chamado indireto de Deus a Moisés a escrever a terceira porção do
Pentateuco. Em seguida, enxerguemo-la como a vocação direta de Deus a Israel a
reerguer-se como nação santa, profética, real e sacerdotal.
Vaicrá tem, ainda, mais duas traduções possíveis: “e separou” e “santificou”.
Teologicamente, o chamado de Deus implica em nossa separação do mundo e em
nossa imediata santificação ao serviço do seu reino.
Embora o livro tenha sido escrito
principalmente como manual dos sacerdotes, encontra-se muitas vezes a ordenança
de Deus: “Fala aos filhos de Israel”, de modo que contém muitos ensinamentos
para toda nação.
As leis que se encontram em Levítico
foram dadas pelo próprio Deus (Lv 1.1; Nm 7.89; Ex 25.1), de modo que tem um caráter
elevado.
RELAÇÃO COM ÊXODO E COM NÚMEROS
A revelação que se encontra em Levítico
foi entregue a Moisés quando Israel ainda acampava diante do monte Sinai (Ex
27.34). Segue o fio da última parte de Exodo, a qual descreve o Tabernáculo.
Números continua com o conteúdo de Levítico.
Assim, os três livros formam um conjunto e estão estreitamente relacionados
entre si. Todavia Levítico difere dos outros dois visto ser um livro totalmente
legislativo.
Narram apenas três acontecimentos históricos:
A investidura dos sacerdotes (Lv 8 – 9). O pecado e castigo de Nadabe e Abiú
(Cap 10) e o castigo de um blásfemo (Lv 24. 10 – 14, 23).
PROPÓSITO E APLICAÇÃO DO LIVRO
Assim como Êxodo tem por tema a comunhão
que Deus oferece ao povo mediante sua presença no Tabernáculo, Levítico
apresenta as leis pelas quais Israel deveria se manter em comunhão. O Senhor
queria ensinar seu povo, a santificar-se.
Deus queria que a nação de Israel se
apartasse do mal e se dedicasse ao serviço de Deus. Santificação é condição
necessária para desfrutar da comunhão com Deus.
As leis e as instituições de Levítico
faziam os israelitas tomar consciência de sua pecaminosidade e da necessidade
de receber a misericórdia divina; ao mesmo tempo, o sistema de sacrifícios
ensinava-lhes que o próprio Deus provia o meio de expiar seus pecados e
santificar sua vida.
Deus é santo e seu povo deve ser santo
também. Israel era diferente das outras nações e devia separar-se de seus
costumes. “Não fareis segundo as obras da terra do Egito, nem fareis segundo as
obras da terra de Canaã” (Lv 18.3).
Em Números
8.14, o texto bíblico destaca a ordem do Senhor para que os levitas fossem
separados para o serviço sagrado. Levi foi o terceiro filho de Jacó com Léia.
Seu nome significa “ungido”, significado que está associado à declaração que
sua mãe fez quando ele nasceu:
“Agora,
esta vez se ajuntará meu marido comigo... por isso chamou o seu nome Levi” (Gn
29.34). Apesar de Levi ter participado com o seu irmão Simeão da vingança
traiçoeira contra os homens de Siquém, Levi se redimiu ao longo de sua
trajetória, ao mostrar zelo espiritual pelas coisas de Deus.
Este
cuidado lhe rendeu a escolha divina como a tribo sacerdotal. Tanto a vida de
Levi como a de seus descendentes traz profundas lições espirituais para os
nossos dias.
Levi e
Simeão se uniram numa vingança brutal contra homens indefesos e vulneráveis, o
que rendeu aqueles dois irmãos duras críticas e reprovação por parte do
patriarca Jacó, seu pai, na hora de impetrar-lhes a bênção patriarcal (Gn
49.5-7).
Levi porém,
durante a sua vida teve um melhor comportamento do que seu irmão Simeão em todo
decorrer da sua história. Em Exodo 32.25,26 lemos que quando Moisés desceu do
monte, “vendo que o povo estava despido, porque Arão os havia despido para
vergonha entre os seus inimigos, pôs-se em pé na porta do arraial e disse: Quem
é do Senhor venha até mim. Então, se ajuntaram a eles todos os filhos de Levi”.
Após ter
pecado contra o Senhor, na idolatria do bezerro de ouro, o povo de Israel
perdeu de vez a compostura e a vergonha, levando Moisés a colocá-los no devido
lugar.
Para isso,
Moisés precisa que os israelitas saíssem de cima do muro e demonstrassem
fidelidade e lealdade para com o Senhor. Nesta ocasião, só os levitas se
poscionaram ao lado do Senhor, não culpando nem seus parentes envolvidos na
idolatria.
Este ato
zeloso dos levitas lhes rendeu o privilégio e a honra de serem escolhidos por
Deus como a tribo sacerdotal de Israel. Os levitas se tornaram “a elite
espiritual” com respeito ao ministério da casa do Senhor (Nm 1.50,51; 1Cr
15.2).
Em Nm 8.14,
foi o Senhor Deus quem confirmou a escolha de Levi para o ministério da casa do
Senhor, dizendo: “Separarás os levitas do meio dos filhos de Israel, para que
os levitas sejam meus”.
Em Nm
17.1-10, vemos os filhos de Levi mais uma vez mostrando sua liderança
espiritual quando foi contestado pelo povo, o próprio Deus confirmou a escolha
dos levitas, fazendo a vara de Arão florescer entre as doze varas colocadas
diante do Senhor, cada uma com o nome de uma das doze tribos de Israel.
Ainda em Nm
25.1-13, há um novo exemplo do ocorrido com o bezerro de ouro, Israel voltou a
pecar contra o Senhor, envolvendo-se com mulheres idólatras que adoravam Baal-Peor.
Então, mais
uma vez, um descendente de Levi, chamado Finéias, firmou-se ao lado do Senhor,
fazendo expiação pelos filhos de Israel, ao eliminar um homem israelita que
praticava orgias sexuais com uma daquelas mulheres pagãs que adorava a
Baal-Peor.
Esse zelo
de Finéias demonstrado pelas coisas espirituais rendeu a ele e a seus descendentes
a promessa de um sacerdócio perpétuo (Nm 25.10-13).
Enquanto
Simeão foi esquecido na bènção profética que Moisés proferiu sobre as tribos de
Israel, Levi foi destacado por sua atuação sacerdotal.
“E de Levi
disse: Teu Tumin e teu Urin são para teu amado que tu provastes em Massar, com
que contendestes nas águas de Meribá... pois guardaram a tua palavra e
observaram o teu concerto. Ensinaram os teus juízos a Jacó e a tua lei a
Israel; Levaram incenso ao teu nariz e o holocausto sobre o teu altar” (Dt
33.8-10).
SACERDÓCIO
O dever que
pertence ao sacerdócio é definido em Hb 5.1, da seguinte maneira: “Todo sumo
sacerdote, sendo tomado dentre os homens, é constituído nas coisas concernentes
a Deus, a favor dos homens, para oferecer assim dons como sacrifícios pelos
pecados” (Hb 8.3).
A doutrina
cristã do sacerdócio e do relacionamento entre aquele do AT e do NT foi exposto
de modo mais completo na epístola aos Hebreus, que alguns teólogos chamam “a epístola
do sacerdócio”.
A NECESSIDADE DO SACERDÓCIO
É a
pecaminosidade universal do homem que torna necessário um sacerdócio que
ofereça sacrifícios. Os sacrifícios oferecidos realizam ou simbolizam os meios
para reconciliação entre o homem pecador e o seu Criador santo.
A função do
sacerdócio, portanto, é uma função mediadora. A outorga da lei através de Moisés
está associada a instituição do sacerdócio Araônico ou Levítico. A lei e o
sacerdócio são simultâneos na sua origem e inseparáveis na sua operação (Hb
7.11).
A razão
disso é que os israelitas, assim como o restante da humanidade eram pecadores
e, portanto, ao serem confrontados com a lei, que é o padrão divino de retidão,
eram violadores desta.
Sem dúvida,
a lei dada por Deus é santa, justa, boa e espiritual (Rm 7.12,14). E, como tal,
demarca o caminho da vida: Ao guardar fielmente os seus preceitos, o homem
viverá (Lv 18.5; Ne 9.29; Mt 19.16,17; Rm 10.5; Gl 3.12).
Mas o
problema radical do homem é que ele é um pecador. A lei desmascara o homem e
revela o que ele é: um violador da lei; e “o salário do pecado é a morte” (Rm
6.23; Ez 18.4.20; Gn 2.17).
Consequentemente,
Paulo escreve: “E o mandamento que me fora para a vida, verifiquei que este
mesmo se me tornou para a morte” (Rm 7.10). Não que haja algo errado com a lei;
a culpa é do homem que viola a lei (Rm 7.13).
Daí a
necessidade de a formulação da lei ser acompanhada pela instituição de um
sacerdócio para mediar de modo redentor entre Deus e o pecador que violou a sua
lei e precisa ser restaurtado da morte para a vida.
CRISTO COMO SACERDOTE
O propósito
da antiga ordem do sacerdócio era ensinar ao povo que a expiação pelos pecados
exige a provisão de uma vítima inocente no lugar do pecador, e o derramamento
do sangue quando aquela vítima sofre a morte que o pecador merecia.
A ordem levítica
não podia efetuar essa expiação, mas conservava viva a expectativa da vinda do
sacerdote perfeito e do oferecimento do sacrifício perfeito a fim de cumprir as
promessas evangélicas contidas nas escrituras do AT.
A nova
ordem do sacerdócio é a de Melquizedeque, e consiste na pessoa singular que é
nosso Senhor Jesus Cristo. A perfeição do seu sacerdócio é confirmada pelo fato
de que ele é para sempre (Sl 110.4), que o seu sacrifício foi oferecido de uma
vez por todos (Hb 7.27), e que ele, com sua obra de expiação já completada,
agora está entronizado na glória celestial (Hb 1.3; 10.12; 12.2).
A perfeição
do seu sacerdócio é estabeleciada pela impecabilidade da sua vida terrestre
como Filho encarnado, nosso próximo como ser humano.
O
significado disso é que, em contraste com o primeiro Adão, que sofreu derrota
e, na sua queda, arrastou consigo a raça humana, Jesus, “o último Adão” (1Co
15.45,47) tomou sobre si a nossa humanidade a fim de redimi-la e levá-la em si
próprio para uma posição gloriosa que sempre tinha sido o seu destino.
Significa
que, ao ir para a cruz, aquele que estava sem pecado tomou sobre si os nossos
pecados e sofreu a rejeição e a morte devidas a nós os pecadores, “o justo pelos
injustos” (!Pe 2.22-24; 3.18; Hb 4.15; 7.26,27) como vítima inocente fornecida
pela graça e pela misericórdia de Deus (1Pe 1.18,19).
E
significa, ainda, que ele não é apenas o nosso sacerdote sacrificador, como
também o sacrifício em si mesmo, porque foi a si mesmo que ele ofereceu por nós,
e, portanto, nele temos a provisão do substituto perfeito, um equivalente genuíno,
nosso próximo (Hb 12.14,14) que verdadeiramente toma o nosso lugar.
Por isso, recebemos
a certeza, de que pela vontade de Deus “temos sido santificados, mediante a
oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas”, porque ele “com uma única
oferta aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados” (Hb 10.10,14).
Consultas:
ANDRADE
Claudionor.Comentarista da Lição Bíblica do 3º. Trimestre 2018: Adoração, Santidade e Serviço – Os Princípios
de Deus para a sua Igreja.
ANDRADE
Claudionor. Adoração, Santidade e Serviço – Os Princípios de Deus para a sua Igreja.
CPAD. Rio de Janeiro 2018
ELWELL,
Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã. Vida Nova. SPaulo
2009
SILVA,
João Barbosa. Subsídio Teológico e Bibliográfico: Jesus - O Sumo Sacerdote de uma
Ordem Superior. Lição 07 EBD CPAD. 1º. Trimestre 2018
HOFF
Paul. O Pentateuco. Editora Vida. São Paulo 2013
Graças a Deus pela vida do servo. Obrigado pastor pelas palavras inspiradas.
ResponderExcluirSentimos falta das outras lições.
Sempre me reporto aos seus comentários para embasar meus estudos.
Obrigado